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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

D. Anacleto Cordeiro Oliveira

 




D. Anacleto Cordeiro Oliveira

 

 

 

D. Anacleto está no Céu, cedo demais. Agora, em Paz, junto de Deus zelará pelas suas ovelhas de outro modo.

Era um Homem. Um Sacerdote simples, trabalhador na sua vida sacerdotal e profissional (professor) e Pastor como Bispo. Quando tinha o seu dia livre ia até Cortes, talvez serra de S. Mamede, ao largo de Leiria trabalhar a sua quintinha e o seu jardim, estar e conviver com a família. Não falava ele tanto de Família? Até quis ser sepultado junto dos seus pais.

 

Nas homilias ele falava baixo, afinal, porque conhecedor da Bíblia e de cada uma das suas Palavras que as dominava com o sentido de Deus, inspiradas e escritas por homens.  Gostava de que as suas ovelhas as entendessem como proposta do Pai do Céu aos Homens de boa vontade. Deus não grita. Fala de coração para coração, levemente, como um Pai bondoso que quer junto de seu Filho que ele ouça com o coração e a mente para interiorizar e receber como resultado uma resposta e recompensa recíproca de um amor filial. Com os adultos e os jovens falava e brincava à sua altura e com as crianças até no chão se sentava para se aproximar mais das criancinhas… porque delas é o Reino de Deus, Elas são os anjos na Terra.


Ele, e outro colega de curso de 1969 foram ambos estudar para Roma: Ele Anacleto Cordeiro Oliveira e o outro que se chamava Rogério Pedro Oliveira. O Rogério morreu mais cedo de um acidente no regresso das aulas em Coimbra e o Anacleto morre mais tarde também de acidente de carro. Segundo me informaram foi o Padre Doutor Anacleto, professor em Coimbra que fundou e preparou como Mestre o “RABI, isto é, o Regulamento da Administração dos Bens da Igreja. Deste modo todo o clero da dioceses recebia o mesmo salário mensal, na diocese de Leiria.”

 


 

Ouvi uma senhora minha amiga de Fátima chamar-lhe “ o Pantufas” quando foi nomeado para Bispo de Viana e dar-me os parabéns.

Até que enfim que alguém lhe chamaria antes como pude saber agora ao abrir o site Cantabo-cs,  conforme segue:

“(Havia  alguém que, cantando  na Missa das 15 horas, que tu celebravas religiosamente na Basílica de Nª Sª do Rosário, no Santuário de Fátima, pela leveza da tua postura, humana e sacerdotal, pela delicadeza com que tratavas as  pessoas e os temas da Liturgia, que tão bem comentavas, não fosses tu um expert na matéria, sábio no  interpretar e na vivência da Escritura que estudaste em profundidade e amaste de forma tão bela e solene, te apelidava

de “Pantufa".)


 

Não é desdém, é carinho, é admiração, é ternura, é a simplicidade com que tratavas as coisas e as pessoas e que quem via e ouvia louvava…

Lembras-te que havia gente que vinha, de perto e de longe, por saber que àquela hora eras tu que celebravas…

É assim que, recordando esses tempos em que estive contigo em tarefas no Santuário, é assim, repito, que também gosto de te chamar: “Pantufas”.

Pois, meu caro colega e sempre amigo, bom desportista (lembras a nossa equipa de futebol, os nossos torneios de voleibol e de ping-pong – lutámos bem!), estudioso sempre distinto e sempre amigo, sem alardes…

A minha sincera homenagem. Junto o folheto editado para a tua Sagração Episcopal que, com  muito carinho, dedicação e solenidade, o Coro do Santuário, de então, amavelmente acedeu solenizar.

Um abraço amigo. Até sempre! AO” Artur Oliveira

 

 

 

Aqui está um colega que falou dele com este impressionável carinho.

Um Bispo que um dia disse a um padre que “prefiro salvar o padre do que salvar a Igreja”. Claro que ao salvar um padre salvava a Igreja, mas ele disse-o daquele modo persuasivo para dizer aquilo que todos sabemos do Evangelho sobre a correcção fraterna. D. Anacleto falava com toda a gente e com facilidade criava empatia e não havia pergunta que ficasse sem resposta, não deixava conversa a meio e tinha uma postura de escutar, escutar e depois de muito escutar, de olhos penetrantes, num intelecto reflexivo, acabava por dizer o seu parecer segundo o que tinha ouvido e falava do que ele próprio fazia.

Sabia e dominava as escrituras sagradas e nada lhe faltava. O acto de crismar marcava as pessoas com a palavra, o gesto, o olhar que acompanhava e que, se não fosse mais nada marcava, com uma empatia incomparável. Fazia uma vida simples e de alguma austeridade, mas sempre muito feliz.

D. Anacleto, numa visita pastoral a esta Paróquia, apesar do pároco estar hospitalizado, cumpriu todo o programa dos dias da semana e nunca se mostrou cansado; visitou os doentes, as diversas 9 respostas sociais do Centro Paroquial (C. Dia, C. C., Jardim, Berço, Sad, Refeitório Social, Serviços, a Biblioteca e o RSI, incluindo mais a Escola de Pintura, de Música, o Centro Comunitário de Apoio ao Necessitado / Recolha e Distribuição, os Escuteiros e Ozanan - Centro da Juventude. No dia de feira passou a manhã na feira a falar com os feirantes fazendo todo o percurso da mesma falando com todos eles e celebrou missas nas igrejas e visitou capelas. Reuniu o Conselho Pastoral Paroquial e veio na tarde de Domingo crismar cerca de 80 pessoas.

 


 


D. Anacleto ficou bem gravado no coração de todos e a sua morte que, naturalmente, foi anterior ao acidente foi um choque para os vianenses. Desde que veio e tomou posse da Diocese de Viana participou todos os anos no dia 24 de Dezembro no Natal dos Presos pela tarte e a hora da ceia passava-a com voluntários no Natal dos Sós, onde participavam pobres de todos os géneros de pobreza e de pessoas que, não sendo pobres, viviam sós e juntavam-se aos pobres. Era uma festa de ceia de natal com muita harmonia e alegria entre todos, com os voluntários atentos a todos os pormenores e a trabalhar o máximo.

No final da ceia seguia para celebrar na Sé a missa, conhecida pela missa do galo. Era o dia completo e dos mais felizes de D. Anacleto bem manifesto e testemunhado no final e na Missa em Louvor do Nascimento do Menino Deus.

P. Coutinho

 

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