D.
Anacleto Cordeiro Oliveira
D. Anacleto está no Céu, cedo demais. Agora,
em Paz, junto de Deus zelará pelas suas ovelhas de outro modo.
Era um Homem. Um Sacerdote simples,
trabalhador na sua vida sacerdotal e profissional (professor) e Pastor como
Bispo. Quando tinha o seu dia livre ia até Cortes, talvez serra de S. Mamede,
ao largo de Leiria trabalhar a sua quintinha e o seu jardim, estar e conviver
com a família. Não falava ele tanto de Família? Até quis ser sepultado junto
dos seus pais.
Nas homilias ele falava baixo, afinal, porque conhecedor da Bíblia e de cada uma das suas Palavras que as dominava com o sentido de Deus, inspiradas e escritas por homens. Gostava de que as suas ovelhas as entendessem como proposta do Pai do Céu aos Homens de boa vontade. Deus não grita. Fala de coração para coração, levemente, como um Pai bondoso que quer junto de seu Filho que ele ouça com o coração e a mente para interiorizar e receber como resultado uma resposta e recompensa recíproca de um amor filial. Com os adultos e os jovens falava e brincava à sua altura e com as crianças até no chão se sentava para se aproximar mais das criancinhas… porque delas é o Reino de Deus, Elas são os anjos na Terra.
Ele, e outro
colega de curso de 1969 foram ambos estudar para Roma: Ele Anacleto Cordeiro
Oliveira e o outro que se chamava Rogério Pedro Oliveira. O Rogério morreu mais
cedo de um acidente no regresso das aulas em Coimbra e o Anacleto morre mais
tarde também de acidente de carro. Segundo me informaram foi o Padre Doutor
Anacleto, professor em Coimbra que fundou e preparou como Mestre o “RABI, isto
é, o Regulamento da Administração dos Bens da Igreja. Deste modo todo o clero
da dioceses recebia o mesmo salário mensal, na diocese de Leiria.”
Ouvi uma senhora minha
amiga de Fátima chamar-lhe “ o Pantufas” quando foi nomeado para Bispo de Viana
e dar-me os parabéns.
Até que enfim que
alguém lhe chamaria antes como pude saber agora ao abrir o site Cantabo-cs, conforme segue:
“(Havia
alguém que, cantando na Missa das 15 horas, que tu celebravas
religiosamente na Basílica de Nª Sª do Rosário, no Santuário de Fátima, pela
leveza da tua postura, humana e sacerdotal, pela delicadeza com que tratavas
as pessoas e os temas da Liturgia, que tão bem comentavas, não fosses tu
um expert na matéria, sábio no interpretar e na vivência da Escritura que
estudaste em profundidade e amaste de forma tão bela e solene, te apelidava
de “Pantufa".)
Não é desdém, é carinho, é admiração, é
ternura, é a simplicidade com que tratavas as coisas e as pessoas e que quem
via e ouvia louvava…
Lembras-te que havia gente que vinha, de
perto e de longe, por saber que àquela hora eras tu que celebravas…
É assim que, recordando esses tempos em
que estive contigo em tarefas no Santuário, é assim, repito, que também gosto
de te chamar: “Pantufas”.
Pois, meu caro colega e sempre amigo, bom
desportista (lembras a nossa equipa de futebol, os nossos torneios de voleibol
e de ping-pong – lutámos bem!), estudioso sempre distinto e sempre amigo, sem
alardes…
A minha sincera homenagem. Junto o
folheto editado para a tua Sagração Episcopal que, com muito carinho,
dedicação e solenidade, o Coro do Santuário, de então, amavelmente acedeu
solenizar.
Um abraço amigo. Até sempre! AO” Artur Oliveira
Aqui está um colega que falou dele com
este impressionável carinho.
Um Bispo que um dia disse a um padre que
“prefiro salvar o padre do que salvar a Igreja”. Claro que ao salvar um padre
salvava a Igreja, mas ele disse-o daquele modo persuasivo para dizer aquilo que
todos sabemos do Evangelho sobre a correcção fraterna. D. Anacleto falava com
toda a gente e com facilidade criava empatia e não havia pergunta que ficasse
sem resposta, não deixava conversa a meio e tinha uma postura de escutar, escutar
e depois de muito escutar, de olhos penetrantes, num intelecto reflexivo,
acabava por dizer o seu parecer segundo o que tinha ouvido e falava do que ele
próprio fazia.
Sabia e dominava as escrituras sagradas e
nada lhe faltava. O acto de crismar marcava as pessoas com a palavra, o gesto,
o olhar que acompanhava e que, se não fosse mais nada marcava, com uma empatia
incomparável. Fazia uma vida simples e de alguma austeridade, mas sempre muito
feliz.
D. Anacleto, numa visita pastoral a esta
Paróquia, apesar do pároco estar hospitalizado, cumpriu todo o programa dos
dias da semana e nunca se mostrou cansado; visitou os doentes, as diversas 9
respostas sociais do Centro Paroquial (C. Dia, C. C., Jardim, Berço, Sad,
Refeitório Social, Serviços, a Biblioteca e o RSI, incluindo mais a Escola de
Pintura, de Música, o Centro Comunitário de Apoio ao Necessitado / Recolha e
Distribuição, os Escuteiros e Ozanan - Centro da Juventude. No dia de feira
passou a manhã na feira a falar com os feirantes fazendo todo o percurso da mesma
falando com todos eles e celebrou missas nas igrejas e visitou capelas. Reuniu
o Conselho Pastoral Paroquial e veio na tarde de Domingo crismar cerca de 80
pessoas.
No final da ceia seguia para celebrar na
Sé a missa, conhecida pela missa do galo. Era o dia completo e dos mais felizes
de D. Anacleto bem manifesto e testemunhado no final e na Missa em Louvor do Nascimento
do Menino Deus.
P. Coutinho