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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Casa da Lenha- P.N. 2007

Não vi a peça “A Casa da Lenha” de António Torrado sobre a vida e obra do compositor Fernando Lopes Graça, nascido a 17 de Dezembro 1906, em Tomar, um dos maiores compositores do século passado, preso pela PIDE várias vezes. A peça foi levada a palco no Teatro Nacional D.Maria II, no ano em que se assinala o centenário do nascimento do seu autor. Para mim foi ocasião para me lembrar da “Casa da Lenha” que era sempre um anexo importante de qualquer casa, sobretudo nas casas da aldeia.
A “Casa da Lenha” era um anexo desviado normalmente da casa de habitação, num canto do quintal, do logradouro ou ao fundo da quinta, do “lugar”.
Na “Casa da Lenha” era guardada a pruma, os ramos secos,as pinhas, as achas em castelo, os toros de pinho ou de oliveira para arder na ceia de Natal ( os canhotos) e onde não faltavam muitas vezes os ratos e os bichos próprios do meio ambiente.
A “Casa da Lenha” da casa do meu avô paterno era algo que eu gostava de mostrar aos amigos, era uma peça importante.Era só para combustível lenhoso. Ali estava o combustível para a lareira, para o fogão, para as festas e para tudo. Havia uma época de ter a casa da lenha cheia para, no Inverno, não faltar nada para aquecer a habitação, para fazer as refeições, para aquecer o forno e cozer a broa, o cepo para arder, na lareira, durante a noite de Natal ou para secar as chouriças nas matanças dos porcos, etc... e aproveitar a borralha para deitar nos campos...
A “Casa da Lenha” era, por vezes, lugar para muitas histórias, daí que, imagino, a peça agora apresentada, “A Casa da Lenha”, possa ter tido muita graça.
A vida é feita de muitos actos, sentimentos vividos em qualquer lado...até na “Casa da Lenha” podia haver lugar para cantar um fado...beber um copo de verde...ou um copinho de jerupiga!...




Na casa da meu avô materno a “Casa da Lenha” era diferente, ficava a cerca de 60metros da casa de habitação e lá era para tudo. Também se guardava a Charreta que a égua puxava quando ele e a esposa iam à feira, ou a algum amigo; e a carroça quando queria trazer mais família à cidade, como os netos.
Nessa “Casa da Lenha” houve uma autópsia a um homem carreteiro, conhecido por “furrica-milhão” que tinha ficado debaixo de um comboio quando ia a dormir sobre um carro de bois e que morava junto ao largo do Bicho, em Mazarefes, não sei agora o nome próprio.
Portanto a “Casa da Lenha” é sempre uma casa de muito e qualquer combustível orgânico ou inorgânico, biodegradável ou não.
Hoje a “Casa da Lenha” já não é a de antigamente. É a garagem dos carros que têm outro combustível. À beira é capaz de existir lenha, ainda que seja prensada. Outros fluidos como garrafas de gás para as cozinhas e aquecimentos existirão, tudo mais limpinho, e o cantar do fado....já não tem o sabor de antigamente! Nem já se bebe o copo do verde ou o copinho de jerupiga apara aquecer as “goelas” nas manhãs frias do Inverno... Agora as bebidas são outras, mais sofistificadas e talvez menos boas para a saúde...
Adquem

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