A LITURGIA DO CULTO DA VIDA
O Vaticano II veio dar uma certa liberdade no ritualismo da Igreja. Antigamente a falha de uma palavra na missa, ou um gesto mais ao lado, era tido quase como um pecado. Agora há grande diversidade litúrgica, sem fugir ao fundamental das regras. Respeitam-se, por vezes, culturas de regiões e de nações, mais, visivelmente, na África e na Ásia, ou na América , uns mais tradicionalistas outros mais inovadores utilizando meios modernos. Há liturgias para todos os gostos. Liturgias tradicionais, renovadas, carismáticas, com cânticos, com hinos, com elevação do corpo e da alma.
Fala-se pouco da liturgia da vida, na Igreja, em casa,na rua, numa sala ou num escritório, algo tão fundamental como a liturgia do culto. A liturgia da vida está ligada ao trabalho pessoal e colectivo como testemunho que passa aos outros. A liturgia do culto tem uma organização a começar no Vaticano, depois em cada país, Comissões episcopais, Secretariados nacionais, diocesanos e paroquiais.
A palavra liturgia é derivada de uma palavra grega que significa “serviço público”, serviços divinos e serviços culturais eram um serviço público, a ordem e as cerimónias do ritual eclesiástico. Os cristãos passaram a usá-la apenas dentro do contexto religioso para assinalar as actividades do culto e os ritos religiosos.
Este serviço público (ao Estado) começou a separar-se do que é serviço de culto e adoração a Deus no templo daquilo que se faz no restante da vida. Isto significa que aquilo que deve acontecer no nosso culto a Deus, a saber: a adoração, o louvor, a contrição, a intercessão, a edificação e a consagração, são coisas que se fazem ao Domingo em local, momento e hora reservado para isso.
Limitamo-nos àqueles momentos cuja preferência é o “momento de louvor”, à liturgia dos cânticos e o restante do culto, na vida, torna-se um peso difícil de arrastar sem contar com cireneus.
Estabelece-se assim uma divisão entre o que se faz no culto e aquilo que se vive no dia-a-dia. Quando a liturgia se limita apenas àquilo que acontece dentro do templo, tem a tendência de se limitar apenas dentro das paredes daquele espaço sagrado e a vida diária passa a não ter nada a ver com o que se faz no culto. Vale a pena lembrarmos o que Deus diz em Isaías 29:13 - “...este povo aproxima-se de mim com a sua boca e com os seus lábios honram-me, mas o seu coração está bem longe de mim...”.
A liturgia do culto deve ser a continuação da liturgia da vida, e vice-versa, pois o discípulo de Cristo que não vive de forma contrita e num constante espírito de serviço na presença de Deus em todo o tempo, não se quebrantará por causa da formalidade do culto. Aquele que não tem uma vida pessoal de louvor e adoração, no dia-a-dia, também não a terá na celebração colectiva.
Jesus disse: “ não é aqui em Garizim, nem em Jerusalém, que se adora a Deus em verdade. A Deus adora-se em qualquer lugar.”A liturgia é a penas o programa do culto ou é tudo aquilo que se procura fazer na vida como cosequência da liturgia do culto? Aquilo que se faz no dia-a-dia é feito como “serviço a Deus”? A Palavra de Deus ensina-nos: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Colossenses 3:17).
A liturgia da vida celebrada na liturgia do culto é uma liturgia eficaz que é a primeira e indispensável fonte do espírito cristão mais ou menos, usando palavras de Pio X.Não é só a palavra, doutrina, nem sequer isso , ela é mistagogia da fé.
Celebrar a liturgia eucarística é “Fonte donde dimana toda a sua força para aqueles que participem no sacrifício e comam a ceia do Senhor, segundo o Vat. II.
É preciso celebrar a liturgia da vida e assim honraremos ao Senhor da vida, em todos os seus aspectos, sentidos, circunstâncias ou momentos!
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