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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um lenço da cabeça no dia do Casamento-Mãe de Antónia Rodrigues Araújo de Mazarefes


Este é um lenço de seda que Maria Rodrigues, casada em 1863, utilizou no casamento e, guardadinho, também o utilizou no dia de casamento a filha, nascida em 1877, Antónia Rodrigues Araújo.
Era o estilo da época. O “lenço da cabeça” assim chamado porque não havia mulher que não andasse de cabeça coberta sobretudo quando entrava numa igreja. O homem tirava o chapéu da cabeça ao entrar na Casa de Deus e a mulher, essa, também por uma questão de respeito, tinha de cobrir a cabeça.
O “lenço da cabeça” era utilizado todo o dia, no trabalho, nas feiras, nas festas. Havia lenços melhores e piores; uns para o trabalho e outros para as festas, para “andar nos trinques”, eram lenços da “chieira” (vaidade) e acompanhavam a moda, só que a moda não andava tão depressa como agora. Os lenços eram apertados de várias formas, dobrados em forma triangular apertado sob os queixos, por trás do pescoço, ou sobre a cabeça, enfim, dependia das regiões e do tempo, dos sentimentos no seu uso. Os lenços eram usados à semana, “os cóchinés” (cachenês) usados ao Domingo e festas, os véus usados para as missas. Normalmente eram transparentes, mas na aldeia, chamavam véu (velado, escondido, mistério) a um lenço de pano ou tecido, mais pequeno para o mesmo efeito.
Também, normalmente as mulheres não cortavam os cabelos. Isso já é moderno do século passado.
Mulher que cortasse o cabelo era a “senhora”, considerada com superioridade às outras, nobres ou ricas, e estas utilizavam normalmente os véus, de rede aos quadros mais ou menos grandes e um véu que deixava antever o que estava velado. Outra peça semelhante ao lenço, era o “turbe” ou a charpe ou banda de tecido que lançavam sobre os ombros com as pontas a cair pelos lados ou pela frente, como à moda de um cachecol mais estreito que o cachenê e o echarpe, normalmente de lã que se enrolava à volta do pescoço. Esta terminologia vem do Francês cacher, igual a esconder. Mais tarde deu origem a colarinho, para sair à rua ou entrar na Igreja. Entrar no templo sem a cabeça coberta era “pecado”.
Também os cabelos tinham os seus arranjos. Normalmente as que não cortavam os cabelos, faziam uma trança, ou duas, enrolavam e faziam um “picho” ou “toco do cabelo”, outras usavam o “rabo de cavalo”, junto às orelhas do lado da frente deixavam cair umas madeixas ou marrafas (cortavam o cabelo à frente e deixavam cair sobre a testa) ou, conforme as regiões, como, na Serra d’Arga, faziam caracóis, com garfos quentes e azeite, a cair pela testa e sobre as orelhas.
Utilizavam ainda a brilhantina, um produto pastoso com cheiro e que dava brilho ao cabelo e evitava despentear o “recacho”.
Não é de estranhar um lenço de casamento da mãe servir para o da filha, pois, às vezes, os sapatos e a roupa dos pais eram mais tarde para os filhos; a roupa comprada para as crianças de 6 ou 7 anos era a mesma que vestia aos 10 ou 12 anos; descia a baínha das perneiras das calças, das saias, das mangas dos casacos, das camisas ou das blusas.
Havia a roupa do trabalho, da semana, a do Domingo e a da festa.
Assim a roupa era usada por alguns anos. Conheci casos em que faziam da mesma roupa outro fato novo, virado do avesso, ou para o mesmo, ou para os mais novos.
A.C.

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