Não o conheci pessoalmente, nem pelos seus escritos. Sei que era Nobel da literatura portuguesa.
No entanto, quando se levantavam críticas, sobretudo, em relação à Bíblia, fez-me estudar e descobrir que a razão dele, não era minha. Fiquei a saber mais e melhor.
Saramago devia ser um homem de grande ansiedade por atingir o mistério.
Talvez o tivesse feito, tão só, que andaria próximo dele, mas não o chegou a atingir, como qualquer ser humano...será que... não o teria já neste momento atingido?!...Certamente que sim. O melhor ou pior só Deus o sabe.
A paciência de Deus é um aspecto do seu amor (Ex 34,6; Jn 4,2; Jl 2,13). O nosso Deus é um Deus de paz, de paciência, de consolação e de esperança (Rm 15,5.13.33).
Àqueles que se maravilham da demora da parusia, Pedro responde que Deus é paciente porque espera a conversão dos pecadores (2Pd 3,4-9; 1Pd 3,20; Rm 11,25-27). A paciência de Deus faz parte da sua pedagogia (Hb 12,5-7; Tg 1,12; Rm 5,3s; 15,4).
A paciência é uma virtude humana (Jó 2,10; Pr 3,11; 14,29; Eclo 2,13s) e cristã (Hb 12,1; Rm 12,12; Tg 1,2-4; 2Cor 1,6; 1Pd 2,19s; 2Tm 2,10-12), que favorece a convivência com o próximo (Pr 19,11; 1Ts 5,14; 1Pd 3,14-17).
5 comentários:
1 O escritor dos possíveis já não è. José Saramago habitava o tempo para desviar o curso, suspendia a morte e privava o homem dos seus sentidos para lançar-lhe melhor ao rosto sua pequenez, suas baixezas e infinitude das suas fraquezas e também na grandeza de suportar sua condição humana. Deixa um testamento profético, uma alegoria antropológica fantasiosa e grave.
“O Que procuro exprimir, é a indignação sobre o estado do mundo, é a miséria, a aflição onde vivem milhões de pessoas. Uma parte enorme da humanidade vive num apocalipse permanente do nascimento à morte. É aquilo o progresso? É aquilo a civilização?”
2 Bloguiste impertinente e impenitente, porfendor das injustiças sociais e políticas, José Saramago era um irritado, enervado crónico, uma voz contestatária da literatura contemporânea que tivesse encontrado em Internet o apoio ideal da sua liberdade de expressão amada. Mas também uma voz contestatária, irrequieta, e insubmissa do país, dessas vozes que tanto fazem falta para motivar, por em causa, questionar e provocar a discussão de maneira a avançar e melhorar. Neto de agricultores iletrados, forçado abandonar os seus estudos para aprender ofício de serralheiro, lança-se sobre atrasado na escrita. Uma vintena de novelas, cerca de ensaios e peças de teatro atrasado, é o único laureado lusófono do preço Nobel de literatura. Portugal deve chorar um Gigante da literatura e o seu melhor embaixador no mundo, sua inteligência mais reconhecida. E os católicos devem por ele rezar e se sentiram ofendidos perdoarem, porque Cristo também foi um provocador, um inconformista, um critico e talvez no seu comportamento, nas suas acções Saramago estivesse mais perto de Cristo do que o julgava ou pensava e certamente do que muitos “bons Cristãos”.
3 Não escrevia nem romance histórico, nem romance de antecipação, exactamente tratava-se de parábolas sobre o homem e seus defeitos, os seus limites, “seus Pecados”. Como pode o homem em geral, o Cristão em particular, melhorar, evoluir para a luz, se não começa por reconhecer seus pecados, seus defeitos, seus erros em vez de se esconder por trás do dogma, ou por trás do comércio com Deus permitindo-se negociar com o mesmo o perdão ou auto-perdão de todas suas "facicitudes", de todo o mal que possa fazer ao seu próximo. Em troca do parecer social, religioso, duma certa hipocrisia, será que è em troca disso que Deus, o Deus de Cristo nos acorda o perdão? Não devemos ser hipócritas com nos próprios e se acreditamos realmente em Deus, ainda menos com Ele. Por isso è importante que haja pessoas, faltam, como Saramago qual sejam seus Credos, que piquem nosso sentido da crítica, da humanidade, do humanismo. Só sendo mais humanos e menos animais, nos tornaremos mais próximo de Deus. Acho que já era o que indicava a acção de Cristo.
4 As fábulas de J. Saramago, sombrias, pessimistas, intransigentes, são vestidas de uma língua a nenhuma outra similar, refinada, delineada, libertada das regras de pontuação comuns e preenchidas de intervenções diabolicamente ou divinamente cáusticas. Porque se ele reserva ao homem o papel da vítima impotente ou o do torcionário da sua própria espécie, Saramago ridiculiza, faz pouco com elegância e um sentido do a propósito que ao fio dos anos não se desmentirá nunca. Até ao seu último texto, “a Viagem do elefante”, no qual uma paquiderme indolente assiste perplexo às guerrinhas de poder em total incoerência as patéticas genuflexões dos que “ crêem”. Último avatar em data de um grande Sr. de uma violenta lucidez. Não creio que Saramago tinha algo contra quem crê, teria sim contra os que são incoerentes entre o que dizem crer e suas acções. Os que dizem amar Deus e demonstram que não amam nem nunca amarão seu próximo. Esses, muito mais que Saramago, com todas as rezas sinceras ou não que façam, estão mais longe de Cristo do que o próprio Saramago. “Num sentido, pode-se dizer que letra após letra, palavra após palavra, página após página, livro após livro, sucessivamente tenho implantado ao homem que era os personagens que criei. Creio que sem eles, não seria a pessoa que sou hoje; sem eles, talvez que a minha vida nunca não teria sido outra coisa que um esboço impreciso, uma promessa que como muitos outro teria permanecido uma promessa, a existência de alguém que teria sido talvez mas que finalmente não teria podido ser.”
Em 2009, o incansável bloguista, comunista detestado, desonrado e seguidamente adorado no seu país, solta a pergunta que incomodou o seu editor italiano, Einaudi, ao ponto que ele exclui do seu catálogo: “Ao país da Máfia e do Camorra, que importa que seja provado que o Primeiro-ministro é um delinquente?” #3# um ataque frontal contra Berlusconi que criou polémica. Mas José Saramago não teme nada nem ninguém. A sua fama, largamente estabelecida, põe-na ao serviço de causas justas, para com e contra os regimes que alienam e desumanizam. Ilustração deste compromisso, o seu “Caderno”, parecido recentemente, dá ver o homem em cólera que, de trás das farsas metafísicas, das metáforas edificantes salpicadas de segundo grau, assiste à queda precipitada do homem em abismos da existência. José Saramago tinha imaginado a imortalidade como um pesadelo e a morte como uma ceifeira faceçuosa. Ela, Finalmente decidiu dirigir-lhe a sua última missiva e oferecer à sua obra inclassificável a eternidade.
“As pessoas diziam de mim, ele è bom mas è um comunista. Agora dizem, è um comunista mas è bom», eu digo: Era comunista, poderia não acreditar em Deus mas sabendo o (creio que sim) ou não era um grande Cristão, tentava seguir a mais importante das mensagens de Cristo…”.
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