PÁSCOA-2017
A LUZ DE CRISTO RESSUSCITADO ILUMINA A HUMANIDADE
José Rodrigues Lima
Há sinais festivos… Ouvem-se os toques constantes das campainhas e os
sons dos sinos nos campanários das igrejas, anunciando a todos a grande festa
da Ressurreição de Jesus.
São tons e sons de ALELUIA…
Alegre-se o céu e rejubile a terra… ALELUIA
A Páscoa está associada à ressurreição da natureza e por isso
relacionada com a festa da LUZ e das flores… Há perfumes a toda a hora…
É um tempo novo… Há música no ar… É a Festa da Vida…
Envolvem-nos referências cósmicas, teológicas e escatológicas.
Há simbologia com água, lume novo, amêndoas, pão de ló, folares, ovos e
nas refeições familiares à volta da mesa com toalhas lindas.
Acontece a festa comensal conforme a tradição bíblica.
A FÉ em Cristo Ressuscitado cria um ambienta festivo, contagiante e as
saudações são mais ternas.
Cristo ressuscitou e quer fazer a festa no mais íntimo do coração de
cada um.
Páscoa é acreditar no amanhã…
Cristo Ressuscitado é o rosto visível do Deus invisível.
ALELUIA, ALELUIA!
FESTA DA VIDA
A LUZ DE CRISTO VENCEU
AS TREVAS DA NOITE
“… Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem acredita em mim nunca
morrerá.” (Jo. 11,25)
“Cristo é a luz dos povos”, sublinha a Constituição Dogmática
sobre a Igreja, do Concílio
Vaticano II.
“Somos filhos da luz”, regista a Constituição Pastoral sobre
a Igreja no Mundo Contemporâneo, documento do citado Concílio.
“Deus disse: Faça-se a luz. E a luz foi feita. Deus viu que a
luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas a
noite. Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã; foi o primeiro dia.”
(Génesis 1,3-5)
Antes de criar os astros luminosos Deus criou a luz. Na
Bíblia a luz está associada a tudo o que é positivo, divino; ela é o resplendor
do próprio Deus. Por isso, é a primeira criatura.
“Deus é a Luz. Eis a mensagem que ouvimos de Jesus e vos
anunciamos. Deus é Luz e n’Ele não há nenhuma espécie de trevas.
Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas
trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário se caminhamos na Luz,
como Ele, que está na Luz, então temos comunhão uns com os outros, e o sangue
do seu filho Jesus purifica-nos de todo o pecado”. (1 Jo. 1, 5-7)
No prólogo de São João Evangelista podemos ler: “Nele é que
estava a vida de tudo o que veio a existir. E a vida era a Luz dos homens. A Luz
brilhou mas as trevas não o receberam. Apareceu um homem, enviado por Deus, que
se chamou João. Este vinha como testemunha para dar testemunho da Luz e todos
creram por meio dele. Ele não era a Luz mas vinha para dar testemunho da Luz. O
Verbo era a Luz verdadeira que ao vir ao mundo a todo o homem ilumina.” (1 Jo.
1,5-7)
Jesus falou-lhes novamente: “Eu sou a Luz do mundo. Quem me
segue não andará nas trevas, mas terá a vida eterna”. (Jo. 8,12)
“Vós sois o sal da terra e a luz do mundo… Assim brilhe a
vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso pai que está no céu.” (Mat. 5,14-16)
“É que outrora ereis trevas, mas agora sois Luz, no Senhor.
Procedei como Filhos da Luz, pois o fruto da Luz está em toda a espécie de
bondade, justiça e verdade, procurando discernir o que é agradável ao senhor. E
não tomareis parte nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário,
denunciai-as. Porque o que por eles é feito às escondidas até dize-lo é
vergonhoso. Mas tudo isso se denunciado é posto às claras na Luz, pois tudo o
que é posto às claras é Luz. Por isso se diz: desperta tu entre os mortos,
levanta-te de entre os mortos, Cristo brilhará sobre ti” (Ef. 5, 8-14)
“ Por um pouco de tempo ainda a Luz está no meio de vós.
Caminhai enquanto tendes a Luz, de modo que as trevas não vos apanhem, pois
quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes a Luz, crede na
Luz, para vos tornardes Filhos da Luz. Jesus disse estas coisas, foi-se embora
e ocultou-se deles”. (Jo.12,35-36)
“Na verdade todos vós sois Filhos da Luz e filhos do dia” (1
Te. 5,5)
“Quem diz que está na Luz, mas tem ódio ao seu irmão ainda
está nas trevas. Quem ama o seu irmão permanece na Luz e não corre perigo de
tropeçar. Mas quem tem ódio ao seu irmão, está nas trevas e nas trevas caminha,
sem saber para onde vai por que as trevas lhe cegaram os olhos.” (1 Jo. 2,8)
“Jesus Cristo filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes
de todos os séculos. Deus de Deus; Luz da Luz.”
Assim professamos no Credo.
“Os atributos bem
conhecidos do espírito são a vida e a Luz. A Luz é antes de mais, poder de
revelação, e por isso ao Deus revelado se chama Deus-Luz.”
“Na tua Luz conheceremos toda a Luz” (Salmo 36,10)
O Tempo Pascal cria um ambiente de fraternidade, partilha,
compreensão e acolhimento.
A Luz de Cristo Ressuscitado gloriosamente nos dissipa as
trevas do coração.
CAMINHEMOS NA LUZ DE
CRISTO
“Não se
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim em cima do
candelabro, e assim ilumina todos os que estão em casa”.
A Luz que
transportamos dentro de nós é para partilhar com os outros para que possam ser
iluminados.
A Páscoa não
é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”, a “solenidade
das solenidades”, tal como a eucaristia é o sacramentos dos sacramentos, bem
como a Semana Santa é chamada no Oriente a “Semana Maior”. O mistério da
Ressurreição em que Cristo aniquilou a morte.
No Concílio
de Niceia (em 325) todas as Igrejas acordaram em que a Páscoa Cristã fosse
celebrada no domingo a seguir à lua cheia (14 de Nisan), depois do equinócio da
Primavera.
A PALAVRA PÁSCOA
SIGNIFICA PASSAGEM
O signo
linguístico Páscoa, derivado do hebraico, do grego e do latim significa
passagem.
As
narrativas bíblicas referem, abundantemente, a libertação do povo que vivia na
escravidão e passou para o estado de liberdade.
“Deus
ressuscitou Cristo de entre os mortos, e Ele está sempre entre nós todos os
dias até a consumação dos séculos, ensinando-nos e guiando-nos pelas veredas da
justiça, e fortalecendo-nos na pregação da Boa Nova do Evangelho”. (Mat.
28,16-20)
A Páscoa é
um convite à mudança: passagem do pecado à graça; da fome ao pão; do desânimo
ao ânimo; do subdesenvolvimento ao desenvolvimento; da morte à vida; da doença
à saúde; do analfabetismo à literacia; da rua à casa; da barraca à habitação
digna; da injustiça à justiça; da exclusão à inclusão; do desemprego ao
emprego; da indignidade à dignidade; da angústia à serenidade; das sombras à
luz; dos medos à confiança; da correpção à honradez.
A caminhada
deverá ser com esperança viva e confiança alegre na nova criação, manifestando
a fraternidade da vida nova em Cristo Vivo e Ressuscitado.
Alegremo-nos,
pois Cristo Ressuscitado está vivo na história dos homens.
COMPASSO-VISITA PASCAL
Estando de
acordo com Geraldo Coelho Dias, professor universitário e monge, “ para nós o
compasso era o desenvolvimento ritual e solenizado da bênção das casas”.
“Em tempos
recuados, o pároco respectivo podia, com tranquilidade, por si ou encomendado,
na altura da Páscoa visitar e benzer as casas dos seus paroquianos”.
Com a
mudança social ouve alterações de aspectos pastorais.
O compasso,
sublinha o citado historiador “ por extensão ou sinédoque, é uma forma
abreviada da expressão latina “CRUX CUM PASSO DOMINO”, isto é, designação da
cruz litúrgica que preside aos ritos cristãos.
Daí que em
todas as paróquias ou freguesias, subsiste ainda o “ JUIZ DA CRUZ” ou “
mordomo”, que deve empunhar solenemente a cruz paroquial nas grandes cerimónias
anuais.
Por isso, a
Cruz da Cruz, COMPASSO, adornada e perfumada acompanha o pároco quando ele nas
alegrias pascal vai benzer as casas dos seus paroquianos.
Na zona
Entre Douro e Minho, o costume da Visita Pascal este mais enraizado.
O assunto
foi abordado no Sínodo da Diocese de Braga, em 1918, fazendo-se a visita pascal
segundo o decreto do prelado D. António Bento Martins Júnior, de 21 de Novembro
de 1942, artigo 23 e seguintes.
REVELAÇÕES DE ALELUIA
Há
localidades onde os registos etnográficos singulares, se destingem nos
cerimoniais da visita pascal.
Assim, é de
referenciar o encontro das cruzes no largo das Neves, confluência das localidades
de Vila de Punhe, Mujães e Barroselas, à volta da mesa dos três abades.
Este
cerimonial decorre com grande participação dos habitantes, não faltando uma
banda de música, ao mesmo tempo que se trocam saudações acompanhadas pelos
doces pascais e um cálice de bom Vinho do Porto.
A visita
pascal em Fontão, em Vitorino das Donas e a cerimónias transfronteiriças da
aleluia em Cristelo Covo, Valença, são manifestações que têm merecido a
investigação antropológica pela sua tipicidade.
O padre
português e o “cura galego” atravessam o rio Minho no cerimonial que envolve o
grande simbolismo das águas correntes e da fertilidade.
A MINHA ALDEIA DA PÁSCOA
Minha aldeia
na Páscoa…Infância mês de Abril!
Manhã
primaveril!
A velha
igreja,
Entre as
árvores, alveja
Alegre e
rumorosa
De puro,
luzes, flores…
E, na
penumbra dos altares cor de rosa,
Rasgados
pelo Sol os negros véus,
Parece até
sorrir a Virgem mãe das Dores.
Ressurreição
de Deus!
Domingo da
Esperança!
Aleluias
fazendo uma outra luz, no ar…
(Os olhos me
ficam de criança,
Que para mim
é ver o recordar)
Sai o Compasso. Em pleno azul, erguida
Entre a
verde folhagem das uveiras,
Rebrilha a
cruz de prata florescida…
Na igreja
antiga a rir seu branco riso de cal,
Ébrias de
cor, tremulam as bandeiras…
Vede! Jesus
lá vai, ao Sol de Portugal!
Ei-lo que
entra contente nos casais;
E, com amor,
visita as rústicas choupanas.
E Ele, Esse
que trouxe aos míseros mortais
As grandes
alegrias sobre-humanas
Lá vai, lá
vai, por íngremes caminhos!
Linda manhã,
canções de passarinhos!
A campainha
toca: aleluia!
Aleluia!
La vai o
padre e a sua branca estola
E o seu ramo
de flores.
E, às portas
espelhado, o rosmaninho evola
Velhos
trabalhadores,
Por quem
sofreu Jesus,
E mães,
acalentando os filhos no regaço,
Esperam o Compasso…
E,
ajoelhando, com séria devoção,
Beijam os
pés da Cruz.
Teixeira de Pascoais
“Obras Completas “-1.º Vol.
PÁSCOA É ACREDITAR
NO AMANHÃ…
ALELUIA! ALELUIA!
BOAS FESTAS
PASCAIS…