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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Divociados...separados...recasados!... PN 2004

Divorciados... separados... recasados... numa diocese em Sínodo

Todos, a partir do baptismo, somos chamados à Santidade. É por isso que é para uma comunidade um grande sofrimento quando nela existem irmãos em sofrimento como os separados ou divorciados. Nós sabemos que Deus os ama e prometeu felicidade a quem enfrenta o sofrimento da separação ou do divórcio, que aparece "como uma loucura para o mundo".
Quantas vezes os separados vêem os seus bens materiais degradados. Ainda outro dia conheci uma senhora sofredora de uma doença de fibromialgia que o marido levou a um psiquiatra. Como não deu conta dela, então, o marido deixou-a com 3 filhos menores, sem saúde e sem trabalho ... Esquecemo-nos dos Bem-aventurados ... porque o mundo nos apresenta a felicidade fora do âmbito dos Bem-aventurados para Jesus. O mundo afirma: "felizes são os que têm uma vida sexual bem sucedida". De facto, Deus só quer a felicidade e o paraíso para a Humanidade, mas qual felicidade e qual paraíso?
Nesse sentido, os separados, os divorciados não poderão ser heróis como os viúvos e os celibatários por opção?
Somos todos chamados à Santidade que exige conversão contínua. Esta vocação é para os divorciados e para os separados, apesar de alguma mancha na vida sacramental. Esta vocação é também para os recasados uma esperança. Basta lembrar como Jesus atendeu a mulher adúltera. O que aproxima os recasados, os divorciados ou separados fiéis é bem mais que aquilo que muitos pensam. Como eles são baptizados, confirmados, chamados à Santidade, podem fazer crescer sempre as forças que neles existem, do Espírito.
Todos nós sentimos que os que passam por situações de divórcio sofrem imenso e experimentam feridas bem profundas e naturalmente procuram a sua cura, pois pelo sacramento do matrimónio receberam o ministério parental que devem procurar vivê-lo na nova situação que ambos criaram. São também convidados ao perdão em relação àquele que foi seu primeiro cônjuge, unidos pelo laço do casamento, celebrado religiosa e validamente. Apesar de tudo continuam a ser chamados a uma reconciliação dos corações com o outro pela troca do perdão mútuo, mesmo se uma retoma de vida em comunidade não for possível.
Como separados e divorciados, não recasados, são chamados à fidelidade e só nisto diferem as opções escolhidas. O caminho proposto por Jesus, ou pela Igreja, não é um caminho impossível.
Jesus, na Cruz, deu-nos sólidas lições para um sentido novo do sofrimento.
Muitas vezes constata-se um traumatismo, sobretudo de culpabilidade, sendo mais trágico quando há filhos. Há que lembrar a traição de Judas, a Agonia no Getzêman, o Julgamento, a Flagelação, a Coroação de espinhos. Tudo isso fez que a Cruz gloriosa e fecunda de Cristo fosse o desabrochar dum "novo céu e duma nova terra". - "Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste"? – "Hoje estarás comigo no Paraíso", diz para o Bom Ladrão. E para a Mãe: - "Mulher, eis aí teu filho" – "Eis aí a tua mãe". "Tenho sede". "Tudo está consumado" ."Pai nas tuas mãos entrego o Meu espírito". Este é o ideal apontado.
No sofrimento, se fixarmos os olhos em Jesus Cristo, somos capazes de descobrir um amor verdadeiro com uma longa e paciente fidelidade (separados ou divorciados). A Virgem Maria ajuda-nos a repôr de pé a nossa vida. São testemunhos de muitos que assim permanecem nas trevas da Luz. O Coração de Jesus é fonte de perdão e de cura: "felizes os que choram porque serão consolados".
Quem sou eu para julgar?
Mas há os que preferem a Comunhão ao recasamento. Os divorciados ou separados, desde que nesta linha de perdão e de fidelidade, podem exercer todas as funções na Igreja, mesmo a da Comunhão. Enquanto os recasados podem e devem fazer comunidade, mas afastar-se da comunhão. É este o espinhoso problema do recasamento.
Alguns recasam-se e, se voltam a recasar a seguir... o sofrimento é ainda maior!...
O recasados podem construir e conhecer de novo a felicidade humana, mas a procura duma solução somente humana para o sofrimento pode ser ilusória: "só Jesus que veio penetrar em nosso sofrimento, pode transfigurá-lo hoje ainda pelo Espírito". O que possa parecer ilusório, quem sabe se por esta transfiguração espiritual será uma grande esperança...
Ainda que o amor humano esteja morto, importa redescobrir sua unidade mística que permanece eternamente pela Graça do Sacramento do Matrimónio, na esperança de uma reconciliação, segundo Paulo VI.
"Embora afirmando que o amor humano está morto, cremos contudo que, reanimado pelo Espírito Santo, ele pode ressuscitar. Além disso, o facto de que o amor humano esteja morto não acarreta o desaparecimento do vínculo sacramental entre esposos. É o que afirma claramente Paulo VI em seu discurso às Equipas de Nossa Senhora: "O casamento (não cessamos de recordá-lo) é uma comunhão fundada sobre o amor e tornado estável e definitivo por uma aliança e um compromisso irrevogáveis. O amor verdadeiro, então, é o elemento mais importante desta comunhão: o que é dom, renúncia, serviço, superação. Mas essa comunhão, uma vez e selada, não está mais à mercê de altos e baixos de um querer humano subjectivo, mutável e instável. Ela ultrapassa as alternâncias da paixão, do arbítrio dos cônjuges. É por isso que o casamento não pode ser entregue às vicissitudes do sentimento, por tão nobre que seja, mas, enquanto tal, sujeito a variações, ao enfraquecimento, aos desvios, à ruína. Nós queremos ainda reafirmar esta doutrina tradicional já lembrada pela constituição pastoral Gaudium et Spes, 48, contra a enganadora argumentação segundo a qual o casamento acaba quando o amor (mas que amor?) se extingue".
Neste mundo em que vemos tudo sem valores positivos, sem valores humanos, perenes e duradouros... tudo é descartável, até leva os jovens a fugir, muitas vezes, aos compromissos também perenes e, muitos outros a não assumir compromissos de fé, porque isso lhes pode coarctar a liberdade.
Para mim, embora os recasados não possam aproximar-se da comunhão e serem padrinhos de baptismo, vejo sempre com respeito e com muito mérito a sua acção pessoal ou comunitária e toca-me de perto esse sofrimento.
Já tive um voluntário. A sua entrega e a sua generosidade mostravam tantas vezes que a benção de Deus caía também sobre ele. Tive um voluntário que conduzia a carrinha da Paróquia para tratar dos idosos durante vários anos e eu sabia que o seu maior sofrimento era participar na Eucaristia e não comungar. Poucos anos antes de morrer, Deus concedeu-lhe tudo o que ele tanto queria. Venceu, ainda a Paixão de Cristo, a esperança desabrochou como uma flor na Primavera.
Não podemos esquecer que os desígnios de Deus são insondáveis e podem, normalmente, não corresponder aos critérios dos homens.
Estou convencido de que a maioria dos divorciados ou separados nunca realizaram um acto verdadeiro, que não houve casamento nenhum, que o acto foi nulo, por várias razões que não exponho aqui. Sendo assim, devia recorrer-se à declaração de nulidade de matrimónio religioso para que as partes ficassem "social, eclesial e juridicamente" livres de poderem alcançar outros meios normais para atingirem a felicidade espiritual.
O Padre que deixa exercícios de ordens e recebe licença para casar, não deixa de ser padre, mas não lhe é atribuído nenhum privilégio especial. O celibato é uma questão disciplinar da Igreja que a pode abolir até, ou então desobrigar aquele que fez um voto e que decidiu voltar atrás com razões fundadas.
Na questão do casamento é uma questão de Amor que Deus permitiu e conseguiu por vontade dos noivos que, para isso, namoraram, decidiram e receberam a graça para que o mesmo Amor fosse, por vontade dos noivos, até à morte. Este amor pode dizer que morreu entre dois divorciados e dois separados; "mas qual Amor?".Ainda estamos no tempo de Moisés, "dos corações duros" ou já chegamos a Cristo que "por Amor dá a vida pelos Homens?" Que contra a vontade dos Homens faz da Cruz uma bandeira da glória?.
Há uma certa tendência no mundo, mesmo cristão, a apagar com uma borracha tudo o que é sofrimento, ainda que seja a Paixão e Morte de Cristo na Cruz, mistério central da fé cristã.
De facto, é uma dor muitas vezes difícil de curar, esta, dos separados, dos divorciados. O ser humano tem necessidade de amar e sentir-se amado. E sobretudo quando este mundo em que vivemos parece ter feito da vida sexual o ideal da felicidade. Ainda é possível a recusa ao recasamento quando as feridas abertas pelo primeiro são sublimadas ao Amor de Deus e a afectividade interiormente conduz à continência eivada de oração e dos sacramentos, vivendo um Amor oblativo no Espírito de Cristo. Se momentos de fraqueza houver ... o importante é manter o rumo e orientar a vida no sentido de Deus para começar de novo, depois de passar pelo sacramento de reconciliação. Cristo acolhe sempre o pecador arrependido, perdoa, e não lhe faltará com a sua graça. Ele é omnipotente no Amor!...
Há quem acuse a Igreja Católica de ser intransigente, mas as Igrejas ortodoxas ou protestantes também não aceitam com facilidade quando se encontram interpeladas por este assunto. Só aceitam o recasamento porque reconhecem, em certos casos, fraqueza humana.
É certo que os recasados até gostariam de ver um discurso mais claro dos padres e o Santo Padre exorta os padres para este sentido, para que sejam mais pais, irmãos, pastores e mestres em relação às famílias, sem deixar de se manterem fiéis ao magistério para que, na unidade nos modos de julgarem, não haja perturbações de consciência nos fiéis.
Na "Familiaris Consortio" podemos ler: "Com o sínodo, exorto calorosamente os pastores e a comunidade dos fiéis em seu conjunto a ajudar os divorciados recasados. Com uma grande caridade, todos farão de modo que não se sintam separados da Igreja, pois eles podem e até devem, como baptizados, participar de sua vida. Serão convidados a ouvir a Palavra de Deus, a assistir ao Sacrifício da missa, a perseverar na oração, a trazer sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar seus filhos na fé cristã, a cultivar o espírito de penitência e a realizar actos de penitência, a fim de implorar dia após dia a graça de Deus. Que a Igreja reze por eles, que ela os encoraje e se mostre a seu respeito como uma mãe misericordiosa e que assim os mantenha na fé e na Esperança!
A Igreja, contudo, reafirma sua disciplina, baseada na Escritura Sagrada, segundo a qual ela não pode admitir à comunhão eucarística os divorciados recasados. Eles se tornaram incapazes de a ela ser admitidos, pois seu estado e sua condição de vida estão em contradição objectiva com a comunhão de amor entre Cristo e a Igreja, tal como se exprime e é tornada presente na Eucaristia. Há ainda um outro motivo pastoral particular: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e compreenderiam mal a doutrina da Igreja concernente à indissolubilidade do casamento".
O Cardeal Danneels, na Bélgica, enviou em 1989 uma carta a todos os seus fiéis intitulada "Famílias, Sombras e Luz", na qual evoca os sofrimentos actuais da família, entre os quais o divórcio.
Os Bispos nas suas dioceses devem promover a Pastoral das Famílias, não apenas como um encontro, mas como um movimento de sensibilização e encontros até a nível arciprestal para facilitar a todos. As equipas diocesanas devem tomar iniciativas para os separados e os divorciados, assim como para os recasados. Os sacerdotes nas suas paróquias deveriam ajudar a fomentar este tipo de trabalho.
Ninguém pode estar fora da Igreja, ainda que, porventura, carregue uma cruz mais pesada. Esses até precisam de cireneus que deviam ser todos os outros que não passam por esses sofrimentos.
Faço votos que estes assuntos sejam discutidos em CPP (Conselho de Pastoral Paroquial) e se tomem atitudes concretas à luz da doutrina da I

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