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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A cozedura do pão-PN 2007

Antigamente a cozedura do pão era o trabalho mais comunitário. Havia um forno comum, onde todos iam cozer o pão.
Deste modo apareceu o topónimo “ Lugar do Forno” ou “Lugar dos Fornos”, o termo o “Forno do povo”...
Isso ainda existe. Há alguns anos vi um desses fornos da aldeia de Covas, em terras do Barroso, e as pessoas da aldeia iam lá cozer o pão. Eu próprio assisti e observei como o faziam...





Depois cada um começou a ter em sua própria casa um forno. Nem toda a gente da família era seleccionada para cozer o pão. Era preciso que tivesse certa virtude para que pudesse fazer o trabalho com êxito. Todos tinham então, em casa, um homem ou uma mulher que cozia o pão. Era tarefa para não pensar ao mesmo tempo noutra coisa dado o esforço, o chegar-se ao esquentar do forno, amassar da farinha de milho moído e peneirado ao qual se tirava o farelo. Depois com a água a ferver era amassado até à hora de poder juntar o fermento e o sal e esperar que levedasse, muitos faziam uma cruz sobre a massa. Com “vasculho” limpavam-se as brasas, varria-se o chão do forno quente, e havia que usar a gamela oval para preparar as brôas, pô-las sobre a pá e colocá-las certinhas dentro do forno que era fechado com uma porta forrada com bosta de boi em toda a volta. Com a pá do forno
faziam, às vezes, uma cruz, ou diziam orações populares. Em alguns lugares usavam na porta que era uma lage de lousa com um boraco ao canto para verificar o andamento da cozedura.





Eram sempre duas rasas ou mais de pão e cozia-se para 15 dias. Quando o pão saía mais húmido poderia vir a ganhar bolor e, mesmo assim, era muitas vezes aproveitado metendo-o de novo ao forno para queimar o bolor e secar ou cozer mais um pouco... não se deitava fora. Havia um respeito muito grande para com o pão. Quando caía ao chão algum bocado, logo se pegava nele, dava-se um beijo e metia-se à boca.
Muitas vezes as pessoas contentavam-se com um naco de pão de milho e umas azeitonas. Já dava para passar o dia.



Em ocasiões de festa de Natal era feito o bolo com mistura de centeio que lhe dava outro paladar mais gostoso, mais especial, talvez mais macio e mais doce...
As brasas tiradas dos canhotos que aqueceram o forno eram metidas num cântaro e abafadas para se apagarem sem se desfazerem em cinza. Deste modo ficava um carvão que, ou era vendido para as carvoarias ou era utilizado nos ferros de engomar.
O forno ficava normalmente junto e aberto para a lareira, na cozinha onde se comia e se reuniam as pessoas. A lareira era a peça fundamental da cozinha, da família. Era feita de grandes lages de pedra. À volta da lareira com a fogueirinha viva ou apagando-se conforme a hora da noite, onde todos comiam, rezavam o terço. As mulheres sobre a lareira faziam as meias de lã de ovelha ou fiavam e os homens jogavam cartas ali perto. Entretanto iam contando histórias da família aos filhos, aos netos, lendas, contos ou jogavam às adivinhas, ou ainda cantavam e tocavam música de guitarra ou de concertina enquanto também se debulhava o feijão, a fava, descascavam-se a nozes ou os pinhões.
Quando chovia ou ventava, então, é que sabia bem “estar ao borralho”, isto é, estar à volta da lareira a fazer os referidos trabalhos ou a contar histórias de vida que muitas delas passaram de geração em geração e agora já não passam.
Os mais novos, as crianças, iam mais cedo para a cama, mas sempre depois de pedir, com muita reverência a bênção aos pais,avós ou tios que ali em casa, àquela hora, se encontrassem. E eram abençoadas...
Também na parte superior da lareira e interior da chaminé levava o fumeiro e a cobertura da cozinha normalmente era de telha solta ao contrário do resto da casa com forro.
A telha solta facilitava o trabalho do defumadouro dos chouriços e das chouriças...acabadas de pôr no fumeiro e que não convinha apanhar com alguma pinga destes pitéus frescos que “fazia cair o cabelo”. Enqunto não secassem ali sob o fumeiro ninguém se sentava.
Junto da lareira ou sobre ela havia o “olhar” lugar onde se encontravam as vides, os cavacos, as canhotas e a pruma. Também os escanos à volta , perto ou até sobre a lareira, quando ela era grande, serviam de banco para preguiçar, comer o caldo, tagarelar ao serão enquanto se descascavam batatas ou se faziam bordados, até o sono chegar, os olhos a quererem fechar e ordenarem: “Vamo-nos deitar”. Já depois de os pés terem sido lavados, às vezes eram as filhos ou os netos que lavavam os pés aos pais ou aos avós.
Agora as lareiras são outras. Têm muitos estilos. São de canto, de parede, de carvão, ou queimadores de lenha, ou outro material já para não falar dos aquecedores a gás ou a energia eléctrica.
Adproquo

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