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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Os Cordoeiros de Mazarefes- PN 2007

Os cordoeiros de Mazarefes
Em Mazarefes, chegavam barcos espanhóis, ao poço Tranquinho, no século XVIII, para descarregar cordas que vinham da Galiza. Este segredo deu vida aos cordoeiros de Mazarefes que eram os Coutinhos da casa dos cordoeiros.
Assim pensavam os Cordoeiros possuir Mazarefes inteira porque à custa deste negócio enriqueciam e compravam muitas propriedades. A verdade é que dos Cordoeiros eram quase todos os terrenos entre os Catrinos até ao passal do abade, aos Dias; e os terrenos abaixo da Capela das Boas Novas quase até à estrada de baixo, para além da maioria da Veiga de S. Simão e outras zonas das Cachadas, dos Vermoins, das Milheiras, da Mata e da Conchada. Tudo foi muito dividido porque os cordoeiros, os brasileiros e os piscos com quem se cruzaram sempre tiveram muitos filhos.
A casa ao lado direito, para quem sobe, da Capela da Senhora das Boas Novas, que muita gente que lá passa julga ser a Igreja Paroquial de Mazarefes, era conhecida pela Casa dos Cordoeiros. Ainda tenho uma vaga ideia de ver o local onde se dizia que ali se faziam as cordas entre a eira junto à casa e o fundo do lugar.
Não era difícil, bastava uma tábua fixa onde os fios eram presos e levantados por forquilhas de 5 em 5 metros mais ou menos. Mais uma outra peça de madeira ou de ferro, onde entravam os respectivos fios de uma armação para funcionar uma manivela que rodando, transmitia o movimento à peça fixa que no conjunto lhe chamavam o carro. Entretanto os fios entrançavam dando origem à corda. Em todo o comprimento. Era a casa dos meus bisavós que conheci muito bem e que por ali passava o tempo: ia ao forno do pão porque “o pão do vizinho é sempre melhor...” e brincava com os primos...
Ali havia perto um grande tanque de água que para isso também fazia falta.
Houve um Gandra, de Santiago de Aldreu que casou para Mazarefes com uma cordoeira e ele era de profissão cordoeiro, isto nos princípios do século XIX. Esses Gandras vieram para Viana.
A cordoaria continuou em Viana e recordo ainda família ligada a estes Gandras e aos Cordoeiros de Mazarefes que tinham à Rua da Piedade uma casa de vender cordas de todos os jeitos e feitios...
Esta actividade é tão antiga que em Ovar foi erguido um Monumento aos Cordoeiros em homenagem à profissão.
Em Lisboa há a Rua dos Cordoeiros.
Em 1661, perto de Gaia havia uma corporação de Cordoeiros.
Os Cordoeiros tinham também as suas teias.
Em Cortegaça, fabricavam-se cordas e redes no século XVIII para a pesca. Esta actividade era feita normalmente ao ar livre. O comércio começou a desenvolver-se muito antes dos meados do século XX, pelas portas, como os azeiteiros, etc...
As matérias-primas para o fabrico das cordas era fácil: um cavalete ou uma estante onde encaixava uma roda de madeira com manivela.
Ao lado, e presa a esta roda, havia a cruzeta, composta por mojetes onde fixavam as moretas.
A fiandeira punha o sisal à cinta e ia caminhando, soltando-o conforme as necessidades.
Fabricavam-se assim vários tipos de fios, cordas, cordéis, enleias. Normalmente era trabalho para tempo livre das mulheres e das crianças.
No século XIV, já os Judeus eram especialistas nesta arte, mas, enfim, depois afastados, fugidos uns e outros tornados “cristãos novos”, mas sempre apontados pelo dedo, nunca estiveram muito à vontade.
O Campo do Olival, no Porto, pertencia ao Bispo do Porto, tendo sido cedido à Câmara no século XIV. Foi depois destinado à feira do Porto e aí se estabeleceram no século XVII, também os Cordoeiros. Por isso o “sítio da Cordoaria” como ouvi o meu pai chamar-lhe.
É curioso que aparecem muitos Coutinhos ligados a cordoeiros.
A. Viana

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