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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Deus Amor,espantalho,esterqueira,estrumeira,Armindo Cavaleiro,Augusto Sá,António Alves,Rocha Soares

Deus Caritas Est
Deus É Amor

Nesta época de globalização em que tanto se fala e se procura viver, tudo circula por todo o Globo em fracções de segundo, o bem e o mal.
Vê-se que é muito fácil descobrir-se o sensacionalismo do mal, de tudo o que é negativo e as coisas boas, as coisas positivas, os meios de Comunicação Social parecem que os relegam porque esses não lhes dão dinheiro; não é assunto de interesse do público.
Ora apesar de tudo andamos enganados porque uma das coisas que são mais globais na humanidade é a Eucaristia de um lado ao outro do mundo, a qualquer hora do dia ou da noite em Igrejas mais nobres ou em capelas improvisadas, ou ao ar livre, em grandes assembleias ou em pequenos grupos, com gente de todas as idades, raças, línguas com mais ou menos silêncio celebra-se a Ceia do Senhor.
Não será isto maravilhoso? Não ajudará à unificação e a globalização?
A Eucaristia inspira-nos e fecunda os nossos esforços de amor, de libertação; anima-nos, purifica-nos e fortalece-nos o empenho em construir um mundo mais digno, mais livre e mais fraterno.
“Só uma Igreja consagrada ao Senhor pode salvar e difundir pela Terra os valores da dignidade, da liberdade, da unidade fraterna, bem como outros frutos excelentes da natureza e da actividade humanas”.
Não vamos a lado nenhum, enquanto cada um pensar que Deus é amor só para si. Assim pensavam os judeus e enganaram-se… até os sacerdotes e os sumos sacerdotes!...
Há que voltar às origens! Os Actos dos Apóstolos deviam ser o nosso guia assim como a Encíclica de Bento XVI.


Espantalho

O espantalho como um boneco de chapéu e feito de roupas velhas a parecer o que não é de facto, nem um palhaço colocado no meio das hortas com o objectivo de espantar os pássaros porque parece, mas não é um homem. Deve ser algo de muito ancestral e conhecido em todas as culturas. É como um manequim apalhaçado ou um estafermo que mete medo, de noite, mesmo às pessoas menos avisadas ou preparadas.

A Esterqueira

Normalmente a esterqueira era outra coisa. Era um estrume mais pobre. Era um local onde eram despejadas as águas de lavagens da cozinha, louças, gamelas, potes, mas também as águas da lavagem das casas.
Esse fazia outro estrume mais fraco que, normalmente, era lançado por cima das terras. Nesse estrume não havia necessariamente fermentações, daí não dar aquele cheiro tão azotado ou tão putrefacto. Também se expunha como o do quinteiro ao ar livre e exposto às chuvas e águas correntes.
Toda a espécie de esterco ali ia parar.
As fossas vieram mais tarde para fazer descargas não só das águas sujas, do despejo dos penicos, vasos com asa que serviam em cada quarto para de noite alguém fazer as suas necessidades fisiológicas, sobretudo, urinar.

A Estrumeira
Esta era feita de estrume, isto é, excrementos (esterco de porco no mais sentido remoto da palavra) de animais,sobretudo, e outros monelhos de farrapos,plantas,como mato,palhas,ou rossos das veigas, águas sujas,urinas...
A estrumeira acabava por ser o local onde o gado comia e dormia e aí fazia as suas necessidades fisiológicos sobre o mato, ou rosso das veigas, palha, restos suas próprias comidas.
Nas casas onde havia já a retrete, normalmente, esta já estava ligada à corte do gado, era mais a juntar ao estrume dos animais que depois de uma certa fermentação serviria de adubo natural para as terras.
Era assim que o lavrador com adubos naturais, fertilizantes e orgânicos, com odores apropriados conforme as suas fermentações, se defendia e se protegia para a semente desenvolver melhor como o milho, o centeio, feijão, vinha, horta, a aveia, a melância, o melão, a batata, a cebola, isto é, toda a agricultura que este resolvesse dedicar-se.
A estrumeira era assim algo que fazia parte da casa do lavrador. Se a casa fosse de dois pisos porque se fosse de um piso, isto é, uma rez do chão, a estrumeira ficava-lhes ao lado, normalmente, da cozinha aberta para a corte e que do mesmo modo lhe servia de aquecimento para a casa.
Onde não houvesse retrete iam à horta.

Augusto Sá de família honrada


Augusto Fernandes de Sá, nasceu a 14 de Setembro de 1928, filho de Manuel Fernandes de Sá e de Profetina Meira, em Vila Nova de Anha. Os seus pais tiveram outros filhos a saber: O Manuel, casado, carpinteiro, pai de 4 mulheres e 2 homens. O José casado, carpinteiro, sem geração e esteve em Lourenço Marques; Amadeu, casado, carpinteiro, pai de 3 homens e uma mulher; o Augusto, ele próprio pela ordem decrescente, casado, e com 2 homens; o António, casado, carpinteiro, esteve também em Lourenço Marques, pai de duas mulheres e um homem; e Maria das Dores ( meia irmã destes, de um segundo casamento do pai) casada, professora aposentada e com geração.
Já faleceram o Manuel, o José e o António. Vive na Areosa, o Amadeu. Aqui, na Paróquia, em casa própria à rua da Bandeira, o Augusto, e a Maria das Dores, também em Stª Maria Maior casada com Alípio, bancário aposentado, uns amigos aqui desta Comunidade embora sejam da Paróquia da Sé.
O José Manuel, licenciado em Economia,Finanças e Contabilidade, casado, e pai de um filho é membro da Comissão Fabriqueira ou Fábrica Igreja Paroquial de Nª Sra de Fátima e o César que vai defender tese brevemente de Doutoramento em Ciências de Educação, casado e pai de duas filhas, são filhos de Augusto.
O Augusto fez sociedade com o Amadeu e o Manuel fundando em 1966 a Carpintaria Sadarque que durou até 1999.
Encerrada em Darque, voltou a abrir a sociedade à Rua Grande que fechou em 1990 e abrindo, a partir daí, à Rua dos Manjovos, o Augusto outra oficina que fechou há pouco, reformando-se.
Uma família de Carpinteiros, mas ao contrário do que se costuma dizer “filho de peixe sabe nadar” parece que as gerações não lhes seguiram os passos, pois muitos filhos, mas muitas outras e diversificadas vocações desde as mais simples às mais de maior nível cultural.
A obra de Augusto fica marcada também no mobiliário da Paróquia de Nosso Senhora de Fátima.
Para além disso o Augusto trabalhou 17 anos nas comissões de Festas de Nª Sra. da Agonia, é sócio do SCV e foi dirigente A. do Futebol de Viana e vitalício da Federação Portuguesa de Futebol, o nº 14.046. É sócio de várias associações culturais e desportivas e humanitárias.
Agora, em idade de reforma, faz companhia à sua esposa Ondina Araújo Leitão, modista,com quem casou em 1953, na Matriz, a mãe dos seus referidos filhos.Nesta altura, encontra-se convalescente de uma cirurgia cardíaca a qu se teve de sujeitar.


António Parente Alves

António Alves, não se confunde com o Pintor Vianense, António Alves, este nasceu em Serreleis, no Concelho de Viana do Castelo, em 22.06.1928, filho de João Rodrigues Alves e de Rosa Parente Ramos, lavradores e caseiros do Dr. Rocha Coelho.
Frequentou a Escola de Serreleis, até à 4º classe e parou não só porque não havia muito dinheiro, mas também porque gostava mais de trabalho prático pelo que começou a trabalhar nas Pedreiras a levar e a trazer picos, isto é, toda a ferramenta para os pedreiros prepararem e os canteiros poderem trabalhar, até aos 16 anos.
Aos 16 anos foi trabalhar na Escola de Arga de Baixo como canteiro ajudante em plena Serra d’Arga. Ia à segunda-feira e regressava ao sábado, de mochila às costas com a comida para a semana. Dali de Arga, foi fazer uma casa para os Duques de Ávila, em Soutelo, junto ao Rio e perto da Senhora da Cabeça.
Mais duro trabalho viria a seguir quando foi para os túneis do Lindoso, onde morreu gente ao fazer os arcos em pedra.
Um irmão que esteve em Lisboa chamou-o para i trabalhar para lá, para a Empresa Carlos Eduardo Rodrigues, trabalhou nas obras de trolha.
Aos 27 anos foi trabalhar para os Caminhos de Ferro e em Stª Marta de Portuzelo em 1956, casou com uma prima, Maria Parente Marques, que lhe deu dois filhos a saber: Rosa Maria e o Rui Manuel.
A Rosa Maria casou e tem dois filhos e o Rui, solteiro faleceu de acidente.
Em 1966 resolveu ir sozinho para Praça e mais tarde com os filhos já crescidos levou-os com a esposa, donde regressou quando chegou à aposentação antecipada devido a um acidente que o incapacita do trabalho que fazia quando trabalhava com 2 sócios há 11 anos de empreitada.
Comprou casa na Rua da Bandeira, 558, onde vive com sua mulher. De vez em quando vai até à França e também recebe cá a filha, o genro e os netos em férias.
Gosta muito de passar o tempo no quintal, sala de convívio e andar a pé.
Tem algumas saudades de França, mas aqui na terra, onde nasceu não sente pior.
Tem muita devoção à Senhora de Fátima, mas ainda não se sente bem integrado na Comunidade Paroquial. Tem dado as suas ofertas, faz a sua prática religiosa, mas não tem prestado outros serviços porque tem pouca paciência…
De facto o Senhor Alves no princípio já me interpelou várias vezes por algumas situações físicas na Igreja; uma ou outra foi corrigida e mostrou-se sempre atento, mas nunca foi muito além, embora não faltasse quem lhe dissesse algo para o chamar, mas sempre vi nele uma pessoa integra, de boa moral, de muita honra e mérito que o Pe. Cunha Viana o quis arrastar para o Seminário quando era criança. Não foi!... Mas não deixou de ter uma vida feliz e de ser uma pessoa completamente realizada e acrescenta: “Podia ter vocação!, mas…”


Uma Casa Antiga (I)

Desde o ar livre, a vida nómada , às cavernas trogloditas, às cabanas de colmo, madeira, às casarolas de pedra, sob as árvores ou de madeira sobre as águas (habitações lacustres) chegamos àquilo que vemos e gozamos a vida em casas com outro conforto e comodidade...muito se andou e não sabemos se depois de passarmos todos por uma vida sedentária, iremos parar a outro planeta e voltamos ao nomadismo.
Hoje gostava de lembrar como eram as casas nas aldeias há 50 e mais anos.
Era quase vizinha da casa onde nasci. Quando fugia aos meus avós, aos Domingos, lá ia eu parar naquela casa, onde era sempre recebido com carinho pelos seus velhos donos, que recordo com saudade e que Deus lá tem, como pelos seus filhos que sempre tinham algo para me darem, (não é que eu precisasse), mas era a simpatia que tinham para comigo como criança. Recordo-os a todos com saudade, mas sobretudo os velhotes que os via já como bisavós...Numa das casas mais antigas da minha terra era assim: normalmente era apenas de rés-do-chão, eram as barracas de madeira ou de pedra. No caso que conheci era de pedra.
Entrava-se directamente para a sala, os quartos ficavam com as portas abertas para a sala ou para o corredor e, num dos lados, era a entrada para a cozinha. A cozinha ficava aberta para o eido, o habitat das vacas e dos bois que no inverno faziam o “aquecimento central” da casa. Portas abertas e lá vinha o calor dos animais juntos, assim como, o respectivo odor próprio do habitat em causa. O WC ficava num canto da corte dos animais ou no meio da horta.
As casas que tinham primeiro e segundo piso já lhe chamavam “torres” por serem mais altas. Aqui o habitat dos animais ficava por baixo da casa assoalhada e continuava o mesmo sistema de aquecimento, ou por baixo dos quartos ou das salas. Por baixo das cozinhas ficavam muitas vezes a adega, ou o armazém que fornecia a casa durante o ano com o presunto, os chouriços, o milho, o centeio, o vinho, o vinagre e, enfim, tudo que não era possível ter já dentro de casa.
Nessas casas, a retrete ou casinha era muitas vezes na horta. Na minha terra já existiam as retretes que em forma de prisma quadrangular e uma abertura circular de que as pessoas se serviam para as suas necessidades fisicológicas de emergência. Havia o tampo circular à medida para tapar o buraco e evitar cheiros esquesitos.
Não era muito cómodo sobretudo no tempo de ventania!...A essa retrete também lhe chamavam a “casinha” porque era só para aquilo, num canto da casa e sobre o habitat dos animais. Era apenas 1 metro mais ou menos.
Não havia papel higiénico, pelo que se recorria ao papel do jornal ou outro que se trouxesse da mercearia com o café, o açúcar ou outros produtos.
O banho era feito de acento, isto é, num alguidar ou numa banheira feita de zinco ou de “folha de flandres” onde se deitava água quente e aí era lavado tudo. Começava-se pela cabeça, pela cara, pelas mãos, mas depois havia que se acentar lá e lavar o resto conforme se podia as costas, o peito e as partes mais íntimas para lavar as coxas, as pernas e os pés...enfim era a época!... Depois apareceram as banheiras maiores de acento de encosto e mais tarde os banhos de chuveiro em baldes-regadores dependurados, enfim, com o tempo tudo mudou, sobretudo com o aparecimento da luz eléctrica nas terras do interior. Em Mazarefes a luz eléctrica foi inaugurada em 1958.
Até aí, uma ou outra casa, tinha rádio de bateria. Também só três famílias tinham carro automóvel.
Foi a partir daí que a maioria das casas já tinham o seu rádio, até aí nem todos tinham rádio. Hoje todos têm uma televisão e, quem não a tiver, pode-se considerar, que é um pobre.
Todos têm máquina fotográfica, de filmar, etc, etc...e não há casa que não tenha um carro ou mais do que um.
Bom, mas as casas antigas não ficavam por aí...
Normalmente tinham já dois pisos. Por baixo os animais e por cima a gente, eram de forma quadrangular ou rectangular as melhores casas: uma cozinha, um corredor com 2 quartos, ou mais um quarto aberto ou dois para a sala. O lugar de honra de qualquer casa era a sala, onde normalmente havia um oratório, onde se recebiam os amigos, as visitas, o compasso pascal, onde se acendia uma velinha em dia de trovoada, ou de grande vendeval, tempestade, etc... Havia casas com varanda e sem varanda... E o que mais perto estava junto da casa era a esterqueira, a estrumeira, a fossa, o poço, a eira, o espigueiro ou o sequeiro que fica para depois.
Na cozinha, cozinhava-se e comia-se. Os criados comiam, normalmente,por trás da porta, o que não acontecia na minha casa, pois todos comiam à mesma mesa, a mesma comida e à mesma hora, pois era um ponto de honra dos meus avós paternos que tinam duas criadas e um criado.
Não queria para aqui descrever uma “casa portuguesa” porque normalmente eram todas semelhantes mais ou menos, mas quem quiser ir mais longe e conhecer melhor a casa e o espírito, a alma leia o nosso clássico Camilo Castelo Branco ou a procura na canção “Uma Casa Portuguesa” de Reinaldo Ferreira.
A.Viana

CASA ANTIGA (II)
A loja era o local da adega e da salgadeira. Sítio onde era guardado o vinho, a aguardente, a jeropiga e a salgadeira normalmente de pedra. A salgadeira era o meio de conservação das carnes de porco, da matança, naquele tempo, através do sal.
Aí se dependuravam os presuntos depois de terem passado pelo fumeiro e os chouriços, às vezes eram guardadas em azeite, outra forma de conservação.
Não havia frigoríficos ou arcas congeladoras.
Naturalmente o homem descobria meios naturais para poderem conservar a carne de um ou dois porcos que, matavam por casa para se servirem das suas carnes durante todo o ano.
Os porcos eram alimentados com restos de comida da casa e com couves escaldadas e farinha com água quente. Era a lavadura.
O quinteiro era uma quintinha. Anexo à casa ou entre este e o resto da quinta que em algumas regiões lhe chamava “lugar da casa”. Aí no Quinteiro soltavam-se os bois ou as vacas para apanhar ar, mas sobretudo, os porcos que também viviam debaixo da casa ou tinham a pocilga no próprio quinteiro e para eles não fossarem era-lhes metido uma arganel de arame com pontas para os aleijar caso eles tentassem fossar.
No quinteiro existia mais a pia alta para dar de beber aos bois e o amontoado de mato ou rosso que durante o Inverno ia servir para fazer a cama aos animais.
O quinteiro servia também por vezes, para lançar o esterco, isto é, para servir de esterqueira.
Na quinta ou no “lugar” sempre havia uma horta ou outra plantação que, para afugentar os pássaros, o lavrador inventou os espanta-pássaros, isto é, o espantalho, com uma cruz de madeira um chapéu, palha para fazer de corpo enfiada nas calças e um casaco velho e o pau espetado no chão. Os pássaros fugiam. Tinham medo do palhaço.
Que mais tarde foi evoluindo para o moinho de vento e outras técnicas. Hoje outras mais sofisticadas, mas naturalmente mais prejudiciais aos animais.
Vasos com salas de plantas ou flores enfeitavam as casas, as varandas, as escadas, os canteiros…
A Casa do Forno era um anexo muito importante na casa do lavrador. Havia lavradores que coziam duas rasas de pão para 15 dias (milho e centeio).
Havia casas que tinham o forno na própria cozinha, mas um ou outra tinha mesmo como anexo a Casa do Forno onde cozia pão para mais gente, mais rasas de milho e centeio.
A Casa de Cirugião de Mazarefes tinha um forno, onde cozinha 12 rasas de milho porque era da família do Abade Matos, pároco da terra e este tinha um Albergue a quem dava pousada a pobres, a indigentes, e até a peregrinos de S. Tiago e a quem distribuía ou lhes dava pão que a família cozia. Hoje, no lugar desse forno, esta um lagar de vinho.
Na casa dos meus avós e trisavós paterno-maternos havia a Casa do forno cm 2 fornos, não sei qual a razão. Só sei que o tio-trisavô pelo lado do meu pai e sua mãe era solteiro e com o seu irmão meu trisavô era muito rico. Seria cozinhado pão para dar aos pobres?
Normalmente havia a esterqueira era outra coisa que era outra parte. Era um estrume mais pobre. Era um local onde eram despejadas as águas de lavagens da cozinha, louças, gamelas, potes, mas também as águas da lavagem das casas.
Esse fazia outro estrume mais fraco que, normalmente, era lançado por cima das terras. Nesse estrume não havia necessariamente fermentações, daí não dar aquele cheiro tão azotado ou tão putrefacto. Também se expunha como o do quinteiro ao ar livre e às chuvas e águas correntes.
Toda a espécie de esterco ali ia parar.
As fossas vieram mais tarde para fazer descargas não só das águas sujas, do despejo dos penicos, vasos com asa que serviam em cada quarto para de noite alguém fazer as suas necessidades fisiológicas, sobretudo, urinar.
A estrumadeira era feita de estrume, isto é, excrementos (esterco de porco no mais sentido remoto da palavra) de animais,sobretudo, e outros monelhos de farrapos,plantas,como mato,palhas,ou rossos das veigas, águas sujas,urinas...
A estrumeira acabava por ser o local onde o gado comia e dormia e aí fazia as suas necessidades fisiológicos sobre o mato, ou rosso das veigas, palha, restos das suas próprias comidas.
Nas casas onde havia já a retrete, normalmente, esta já estava ligada à corte do gado, era mais a juntar ao estrume dos animais que depois de uma certa fermentação serviria de adubo natural para as terras.
Era assim que o lavrador com adubos naturais, fertilizantes e orgânicos, com odores apropriados nforme as suas fermentações, se defendia e se protegia para a semente desenvolver melhor como o milho, o centeio, feijão, vinha, horta, a aveia, a melância, o melão, a batata, a cebola, isto é, toda a agricultura que este resolvesse dedicar-se.
A estrumeira era assim algo que fazia parte da casa do lavrador. Se a casa fosse de dois pisos porque se fosse de um piso, isto é, uma rez do chão, a estrumeira ficava-lhes ao lado, normalmente, da cozinha aberta para a corte e que do mesmo modo lhe servia de aquecimento para a casa. Onde não houvesse retrete iam à horta.
(Continua)A. V.

Casa Antiga (III)
O coberto do lagar do vinho com a prensa, a pia e esmagadeira.
O esmagadeira esmagava as uvas que chegavam dos campos em dornas que os bois puxavam no carro e descarradas as uvas, lançadas às gamelas na masgadeira iam para o lagar.
Mais tarde antes de começar a fervura, iam os homens pisar o resto que a esmagadeira não moesse bem para dar mais cor ao vinho. Depois de bem fervido, mexido e remexido para ferver mais era tirado o vinho para os tonéis. Ficava o brolho no lagar.
Esse era prensado, da prensa o vinho que saía para a pia era aproveitado para os tonéis.
Quem queria fazer um vinho mais para gastar na família, o chamado, água-pé, deixava algum brolho por espremer, deitavam água e iam vindimar mais dois “claros” de uvas, isto é, o espaço entre 4 esteios da latada deixados de propósito para isso.
Para serem esmagadas e lançadas no lagar afim de ajudar à fermentação da água e do brolho que estavam no lagar donde vinha a famosa água-pé que normalmente toda a gente podia beber depois dos primeiros frios de Inverno e pesava mais ou menos 4º graus.
Ainda hoje é desejada, mas também como tinha pouca graduação facilmente se estragava com o calor.
Outro era o coberto das palhas ou de lenhas para quem não tivesse “Casa da Lenha”, mas sobretudo era o coberto para desfolhar o milho para guardar as espigas ou as palhas das chuvas.
As grandes desfolhadas normalmente eram feitas ao ar livre, mas também acontecia que com bom ou grande coberto dava para tudo e aí tudo se desenrolava até na maior das galhofas das desfolhadas.
A procura do “milho rei” ,da espiga vermelha e a brincar, a cantar e a dizer chalhaças uns aos outros, o tempo corria veloz enquanto ficava a desfolhada terminada e se ia para uma pequena confraternização final à volta de uma sardinhada, de uma bacalhoada, do que o patrão da casa tivesse mais à mão ou tivesse mais posses porque esses acontecimentos eram sempre ocasião de grande solidariedade mútua.
Eram os vizinhos, os amigos, os familiares e tudo se fazia depressa…
Mas o lavrador tinha também a seu cuidado as galinhas, galos, perus e outros animais de bico o lavrador os criava. Era fonte de alimentação. O melhor galo era para a maior festa do ano, ou o melhor peru: A festa da Padroeira!... A festa da Páscoa! O Natal!
O galinheiro era um local normalmente circundado por uma rede e lá dentro havia o capoeiro onde dormiam as galinhas ou os galos. Outras vezes o capoeiro era ainda fora do galinheiro e, noutro sítio, como no quinteiro.
O galinheiro era também um sítio muito próximo da casa, o sítio, do galinheiro ou capoeiro por causa de serem bem guardados pela noite dos bichos da noite, da doninha, da raposa... e também do amigo do alheio e da noite!...
Também não havia lavrador sem uma casota para o fiel amigo, o cão. Quando não a tivesse, serviria o baixo do ou dos espigueiros com algum resguardo.
Não era o melhor local, pois cão e gato não se dão bem. E os gatos eram animais queridos, mas quando o cão estava junto ao espigueiro era difícil o gato andar por lá atrás dos ratos. Normalmente era local propício à criação destes bichinhos, isto é, dos ratos.
É que o cão quando era muito bravo estava preso à corrente. Só de noite o soltavam para percorrer todo “o lugar”, isto é, o quintal; ele sabia bem quais eram os seus domínios… e pôr o pé em terra alheia era perigoso, pelo menos, chamava logo pelo patrão.
Falar de uma casa de campo, da casa do lavrador dos meados do século passado sem espigueiro é como falar de uma casa não de lavrador, mas de “cabaneiro”. Era uma estrura normalmente de pedra ou madeira com fissuras laterais para entrar o vento, o ar, e evitar, ao mesmo tempo, a entrada de roedores, construidos mais altos sobre colunas que, no cimo, formam um beirado saliente para impedir a subida dos referidos ratos.
É que o lavrador, sobretudo, cultivava o milho, e as espigas exigiam o sequeiro , o canastro, ou caniço que era um anexo à casa donde muitas vezes se passava directamente da casa de 2 pisos para ele ou então era afastado de casa, mas anexo à eira e eram sempre um ou dois espigueiros. Se a arquitectura de uma casa era mais ou menos semelhante da região para região, já não era bem assim quanto ao espigueiro.
Verifique as fotografias e verá uma diferença muito grande.
Quem for à Serra d’Arga admira-se. Já o mostrei no local a um arquitecto que ficou abanzado por ver que a construção arquitectónica, as linhas de força, de segurança saíam completamente fora das normas que se usam agora, mas como eles as utilizavam no séc. XVIII e como os espigueiros se mantinham de pé, nem darem sinal de fraqueza apesar da idade e das intempéries pelos quais já passaram. É impressionante!... A sabedoria popular tem muito que se lhe diga!



Maria das Dores Pires aposentada há muitos anos
.
D. Maria das Dores Pires, há muito tempo, pelo nome, algumas pessoas são capazes de não chegar lá, mas o que é certo é que viveu com seus pais muitos anos à rua da Bandeira, 35 depois de 43 anos de serviço público prestado no notariado de Viana do Castelo, tendo chegado ao máximo da carreira e reformada em 1993.
A Maria das Dores, nasceu em Vila Nova de Cerveira, filha de Gonçalo Maria Pires, Polícia de Segurança Pública e de Eduartina Senhorães, o seu pai era conhecido pelo “Pires” e o “32” do Comando Geral. Recebeu o pai três medalhas de condecoração- ouro,prata e bronze. Era bom homem. A mãe era oriunda de Espanha, pois os seu avô materno tinha fugido à guerra de Espanha e era de junto de Santiago de Compostela, Manuel Francisco Senhorães. O seu avô era construtor civil e o seu avô era construtor de obras públicas.
A Maria das Dores estudou n Colégio de S. José, em Ponte de Lima e nos Arcos (1 ano) acabando depois no Colégio do Minho onde fez o 7º ano.
Empregou-se no Notariado onde trabalhou toda a sua vida fazendo lá carreira.
Os seu pais tiveram 3 filhos: o Eduardo, casado e com geração; a Maria das Dores, solteira e sem geração; a Camila que morreu aos 18 anos de idade.
A Maria das Dores afinal deixou a rua da Bandeira para viver numa casa mais confortável com a família que ela já tinha adoptado há muitos anos, a Maria da Luz Campos Costa que vive com ela desde os 11 anos e veio a casar com o José luciano Costa que o considera como um bom genro e que lhe deu seus dois netos, assim os considera ela a Catarina e o Miguel Augusto, ambos a estudar. Note-se que o Luciano tem sido um bom colaborador para a obra da Paróquia. Trabalha de condutor manobrador de máquinas pesadas na Tricívil S. A. e, por exemplo, já para não falar dos livros que vendeu, deve andar à beiora das 150 medalhas da obra vendidas. Isto é digno de registo, mas juntando os livros!?... Se cada paroquiano no seu trabalho, no seu meio, na sua terra, entre os seus amigos e familiares levassem as coisas mais a sério já teríamos o dinheiro todo para a obra.Parabéns! Apareçam mais amigos como este e até muitas pessoas mais velhas e que já não podem ficariam mais honradas e sentiriam orgulho pelos filhos ou genros, ou netos que tem à sua volta.


Abcessos- cebola assada sobre o mal, ou argila; Afta-passar mel ou carne verde crua; Alergias-Chã de pinheiro; Ameba-Chã de semente de alho; Anemia-suco de cenoura; Ansiedade-Chã de Valeriana (erva de gato); Apendicite-chã de raiz de meliça; Asma-chã de alho, chã da semente de girassol; Asma-Chã de pela (camisa) de cobra; Avivar a voz-Chã de flor de sabugueiro; Azia-Chã de marcela; Bronquites-Açúcar mascavado com nabo de bálsamo, depois de 3 noites ao relento, ficando em xarope; Calmantes - Chã de Tília; Calo-passar cera-de-ouvido; friccionar com sumo de alho; Cálvice-Esfregar a cabeça com água de ter cozido cebola; Caspa-esfregar o couro cabeludo com limão; Coceira e sarna- Enxofre; Colesterol-Comer alho; Cólica-As massagens aliviam a dor, Constipações-Chã de limão com mel;Contra a Fadiga-Chã de alecrim; Coração-Alimento à base de banana; Colesterol - Chã verde; Depressões-Chã flor de laranjeira, aveia, valeriana (erva de gato);Diabetes-chã da flor do sabugueiro;Diabetes-Chã de Carqueja;Diarreia-Água de arroz e arroz…;Doenças Respiratórias-no quarto deve queimar-se alecrim porque elimina os germes do ar; Dor de dentes-Chã de Alfazema; Dor-de-barriga-chã de moela de galinha; Dores de Cabeça-Chã de cidreira, camomila…;Dores Menstruais-Chã de salsa; Depressões - Chã de Cidreira; Eplepsia-sementes de girassol; Exaqueca-chã de semente de cravo; Febre-chã de alho bem forte; Flatuência - Chã de Cidreira; Fígado-Copo de água morna com sumo de um limão em jejum; Gripe-aguardente queimada com açúcar; Hipertensão-Chã de folha de oliveira; Indigestão e dores de estômago-Chã de cidreira; Inflamação nos olhos-Gota de sumo de limão em cada olho; Insónias - Chã de folha de Eucalípto; Lombrigas-Chã de alho; Micose-Uma fusão de azeite e cravo, tintura de mostarda e de iodo; Mal de garganta-Chã de flores de Sabugueiro e gargarejos;Miopia-Uma gota de óleo de germen de trigo; Nervos - Chã de folha de Laranjeira; Doença Pulmonar - emplastro de lihaça sobre a região pulmonar; Pedra na vesícula-Uma colher de sopa de vinagre de cidra em meio copo de água às refeições;Prisão de ventre-Chã de semente de linhaça pisada; Psoríase-Chã de urtiga, chã de salsaparrilha ou de folha de nogueira; Pulmões-Chã de figos com ovos e mel; Pedra no Rim - Chã Quebra-Pedra; Queimaduras-emplastro de gemas de ovos com borralha; Ressaca-Chã de Ortiga e de Menta;Reumatismo - Chá de Freixo; Rouquidão-gargarejar com água do mar morna e com uma colher de sopa de vinagre ou sumo de limão; Soluços-Chã de Hortelã; Tosse-cenoura em raspa com açucar ao relento até ficar em xarope e tomar às colheres; Tosse-chã das folhas de hortelã; Vias Respiratórias - Chã de folha de Eucalípto; Vias urinárias - Chã de Barba de Milho



Teresa Carvalho

Teresa Carvalho, 36 anos de idade, nascida em Angola, é filha de Agostinho Carvalho e de Nazaré Carvalho. É irmã de José, casado, Licenciado em Direito e professor, para já sem geração. E de António, casado capitão do exército, para já também sem geração.
A Teresa é uma das nossas amigas e colaboradoras das nossas obras sociais. Gosta muito do que faz. Ama o que faz e é fraterna com as colegas de trabalho, com os utentes e mesmo muito carinhosa... às vezes muito brincalhona, também, para animar a malta!
Agora descobriu um dom, o dom para a pintura, e começou a pintar a óleo. Anda na Escola do Mestre Simões.
O quadro que se mostra na fotografia é o S. João D’Arga, visto de lado de cima.
Que dizer?
Bom trabalho! É um trabalho feito com amor para o oferecer a um amigo. Aqui se vê como são os sentimentos da Teresa e como todos gostam dela chamando-a por “Teresinha” porque ela é de facto muito querida por todos. Se pudesse fazia um trabalho para cada um. Ela é assim!...

Os Oleiros



O oleiro é o indivíduo que faz ou vende objectos de cerâmica, ceramista, faz objectos de barro.
Conhecemos alguma da sua evolução. Como os castrejos tinham uma cerâmica à mistura com mica, e os romanos uma cerâmica de várias qualidades e sem mica.
Não recordo de haver na minha terra algum oleiro, pelo menos nunca o observei. No entanto, havia oleiros no concelho de Viana.
Barcelos, sobretudo entre Barcelos e Prado, continua a ser e era antigamente terra de oleiros: a partir do berço se faziam os oleiros que passavam de geração em geração, que souberam dar forma com as suas mãos guiadas por uma inteligência prática, sábia e paciente. Autênticos artesãos que ainda hoje por lá abundam. Há, por ali, objectos de barro para todos os gostos.
É uma profissão muito antiga, o torno para o uso do oleiro já remonta a 3000 anos de existência. Teria sido este instrumento uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para a produção em grande escala. As peças feitas exclusivamente à mão, são também em maior número deformadas e rachadas.
O torno parece um milagre, mas tem uma explicação é que as peças nascidas no torno têm uma constituição do tipo “monobloco” sendo produzidas de uma única porção de argila que vai sendo torneada pela rotação do torno dando-lhe um trama na substância que contém mais consistência, maior resistência à deformação, à queima, à ruptura ou empenamento.
Normalmente as peças torneadas mantêm forma cilíndrica, esférica, circular, arredondada, enfim, formas próprias que sem aquele instrumento de trabalho não era fácil. E tudo o que tem arestas, pontas é mais fácil de partir.
Uma pessoa normal que observe um oleiro a trabalhar tem dificuldade de ter uma ideia sobre a subtileza que passa pelo torno, pelas mãos do oleiro e pela sua mente. O oleiro sente com as mãos o tipo de argila que tem. Não foi por acaso que Jesus se referiu muitas vezes ao barro “nas mãos do oleiro”.
A roda do oleiro eléctrica feita de castanho ou freixo, com um diâmetro aproximadamente de 50 cm, começa a não ser tão sentida e perspectivada como antigamente. Para além do torno, o oleiro precisa de uma cana, de uma albarraba e um malhão.
A. Viana

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