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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma Casa de Família---Igreja Nova- Abelheira- Viana do castelo

Um espaço físico para congregar múltiplas actividades pastorais e apoios da Paróquia.


Ter casa própria parece ser um desejo partilhado por uma multidão de pessoas. Entre outras coisas, a casa é o palco onde podemos montar o cenário da vida feliz que sonhamos, que os nossos pais sonharam para nós; o sonho que a nossa sociedade nos prometeu.

A casa é o símbolo de maioridade, autonomia e legitimidade. Mais do que a continuidade do passado, a casa é o espaço do nosso futuro, da validade do nosso projecto de vida e da solidez de que necessitamos para o levar a cabo. A casa tem o peso de uma vida. Não da vida que já se viveu e cujo peso conhecemos, mas daquela que falta viver. A casa é um peso que não se limita ao dinheiro investido e os seus juros, é muito mais o peso dos seus sonhos. Para a maior parte dos jovens pôr de lado esse sonho é completamente irrazoável. Alguns adiam-no à espera de um tempo mais favorável, mas a maioria pensa não valer a pena esperar e, se pode, arrisca quase tudo para consegui-lo. Nesta viagem entram a família, os amigos, os conhecidos…todos parecem partilhar do mesmo sonho. Todos concordam que é legítimo e pertinente.

Era de tudo isto que estava a falar com uns amigos outro dia, quando demos por nós a olhar para a igreja nova, que finalmente parece ter ar de casa. Ao vê-la, assim, ainda em cimento e sem os ornamentos próprios de uma igreja, aquilo que vimos no escuro da noite foi uma casa. O lar de alguém que ainda não o habita. É claro que a forma e o tamanho não enganam e perturbam o devaneio; aquilo que estava à nossa frente era a casa de uma família enorme. Concretizar o sonho de uma casa assim era uma tarefa para muitas pessoas, de várias gerações e não apenas para uma pessoa ou um pequeno grupo. Noutra altura, com outras pessoas, podia ter-se gerado ali uma grande discussão: vale a pena construir mais uma igreja? A igreja que temos já não serve? E era preciso a nova ser tão grande? Sim, podíamos ter ido por aí. Mas talvez por sermos todos católicos, talvez por termos todos a mesma idade, talvez por termos sido todos educados aqui na paróquia, talvez porque já todos percebemos que não sabemos o rumo das coisas, que às vezes as pessoas parecem mudar todas de ideias ao mesmo tempo, e que o que hoje nos parece muito, no futuro pode parecer pouco …, por tanta coisa…mas principalmente porque no silêncio da noite, aquilo que víamos era apenas uma casa. A enorme casa, que com a pequena casa do Berço ao lado, parecia estar a preparar-se para ser o lar da grande família.

Os argumentos concretos da necessidade de construir um espaço físico para congregar actividades da nossa Paróquia já são por si mesmo conhecidos e permanecem. Ter um espaço nosso, adequado ao tempo e à dimensão da paróquia, capaz de servir às necessidades das gerações presentes e futuras, não é no caso de uma paróquia como a nossa, em que a função religiosa da igreja passa muito pela ajuda à comunidade, um luxo: é uma necessidade.

A validade de construir uma igreja nova, (espaço mais emblemático do novo Centro Paroquial) adequada ao nosso tempo e à nossa forma de vida pode parecer-se com a validade de um jovem aspirar a ter a sua própria casa. A realidade de ter um espaço próprio é um sonho partilhado quer por uma pessoa, quer por um grupo ou movimento desde o Escutismo à Catequese, movimentos e grupos activos pedras vivas da família paroquial como uma igreja nova. Em ambos os casos esse espaço é o símbolo e a garantia da sua independência e legitimidade, da sua possibilidade de subsistir, aplicar-se e reproduzir-se.

Laura Juliana

* catequista e Téc.S Social

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