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domingo, 14 de julho de 2019

40 anos de diocese e a gratidão


Uma vida feliz só vale quando é feita de Gratidão
Sonhei que estava com inúmeras pessoas felizes, alegres com muito movimento, dinâmica, muita festa. Afinal era uma diocese, com o Bispo, colegas e leigos a celebrar o ano da gratidão. Estava a passar um filme no meu inconsciente tão forte que me acordou e observei que não sonhava. Afinal até era verdade.
Era uma realidade e, acordado, me perguntei a mim mesmo se eu próprio estaria a celebrar a gratidão, esse tesouro das pessoas humildes que lembram com felicidade o passado, com alegria e mais alegres com o presente sempre apostados na luta por um futuro com coragem e sem medo, com uma memória larga e não tão curta que depressa passa e esquece. Se a gratidão é um acto nobre, ela é também fruto de uma cultura, não muito vulgar porque não há nada mais belo na vida que a gratidão. Não é algo que se possa escrever no chão, no pó da terra, nem no vento, nem na água, nem em qualquer material consistente, tem de ser escrita e, sobretudo, vivida e gravada no coração.
Quem não é grato tem sempre motivos para explicar o inexplicável, pois não compreende que quem agradece um dom está a pagar a primeira prestação de uma dívida impagável. Por isso também não é desejado e, pelos outros, desprezados. É um ingrato. Não quero passar por isso e tenho falhado. A quem se encontrar magoado por mim, peço perdão e gostaria que mo dissesse para que me corrija.
Neste ano jubilar de 40 anos de Diocese seja uma oportunidade de expressões sublimes com palavras e gestos, ou atitudes, em relação aos nossos antepassados, aos nossos contemporâneos com quem vivemos e trabalhamos pela fidelidade à Comunhão, à Unidade sem esperarmos outra recompensa a não ser a d’Aquele que nos permite viver estes momentos de felicidade e amor.
Adormeci.
Quando pela manhã acordei, descobri que tinha passado por um grande silêncio por causa dos que falam, falam, e falam alto que até me remeti ao silêncio, como refúgio, como aqueles que também se refugiam na tolerância por causa dos intolerantes.
E agradeci a noite a Deus… Continuei a rezar, como de costume! Orar é fazer comunhão.
Não merecíamos nada, mas através de Jesus temos tudo! Todos os dias são dias em que devemos dizer "Obrigado oh meu Deus, muito obrigado!...”.
Ou como diz o salmista: Como é bom dar graças ao Senhor e cantar os seus louvores ao nome do Altíssimo; e anunciar de manhã o seu amor leal e de noite a sua fidelidade. Sl. 92.
Este é o dia em que o Senhor fez; alegremo-nos e exultemos neste dia. Sl.118
Que a nossa gratidão não azede como a comida que se estraga, ou como o vinho destapado. Era boa, mas deixámo-la estragar porque a esquecemos. Quando a gratidão é consciente e responsável a sua a memória está no coração. Nunca esquece, azeda, ou fragiliza porque será sempre uma memória que não arrasta consigo remorsos, como aqueles que, depois da morte, vão oferecer flores aos mortos porque, em vida, nunca foram gratos, ou tão gratos como deviam em relação aos benefícios recebidos. Lá estou eu a divagar!... Então não posso oferecer uma flor aos que morreram e tenho saudades? Claro que sim, sobretudo, se são frutos da memória do coração que amou e continua a amar com palavras e atitudes de oração. E a flor pode ser uma dessas expressões.
Estamos todos em festa e desde os primórdios do cristianismo nesta região até hoje temos muito que agradecer a mortos e vivos o facto de sermos uma diocese a celebrar 40 anos.
Padre Artur Coutinho

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