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domingo, 9 de agosto de 2009

Uma Casa Antiga e o Canto da Lareira-2007

Uma casa antiga tinha sempre um lugar especial que era a cozinha onde não faltava a lareira, o forno de cozer o pão, e o “olhar”, o sítio da lenha - um olhar sobre o canto da lenha não vá incendiar - daí o povo lhe dar o nome também de “olhar” a essa pilha da lenha junto da lareira para usar na cozinha ou no aquecimento da casa no rigor do Inverno. Esta lenha tinha sido guardada na Casa da Lenha, sempre os melhores cepos, as melhores lenhas, oliveira, eucalíptico e carvalho que forneciam mais energia, a acha do pinheiro e outros cavacos,mais vulgares, mas menos calóricos. O que interessava era que o calor atingisse não só a cozinha, mas toda a casa. À volta da lareira rezava-se o terço. A essa hora ninguém tinha coragem de perturbar a oração batendo à porta...
A ocasião em que se cozia o pão no forno era aproveitada para tirar o braseiro com uma pá de ferro para um cântaro de barro vermelho que era tapado com um testo barrado à volta com bosta (excremento de vaca) para o braseiro se apagar sem se desfazer em borralho. Assim ficava o carvão que servia para depois assar sardinhas, ou deitar no ferro de engomar, que muitas vezes usei, ainda andava na escola primária, para vincar as minhas calças e engomar os meus colarinhos e os punhos das camisas.





Quando o cântaro arranjava algum buraco era tapado com breu (resina) a arder. Era um perigo deitar estas brasas num cântaro que estivesse mal isolado. A minha bisavó paterna pelo lado do meu avô paterno morreu queimada por causa de uma situação destas. Estava a cozinhar o pão sozinha. Veio trazer o cântaro do carvão ao “quinteiro”. Estava vento. Este soprou por algum desses buracos. Fez labareda e pegou-lhe no saiote. Não se desembaraçou sozinha do incêndio que a levou deste mundo, como a mulher mais rica da terra e mãe de 10 filhos.
O carvão era algo muito importante e, para além do uso doméstico, era vendido para as carvoarias.
A combustão directa do carvão, para produção de vapor, foi a principal alavanca para o progresso da humanidade chegando à industrialização. A máquina a vapor, alimentada pelo tal carvão, surgiu em princípios do século XVIII, que Watt aperfeiçoou e comercializou, em Inglaterra, nos finais do séc. XVIII. O carvão é um material sólido, poroso e de fácil combustão capaz de gerar grandes quantidades de calor.
Há várias espécies de carvão mineral e vegetal. Pode ser artificial pela queima de lenha, como vegetal ou mineral tendo passado por um processo de transformações orgânicas em função da natureza vegetal e artificial, ou, em forma natural, que se transforma em carvão mineral. A hulha foi a mola que revolucionou a Indústria que o petróleo veio substituir no século XX.
Assim, foi o carvão a grande fonte de energia de calor!..
Foi aquele que pôs máquinas a trabalhar, como as máquinas do caminho de ferro que puxavam o comboio.
O prefixo “ca” pode ser diminutivo etimologicamente aplicado a algumas palavras.
O padrão luso ”car(v)alho feio como o car(v)alho perdendo o “r” é mesmo de temer. Esta letra “c” do nosso alfabeto tem tendência a desaparecer, pois as pressas e as mensagens rápidas e baratas via telemóveis ou mails, os jovens a este “c” de cão substituem-no por um “k”. O mesmo pode acontecer ao ‘Ç’ que facilmente trocam por um ’S’...e depois não se estuda latim, o que não acontece entre os germânicos que, não tendo línguas latinas, mantêm o estudo do latim obrigatório!...
O “car”, numa significação ancestral, significou também imersão em água que cura. Hoje car sem algo junto não significa nada. É como um carro sem motor, que não chega a ser carro, pode ficar apenas no car!.. E um “cara” no Brasil tem um significado... e a nossa cara é o mesmo que o nosso rosto.
Enfim... No entanto, o que vem ao assunto é o carvão energético, que aquecia nas lareiras, que punha as máquinas a vapor a funcionar e que às vezes saía como tiros pela chaminé das locomotivas dos antigos comboios puxados a carvão de pedra...
Hoje, em vez de fazermos a fogueira para fazer carvão para preparar uma sardinhada, ou uma churrascada, comprámo-lo, porque nas nossas casas já não existem as lareiras das fogueiras,dos potes, das trempes e dos tachos ao lume, dos serões, dos contos e das adivinhas, das anedotas e das histórias da família, dos conselhos e das brincadeiras, do aconchego familiar, onde a amor da família se desenvolvia com mais diálogo, menos dispersão.
Hoje, mesmo na hora da refeição e durante a noite as pessoas têm o nariz, os ouvidos e os olhos metidos num aparelho, sem que haja o encontro de família,o diálogo, próprio de um amor familiar que cresce.
Adquem

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