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sábado, 28 de julho de 2012

Padre há quarenta anos e experiêmcia pastoral de quarenta e um




Padre há quarenta anos
"Sacerdos in eternum", sacerdote para sempre.





Há quarenta anos, fiz este ano, que sou padre, um padre ao serviço da Igreja, Povo de Deus, presidida pelo Papa e pelo Bispo. Esta Igreja povo de Deus formada por todos os que passaram pelo "sangue do cordeiro" através da Pia Batismal e por opções feitas ao longo da vida… é todo o povo de Deus sacerdotes do ministério e os sacerdotes do ministério comum dos fiéis, isto é, todos os leigos. O meu sacerdócio ao serviço da fé sob a orientação do Bispo e do Santo Padre ao longo destes anos tem-me feito um homem feliz, apesar de muitas dificuldades e contrariedades que fui tendo ao longo dos tempos.

Sempre me agarrei Àquele a quem sirvo, desde Balazar, da Casa dos Rapazes, das 4 paróquias da Serra d’Arga e depois nesta cidade onde me encontro agora desde acerca de 34 anos.

Nem tudo foi tão bom como queria, mas com aqueles com quem trabalhei sempre senti o carinho, a compreensão, a tolerância tanto nos meus defeitos como nas virtudes que não são tantas como deviam, mas maiores os defeitos, um deles talvez estar a tornar pública esta reflexão pessoal.

Alguns me condenam por palavras, obras e infâmias, mas isso não é importante porque Cristo também, apesar de não ter pecado, mataram-no. E não é maior o discípulo que o Mestre…

A minha felicidade vem do que fiz até agora tanto em obra social, como em obras materiais e espirituais, não só nesta Paróquia como por onde passei. Ainda hoje encontro gente de Balazar que me procura, como da Serra d’Arga, como de homens que foram rapazes na Casa dos Rapazes do meu tempo, seja para me ver, como para me dar trabalho, pois sempre estou para servir.

Ainda esta semana me apareceu uma senhora de uma aldeia deste concelho que me veio trazer uma lembrança em dinheiro para ajudar a obra da Igreja. Não a conhecia. Passei recibo e pedi morada... Ela vira-se para mim e diz-me: "- Senhor Padre, já não se lembra de mim. - De facto não me lembra. - Mas olhe esta lembrança é para lhe agradecer um favor que me fez há muitos anos. Lembra-se da… - Recordo algo!... E acredito porque sempre procuro dar a mão, mas tudo me esquece de seguida.

Há pessoas que ao conhecerem as dificuldades neste tempo de crise em construir uma Igreja aparecem-me agora para agradecer, ajudando-me e ajudando a Comunidade à qual presido.

Esta gratidão é impagável por muitas coisas que fiz ao longo destes 40 anos, quadragésimo aniversário, da minha vida sacerdotal.

Ao mesmo tempo aparece o contrário, mas esqueço completamente algo que possa fazer ao outro e, por isso, alguns não correspondem generosamente à gratidão, talvez não compreenderão os meus atos mas é coisa que não posso registar nem em papel, nem no coração.

Fazer 40 anos de sacerdote depois de um ano de pastoral, na qualidade de diácono e de tanta obra social, de ter restaurado 3 capelas e 4 igrejas na Serra d’Arga com o equipamento da Igreja nova de Dem e estar agora com a Comunidade à que presido com uma dívida de um milhão de euros, não me desanima, mas tenho de parar enquanto não arranjar a pagar o que devemos…

Continuo a ter esperança que obras de Deus são sempre concretizadas, seja com um cálice de vidro que pode partir, quer seja com um cálice pesado de ouro e com tantas pedras brilhantes e reluzentes que não parte, mas não é mais eficaz no altar que o outro de vidro. Então não somos todos vasos de barro e Cristo não se fez um de nós?

Enquanto o Bispo da Diocese precisar de mim aqui, aqui estarei, quando entender pode-me pedir outra coisa desde que a minha saúde o permita. Como muitos dos meus paroquianos, mas eles são criaturas de Deus e não minhas, por isso, por algum motivo, ainda que seja pela minha morte, um dia os terei de deixar. A minha pátria não é deste mundo.

Durante estes 40 anos sempre procurei dar cumprimento às diretrizes do Evangelho, da Igreja e do Concílio Vaticano II.

Em 2009 Bento XVI declarou o Ano do Sacerdócio e foi tão oportuno que me obrigou a refletir, a avivar e aprofundar o estado clerical e laical que, a pouco e pouco, se vão refazendo na vida, pois não é num só ano, nestas coisas, que aí veremos os frutos.

Reconheço que, retirado de entre o sacerdócio comum dos fiéis, fui constituído a favor do próximo para criar a fraternidade entre toda a obra da criação convivendo com o mundo que espera sempre a boa nova, o sacramento, a pastoral da dinâmica criativa para vivências realistas e existenciais capazes de a todos nos fazer felizes.

Senhor, dá-me capacidade e discernimento para poder continuar a trabalhar!…

Pe. Artur Coutinho

1 comentário:

marmol disse...

Muito bonito este testemunho.
Apreciei.