O Comandante Oliveira Martins
Conhecia o Comandante Oliveira Martins, natural de Vale de Cambra, casado com Maria do Céu Oliveira Tavares Dias Martins e pais de um casal de filhos, a Carmélia e o Eduardo e são avós. Fizeram no ano passado as Bodas de Ouro de vida conjugal a 31 de agosto de 2024,
Foi membro da Direção do Centro Social Paroquial de Nossa Senhora Fátima até depois da inauguração do novo Berço e do Refeitório Social.
Foi o responsável pela Biblioteca do Centro Social com a ajuda da Drª Judite Cruz e do Sr. Francisco,de Anha…..
Catalogaram perto de 20.000 livros com classificação oficial e a Biblioteca está unida por via digital, à Biblioteca da cidade e das Escolas.
Sabia que era um amigo muito culto, mas não sabia que é um especialista em matéria de águas dos mares, do trabalho no mar. Depois de ter lido o livro “Naufrágios no mar de Viana” de entre os vários livros da sua autoria, acabei de ler o livro último “Última Campanha de Pesca à linha”. Também da sua autoria mostra com clareza o que é vida no Mar, sobretudo, quando um barco vai ao fundo, ou se quebra e como o “salve-se quem puder”. Aconteceu com ele. É um sobrevivente de uma dessas tragédias de naufrágios
É muito belo ler os seus livros porque escreve com a razão e o coração vivências desde a preparação para as saídas e para os retornos e os tempos passados no mar alto e na pesca do bacalhau na Terra Nova, nos tempos livres, o dia-a-dia de todos desde o moço, ao 1º maquinista e 2º maquinista, ao tanoeiro, ao cozinheiro e ajudantes, desde os pescadores ao contramestre, ao capitão, ao imediato, etc.
O livro “Naufrágios de Viana” é um dos livros que todos os de Viana, os do litoral, deviam ler. O Comandante Oliveira Martins sobre esta temática oferece a comunidade em geral com beleza tudo o que sabe que é do interesse de todos. È que não basta comer o peixe, mas saber o que custa no mar a sua faina, já para não falar no comum dos mortais. Vemos o mar, contempla-mo-lo na sua imensidão volumosa de água que se mexe, observamos os barcos maiores longe da Costa na faina marítima e os mais pequenos de trabalho ou recreio. Ficamos estarrecidos quando a bravura das suas águas levantam ondas enormes que até parece que o medo se apodera de nós. Esmagam-nos. A terra parece que nos foge debaixo dos pés e ficamos com vontade de nos afastar.
Todos estudamos em geografia os Oceanos, os Mares e as Marés, os Lagos e os Recifes, figuras mitológicas e que a água cobria montanhas de areia, penedia, os mais quentes e mais frios, o peixe que nos oferece e a história de alguns acidentes trágicos.
No fim de contas não sabemos nada. Ouvimos os marinheiros falar e pouco mais. Ora este livro é bem elucidativo do que é o Mar e que todos devíamos conhecer para deixar de ter tanto medo, mas tudo quanto deixar as famílias com a esperança de as reencontrar. Também na terra acontecem tragédias, assim como no ar.
Quando era jovem gostava de nadar e mergulhar no mar, de cortar as ondas ou de me deixar embalar por elas. Era bom quando o mar estava mais calmo, mas se elas subissem alto também gostava de me fazer a elas com coragem e força para as subir ou cortá-las a meio para elas andarem e eu ficar, vencer e sair salvo à procura de uma outra, e sempre mais outra até vir ao areal da praia!...
Para além da história do barco feito de um tronco de árvore até chegarmos aos barcos a vapor, muita mais história se passou, mesmo a propósito de naufrágios há um que nunca se esquece que é o de Luís Vaz de Camões em que apenas se salvou ele e o seu livro “Lusíadas” que tinha escrito. Caso contrário, talvez esta obra épica fosse hoje desconhecida no mundo.
Este livro, «Naufrágios “Mar de Viana”» que é prefaciado pelo Doutor José Carlos Loureiro, presidente do CER, associação regional que o editou, traz-nos muitos conhecimentos do mar não só para todos os que se encontram junto à Costa, como os vianenses, que sempre trabalharam e viveram desta planura de água, mas também a todos os que usufruem das actividades marítimas.
A todos os do interior chega o fruto deste trabalho, por vezes difícil e tramado por uma “volta de mar” inesperada e sem hipótese de poder escapar trazendo apenas sofrimento, dor e morte como fruto da luta pela sobrevivência de todos. Trabalhar no mar é belo!...Nunca experimentei, é só pelo que vejo e pelos testemunhos que me dão, mas não é um trabalho fácil, pois a bravura do mar quando arreganha os dentes e engole seja o que for, isto é, nunca se sabe o resultado do que possa acontecer com a iniciativa do homem para a vencer.
Este livro de 346 páginas e
ditado pelo CER, consta de seis capítulos sob a autoria de Dr. Manuel Oliveira Martins. Relata-nos um património cultural sobre o mar de Viana nos séculos 19 e o 20. São histórias que todos os vianenses deviam conhecer, desde a costa negra passando pelos faróis, as sinalizações dos barcos, a ronca dos nevoeiros que ainda eu conservo na memória auditiva do tempo de criança, tipos de barcos, de imagens, assim como documentos coloridos, os vários naufrágios, desastres, socorros, pequenos e grandes barcos e os seus nomes, as suas proveniências, os locais que por algum motivo houve registo, a morte de pilotos, pescadores e outros. As diversas embarcações tipos de socorros, geometrias de salva-vidas, tragédias de rebocadores, barcos em perigo, inspecção marítima, visita de D. Carlos à estação de socorros a náufragos, alarmes, formação, subsídios, medalhas, bombeiros voluntários, ex-votos, missas pedidas, a religiosidade popular, depoimentos de náufragos, um deles do próprio autor. Além disso este livro contém um rico glossário marítimo e trata-se de um trabalho científico, de rigor, bem fundamentado como demonstra a sua longa bibliografia.
ditado pelo CER, consta de seis capítulos sob a autoria de Dr. Manuel Oliveira Martins. Relata-nos um património cultural sobre o mar de Viana nos séculos 19 e o 20. São histórias que todos os vianenses deviam conhecer, desde a costa negra passando pelos faróis, as sinalizações dos barcos, a ronca dos nevoeiros que ainda eu conservo na memória auditiva do tempo de criança, tipos de barcos, de imagens, assim como documentos coloridos, os vários naufrágios, desastres, socorros, pequenos e grandes barcos e os seus nomes, as suas proveniências, os locais que por algum motivo houve registo, a morte de pilotos, pescadores e outros. As diversas embarcações tipos de socorros, geometrias de salva-vidas, tragédias de rebocadores, barcos em perigo, inspecção marítima, visita de D. Carlos à estação de socorros a náufragos, alarmes, formação, subsídios, medalhas, bombeiros voluntários, ex-votos, missas pedidas, a religiosidade popular, depoimentos de náufragos, um deles do próprio autor. Além disso este livro contém um rico glossário marítimo e trata-se de um trabalho científico, de rigor, bem fundamentado como demonstra a sua longa bibliografia.
Na página 62 refere-se a um iate “Barbosa” que em 1989 se perdeu na pedra do ladrão a 20 de Abril, fico com curiosidade de descobrir o seu proprietário e a sua naturalidade. Outro pormenor na página 169 é que em 1924 houve um naufrágio do “Britónia” seria de facto o nome atribuído pelo nome da cidade antiga de Santa Luzia, ou provenientes de outros topónimos. Existe outro topónimo Britónia na Serra d’Arga e mais que ouvi, sobretudo, na zona da Galiza. Parece-me que esta palavra devia ser estudada por linguistas e historiadores…
Viana do Castelo através deste autor, depois dos livros que já publicou como os Pilotos da Barra de Viana e a Pesca do Bacalhau a juntar a este é já muito bom e uma generosa dádiva de muito trabalho que este comandante Martins, natural de de Vale de Cambra está a oferecer a esta cidade, região de Viana do Castelo. E se Deus lhe der vida e saúde ainda não ficará por aqui.
Parabéns, amigo. Continue que Viana parece nunca ter tido um Piloto da Barra assim tão profícuo e trabalhador pela causa pública vianense. Parabéns ao CER por mais estas edições.
Por isso, tão justa e merecida foi a homenagem da Câmara Municipal no dia 20 de janeiro como cidadão de mérito a alguém que adoptou Viana para trabalhar, educar os filhos e os netos.
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