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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bispo do Porto valorizou «mundo sócio-caritativo»

Bispo do Porto valorizou «mundo sócio-caritativo»

O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, considerou ontem que só as redes sociais e de vizinhança têm impedido que a situação social portuguesa «expluda» e pediu soluções «em termos de futuro».

«Todo este mundo sócio-ca¬ritativo», constituído por re¬des sociais e de vizinhança, «vai respondendo e isso vai adiando o problema ou impe¬dindo que ele expluda», disse D. Manuel Clemente.

«Mas temos de pensar não apenas em termos imediatos. Portanto, tenhamos cuidado, abramos os olhos e sejamos mais solidários, porque é da nossa própria sobrevivência que se trata», sublinhou o pre¬lado, que ralava aos jornalis¬tas na Faculdade de Econo¬mia do Porto, à margem da apresentação do livro "0 que sabemos sobre a pobreza em Portugal?".

Nas suas declarações, o Bis¬po do Porto pediu também que as respostas sociais ime¬diatas se concentrem nos de¬sempregados de meia idade sem formação para um mer¬cado de trabalho que exige crescente especialização.

Considerando que «ainda se vão encontrando» ofertas de emprego especializado, absor¬vidas pelos mais novos e mais qualificados, D. Manuel Cle¬mente disse que o «mais com¬plicado» é o regresso ao trabalho de pessoas que «estão a meio da vida e já não têm a disponibilidade para aprender que tinham na juventude», na altura sem resposta.

Para esses, «é preciso uma resposta estrutural que, como sociedade, estamos todos à procura», preconizou.

0 livro "0 que sabemos sobre a pobreza em Portugal?", apre-sentado por D. Manuel Clemen¬te, éuma obra de homenagem póstuma a Leonor Vasconcelos Ferreira, que morreu em 2008 e era considerada uma das mais reputadas investigadoras em Portugal na área da mensura-

ção da pobreza e distribuição de rendimentos. - Editada pelo grupo Vida Económica, a publicação é uma iniciativa da FEP coorde¬nada pelos professores Auro¬ra Teixeira, Sandra Silva e Pe¬dro Teixeira.

As reflexões dos investiga¬dores são complementadas com as de diversas entida¬des que trabalham na área da pobreza e desigualdades so¬ciais, entre as quais a Federa¬ção Portuguesa do Banco Ali¬mentar Contra a Fome, a CITE - Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego e

o CESIS - Centro de Estudos para a Intervenção Social.

Em declarações à Lusa, Au¬rora Teixeira, uma das respon¬sáveis pelo livro, criticou a re¬posta social portuguesa. «Pri¬mamos pelo curto prazo, por políticas muito isoladas, mui¬to-cegas», disse, consideran¬do que não é o Rendimento Social de Inserção (RSI) que está errado.

Errado é, na perspectiva da docente, «não acompanhar o RSI com as diferentes valên¬cias que são necessárias para combater o flagelo».

Redacqão/Lusa

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