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domingo, 1 de setembro de 2019

OS DIAS DE MAZAREFES

OS DIAS DE MAZAREFES
A família Dias, na linhagem dos Dias da Conchada, mais antiga que encontramos remonta a 1615, ocasião do casamento de António Dias com Maria Velha.
O António Dias morreu no Brasil em 1693 e deixou dois filhos: o Francisco e o Domingos. O Domingos foi pai de 5 filhos do casamento com Maria Rodrigues em 1640, um deles foi o Domingos que casou com Justa Domingues, de S. Tiago de Aldreu.
O Francisco casou com Isabel Casada e foi pai de 10 filhos. O primogénito, chamado Brás, foi padre e morreu em 1707. Do casamento do Domingos Dias e Justa Domingues, de S. Tiago de Aldreu, nasceu o Manuel Dias que casou com Maria Barbosa, do lugar de Repeidade, filha de José Barbosa (oriundo de Viana, filho de João Borges e de Engrácia João) e Isabel João também do mesmo lugar. Depois de ter ficado viúvo casou segunda vez com Domingas Gonçalves. Do segundo casamento deste Domingos com Domingas Gonçalves, do Ermígio, veio mais um filho, o Domingos que casou também duas vezes.
Do primeiro casamento nasceu o João Rodrigues Dias que casou com Juliana Pereira, de Serreleis e filha de Manuel Afonso, da Areosa e de Maria Pereira, de Serreleis. Deste casamento nasceu João Dias Novo que, em 1810 casou com Antónia Alves Salgueiro, filha de Manuel Alves Salgueiro e Andreza Ribeiro, donos da Casa da Piza, do lugar da Regadia. Também nasceu um outro filho, o António que recebeu a alcunha de “Rei Turco” casado com M.ª Josefa, de Amarante, em1833.
O João Dias, o Conde Velho, teve da sua mulher o Manuel Dias do Monte, o Conde, que veio a casar com Maria Rodrigues de quem teve 5 filhos, o José Dias do Monte, o Conde, que chegou aos nossos dias e casou com Rosa Rodrigues, Pisca, viúva de António Afonso Forte, em 1894. Só teve um filho que emigrou para o Brasil depois de ter casado com uma das marinheiras. Deu cabo da fortuna e veio a morrer na casa de uma sobrinha Bernarda, viúva de Manuel Torre, de Poiares. Uma irmã de José Dias casou para Vila Fria. O João Dias Novo que casou com Teresa Pereira e teve 5 filhos. O João nascido em 1836, saiu para o Brasil, em 1881, com a profissão de lavrador acompanhado do primo António, filho do José Dias e da Jerónima. Tinha, nessa altura em que emigrou 28 anos e saiu também com a mesma profissão do primo. O José Dias e o António Dias foram para o Brasil como referi e lá fizeram fortuna, mas os herdeiros não se habilitaram a ela pelo que a promessa da torre da Senhora das Boas Novas ficou, de algum modo, prejudicada. A Jerónima era irmã do “riquíssimo velho”, isto é, da casa da Marinheira que ganhou a fortuna no Brasil, o Manuel Augusto Fernandes Barbosa. Foi ele que se habilitou aos bens do José Dias e do António Dias engrossando ainda mais a sua riqueza. Este pormenor valeu para que a torre da capela fosse promessa cumprida, salvando-se a honra da família e dos devotos da Senhora das Boas Novas.
Do casal nasceu ainda José Dias, levando consigo como dote apenas uma “tesoura de podar” porque não queriam que casasse com uma parteira, em 1842, a Jerónima Rodrigues da Costa, irmã de 10 irmãos, filha de José Fernandes, da Meadela e de Joana Rodrigues da Costa nascida na “casa do engenho” a uns 40 metros da actual casa de habitação dos "Dias" da Conchada. O pai de Joana era de Ponte de Lima e chamava-se José Barbosa de Amorim e a mãe, também nascida na referida "casa do engenho", chamava-se Maria Rodrigues Costa.
O José Dias foi pai de 7 filhos: O António como já referi, nascido em 1853 saiu para o Brasil com um dos primos; o Francisco casou com Ana Alves, filha de Manuel Rodrigues Vaz (dos Piscos) e de Ana Rosa Alves, de S. Romão do Neiva. A Ana era portanto, da casa do Manuel Xico, da casa do Menana. Na linhagem de Ana Alves podemos dizer que aqui se cruzaram até à 7º geração os Piscos, os d'Eiras e os Calheiros, entre outros. O Francisco Dias vestia normalmente no Inverno capote às costas com barino, isto é, capote comprido e capa com capucho que cobria a cabeça. Era muito habilidoso, picava foucinhas fazia de ferreiro, encavava sacholas e possuía um moinho.
Deste casamento dos moradores na “casa do engenho” nasceram 8 filhos; tendo casado o José e o António, tudo o resto ficou solteiro. Dois deles o Francisco e o Manuel foram padres, párocos em Carreço e Verdoejo, respectivamente.
O Pe. Francisco morreu muito jovem, de doença. A Maria e a Ana acompanharam os irmãos nas Paróquias e a Rosa permaneceu sempre em casa. O António casou com a Ana Oliveira Reis, da Casa da Vila e foi pai de 6 filhos: Ana, casada com José Vieira, de Alvarães e mãe de Joana e José Manuel; Francisco, casado com Maria Flor Pires, de Darque e pai de Paulo Manuel e Maria Judite; José casado com Isabel Pinheiro, (de Viana) e sem filhos; Manuel casado com Piedade Araújo, de Nogueira, e pai de José Carlos; António, solteiro e Rosa Maria, também solteira. A viúva de António Alves Costa Dias (Alves, de S. Romão do Neiva) continua na casa que foi contruída entre 1905 e 1909. A alcunha “ginete” deve ter sido dada pelo “abade velhinho” ao pai de A. Dias por falar bem e, por comparação, dizia: “tu estás outro ginete a falar”.
O José da Costa Dias casou com Ana Vaz, dos Piscos da Capela e não teve filhos. Levou para sua casa um sobrinho do lado da mulher, o José Vaz, que casou com Maria, filha de José e Deolinda Coutinho, do cruzeiro.
O José Dias do Monte, o Conde, chegado aos nossos dias, um dos filhos de Manuel, já referido, casou, em 1894, com Rosa Rodrigues, filha de Francisco Rodrigues, das Boas Novas e de Maria Rodrigues, cruzando também por este lado, com os Piscos, os Carregas e os Carriços.
Há outros Dias. Primeiramente temos os Dias “das Bernardas” que são oriundos também do mesmo João Dias, o Conde, casado com Juliana Pereira, da Repeidade e de Manuel Alves Salgueiro e de Andreza Ribeiro. Deste modo o Manuel Dias do Monte, falecido em 1886, casado com Maria Rodrigues, foi pai de Teresa Rodrigues que, aos 31 anos, casou com António Fernandes da Rocha, filho de José Fernandes da Rocha e de Rosa Maria da Costa, de Vila Fria; ora a filha, Bernarda Rodrigues Dias, casou com Manuel Gonçalves da Torre, alfaiate, de Poiares e, do casamento, só houve filhas pelo que ficaram sempre conhecidas pelas “Bernardas”, designação que ainda hoje se usa. A Bernarda era costureira. Comprava o molho de palha na casa do Zé do Monte a 11.00 e a arroba de batata a 7.00. Embora em outras épocas tivessem sido os parentes pobres, foram com muita dignidade lutando pela vida ao ponto de ser hoje uma família muito honrada; tão honrada como os outros parentes. A Bernarda teve mais um irmão, o António Fernandes da Rocha, também conhecido pela alcunha ”corta pernas” porque a irmã lhe terá dito uma graça que não gostou e atirou-lhe uma foice que lhe cortou uma perna. Casou o seu irmão com (…)
Depois temos os Dias, outros parentes pobres de épocas passadas, conhecidos por Tro(i)nchudas ou Pirralhas. Todos eles vão entroncar no João Dias e Juliana Pereira (de Areosa), moradores na Repeidade. Um filho do João Dias chamado Manuel casou, em 1795, com Custódia Rodrigues de quem teve uma filha Teresa. Esta Teresa casou com José Alves Ferreira, em 1815. Um filho deste casal, o Manuel, casou com Maria Forte, de Ferrais, filha de José Afonso Forte e Maria Rodrigues que, por sua vez, era filha de João Dias e Joana Vieira, de Vila Fria. Seguiu-se depois o casamento de José Alves Ferreira com Marcelina e a filha deste casal, chamada também Marcelina, casou com José Dias. O José Dias era um grande artista e hábil, especialista de carroçarias de tracção animal, particularmente, para cavalo. Lindas e boas rodas coroavam o resto da carcaça também ela de lindos e singulares desenhos ou ornamentos. Nasceu em Vila Fria e casou duas vezes. A sua segunda mulher fez parte do Centro de Dia de Nª Srª de Fátima, em Viana do Castelo e faleceu em 1999.
Do primeiro casamento nasceu um filho, José Dias Júnior que foi guarda-florestal em Orbacém. Casou com Ana Rosa Pires Alves, de Âncora, de quem teve 4 filhos: a Rosa que casou e vive em Abrantes, o José, casado em Orbacém e pai de uma filha, o Fernando casado e a viver em Vila Praia de Âncora, pai de uma filha, tendo ficado na casa de Mazarefes a filha Porfíria casada com Victor Silva e mãe de 2 filhos, o Pedro e a Catarina.
Os Dias não ficam por aqui, há outra linhagem na Conchada que entronca no mesmo ramo em João Dias e Antónia Alves Salgueiro. O filho João Dias Novo, casado com Teresa Pereira Viana, de Vila Fria, em 1834 teve o filho António Dias Novo que veio a casar com Maria Rodrigues Alves. Deste casal nasceu António Dias que, por sua vez, casou com Rosa Malha, tia de Maria Martins Forte (Ferreira), e os pais de quatro filhos: Américo, Manuel, Domingos e Maria. O Américo Alves Dias, conhecido por esteiradas, naturalmente, porque se dedicariam ao artesanato das esteiras com o junco colhido na nossa veiga. Foi enterrador e matador de porcos, veio a casar com Rosa Ferreira ( conhecida por Garrida), de Vila Fria e foi pai de Mercedes, Sofia, Orquídea e Dorinda Ferreira Dias,...
Outra família ligada aos Dias, embora por laços mais longínquos é a dos Caxinas. Os Caxinas vão entroncar no Domingos Rodrigues Carrega, casado com Catarina Rodrigues, em 1750. Este casal teve um filho chamado João que casou com Maria Rodrigues, de Vila Fria, e gerou outra Maria que foi mãe solteira de Teresa, e esta, mãe solteira de Domingos Pereira que veio a casar, em 1870, com Maria da Silva Vieira, de Vila Franca, ambos jornaleiros. O Domingos Pereira foi pai de Joaquina de Jesus da Silva Pereira que, em 1905, casou com António Gonçalves Pires (dos Capareiros) porque os pais eram de Capareiros ( António Gonçalves e Maria Rosa Fernandes Dias).
Este casal foi pai de Manuel Gonçalves Pires que veio a casar com Deolinda Dias Arezes, filha de Domingos Fagundes Arezes, oriundo do Castelo do Neiva, e Emília Dias Alves, de Darque.
Chegou assim aos nossos dias uma família muito estimada e activa como José Dias Gonçalves Pires nascido em 1935 e casado em Anha.
Por fim, os Dias que vieram de Manuel Gonçalves Dias, de Mujães, o capador, casado com uma sobrinha do Abade António Francisco de Matos, Maria de Araújo de Matos, de quem teve 7 filhos, todos casados: A Maria, esposa de João Coutinho de Carvalho e mãe de João Paulo e Carlos Manuel; a Deolinda, esposa de Basílio Azevedo e mãe de Lina Maria; a Piedade esposa de José Avelino Belo de Subportela e mãe de um filho, chamado Paulo César; Rosa, esposa de António Vieira e mãe de Carlos e Victor; Manuel, marido de Rosa Pereira e pai de Susana e Manuel; o Domingos, marido de Maria Natália Costa e pai de Domingos Moisés e Carla Alexandra; Alfredo, marido de Amália Lima da Meadela e pai de três filhos: o Miguel, o Nuno e a Paula.
O Conde
Não apareceu Duque, Marquês, nem alguma razão à primeira vista para haver um Conde. Não teria nada a ver com o “Rei Turco”, alcunha de João Dias (1833). Por “Conde” era conhecido o José Dias do Monte. Era o Zé Dias, o “Conde Velho das barbas” e nasceu na Casa do Conde, assim dizia António da Costa Dias, seu bisneto, e acrescentou que seu avô trouxe, como dote da casa do velho conde, apenas uma tesoura de podar. Ora o Zé Dias do Monte era Conde porque nasceu na Casa do Conde. Pelo vistos o nome veio-lhe da casa. Não faltam por aí topónimos “Conde”, mas não se sabe a que Conde é referido em “Vila do Conde”. No nosso caso aqui tratar-se-ia duma alcunha, outra como o “Rei Turco”!...?
O que chegou até nós é que o Conde era o referido homem, figura vulgar, avermelhado de cara, de média estatura, gordo, de barbas grandes pousadas no meio do largo peito, que casou com Rosa Rodrigues, viúva de António Afonso Forte, pisca ou também xica, rica de lavoura, cheia de campos e de propriedades. E tinha até uma grande adega de vinho bom, “vinho para paridas “, assim se dizia porque era usado para dar às mulheres depois de dar à luz para depressa se robustecerem.
Foi regedor (juiz de paz). Morreu de uma congestão de congro, na casa da sobrinha Bernarda Dias, irmã de António Fernandes da Rocha, aonde, viúvo, se tinha encostado.
O seu único filho, José Dias do Monte Júnior, casou com a Maria “Marinheira” conhecida pela “Paustiça” de quem teve dois filhos: o Zé do Conde, assim conhecido hoje em Vila Franca, o José Barbosa Dias do Monte, para onde casou, e Maria Teresa que casou para Darque, onde morreu.
Conta-se:
O Conde andava um dia na feira de Barroselas a prejudicar o negócio de uma junta de bois em que também estava envolvido o homem da Rosa da Castela, o Manuel Rodrigues de Araújo Coutinho e o “ Manel da Castela”.
Alguns que se sentiram prejudicados deram-lhe uma grande coça e veio a pé de Barroselas indo directamente falar com o Abade António Francisco de Matos, dizendo-lhe: - olhe, Abade, como os seus amigos me puseram...
- E tu o que queres agora daqui?
- Eu queria receber um conselho de amigos.
- Olha, então, vai para casa e não te metas noutra... Senão levas mais...
O filho do velho conde, José Júnior casou com uma marinheira de Subportela, da família dos Canelas. Recebia só à conta dela, doze carros de pão de pensões que os caseiros lhe pagavam, era a “Paustiça” que acabou a vida paupérrima. Foi para o Brasil, em 1925, e vendeu a fortuna toda ao ponto de reduzir a família à pobreza extrema. E desapareceu no Brasil. A mulher “abandalhou-se” e teve mais uma filha que morreu afogada, a Margarida, a outra filha da mulher que já não era de matrimónio, tendo deixado geração.
Aliás, o José Júnior só acabou com a fortuna porque seguiu as pisadas do conde velho, seu pai, pois tinha também vendido a Quinta por 12 contos ao Mandarim ( dos Araújos de Anha). Esta casou com uma tia avó do Camilo Arezes morador em Viana e que era de Castelo do Neiva e irmã de Domingos Fagundes Arezes.
Quando foi para o Brasil, deixou um procurador que se bastou bem, o “o Buxo” de Vila de Punhe. Levou o dinheiro todo à mulher, Maria Teresa da Silva Barbosa, das marinheiras, e nunca mais veio do Brasil, nem se soube dele, enquanto o filho José, agora casado em Vila Franca, “bateu o fado” pela tropa e andou a servir, passando os pecados da vida e o “sobe e desce” de sachola na mão.

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