SÊ FAMÍLIA ... 48
O Perdão
O perdão é tão importante na vida de cada um de nós que faz parte de uma das sete petições que constituem a oração do “Pai Nosso”. Tertuliano disse que nesta oração estava o resumo de todo o Evangelho e com razão porque o Pai Nosso está no centro da Sagrada Escritura, é a Oração do Senhor, é a Oração da Igreja, é a Nossa Oração. Daí, a importância do perdão.
O perdão é uma forma de amar, porventura a mais difícil porque supera as capacidades humanas da benevolência e as normas da boa e sã convivência com os outros. Por isso, chegamos a dizer que perdoar é divino.
Como estamos, muitas vezes sem disso nos apercebermos, constantemente a ofender e a ser ofendidos, também constantemente precisamos de perdoar e de pedir perdão. Se a nossa Lei é amar a Deus em tudo e acima de tudo, e ao próximo como a nós mesmos, e se é pecado – ofensa – tudo o que por palavras e obras, acções e omissões vai contra a Lei do Amor, podemos imaginar quantas e quão grandes são as nossas ofensas a Deus e ao próximo e, consequentemente, quanto não precisamos do perdão de Deus e dos outros e os outros do nosso e do de Deus.
Toda a nossa vida é uma vida em relação. Sem ela, não podemos viver nem ser felizes, nem ajudar os outros a viver e a ser felizes também. E se a vida e felicidade humana passa necessariamente pela relação com os outros humanos, o espaço onde se pretende seja mais constante, séria e profunda é o seio da família. E aqui, quanto mais o for no casal, na qualidade de marido e esposa, de pai e mãe, mais o será nos restantes membros da família, filhos ou outros.
A família, “comunidade íntima de vida e de amor”, célula-base da sociedade e “igreja doméstica”, é o espaço privilegiado para a aprendizagem de todo o tipo de relações, familiares e sociais; é a escola insubstituível para o ensino e para a prática de todas as virtudes; é o ambiente, como em nenhum outro, onde se aprende a amar e a ser amado, a perdoar e a ser perdoado.
O perdão, quer da parte de quem o pede, quer da parte de quem o concede, exige uma humildade muito grande e, infelizmente, todos nós somos, por natureza, muito orgulhosos. Excessivamente orgulhosos. Quem vai pedir perdão de uma ofensa que não reconhece ter cometido? Primeiro, tenho de me conhecer e reconhecer pecador, para, depois deste reconhecimento, ter a coragem de pedir perdão. E para uma e outra coisa exige-se muita humildade.
Quanto ao perdão a conceder, Jesus, na oração do Pai Nosso, deixou-nos a medida: “perdoai-nos, assim como nós perdoamos...” Isto quer dizer que só seremos perdoados se perdoarmos, a medida que usarmos é a que será usada para nós.
P. António Belo.
Sem comentários:
Enviar um comentário