José Rodrigues Lima
MESTRE EMÍDIO PEREIRA
LIMA
ARTISTA INCONTORNÁVEL
CERIMONIAL COMEMORA
60 ANOS
NO MONUMENTO EX-LIBRIS
MESTRIA
A caminhada é longa e realizada com dureza…
O pão é ganho com esforço, cansaço e suor…
O ritmo do pica-pica, pedrinha-vai, ou da acção de
esculpir uma estátua faz calos nas mãos.
De cabouqueiro, pinche, aprendiz de pedreiro, pedreiro,
montador, lavrista, canteiro, escultor, até alcançar a dignidade de MESTRE, há
um percurso longo, misturado com emoções artísticas, fruto dum imaginário
retratado nas formas dadas aos blocos graníticos ou de mármore.
Mas, para além da sabedoria, é preciso o
reconhecimento que levará ao respeito e á consideração, aceitando a hierarquia e
o prestígio do MESTRE da arte da pedra que passou tempo sem horas no telheiro
ou na oficina.
“Para ser
grande sê inteiro;
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes,
Assim,em cada lago a lua toda brilha,
porque alta vive.”
Fernando Pessoa (Ricardo
Reis)
EX-LIBRIS VIANENSE
É célebre a frase de A. Lichenzowicz: “ O homem
revela-se com memória e projeto”.
Revemos constantemente memórias dignas de recordação
saudável, pois trazem-nos vivências e testemunhos artísticos patentes e
expressivos, considerados ex-libris” como é o Templo Monumento do Sagrado
Coração de Jesus, em Santa Luzia, cidade de Viana do Castelo,
Recordamos memórias de personalidades vianenses que
projectaram e contribuíram para levantar o monumento iniciado em 1904 e
concluído em 1959.
O Templo tem a forma de cruz grega, com marcas de
estilo neo-românico, neo-gótico e bizantino, com sentido ecléctico e
revivalista.
O notável arquitecto Ventura Terra, natural de Seixas
do Minho, e o arquiteto Miguel Nogueira foram os artistas do risco certo.
Outros homens insignes na arte continuaram, sendo de
referir o arquitecto Moreira da Silva e esposa, o pintor Pereira da Silva, o
escultor Leopoldo de Almeida e Martinho da Silva, não esquecendo o escultor
Aleixo Queirós Ribeiro autor da escultura em bronze do Sagrado Coração de
Jesus, que se encontra no alçado principal do templo devidamente assinada pelo
artista. Esta escultura tem uma história lindíssima e devia ser conhecida,
assim como escreveu o vianense José Luís Branco.
INSCRIÇÕES HISTÓRICAS
SAGRAÇÃO DO AUTOR
Debaixo do púlpito do lado esquerdo encontramos uma
inscrição granítica que assinala:
Projecto – Arquitecto Ventura Terra (1898)
Direcção – Arquitecto Miguel Nogueira (1926-1954)
Execução – Encarregado Emídio Lima 1928-1956)
Por baixo do púlpito direito podemos ler:
“M. Nogueira – Arquitecto
E.Lima e mais canteiros”
Na peça granítica seguida lemos:
ESTE TEMPLO FOI BENZIDO E SAGRADO O ALTAR MOR POR D.
ANTÓNIO MARTINS JUNIOR
ARCEBISPO DE BRAGA
14/6/1956
Faz no próximo mês de Junho sessenta anos
È data que merece comemoração digna e significativa.
MESTRE EMÍDIO LIMA
O Mestre Emídio Pereira Lima, nasceu no Lugar de
Milhões, freguesia de Vila de Punhe, concelho de Viana do Castelo, a 24 de
Março de 1898, sendo filho de Domingos Pereira Lima e de Maria Ribeiro Manso.
Oriundo de uma família de artistas “Os Limas”,
canteiros exímios, com obras na região de Viana do Castelo e vizinha Galiza, o Mestre
Emídio Lima deu continuidade a uma herança cultural de várias gerações.
Da sua intensa actividade artística, espalhada pelo
Norte de Portugal, Galiza e Angola, ficaram marcas nas obras realizadas em
mosteiros, igrejas, capelas, solares, edifícios sociais, residências
particulares e ainda dezenas de trabalhos escultóricos, num total de vinte e
nove modelos.
Merece realce o notável múnus, como responsável pelos
trabalhos de granito nas obras de construção do Templo Monumento do Sagrado
Coração de Jesus em Santa Luzia, desde 1928 e durante cinquenta e seis anos,
Prolongando-se Até quase à sua morte, ocorrida em 17 de Dezembro de 1984, com
86 anos de idade.
A sua competência, dedicação e persistência,
tornaram-no comparável a artistas insignes como Afonso Domingues, Mateus
Fernandes, João de Castilho e Mateus Lopes. A rara sensibilidade e capacidade
artística, para além da aprendizagem realizada no âmbito familiar, foram
enriquecidas com o Curso de Desenho na Escola de Artes e Ofícios da cidade de
Vigo, hoje Universidade Popular daquela cidade galega.
O Mestre Emídio Pereira Lima, na concretização das
suas obras relacionou-se com ilustres homens das artes, como foram os
arquitetos Ventura Terra, Miguel
Nogueira, Moreira da Silva, Alcindo Santos, Vilaça e o espanhol Luís Feduchi.
Por outro lado, a sua convivência com os escultores Leopoldo de Almeida e
Martinho de Brito foram marcantes. Do pintor M. Pereira da Silva mereceu estima
e amizade.
COMPETÊNCIA E DEDICAÇÃO NO TEMPLO MONUMENTO DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
O escritor Manuel Couto Viana referindo-se às obras do
Templo Monumento em Santa Luzia e ao Mestre Emídio Lima escreveu: “O arquitecto
Miguel Nogueira contava com a sua competência e dedicação. E bem podia
depositar nele toda a confiança. Pereira Lima pode considerar-se um dos maiores
benfeitores das obras do Templo Monumento, porque esquecido de si a elas se
dedicou exclusivamente, quando podia, pela sua habilidade, tentar fortuna em
qualquer parte do país ou no estrangeiro”.
Atendendo à capacidade artística do Mestre Lima, o
arquitecto Miguel Nogueira, director das obras de construção, afectado por
pronunciada miopia, delegou nele a execução do projeto de Ventura Terra,
confiando-lhe todos os trabalhos, os mais complicados e os de maior
responsabilidade, desde o começo das bases das torres, até ao remate do
zimbório.
Recebeu ainda, o Mestre Canteiro Emídio Lima e os seus
colaboradores, referências elogiosas do citado arquitecto, escrevendo: “Pela
sua competência e dedicação, merecem uma citação especial do seu arquitecto o
encarregado Emídio Pereira Lima e os seus homens. Hábeis canteiros, tão certos
como valorosos colaboradores. Penso neles, nesses heróicos e generosos
obreiros, descendentes diretos dos ignorados lavrantes, criadores de beleza,
que tanto souberam ilustrar as pedras que constituem a glória da nossa arte”.
A Professora Doutora Regina Anacleto mencionando o
Templo Monumento do Coração de Jesus, afirma: “Até 1940, as obras contando com
o contributo do encarregado Emídio Pereira Lima continuaram num ritmo
cadenciado, mas persistente”.
O artista que estamos a recordar, esculpiu as suas
obras no granito da região, e também no mármore de Estremoz e Vila Viçosa,
sendo expressivos os cinzelados nos dois querubins do altar-mor do Templo
Monumento do Sagrado Coração de Jesus, sob modelo do escultor Leopoldo de
Almeida.
Os trabalhos de
cantaria realizados nos altares, utilizando na decoração elementos “geométricos
vegetais” e nos púlpitos, linhas
onduladas e grandes florões, são fruto de grande mestria. Nestas execuções, o
Mestre Lima contou com o valioso contributo de seu filho Albino Rodrigues Lima.
REMATE DA ABÓBODA
Em cada etapa marcante da construção do Templo era
realizada uma cerimónia especial e assim através de documento sabemos: “Aos
dezoito dias do mês de Outubro do ano de 1942 era de Jesus Cristo, foi solenemente
colocada na presença das autoridades, a última pedra da abóboda interna do
Templo Monumento do Sagrado Coração de Jesus, e para constar através de todos
os tempos, vai ser assinada pelo senhor arquitecto dirigente, encarregado de
todo o pessoal que nesta data se encontra na execução da obra.
Todos nós aqui inscritos, num só coração elevamos um
voto ao céu para que o generoso Coração de Jesus se compadeça de todos nós
acalme o mar tempestuoso que assombra o mundo e faça reinar entre os homens a
paz de Jesus.
Sagrado Coração de Jesus, sempre que o mundo exista, não
desampareis os portugueses e assegurai-lhe o reino dos céus.
Seguem-se as assinaturas da mesa e da equipa construtora,
num total de quarenta.
A 24 de Dezembro de 1943 foi colocada a cruz equilátera
que remata a cúpula do templo, tendo participado no ato as autoridades
vianenses.
Depois
de concluída a estrutura exterior a preocupação dos responsáveis aponta para a
necessidade de alindar a zona envolvente, bem como para a colocação dos vitrais
fornecidos pela casa de Ricard Leone, com sede em Lisboa.
Os altares laterais foram concluídos utilizando na
decoração elementos geométrico-vegetais que se filiam no estilo
românico-bizantino, embora combinados com certa desenvoltura, bem como foram
riscados e executados os púlpitos que patenteiam grandes florões.
Depois vieram os frescos com os martírios de Cristo,
fixados pela paleta do pintor Manuel Pereira da Silva, formado na Escola de
Belas Artes de Paris.
O sacrário cinzelado em prata é fruto da arte do
ourives Filinto de Almeida
O órgão electroestático foi inaugurado pelo Cónego Dr.
Manuel Faria, que executou partituras de Bach e outros clássicos.
QUERUBINS EM MÁRMORE DE VILA VIÇOSA
No período em que havia urgência em conseguir um
escultor famoso para rematar o altar-mor lavrado em granito, foi seleccionado o
escultor Leopoldo de Almeida, que concebeu os modelos dos querubins, um que
oferece o brasão da cidade de Viana do Castelo ao Sagrado Coração de Jesus e
outro o brasão de Portugal.
O mármore de Vila Viçosa foi o escolhido para ser
trabalhado por mãos de artistas. Decorriam os anos cinquenta.
Albino Rodrigues Lima, filho do mestre Emídio Pereira
Lima e de Maria Rodrigues Dias Meira, nascido a 29 de Março de 1932, tinha
terminado na Escol Industrial e Comercial Nun’Álvares de Viana do Castelo, ao
tempo instalada no edifico do Jardim Dom Fernando, hoje sede do Instituto
Politécnico, o curso de Modelador e Entalhador com a classificação de 15,8
valores, tendo-se revelado o melhor aluno, o que lhe mereceu várias distinções.
Sendo filho de “artista de mestria”, e com a
capacidade revelada, mereceu a confiança da Confraria de Santa Luzia e do arquiteto
Miguel Nogueira para executar os modelos do escultor Leopoldo de Almeida.
Os blocos de mármore de Vila Viçosa, após escolha
realizada em terra alentejana pelo Mestre Lima, foram arrancadas nas pedreiras
e chagaram a Sana Luzia num camião do benemérito João Alves Cerqueira. Há
pormenores acerca deste acontecimento que merecem ser registados.
Assim, dava-se início à vida artística de Albino
Rodrigues Lima com a concretização rigorosa dos modelos do referido escultor.
Contava
o Mestre Lima que o escultor lisboeta “só cá veio uma vez verificar a execução artística
dos querubins em mármore”, dando os parabéns ao Mestre Lima a a seu filho
Albino, pela capacidade artística e pela expressão conferida às duas obras de
arte. Execução perfeita!
Pai e filho concretizaram beleza!
A data que consta na base das esculturas é de 1955
A partir desse ano Mestre Lima e seu filho Albino
mantiveram-se em Santa Luzia até se concretizarem outras obras artísticas.
DORMIAM EM TARIMBAS
É de sublinhar que os altares de linhas ondulantes do
Templo são projectados pelo arquitecto Miguel Nogueira e cinzelados pela equipa
de operários de Emídio Pereira Lima. Ele foi o encarregado das obras do Templo
e mereceu do seu arquitecto, que sendo míope e não podendo fazer certas
subidas, lhe confiou a obra monumental que ele a bom termo com um grupo de
artistas que trazia de Vila de Punhe.
Os operários calçando “chiolas”, saiam de casa por
volta das cinco e meia da manhã de segunda-feira, vindos da zona de Vila de
Punhe, e permaneciam junto da obra em construção. Cozinhavam as refeições num
pote de três pernas e dormiam em tarimbas montadas no rés-do-chão deste templo.
Alguns iam a casa buscar mantimentos a meio da semana, outros só mesmo no fim de
semana para lavar as roupas e trazer géneros alimentícios para a semana
seguinte.
OBRAS ORIENTADAS
O Templo Monumento é um teste muito eloquente de
capacidade criadora da arte em granito, e foi um núcleo gerador de artistas.
Ali aprendeu-se a arte de trabalhar a pedra.
Devido ao rigor encontrado naquele santuário,
surge-lhe o convite, ao Mestre Emídio
Lima em 13 de de julho de 1942, para orientar a construção do convento dos
Padres Passionistas em Barroselas. As actividades de mestre das obras daquela
comunidade religiosa terminaram a 14 de maio de 1953, com a bênção da imagem de
Nossa Senhora de Fátima esculpida por ele e pelo filho Albino em mármore de
Estremoz. Como dado curioso é de referir que a imagem foi transportada desde
Santa Luzia a Barroselas em carrinho de mão, por três homens, medindo 1 Fontão,
Ponte de Lima. Dando continuidade à sua actividade, em 1946, assumiu o encargo
da reparação da Igreja Paroquial de Gondarém, Vila Nova de Cerveira, e a
construção dos edifícios para a obra social, levada a efeito pelo saudoso e
benemérito Padre Américo Soares de Sousa.
Já em 1960, é convidado pelo Bispo de Nova Lisboa.
Angola, D. Daniel Junqueiro, para orientar a construção da Igreja da Missão
Católica do Sambo, tendo aí permanecido dois anos. São de referir os
testemunhos elogiosos de diversas autoridades e do povo autóctone da região do
Huambo, acerca das suas realizações. As recordações que o Mestre Lima guardava
da sua permanência em terras africanas, surgiam frequentemente nas conversas.
São de referir as visitas que os missionários, vindos daquelas paragens, faziam
ao Mestre Lima, quer na sua casa em Vila de Punhe, quer em Santa Luzia.
Nos anos sessenta, 1965, inicia a orientação das obras
da nova Capela da Costeira, em Alvarães. No ano seguinte, dirige o restauro das
abóbodas do Mosteiro Beneditino de S. Romão do Neiva, do concelho de Viana do Castelo.
Em 1968, concretiza o projeto do arquitecto Nuno San Payo, dirigindo as obras
do Centro Paroquial e Social de Chaviâes, no concelho de Melgaço.
Mas a actividade do Mestre Lima não pára. Assim, em
1970, administra as obras na torre da Igreja Paroquial de Vial de Punhe. Porém,
a sua paixão, era mesmo o Templo Monumento do Sagrado Coração de Jesus.
Os Limas, canteiros com obras na região do Minho e na
vizinha Galiza, testemunham pelo menos desde 1896 obras de cantaria. O alçado
principal do cemitério de Vila de Punhe, conforme data gravada no portão principal, é obra do Mestre José Pereira Lima, avô do
Mestre Lima.
A estátua/imagem de Santa Eulália, Padroeira da
freguesia de Vila de Punhe, existente no alçado principal da Igreja, e o busto
do antigo e doutrinário Reitor Padre Júlio Cândido da Costa, são algumas das
últimas criações artísticas do Mestre Lima.
PARA MEMÓRIA FUTURA
A Câmara Municipal de Viana do Castelo decidiu por
unanimidade, A 11 de janeiro de 1995, atribuir a Emídio Pereira Lima o título
de Cidadão de Mérito, pelo contributo dado nas obras do Templo Monumento do
Sagrado Coração de Jesus em Santa Luzia, reconhecendo assim o seu mérito artístico,
pela arte executada na sua longa vida.
Além disso, o nome do Mestre Lima consta na toponímia
da cidade, e assim na zona das Ursulinas existe uma rua com o seu nome, bem
como na freguesia de Vila de Punhe, terra da sua naturalidade e onde sempre
viveu.
No ano de 2001, a junta de freguesia de Vila de Punhe
e a Associação de Filatelia do Vale do Neiva homenagearam o Mestre Emídio
Pereira Lima com o lançamento de um selo e carimbo do correio, bem como uma
peça de cerâmica comemorativa.
ALTAR DA CELEBRAÇÃO (VERSUS POPULUM)
A sagração do altar-mor realizada por D. António Bento
Martins Júnior, Arcebispo de Braga em 14 de junho de 1959, foi celebrada no
rito litúrgico anterior às orientações do Concilio Vaticano II.
Após a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, assinada
em Roma a 4 de dezembro de 1963, pelo Papa Paulo VI, iniciou-se a reforma
litúrgica, concretizando-se a celebração eucarística voltada para o Povo de
Deus (versus populum). Foi necessário criar um altar no Templo em Santa Luzia
seguindo as novas orientações litúrgicas.
Foi o Mestre Emídio Pereira Lima que realizou o
projeto com uma simbologia expressiva, merecendo a aprovação da Comissão da Arte
Sacra da Arquidiocese de Braga, presidida à data pelo Cónego Doutor Luciano
Afonso dos Santos, Presbítero da Arquidiocese Primaz e vianense ilustre,
nascido na freguesia de Alvarães.
Os cinzelados são da equipa de canteiros orientados pelo
Mestre Lima, que serviu o Templo do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia,
durante cinquenta e seis anos. Nesse altar celebra-se o mandato:
“Fazei isto em
memória de mim” (LC.22,19)
“Quem abala de Viana,
Leva no peito a Agonia;
O Lima a correr no sangue,
Nos olhos Santa Luzia”
Maria Emília Vasconcelos
BIBLIOGRAFIA
A
Falar de Viana, vol.XIV, Associação Promotora das Festas da Cidade de Viana do
Castelo, 2008.
Boletim
da Confraria de Santa Luzia
Branco,
José Luís Afonso, “Aleixo Queiroz Ribeiro”, Confraria de Santa Luzia, 1999
Carreira,
Lurdes “Miguel Nogueira – Arquitecto de Transição”, Porto,
2004.
D’Alpuim,
Maria Augusta “A Montanha Dourada”, Confraria de Santa Luzia, 1989
Fernandes,
Francisco José Carneiro, “Viana Monumental e Artística”, G,D,C.Estaleiros
Navais.
História
de Viana do Castelo, 30 vol., 2º T. Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2009
Maciel,
Cândido e outros, “Vale do Neiva” , Barcelos 1982
“Olhares
Plurais” - Coordenação João Alpuim Botelho, Confraria de Santa Luzia, 2015
“Revista
Santa Luzia”, Ano LI, II, série nº 426, Confraria de Santa Luzia. 2004.
Viana,
Manuel Couto – “Ferro Velho”, vol. I, Câmara Municipal de Viana do Castelo,
1989.
Ventura
Terra, Miguel “Arquitectura Enquanto Projecto de Vida”, Vários,
Câmara
Municipal Esposende, 2006.
“Vianenses
Ilustres” – Câmara Municipal de Viana do Castelo, 1997
Paço,
Afonso – “Etnologia” Viana do castelo, 1979
José
Rodrigues Lima
José
Rodrigues Lima
938583275
.50 metros.
Ainda nos anos quarenta, dirige o restauro da Igreja
Paroquial de Fontão, Ponte de Lima. Dando continuidade à sua actividade, em
1946, assumiu o encargo da reparação da Igreja Paroquial de Gondarém, Vila Nova
de Cerveira, e a construção dos edifícios para a obra social, levada a efeito
pelo saudoso e benemérito Padre Américo Soares de Sousa.
Já em 1960, é convidado pelo Bispo de Nova Lisboa.
Angola, D. Daniel Junqueiro, para orientar a construção da Igreja da Missão
Católica do Sambo, tendo aí permanecido dois anos. São de referir os
testemunhos elogiosos de diversas autoridades e do povo autóctone da região do
Huambo, acerca das suas realizações. As recordações que o Mestre Lima guardava
da sua permanência em terras africanas, surgiam frequentemente nas conversas.
São de referir as visitas que os missionários, vindos daquelas paragens, faziam
ao Mestre Lima, quer na sua casa em Vila de Punhe, quer em Santa Luzia.
Nos anos sessenta, 1965, inicia a orientação das obras
da nova Capela da Costeira, em Alvarães. No ano seguinte, dirige o restauro das
abóbodas do Mosteiro Beneditino de S. Romão do Neiva, do concelho de Viana do Castelo.
Em 1968, concretiza o projeto do arquitecto Nuno San Payo, dirigindo as obras
do Centro Paroquial e Social de Chaviâes, no concelho de Melgaço.
Mas a actividade do Mestre Lima não pára. Assim, em
1970, administra as obras na torre da Igreja Paroquial de Vial de Punhe. Porém,
a sua paixão, era mesmo o Templo Monumento do Sagrado Coração de Jesus.
Os Limas, canteiros com obras na região do Minho e na
vizinha Galiza, testemunham pelo menos desde 1896 obras de cantaria. O alçado
principal do cemitério de Vila de Punhe, conforme data gravada no portão principal, é obra do Mestre José Pereira Lima, avô do
Mestre Lima.
A estátua/imagem de Santa Eulália, Padroeira da
freguesia de Vila de Punhe, existente no alçado principal da Igreja, e o busto
do antigo e doutrinário Reitor Padre Júlio Cândido da Costa, são algumas das
últimas criações artísticas do Mestre Lima.
PARA MEMÓRIA FUTURA
A Câmara Municipal de Viana do Castelo decidiu por
unanimidade, A 11 de janeiro de 1995, atribuir a Emídio Pereira Lima o título
de Cidadão de Mérito, pelo contributo dado nas obras do Templo Monumento do
Sagrado Coração de Jesus em Santa Luzia, reconhecendo assim o seu mérito artístico,
pela arte executada na sua longa vida.
Além disso, o nome do Mestre Lima consta na toponímia
da cidade, e assim na zona das Ursulinas existe uma rua com o seu nome, bem
como na freguesia de Vila de Punhe, terra da sua naturalidade e onde sempre
viveu.
No ano de 2001, a junta de freguesia de Vila de Punhe
e a Associação de Filatelia do Vale do Neiva homenagearam o Mestre Emídio
Pereira Lima com o lançamento de um selo e carimbo do correio, bem como uma
peça de cerâmica comemorativa.
ALTAR DA CELEBRAÇÃO (VERSUS POPULUM)
A sagração do altar-mor realizada por D. António Bento
Martins Júnior, Arcebispo de Braga em 14 de junho de 1959, foi celebrada no
rito litúrgico anterior às orientações do Concilio Vaticano II.
Após a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, assinada
em Roma a 4 de dezembro de 1963, pelo Papa Paulo VI, iniciou-se a reforma
litúrgica, concretizando-se a celebração eucarística voltada para o Povo de
Deus (versus populum). Foi necessário criar um altar no Templo em Santa Luzia
seguindo as novas orientações litúrgicas.
Foi o Mestre Emídio Pereira Lima que realizou o
projeto com uma simbologia expressiva, merecendo a aprovação da Comissão da Arte
Sacra da Arquidiocese de Braga, presidida à data pelo Cónego Doutor Luciano
Afonso dos Santos, Presbítero da Arquidiocese Primaz e vianense ilustre,
nascido na freguesia de Alvarães.
Os cinzelados são da equipa de canteiros orientados pelo
Mestre Lima, que serviu o Templo do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia,
durante cinquenta e seis anos. Nesse altar celebra-se o mandato:
“Fazei isto em
memória de mim” (LC.22,19)
“Quem abala de Viana,
Leva no peito a Agonia;
O Lima a correr no sangue,
Nos olhos Santa Luzia”
Maria Emília Vasconcelos
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Falar de Viana, vol.XIV, Associação Promotora das Festas da Cidade de Viana do
Castelo, 2008.
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da Confraria de Santa Luzia
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José Luís Afonso, “Aleixo Queiroz Ribeiro”, Confraria de Santa Luzia, 1999
Carreira,
Lurdes “Miguel Nogueira – Arquitecto de Transição”, Porto,
2004.
D’Alpuim,
Maria Augusta “A Montanha Dourada”, Confraria de Santa Luzia, 1989
Fernandes,
Francisco José Carneiro, “Viana Monumental e Artística”, G,D,C.Estaleiros
Navais.
História
de Viana do Castelo, 30 vol., 2º T. Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2009
Maciel,
Cândido e outros, “Vale do Neiva” , Barcelos 1982
“Olhares
Plurais” - Coordenação João Alpuim Botelho, Confraria de Santa Luzia, 2015
“Revista
Santa Luzia”, Ano LI, II, série nº 426, Confraria de Santa Luzia. 2004.
Viana,
Manuel Couto – “Ferro Velho”, vol. I, Câmara Municipal de Viana do Castelo,
1989.
Ventura
Terra, Miguel “Arquitectura Enquanto Projecto de Vida”, Vários,
Câmara
Municipal Esposende, 2006.
“Vianenses
Ilustres” – Câmara Municipal de Viana do Castelo, 1997
Paço,
Afonso – “Etnologia” Viana do castelo, 1979
José
Rodrigues Lima
José
Rodrigues Lima
938583275