A Paróquia e os Paroquianos numa diocese em Sínodo
Quanto à história e ao desenvolvimento da palavra Paróquia já aqui nos referimos.
A Paróquia está geralmente relacionada com um determinado território o qual, canonicamente, está confiado a um sacerdote. Os paroquianos são todos os fiéis que por razões da habitalidade nesse território estão sob a jurisdição do Pároco, fazendo comunhão eucarística, fraterna e pessoal, participando na vida activa nos grupos e movimentos, administração e coordenação da Pastoral duma Paróquia.
No entanto, temos de considerar ainda outras reflexões. A Paróquia é Paróquia verdadeiramente cristã se for Comunidade e nela, podem habitar pessoas que não façam comunhão a começar pelo pároco porque a elas o pároco nada lhes diz porque têm outra fé ou não têm já nenhuma.
Há normalmente aqueles que se consideram paroquianos porque contribuem para a comunidade, para o pároco e cumprem os preceitos da Igreja com certa regularidade. Vêm à Igreja pedir os sacramentos. Têm como ponto de referência não só o pároco, mas também a Igreja Paroquial que é o Templo onde se reúnem, normalmente, os baptizados prestando culto a Deus ou à Virgem Maria. Não assumem outros compromissos, mas devem não deixar de dar testemunho de fé no meio do Mundo, no Sindicato, na política, no trabalho, etc...
Aqueles que não sendo cristãos católicos não têm motivo para cumprimento dos preceitos da Igreja, mas a Igreja e o pároco não os deve excluir por esse motivo. Deve antes pelo contrário respeitá-los, como deles se espera ao menos respeito porque, por princípio, todos somos pessoas de bem.
Tenho que dar este testemunho: há pessoas que não professam a nossa fé a às vezes até contribuem para as festas e até para as nossas obras. Este é sinal de facto, que respeitam, querem até contribuir, são solidários e, quantas vezes, até com mais generosidade dão mais que aqueles que se dizem católicos apostólicos e romanos ou quase "beatos".
Por outro lado há pessoas que para aqui vieram viver e estão ainda ligadas à sua terra de origem, à sua aldeia, onde muitas vezes vão passar o Sábado e o Domingo. Há hoje uma mobilidade muito grande e há os que mantêm a sua raiz cristã, católica, apostólica e romana tanto num lado como no outro, mas aqueles que não são crentes por convicção, muitas vezes nesta mobilidade vivem como anónimos, tanto num lado como no outro. Por vezes ainda contribuiem mas não praticam, o mais normal é afirmarem-se como baptizados na fé de Cristo e exigirem à Igreja papéis ou documentos, como atestados de idoneidade para padrinhos de baptismo, por exemplo, ao pároco que nem o conhecem, nem eles, o pároco conhece nem sabe quem são. Nesta altura acham com arrogância que o pároco é exigente. Que afinal a Igreja não é verdadeira Igreja de Cristo e que até parece que em vez de acarinhar, escorraça...
Nem uma coisa nem outra. Nessa altura pretende-se a moralidade e nada mais.
Como pode um pároco pronunciar-se religiosa e moralmente se não conhece, se nem registado se encontra na Paróquia, se nunca o viu, nem pontos de referência tem para poder passar declarações.
Um dia, uma mãe veio pedir-me uma declaração em como a consciência do filho era contra a guerra. Nem conhecia o filho, nem a mãe!... E tinha de ser passado pelo pároco!...
Depois, a ideia da Comunidade Paroquial hoje é muito mais ampla. Não se pode estar a medir a metro a razão de habitabilidade, ou mais a razão da vivência cristã.
Um paroquiano pode cumprir o preceito numa igreja ou numa capela, estranha ou não à Paróquia, mas como paroquiano, pelos menos deve-se rever também na Paróquia até porque se interessa pela vida da Paróquia, mas por conveniência de vivência cristã faz-lo noutra igreja. O pároco até sabe disso... e o pároco não excluiu, antes pelo contrário, sente-se feliz porque as pessoas usam a sua liberdade, ao mesmo tempo que têm apreço pela Comunidade mais alargada- a Paróquia...
O mais importante é esta Comunhão dialógica onde não falte a voz, a igualdade e a dignidade a viver a fé em comunhão com as outras Igrejas particulares, interligadas com a Igreja Universal, a começar pelo Bispo.
Um cristão tem de ser interventivo, participando nas estruturas paroquiais de comunhão.
É chamado e tem de chamar pela palavra, pelo testemunho, pelas obras, dum modo particular as obras de Misericórdia, não só em relação a alguns, mas a todos os que ao longe ou ao perto precisam de um gesto elevado e libertador.
É pela relação fraterna e pessoal que nos apontarão como diferentes a quem se pretende aderir porque o ideal que vivermos é um ideal atraente.
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