sta em primeira pessoa a pensar no Ano Sacerdotal.
Depois da minha passagem por Balazar e pela Casa dos Rapazes em estágio e, na qualidade de Diácono, ao serviço dos doentes na terra da Alexandrina que a conheci, pessoalmente, aos 8 anos de idade e de Director Interino de um Lar de crianças e jovens, como é a Casa dos Rapazes, nesta cidade, fui para Pároco de 4 aldeias: Dem, Arga de S. João, Arga de Baixo e Arga de Cima, com sede em Arga de Baixo, concelho de Caminha.
Assumi a mudança de Arga de Baixo para Dem. Mantive a Residência Paroquial em Arga de Baixo, onde pernoitava, pelo menos, de 15 em 15 dias e os de Dem arranjaram-me uma residência emprestada (?!), contra a vontade da gente boa das três Argas.
Aí fui pároco de paróquias pequenas, a maior tinha 120 fogos e a mais pequena 20, numa extensão por estrada da 1.ª à última Igreja, de 12 kms.
Gostei imenso na altura de ser pároco daquela gente pobre, mas muito rica na generosidade, na disponibilidade e na vontade de crescer no seu bem-estar físico e material como na fé e no espírito.
Foi aí que comecei a trabalhar e a queimar a minha teoria com a prática de uma forma mais autónoma o que me levou a experiências e vivências extraordinárias, pelo que, lá estive e vivi intensamente 6 anos.
Aconteceu que entrei a 1 de Outubro de 1972 e, pouco tempo depois, começava obras na Igreja de Arga de Baixo que foi completamente restaurada desde o chão, paredes, tecto e altares com 10 contos (50euros), que existiam na Comissão Fabriqueira para gastos na altura por administração directa de mais de 300 contos em 1973.
Comecei a Obra sem dinheiro e saí para Lisboa à procura dos paroquianos. Lá arranjei uma razoável soma de escudos regressando por Braga, onde D. Francisco Maria da Silva, me deu um cheque de 10 contos (cinquenta euros). A Paróquia incendiou-se e fizemos tudo até ao equipamento com bancos, e uma inauguração festiva com as autoridades.
Seguiu-se a Igreja da Paróquia de Arga de S. João, depois a de Arga de Cima. Reconstruídas as igrejas fomos às capelas da Sra. da Rocha, Senhora das Neves, antiga e actual igreja de S. João d'Arga, centro centenário de romagens.
Em nenhuma freguesia havia catequese, pelo que o primeiro trabalho foi esse, antes das obras materiais. O que consegui e deixei. Reunia com as Comissões Fabriqueiras, os Conselhos Paroquiais de Pastoral que D. Francisco instituiu.
Em 1973 fundei duas telescolas, uma em Arga de Baixo e outra em Dem. Frequentei psicologia e depois história no Porto. Comecei as obras sempre sem dinheiro, mas com coragem e fé. Estive sempre disponível para os paroquianos, ainda que fosse, para além do culto ou da assistência espiritual, Assistência social, cultural e económica de várias formas. Fui Director do "Serra e Vale" e possuía a carteira profissional de jornalista.
Cansei-me da rotina de 6 anos e não das pessoas e das terras que palmilhei investigando por vales e montes e outeiros, trepando penedos e descendo fragas, conhecendo o nome dos lugares, dos sítios, dos penedos, das covas, dos riachos, das nascentes, possuindo deste modo documentários fotográficos. Conheci plantas, flores, animais selvagens e aves.
Em 1978, D. Júlio Rebimbas, a meu pedido, foi celebrar 4 missas num Domingo, às quatro freguesias, às 8, 9, 10, e 11 horas, fazendo o meu trabalho. Invoquei a necessidade de mudar.
Para além da catequese e de encontros com jovens, assim como passeios pouco mais aquelas almas exigiam de mim. Queria uma só terra para não ter tanta dispersão e pedi uma aldeia.
Contava ser pároco de uma aldeia e não imaginava outra coisa. Quando fui nomeado pároco de N.ª Sra. de Fátima, da cidade de Viana, pensei, não obedecer e ir para o Brasil estudar parapsicologia.
Acabei por obedecer, pois era a minha missão e talvez fosse este trabalho em que me sentiria mais feliz, mas não previa que estivesse mais de 2 ou 5 anos nesta Paróquia por ser da cidade.
Despedi-me do povo da Serra em 28 de Agosto e tomei posse em 2 de Setembro de 1978.
Sinto-me feliz por ter passado pela Serra d'Arga, para onde em 1979 levei jovens a acampar lá durante cerca de 20 anos seguidos. Ainda hoje visito e todos me conhecem e só não conheço os mais novos, mas tiro muitos "pela pinta".
Foi uma experiência, a mais importante da minha vida. Agradeço ao povo da Serra ter-me acolhido e ajudado a ser pároco, missionário, próximo de todos, mesmo de um ou dois que, por descrença, sempre me carregaram a cruz. A esses porque não me ouviam na igreja, me despedi pessoalmente nas suas casas, na véspera de sair e ficamos amigos, embora declarassem que não estavam de acordo comigo e, um deles, me "confessou" que momentos maus que vivi tinha sido ele o autor. Nunca ninguém soube e sabe quem foi.
Tenho por cada um sentimentos nobres que fazem parte do quotidiano da minha vida. Agradeço ao Senhor da Vida ter-me dado esta Graça que nunca a mereci; e só peço ao Senhor misericórdia por nem sempre correspoder ao que ele me dá...
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