CONCLUSÕES
DAS JORNADAS DO IDOSO
3 a 8 de Maio de 1993 – Viana do Castelo
Durante
seis dias, na cidade de Viana do Castelo, através da Direcção do Centro Social
e Paroquial de N.ª Sr.ª de Fátima e com colaboração da Direcção Geral da
Família, Centro Regional de Segurança Social e Administração Regional de Saúde,
foi possível criar espaços e tempos de reflexão sobre a problemática da pessoa
idosa. Estas jornadas que estão integradas no Ano Europeu do Idoso e
Solidariedade entre Gerações, tinham como objectivos:
· Sensibilizar e Formar
para a problemática do idoso.
· Identificar as
necessidades de respostas novas.
· Aceitar e superar as
realidades.
A temática foi amplamente
desenvolvida pelos diversos conferencistas ( João Tavares, Valdemar
Valongueiro, Manuel Afonso, Rui Teixeira, Laura Margarido, Lopes Cardoso, Jorge
Cunha, Anselmo Sousa, etc...
Podemos dizer que os
objectivos foram plenamente alcançados, os quais se consubstanciaram também
pela grande afluência diária de público, pela qualidade das intervenções e pela
oportunidade e vivacidade dos debates que se lhes seguiram, tendo sido notório
a presença de elevado número de jovens.
Em jeito de balanço, a
Comissão Executiva elaborou as principais conclusões que na sessão de
encerramento apresentou de forma telegráfica, de modo a serem de fácil e rápida
memorização e servirem também como pontos de referência e de reflexão e que
passamos a transcrever:
· A População do Distrito de Viana do Castelo continuou
a envelhecer durante a década de oitenta a um ritmo superior ao do País,
apresentando uma percentagem de população idosa superior à média nacional.
Os responsáveis locais e nacionais
deverão ter em conta esta realidade, aquando da programação e dotação de meios
para fazer face à problemática deste grupo etário.
· Deverá ser efectuado, a nível de cada freguesia, um
levantamento das necessidades da população idosa.
· O apoio à pessoa idosa deverá ser articulado entre as
várias instituições e equipamentos sociais existentes. Tais como outros grupos
etários, os idosos têm especificidades próprias, não devendo ser vistas como um
grupo improdutivo e marginal em « fim-de-linha ».
· A pessoa idosa é a consequência natural do
envelhecimento biológico e do facto de estar na vida, podendo por isso ter
algumas limitações físicas, psíquicas e sociais que obrigam a uma atenção
própria e a uma intervenção adequada.
· Os lares, centros de dia e outras instituições são
necessárias como opção de escolha do Idoso, e nunca como forma de rejeição ou
comodidade familiar. Estes e outros equipamentos afins, são ainda insuficientes
para as necessidades do Distrito.
· As Instituições Particulares de Solidariedade Social,
embora apoiadas através de acordos de cooperação, pela sua importância social,
carecem de apoios, nomeadamente a isenção do I.V.A.
· A Família deve ser a referência social do idoso, mesmo
quando internado em lar.
· As Famílias de Acolhimento são um recurso a explorar.
· Deve ser recuperado e incentivado, na medida do
possível, o modelo da família tradicional em que seja possível o encontro de
gerações, a troca de saber, experiências, usos e costumes e, na qual o idoso se
sinta útil e amado
· São necessárias políticas de incentivo e apoio à
habitação, que permita tornar possível o encontro de gerações.
· Os mais novos devem crescer num ambiente em que o
encontro de gerações contribua para estruturar uma postura de aceitação,
compreensão e respeito pela pessoa idosa.
· É necessário estar disponível, saber ouvir e
compreender as especificidades da pessoa idosa.
· A velhice prepara-se na juventude e deve ser encarada
com naturalidade.
· A marginalização, o desenraizamento e o isolamento
social do idoso devem ser prevenidos e contrariados.
· Devem ser estimulados os contactos interpessoais da
pessoa idosa, incentivando-se as «redes de solidariedade informais».
· A pessoa idosa deve sentir-se socialmente activa, na
medida das suas possibilidades físicas, capacidades intelectuais e necessidades
sociais.
· Deve ser incentivada e salvaguardada a mobilidade do
idoso através da adaptação da habitação, dos equipamentos sociais e dos
transportes às necessidades e especificidades da pessoa idosa, tendo as
autarquias uma particular responsabilidade nesta matéria.
· A sensibilidade para a problemática do idoso deve
iniciar-se ao nível da formação de formadores, bem como, incentivar e facilitar
a formação dos trabalhadores voluntários e assalariados com os idosos.
· As políticas de reforma devem prever a possibilidade
do reformado não ter um corte abrupto com o seu trabalho, aplicando-se o
princípio de que « se deve trabalhar enquanto se pode e se quer », sendo
desumano paralisar as pessoas por força da lei.
· A alimentação do idoso deve ser semelhante à da
população em geral, variada e quantitativamente ajustada à sua actividade
física e ao seu estado de saúde.
· O nível civilizacional de uma sociedade mede-se pela
atenção que esta dá aos mais indefesos e desfavorecidos, em especial, crianças
e idosos.
· Não compete aos Estados resolver todos os problemas do
idoso. À sociedade em geral e em particular às Organizações Não Governamentais
cabe um papel fundamental na resolução dos problemas do idoso num espírito de
subsidiariedade.
P’la
Comissão Executiva
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