Casados em segundas núpcias
Tenho escrito neste jornal sobre os “recasados” e reuni já com alguns. Esta palavra “recasados” não cai bem aos ouvidos sobretudo dos que se encontram casados em segunda união, embora esta segunda não seja pela igreja. Não gostam da palavra que utilizo ou utilizada porque, pensando melhor, ela traz com “re” uma carga que pode ser mal interpretada, como retornados, reconvertidos, repatriados, ... enfim uma série de casos que nos pode levar a uma interpretação que também não é aquela que desejamos.
Pois aqueles que se casam em segundas núpcias, mesmo sem ser pela igreja porque não recorreram à nulidade do 1º matrimónio, não podem deixar de ser irmãos nossos e não por caridade, mas por justiça, lhes é devida uma solicitude pastoral não só dos padres, dos bispos, mas de todos os leigos em geral. Eles devem ter consciência que a igreja os Ama porque são membros da igreja pelo baptismo e conservam a fé, embora para João Paulo II não pudessem ser admitidos à comunhão eucarística, mas só isto e mais nada. Não disse que não podiam ser padrinhos, nem podiam participar na comunhão da palavra da eucaristia, nem da comunhão espiritual, querem saber(?), às vezes, mais verdadeira e autêntica que a comunhão sacramental depois de muitas confissões bem feitas, talvez por muitos dos outros.
“Crer na palavra divina é optar entre duas sabedorias: ter confiança em Deus e renunciar a fiar-se de parecer próprio”. É expressão e atitude própria de esperança em Deus, radicada na fé e na humildade, de maturidade e de confiança .
“Javé, nosso coração não é ambicioso/ nem nossos olhos altaneiros/ Não andamos atrás de grandezas/ nem de maravilhas que nos ultrapassam/ Não! Nós fizemos calar e repousar nossos desejos/ como criança desmamada no colo de sua mãe.” Cf. o salmo.
E o senhor os convida a “abrir-se ao dom de Deus como crianças”(Mc 10,15), a orar e esperar, pois “quem ora ao Pai celeste fica então seguro de tudo obter”(Lc 11,9-13). Essa confiança proporciona a segurança e a alegria da possibilidade do acesso ao trono da graça, pois “nada os separará do Amor de Deus”(Rm 8,38ss.).
Diante da confiança e alegre segurança dos casais, a resposta de Deus e da Igreja não se faz tardia: colocam a atitude da obediência à não recepção do pão eucarístico como um valor, no sentido de se tornarem instrumentos de defesa, afirmação e valorização desse sacramento, e oferecem para eles um caminho e um meio concreto de sua participação no sacrifício de Jesus: a comunhão espiritual. Mais ainda: convidam os casais a fazerem da piedade eucarística não só “pontos de apoio” com que possam contar e “de refúgio” onde se possam abrigar, como, também, o apostolado de seu incremento e renovação na vida de toda a Igreja.
Desse modo, a comunhão Espiritual se constitui em um meio eficaz de recebimento do Cristo, não em um contacto físico e real como o pão eucarístico, mas em uma proximidade concreta, gerada pela confiança e segurança de que a graça completa a sua obra.
A Comunhão Espiritual realiza a recepção de Cristo “em espírito e em verdade”! A. C.
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