“Bem-aventurados os que sofrem”
Felizes os que sofrem. Ditosos os que têm uma existência mirrada, uma vida carregada de dores. Parece paradoxal. E é-o, certamente, para quem vive sonhando numa felicidade que perdemos, pensam eles, por culpa de um pecado misterioso: o pecado original. E apesar dos progressos técnicos e científicos o Homem sente-se incapaz de descobrir o sedativo eficaz para a dor. Não o conseguiu nem o obterá jamais. O sofrimento, implantado no mundo, pelo próprio Homem, cobre a Humanidade e o Universo com a sua sombra atroz e monstruosa.
E, não obstante, “bem-aventurados os que sofrem”. Porquê?
Porque o sofrimento “não deve ser considerado – diz tomas Merton – como uma necessidade cega, mas como algo que o destino de cada um exige”; não devo considerar as minhas dores como um choque entre a minha vida e o destino. O sofrimento é um dom sacramental de amor que Deus Pai me oferece juntamente com a minha identidade; portanto, posso consagrar essas dores e consagrar-me, eu com elas, a Deus.
Está certo. Mas, quem faz isso? Quem aceita como dádiva de Deus os dias maus? Quem acolhe como oferta divina as agruras da vida? Quem se resigna a levar por amor dos irmãos os achaques do dia-a-dia? Quem, como São Paulo, procura sofrer para “completar o que falta à Paixão de Cristo”? Quem procura viver alegremente o seu sofrimento?
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