A casa dos Brasileiros
Naturalmente poderíamos ir muito longe, nos anos, a propósito dos de
Mazarefes que emigraram para o Brasil. Em 1693 faleceu Domingos Rodrigues no
Brasil, em 1701 faleceu também, no Brasil, João Rodrigues Junqueiro. Pelo
menos, 25 Mazarefenses morreram, no Brasil, no século XVIII. Os de Mazarefes
emigraram muito para o Brasil, só em 40 anos, de 1861 a 1900, foram 110 os que
saíram ou os passaportes pedidos para o Brasil.
Presumo por motivos que encontrei em registos que a Casa de Gavindos
seja a casa que actualmente é do "Necas Reis"- Manuel Freitas Reis.
Era a primeira Casa de Mazarefes com outra estrutura diferente da actual, sendo
as mais pobres duas que ainda conheci, junto dos Muros.
Uma filha dessa casa, a Isabel Rodrigues casou com Gonçalo Rodrigues
Souto, em 1661 que entre vários filhos tiveram um chamado Matias que, por sua
vez casou com Andreza Rodrigues da casa dos brasileiros. Este casal teve muitos
filhos:Manuel(1706),Maria(1707),Matias(1708),António(1710),Francisco(1715),Teresa(1721),Joana(1727).
O Matias faleceu em 1744, enquanto a Andreza em 1770. A Teresa casou em 1759
com António Alves Ribeiro, a Andreza casou com Manuel Alves Salgueiro ,em 1762.
A filha Maria casou com João Francisco da Rocha, de Alvarães. Este
casal teve 4 filhos: entre eles a Maria
Rodrigues da Rocha que casou em 1759 com o António Francisco dos Reis também
de Alvarães os quais tiveram 6 filhos e destaco o Manuel Francisco dos Reis, (tetravô)
e a Rosa, nascida a 1774 e casada com Manuel Francisco de Carvalho, em 1794
moradores na Broeira (um dos campos da Broeira na zona em frente à escola
primária que se encontra abandonada, antes de passar o caminho-de-ferro era no
meu tempo de jovem do João Francisco Carvalho (?), ou João Deira.
O António Francisco dos Reis faleceu em
1816. Deixou bens de alma pela mulher Maria Rodrigues, pela sogra Maria
Rodrigues, pela cunhada Joana, entre outros.
O terço dos bens ficou para o Manuel que
vivia na casa com uma demente.
O Manuel Francisco da Rocha, irmão da
mãe, deixou aos sobrinhos todos os seus bens à excepção do José, ausente na
Galiza e rebelde, e à mulher de José Af. Fonte 50.000 de esmola; à Maria de Miranda, mulher de João Ribeiro
Gomes, 30.000; à criada Maria Gomes 70.000 e uma leira da "Virinha"
no lugar de Ferrais e com a obrigação de dar 1.200 réis à Senhora do Terço da
Capela do Espírito Santo, de Barcelos. À criada Senhorinha Rodrigues à conta da
soldada, 130.000 réis.
O Manuel Francisco dos Reis, o
primogénito deste matrimónio casou com Maria Rodrigues dos Reis filha de João
Gonçalves do Rato e Maria Rodrigues dos Reis, prima, filha de uma irmã do pai. Esteve
no Brasil e aí arranjou algum dinheiro e abriu novos horizontes à sua vida,
pelo que fez algumas compras de terrenos.
A casa do Brasileiro começou com o
irmão de Maria Rodrigues da Rocha, Manuel Francisco da Rocha que morreu
solteiro e esteve no Brasil a fazer fortuna.
Consta que de lá trouxe um preto
escravo chegando até aos nossos dias alguns instrumentos utilizados nessa
altura pelo escravo... Terá ido também ao
Brasil, mas morreu novo em 1842.
Este casal teve 7 filhos a saber: Manuel,
Jerónimo que foi padre e morreu novo, o António que casou a 1º vez com Maria
Fernandes. Do 1º casamento foi pai de Teresa e Maria... Depois de ter enviuvado casou com Maria
Parente da Costa Lima de Vila Fria, de quem teve 2 filhos, (o José e a Albina,)
a Maria que casou para Vila de Punhe com o José Silva Quintas, o João que casou
para Viana com Maria das Dores Araújo, a Rosa que casou com Manuel Francisco de
Carvalho e outra Rosa que faleceu
criança.
Manuel
Francisco dos Reis tinha herdado da sua mãe, Maria Rodrigues, o
lugar e casas, torres, terras, lagar, espigueiro do lado norte partindo da
Nascente e Sul com outro lugar deste casal
no valor de 340.520 reis, uma Cortinha lavradia e vinha do lado Sul da
vivenda a partir com um bico que se separou para o co-herdeiro António, uma
leira de lavradio dentro da Quinta dos herdeiros, metade dum Campo lavradio com
água de rega e um moinho, chamado Muro do Regueiro, que parte do nascente, com a
co-herdeira Maria, uma terra de lavradio no sítio do Vermoim, chamada Carreira
e uma leira de lavradio no sítio da Morada, tudo no valor de 892.420 reis.
À morte deixou ainda os filhos, João de
29 anos casado em Viana, a Maria de 28 anos, casada em Vila de Punhe, o Manuel
com 24 anos, o António com 19 e o Jerónimo com 17 anos. Ficou tutor do menor, o
João. Deixou em role 2 propriedades nas Borras, uma na Ponta da Veiga, 2 nos
Boldrões, 1 no Chouso, 1 no Vermoim e 1 no Calvete. Contraiu alguns empréstimos
no valor de 72.123 reis que os pagou.
O valor do seu formal no testamento foi
de 370.617 réis, à sua parte.
Trouxe uma grande questão com o vizinho
Manuel Rodrigues Carvalho que tinha uma oliveira na sua propriedade e esta
pendia sobre a Cortinha pelo que depois de dirimida a questão houve uma
conciliação e recebeu de indemnização 6.600 reis, em 1838.
Hipotecou algumas propriedades para
poder ter crédito em alguns empréstimos, como a Bouça de Lamas e a do Pereiro.
Foram credores Belchior Almeida, Simão
Barbosa de Almeida e Manuel Francisco da Rocha. À sua morte era devedores à
família o António Rodrigues Vaz, Manuel Pereira Viana, Teresa Pereira e Manuel
Rodrigues Barbosa, o que foi tudo pago.
A viúva Maria Rodrigues faleceu a 1863
deixando 4 filhos e o Manuel em sua companhia, a quem fazia o terço. O Pe.
Jerónimo, seu filho já tinha morrido. O filho Manuel tinha um filho no
Seminário, o Jerónimo e deixou-lhe mais bens para constituição do património do
neto ao receber ordens sacras. À criada chamada Ana que era filha de José
Rodrigues Barbosa deixou uma cama aparelhada e por não saber ler, nem escrever,
assinou a rogo dela o senhor Domingos Rodrigues Vaz, em 20/10/1873.
O Manuel casou com a Rosa Ribeiro da
Silva, filha de Manuel Fernandes (dos Carrapatos) e Maria Ribeiro da Silva da
qual teve 7 filhos: João, nascido em 1852 e falecido em 1876, o Jerónimo
nascido em 1856, casado para Vila Franca com Teresa Ribeiro da Silva e falecido
a 1940. Andou no Seminário e a avó paterna deixou em testamento um campo para o
património, se ele fosse padre. Ficou órfão de pai aos 17 anos e foi o João, casado em Viana, o seu tutor. O Manuel
Júnior nascido a 1856, casado com Rosa Pitta Bezerra, de Darque de quem teve o
José Pitta Reis que, por sua vez, casou com Rosa Sá Freitas Lima e teve os
seguintes filhos, Maria, António, Maria Luísa, Rosa, José, Manuel e Augusto.
A Ana, nascida em 1866, casou com
António Rodrigues de Araújo Coutinho, da Casa dos Cordoeiros, das Boas Novas,
de quem teve 4 filhos a Maria, a Ana, a Rosa e a Laura.
O filho que ficou nesta casa Manuel
Francisco dos Reis (trisavô) seguiu as pisadas do tio avô e do pai indo ele também
ao Brasil recebendo diplomas humanitários que ainda possuímos, o que mostra ter
sido pessoa que por lá esteve tempo razoável
para mostrar o que valia e criar relações sociais capazes de arrancar a
admiração da população do Rio de Janeiro. Sabemos que teve passaporte para se ausentar
para o Brasil passado aos 16 anos e aos 25 anos, pelo menos.
O Manuel fez inúmeras compras, mais de
200 mil reis com dinheiro ganho no Brasil, parece que a sua ideia era comprar
Mazarefes inteira e, do formal de partilhas em 1898, constava o seguinte:
VIÚVA:1.Casas, altas e baixas, espigueiro,
eira, poço, terra lavradia, árvores de fruto, vinham; 2.Cortinha; 3.Muro;
4.Moínho; 5.Mial; 6.Cabreiras de Sabariz; 7.Estacada da Ponta do Veiga;
8.Estacada na Veiga de S. Simão; 9.Leira na Cachada de Cima; 10. No Prado;
11.Estacada de roço no Veiga; 12. Leira de Mato e Pinheiros em Stº Amaro;
13.Leira lavradia no Meal pequeno; 14.Outra Leira de Mato e Pinheiros em Stº
Amaro; 15. Leira de Junco na Veiga de S. Simão; JERÓNIMO:16.Bouça de mato e pinheiros na Espinhosa; 17. Leira de
Mato e Pinheiros no Fontão; 18. Um campo de terra lavradia; 19. O campo do
Estivada; 20.Terra lavradia na Morada de Cima; 21.outra na morada de Baixo; 22.
Campo da Quinta de Melo; 23. Leira de Mato e Pinheiros nos Raindos de Baixo;
24. Leira de Paul e Madeira no sítio da Bordonesa ; 25. Leira de lavradio e
Mato na Areia Cega da outra banda da freguesia de Mazarefes; MANUEL:26. Leira no Termo; 27. Leira no Vermoim do
Matias; 28. Terreno lavradio e vinha no Vermoim da Carreira; 29. Lugar de Casas
dos Vermoins; 30. Casas altas e baixas, poço, árvores de fruto e vinha, terra
lavradia; 31. Bouça de Mato e Pinheiros no sítio dos Borras; 32. Leira de mato
e Pinheiros no sítio das Corgas; 33. Leira de Mato e Pinheiros no sítio da
Sarrobada; JOSÉ: 34. Leira de Mato e
Pinheiros na Bouça da (Curta?); 35. Leira
de Mato e Pinheiros em Stº Amaro; 36. Outra de Mato e Pinheiros em Stº
Amaro, Bouça da Quinta do Borralho; 37. Leira de lavradia e vinha na Saloa; 38.
O Campo do Vermoim da Velha; 39. Leira de Mato, Pinheiros e Carvalhos no sítio
do Pelote; 40.Leira de lavradio e algumas videiras no Safrão; 41. Terra de
lavradio e vinha na Cachada de Baixo; 42. Estacada Pequena na Ponta do Veiga;
43. Campo de lavradio e vinha no sítio da Fontela; MIGUEL:44. Moinho; 45. Bouça de Mato e Pinheiros na Cabreiras de
Baixo; 46. Terra de lavradio no sítio da Junqueirinha; 47. Leira de Paul e
Madeira na Junqueirinha; 48. Terra de lavradio e madeira nos Bordones; ANA:49. Bouça de Mato e Pinheiros na
Bouça da Terra; 50. Outra Bouça de Mato e Pinheiros na Bouça de Curta; 51.
Bouça de Mato e Pinheiros no Monte de Stº Amaro; 52.Leira de Terra lavradia e
vinha nos Chousos; 53. Leira lavradia e vinhas nos Raindos; 54. Leira de Mato e
Pinheiros no sítio da Conchada do Meio; 55.Leira de terra e lavradia no Meal de
Baixo; 56. Paul, Madeira e Carvalhos nos Bordones; 57. Estacada de lavradio e
madeira denominada Polaina na Ponta da Veiga; 58. Estacada de Junco no Roncal.
Era um total de 3.095.285 reis que
repartido por 5 filhos, pois os outros já tinham morrido foi de 619.057 reis.
À morte do Manuel, o filho Miguel
estava solteiro e ficou na Casa. Veio a casar aos 52 anos com Maria Pereira da
Cunha, mas por pouco tempo, pois deitou-se a afogar no poço da água do consumo
da casa. O Miguel enviuvou e queria agora, não uma mulher, mas um sobrinho em
casa. Aí esteve um filho de Manuel Júnior, o José Pitta Reis, ainda solteiro a
quem com certeza tudo prometeu para casar com a sobrinha Maria, filha da irmã
Ana, casada para a Casa do Cordoeiro. Isso não aconteceu porque o José não
aceitava essa hipótese e chegou ao ponto de também ele sair zangado da casa do
tio e ir até ao Brasil para casar depois com Rosa Freitas Lima, de Darque.
O Miguel, não conformado com a sua
solidão, novas promessas fez à sobrinha e ao António, sobrinho da irmã, filho
do Alexandre, eram primos, para ambos casarem e virem para o pé dele. Assim
foi. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter
nascido o primeiro bis sobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel.
O Miguel, não conformado com a sua solidão, novas promessas fez à
sobrinha e ao António, sobrinho da irmã, filho do Alexandre, eram primos, para
ambos casarem e virem para o pé dele. Assim foi. O casamento realizou-se, mas o
Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter nascido o primeiro bis sobrinho,
filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel, meu pai.
Um dos filhos do José foi o Avelino é Agostinho, filho sobrinho do meu
trisavô, nasceu a 17-07-1945, no Rio, estudou no Rio de Janeiro até ao 2º grau
e trabalhou 30 anos em farmácia, estando agora aposentado. Casou com Teresinha
Carvalho Reis, que nasceu a 07-06-1948, tem o 2º grau e foi esteticista,
cabeleireira e maquilhadora, agora também reformada.
Agostinho Avelino dos Reis tem
dois irmãos: Dalva Reis, domestica, casada e com dois filhos e o Disceu Avelino
dos Reis, casado, funcionário publico e com um filho. Todos vivem no Rio de
Janeiro.
Do casamento resultou uma
geração de três filhos; o Cláudio Henrique Reis, Casado e com dois filhos e
professor catedrático de Geografia; o Alexandre Reis, casado e com um filho,
administrador e o Márcio Reis, casado e com um casal de filhos, é gestor.
Os pais de Avelino e de
Teresinha morreram todos naquela cidade encantadora do Rio de Janeiro.
O Avelino Francisco dos Reis, da casa dos brasileiros e casou com uma
brasileira Irene da Silva Santos. O Avelino Reis não voltou a Portugal e morreu
no Brasil. Era filho de José Francisco dos Reis, irmão do meu trisavô que chegou a viver na
casa onde hoje vive o Necas Reis, por favor, pois esta tinha ficado no formal
de Manuel Júnior na estrada de Baixo, junto ao Vermoim. Este Avelino para além,
do Avelino teve mais filhos: José (conhecido mais tarde pelo Zé Brasileiro),
deixou geração, a Maria que casou com o José Araújo (dos Catrinos). A Emília
que morreu solteira ( era doente), o Manuel
que casou com Ana Barbosa (do Xico Ferreiro) e Ana que casou com João Gonçalves
Barreto e com geração.
O Agostinho sobrinho do meu trisavô, nasceu a 17-07-1945, no Rio,
estudou no Rio de Janeiro até ao 2º grau e trabalhou 30 anos em farmácia,
estando agora aposentado. Casou com Teresinha Carvalho Reis, que nasceu a
07-06-1948, tem o 2º grau e foi esteticista, cabeleireira e maquilhadora, agora
também reformada.
Agostinho Avelino dos Reis tem
dois irmãos: Dalva Reis, domestica, casada e com dois filhos e o Dirceu Avelino
dos Reis, casado, funcionário publico e com um filho. Todos vivem no Rio de
Janeiro.
Do casamento resultou uma
geração de três filhos; o Cláudio Henrique Reis, Casado e com dois filhos e
professor catedrático de Geografia; o Alexandre Reis, casado e com um filho,
administrador e o Márcio Reis, casado e com um casal de filhos, é gestor.
Os pais de Avelino e de
Teresinha morreram todos naquela cidade encantadora do Rio de Janeiro.
Os pais do Agostinho Avelino
Reis eram o Avelino Francisco dos Reis, da casa dos brasileiros e casou com uma
brasileira Irene da Silva Santos.
As Casa dos brasileiros passaram à mão d quem nunca esteve no Brasil com
a morte do Miguel.
O António, filho do Alexandre intervém, deita a mão à Maria e casa com
ela. O casamento realizou-se, mas o Miguel morreu em 1922, um ano depois de ter
nascido o primeiro bis sobrinho, filho dos sobrinhos herdeiros, o Manuel, que
casou em 1946 com Deolinda Rodrigues de Araújo Amorim, filha mais nova de José
Rodrigues de Araújo Amorim e Antónia Rodrigues de Araújo, da Casa do Zé do
Monte, Lugar do Monte.
Na casa dos Brasileiros nasci eu em 7 de Janeiro de 1947. Pelo que a
minha mãe conta, não lhe ofereci uma vida muito fácil.
A gestação foi complicada e...a assistência, nessa altura, também não
era fácil. Sobretudo, na altura do parto, a situação complicou-se ainda mais,
mas com a ajuda da parteira da terra, a D. Inácia do Franco, vim a este mundo
numa Terça-feira, em dia de lua nova, pelas 17h30. Fui bem acolhido. Pelo que
também a mãe me diz, eu era chorão.
É pena que ao nascer não tenhamos logo a percepção completa das coisas,
porque sentiria hoje outra afeição pela falecida Maria que me viu nascer e que
a vi morrer em 1996 e o meu pai, nem imagino, ao sentir-se, pela primeira vez,
um homem criador e continuado no mundo. Que teria dito ele à mãe? Ambos enlevados
e a rebentar de alegria, à beira duma explosão afirmando a todos que eram mais
poderosos...
E os avós? O primeiro neto...Estatutos que permaneceram: o Nel do
Lexandre e a Linda do Zé do Monte são pais, o Tone Lexandre e a Maria Grijeta,
o Zé do Monte e a Tónia Catrina são avós.
Chega o dia 12 de Janeiro, levaram-me à Pia Baptismal...”fui mouro, vim
cristão” e os responsáveis foram o Artur e a Maria, o cunhado dos pais e a irmã
da mãe. Era assim. Lá foi a madrinha com o Artur mouro e lá trouxeram o Artur
cristão, depois do Pe. António Quesado, Pároco de Vila Franca, ter feito as
honras da Igreja Católica, à porta da igreja e depois, na Pia Baptismal de
Mazarefes, ter declarado: Artur, eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.
Os paninhos que me embrulharam ainda existem. Serão?...
Regresso a casa levado pelos padrinhos como cristão.
De brasileiro só tinha do meu trisavô paterno-materno, era o Manuel
Francisco dos Reis, pai de Ana do Cordoeiro, avô da minha avó paterna Maria
Ribeiro da Silva Coutinho e bisavô de meu pai e trisavô meu e de meus irmãos.
Um dia nesta casa onde vivi alguns meses depois de ter nascido e depois
de ter ido para o Seminário, aí pelos 13 anos, descobri todos os documentos que
tenho entre mãos. A cabeça de S. Bruno em pau-preto, naturalmente, vindo do
Brasil, assim como algumas moedas de prata antigas da monarquia, o Cónego
Luciano Afonso dos Santos, Reitor do Seminário de Santiago, Director-Fundador
do Museu Pio XII ficou com as referidas peças para enriquecimento do património
museológico. Encontrei ainda um livro manuscrito cheio de poesias ricas em sátira,
humorismo e temas religiosos não
faltavam.
Esse livro mostrei-o ao meu professor de filosofia, Dr. Raúl Teixeira, e
ficou-me com ele até nunca mais o ver. Dele transcrevo estas que ainda possuo.
Tinha outras, mas não sei delas neste momento...
Versos de improviso a um sujeito que estava com a boca aberta
Ao pé de Sta. Teresa
Trepada numa taboca
Estava uma muriçoca
Tocando num realejo
A contradança francesa
E juntamente a cantar
Nisto ia por lá passando
Um taludo mariola
Que em lugar d’ir para a
escola
Espantado pôs-se a ver
A muriçoca tocando
Que o fazia admirar
Mas um cagalhão q’andava
Naqueles sítios voando
Foi-lhe pela boca entrando
E o Tone que sem dar fé
Mui lampeiro o foi chuchando
Mesmo até sem o mastigar
Portanto meu caro amigo
Evite andar com a boca
aberta
(.................)
Quem foi o autor?
Ou eram poemas do Manuel
Francisco dos Reis quando ausente no Brasil ou de Jerónimo Francisco dos Reis,
seu tio Padre que aqui viveu no princípio do século XIX.
Faltam os que saíram para Vila Franca… Virão depois!