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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Uma Casa Antiga II - P.N.-2007

A loja era o local da adega e da salgadeira. Sítio onde era guardado o vinho, a aguardente, a jeropiga e a salgadeira, normalmente de pedra. A salgadeira era o meio de conservação das carnes de porco, da matança, naquele tempo, através do sal.
Aí se dependuravam os presuntos depois de terem passado pelo fumeiro e os chouriços que às vezes eram guardados em azeite, outra forma de conservação.
Não havia frigoríficos ou arcas congeladoras.
Naturalmente o homem descobria meios naturais para poder conservar a carne de um ou dois porcos que matava por casa, para se servir das suas carnes durante todo o ano.
Os porcos eram alimentados com restos de comida da casa e com couves escaldadas com farinha e água quente. Era a lavadura.
O quinteiro era uma quintinha. Anexo à casa ou entre este e o resto da quinta que em algumas regiões lhe chamavam “lugar da casa”. Aí no Quinteiro soltavam-se os bois ou as vacas para apanhar ar, mas sobretudo, os porcos que também viviam debaixo da casa ou tinham a pocilga no próprio quinteiro e para eles não fossarem era-lhes metido uma arganel de arame com pontas para os aleijar, caso eles tentassem fossar.
No quinteiro existia mais a pia alta para dar de beber aos bois e o amontoado de mato ou rosso que durante o Inverno ia servir para fazer a cama aos animais.
O quinteiro servia também por vezes, para lançar o esterco, isto é, para servir de esterqueira.





Na quinta ou no “lugar” sempre havia uma horta ou outra plantação e, para afugentar os pássaros, o lavrador inventou os espanta-pássaros, isto é, o espantalho, com uma cruz de madeira, um chapéu, palha enfiada nas calças para fazer de corpo, um casaco velho e um pau espetado no chão. Os pássaros fugiam. Tinham medo do palhaço. Mais tarde o espanta-pássaros foi evoluindo para o moinho de vento e outras técnicas que hoje são mais sofisticadas, mas naturalmente, mais prejudiciais aos animais.
Vasos com salas de plantas ou flores enfeitavam as casas, as varandas, as escadas, os canteiros…
A casa do forno era um anexo muito importante na casa do lavrador. Havia lavradores que coziam duas rasas de pão para 15 dias (milho e centeio). Havia casas que tinham o forno na própria cozinha, mas um ou outra tinha mesmo como anexo a casa do forno onde cozia pão para mais gente, mais rasas de milho e centeio.
A Casa do Cirugião de Mazarefes tinha um forno, onde cozia 12 rasas de milho porque era da família do Abade Matos, pároco da terra, e este tinha um Albergue que dava pousada a pobres, a indigentes, e até a peregrinos de S. Tiago a quem distribuía ou dava pão que a família cozia. Hoje, no lugar desse forno, está um lagar de vinho.
Na casa dos meus avós e trisavós paterno-maternos havia a casa do forno com 2 fornos, não sei qual a razão. Só sei que o tio-trisavô pelo lado do meu pai e sua mãe era solteiro e que o seu irmão meu trisavô era muito rico. Seria cozinhado pão para dar aos pobres?
Normalmente havia a esterqueira que era outra coisa, era outra parte. Era um estrume mais pobre. Era um local onde eram despejadas as águas de lavagens da cozinha, louças, gamelas, potes, mas também as águas da lavagem das casas. Esse fazia outro estrume mais fraco que, normalmente, era lançado por cima das terras. Nesse estrume não havia necessariamente fermentações, daí não dar aquele cheiro tão azotado ou tão putrefacto. Também se expunha como o do quinteiro ao ar livre e às chuvas e águas correntes.
Toda a espécie de esterco ali ia parar.
As fossas vieram mais tarde para fazer descargas não só das águas sujas, do despejo dos penicos, vasos com asa que serviam, em cada quarto, para de noite alguém fazer as suas necessidades fisiológicas, sobretudo, urinar.
A estrumadeira era feita de estrume, isto é, excrementos (esterco de porco no mais sentido remoto da palavra) de animais,sobretudo, e outros monelhos de farrapos,plantas,como mato,palhas,ou rossos das veigas, águas sujas,urinas...
A estrumeira acabava por ser o local onde o gado comia e dormia e aí fazia as suas necessidades fisiológicos sobre o mato, ou rosso das veigas, palha, restos das suas próprias comidas.




Nas casas onde havia já a retrete, normalmente, esta já estava ligada à corte do gado, era mais a juntar ao estrume dos animais que depois de uma certa fermentação serviria de adubo natural para as terras.
Era assim que o lavrador com adubos naturais, fertilizantes e orgânicos, com odores apropriados conforme as suas fermentações, se defendia e se protegia para a semente desenvolver melhor como o milho, o centeio, feijão, vinha, horta, a aveia, a melância, o melão, a batata, a cebola, isto é, toda a agricultura a que este resolvesse dedicar-se.
A estrumeira era assim algo que fazia parte da casa do lavrador. Se a casa fosse de dois pisos porque se fosse de um piso, isto é, uma rés do chão, a estrumeira ficava-lhe ao lado, normalmente, da cozinha aberta para a corte e que do mesmo modo lhe servia de aquecimento para a casa. Onde não houvesse retrete iam à horta. (Continua)A. V.

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