A Eira
A eira era normalmente o terreno adjacente ou próximo da casa do lavrador (eirinha e eirado), espaço destinado às malhadas e às secagens dos cereais. Espaço livre entre o quinteiro e o resto do quintal, onde é montado o palheiro da palha do centeio, aveia, cevada e azevém e as medas da palha milha, assim como o espigueiro. Esta palavra vem do latim “area” = espaço livre, lugar para trilhar, pátio, como eirado (areatu).
Uma casa de lavrador sem eira e sem espigueiro era casa de cabaneiro. Sempre a eira foi o local mais soalheiro, não só local bom para as ditas malhadas e secagens de cereais, mas também para as crianças brincarem. Mesmo que não chova no Nabal haja sol na Eira, isto é, a eira tem de ser lugar exposto ao sol para os seus fins. A eira era também lugar de encontro para o trabalho, para o diálogo, funcionava muitas vezes como a sala de visitas da casa, ou ante-câmara da casa do lavrador, assim como acontecia outras vezese noutros locais com o quinteiro
Daí haver ainda topónimos como a Quinta da Eira, a Casa da Eira, a Casa da Eira Longa. Havia também a eira de pedra, ou sobre penedos, assim como a eira Vedra. Aparece mais tarde a eira de cimento.
O espigueiro era o sequeiro, normalmente no alto sobre uma base ou colunas de modo a evitar a subida de ratos da terra para não irem aos cereais.
O espigueiro toma várias formas conforme as regiões. São diferentes os espigueiros do Minho e os da Galiza. Os da Serra d’Arga e os de Viana. Os de Soajo e os de Lindoso.
Fogem muitas vezes, os mais ancestrais, como os da Serra, às regras de segurança que os arquitectos estudam hoje, mas que indo lá, vêem com os seus próprios olhos como se mantêm de séculos para séculos em pé com outras regras e de pedra.
Normalmente era comprido, bem arejado por todos os lados e coberto para que não entrasse a chuva, mas apenas o vento.
Havia casas altas, com dois pisos que às vezes juntavam à casa o sequeiro. Conheço um exemplar deste género, mas tenho uma vaga ideia de que já vi outros casos semelhantes, sobretudo na Galiza.
O Pe. José de Jesus Soares Ribeiro, nasceu a catorze de Abril de mil novecentos e vinte e um. Filho de José Afonso Ribeiro Júnior e Ana Parente Soares e irmão de Domingos, Conceição, Maria Rosa conhecida por Mariazinha que o acompanhou toda a vida e que já tem 91 anos de idade.
Era sobrinho do Pe. Domingos Parente da Costa Soares que foi pároco de Barroselas, nomeado por D. Manuel Vieira de Matos, pois, tendo estado em Stª Marta e impõs-se a certos actos profanos da festa, em cumprimento da lei, criou mau ambiente e foi para Capareiros, nessa altura.
O Pe. Zé, cresceu, frequentou a escola primária, foi para o Seminário e em 1946 cantou Missa, no dia 29 de Julho.
D. António Bento Martins Júnior, nomeou-o pároco de Ganfei, Valença, zona muito fria no aspecto religioso e de muito mau ambiente moral e disciplinar, mesmo entre o clero.
Nessa altura ele era um jovem e foi para um meio um pouco adverso. Apareceu-lhe um “despadrado” que em 1910 tinha “abandonado a vida de padre”, tinha casado e era pai e político. Já velho pede-lhe para o ouvir, queria a absolvição, queria retratar-se e publicar no jornal valenciano o que ele fez de mal à igreja, como Padre e como cristão.
A sua vida estava presa por um fio e não queria morrer sem tornar pública a sua retratação e pedir a absolvição a este jovem padre. Queria um funeral religioso. Não gostava que fosse o arcipreste a fazê-lo, pois nunca se deram muito bem. Era precisamente o Pe. Zé, jovem, que ele queria para fazer-lhe o funeral.
Para o efeito, o Pe. Zé falou com o Arcebispo de Braga e não viu obstáculo depois de alguma argumentação do Pe. Zé quanto à forma exigida pelo seu superior.
O Pe. Zé deixou obra em Ganfei, e de lá veio para Mazarefes, em 1953, então, aí era um gosto entrar no quintal da Residência.
O Pe. Zé sempre soube receber bem, acolher bem os amigos. Era um dom. Esquecia tudo e entregava-se a quem chegasse. Era trabalhador em todos os sentidos da palavra. Os tempos livres passava-os a jardinar, a fazer o lago com água, água corrente, patos, canteiros de flores, muitas árvores de fruto, tudo muito limpinho, mesmo na garagem do carro, cada coisa para a sua peça de ferramenta e sabia onde tudo estava. Cada coisa no seu lugar. Muito organizado. Nesses tempos livres era fácil chegar a casa dele e encontrá-lo com uma bata de ganga a engenhocar algo, enquanto a irmã lá andava nas suas lidas domésticas.
Uma rede de arame separava o espaço do jardim em frente à residência e o espaço dedicado à horta, à cultura de cebola, de castanha, da palmeira e ainda de algumas árvores a continuar o pomar onde soltava as galinhas e os perús.
Um cão de duas cores branco e preto, Voldog raçado com Folkfarrier, com a tampa mais pequena que a panela; isto é, com o maxilar inferior maior que o superior, salvo erro, chamado o “Pitó” lá guardava o quintal passando o dia a correr quer portal de cima ao do portal de baixo e vice-versa.
O Pe. Zé trabalhava bastante com a juventude católica, o Pedro Domingues foi um colaborador no teatro. Parece estar a ver o Pe. Zé a correr para todo o lado, os jovens, os doentes, as confissões, a missa, o terço, as devoções de Maio, das almas... Desde muito pequeno eu dizia que queria ser padre e nos meus tempos livres que eram muito poucos, porque era um hiperactivo e criativo, desde que tenho memória, tudo dedicava ao aspecto religioso.
O meu pai o que queria era que eu fosse estudar.
Colocou-me no Colégio do minho para me preparar para o exame de admissão ao Liceu e a Escola Industrial, depois fui fazer exame ao Seminário. Fiz três exames de admissão.
Aquilo que foi mais difícil foi esse exame de uma semana ausente da família, no seminário de Braga. Tanto me custou que seria um castigo para mim ir para o seminário para ser padre. Já não queria. Padre sem seminário, sim, mas com seminário não.
O Pe. Zé oito dias antes de ter de dar entrada no Seminário de Nª Sra da Conceição, ao seu jeito lá me conseguiu “convencer” e mesmo contrariado ir para Braga. O que é certo é que lá me levou, lá me visitava muitas vezes. Era uma amigo. Muito humano, Eu fui fazendo caminhada e mais tarde durante o curso de Filosofia lá fiz eu a minha opção última, ser padre era a minha meta. Hoje agradeço também ao Pe. Zé Ribeiro.
Pode ter muitos erros, mas neste mundo todos somos errantes peregrinos à procura de Deus e só com Ele somos capazes de fazer algo de bom.
Voltando ao Padre que me levou para o Seminário, sempre o vi como um amigo dos pobres que eram os seus predilectos!...
Tinha gosto e asseio consigo próprio. Gostava de bater o tacão do sapato... do mesmo modo tinha no seu quintal, na residência paroquial, na igreja, na sacristia, na secretaria, nas Boas Novas tudo bem alinhado e limpo, muito digno e ainda sempre que podia intervinha na esfera civil para o bem da terra como nos telefones, na luz eléctrica, etc... Aliás a electricidade instalada em 1958. deve-se à sua iniciativa.
Ali esteve onze anos bem trabalhados, bem doados ao próximo no seu sacerdócio ministerial indo mais além. Levava os seminaristas ao Seminário e visitava-os e ninguém estava mal à beira dele. Nas férias era capaz de eles os levar até à paria.
A Acção Social Concreta
Foi assim que se pautou a nossa vida de pastoral durante os 28 anos.
Nesta Paróquia de N. Sr.ª de Fátima onde encontramos algo muito diferente do que é agora e, sobretudo de muita pobreza.
Isso esmagava-nos sempre o coração, como hoje. O primeiro movimento que fundamos foi a conferência de S. Vicente de Paulo, em 1978, logo, pouco depois de entrar. Em 1979 fundamos a Legião de Maria e esta com a C. Vicentina fundou o Centro de Convívio de Idosos a funcionar na Sacristia da Igreja em 1980.
Eu não tinha residência. Ao mesmo tempo luto com o Conselho Económico pela residência, e por um Centro Social. Só arranjo terreno para a residência e com um pouco de boa vontade para um salão paroquial para onde passou o Centro de Convívio em 1982. Já era muita gente. Passou a um Centro de Dia e de Convívio. Chega a necessidade de um jardim de Infância, em 1985, e abram-se portas... Vêm os deficientes que ninguém os queria e outras portas se abram... Em 1980 já funcionava na Sacristia uma Escola de Música que chegou a ter 140 alunos. Surge, em 1987, por iniciativa da Conferência de S. Vicente de Paulo o Ozanan- Centro de Juventude onde se desenvolveram vários cursos de vários saberes, onde funciona um ATL.
Aparece a necessidade de dar a mão aos abandonados (aos bebés e às crianças de alto risco) e surge, em 1992, o CAT- Centro de Acolhimento Temporário, vulgo , Berço de Nª Sr.ª das Necessidades , depois o Cecan-rd, ou seja, Centro Comunitário de Recolha e Distribuição com balcão aberto, desde 1988.
O Refeitório Social foi outra aposta, em 1989, para mendigos, indigentes, passantes, toxicodependentes, e ex- toxicodependentes ou mães solteiras... assim como casa de banho para banho e muda de roupa, uma média de 17/dia , agora.
Aparecem novas necessidades de respostas aos idosos no ADI, Assistência ao Domicílio Integrado (alimentação, higiene e saúde), e o SAD, Serviço de Apoio ao Domicílio (Alimentação e higiene)em todos os dias da semana, refeições ao Domicílio, pelo que servimos ao todo 300 refeições diárias entre todas as valências. Por fim o RSI (Rendimento Social de Inserção), em 2005, com três técnicas a funcionar e com alguns bons resultados...
Claro que todo este trabalho se deve às várias direcções de Centro Social, do Ozanan, da Fábrica da Igreja, da Conferência de S. Vicente de Paulo a este Voluntariado superintendato e responsável, mas também a outro Voluntariado que não o descrevo aqui porque os seus nomes vêm em lugar próprio que desinteressadamente e com paixão se entregam de alma e coração aos utentes para que todos se sintam bem e , por fim, aos trabalhadores assalariados em número de 40.
Temos acordos com a Segurança Social, mas não chega para aquilo que precisamos.
A.Viana
NOTAS SOBRE A CONGREGAÇÃO DE NOSSA SENHORA DA CARIDADE DE VIANA DO CASTELO
José da Costa Pimenta Jarro, natural da freguesia de Cabaços, concelho de Ponte de Lima, oficial de ourives, veio do Rio de Janeiro para a Vila de Viana e aqui, atraindo a si algumas pessoas piedosas fundou em 15 de Janeiro de 1780, segundo reza um documento antigo, cuja cópia possuo, uma Irmandade ou Congregação dos Servos de Maria Santíssima Senhora das Dores, e que mais tarde, não sei porque razões, veio a intitular-se CARIDADE.
Conservou-se muitos anos com o nome de Congregação dos Servos de Maria Santíssima Senhora das Dores, e quando do seu primeiro Estatuto por ele foi criada uma Mesa Administrativa composta por sete irmãos, por sete terem sido as dores de Nossa Senhora.
Anteriormente aos seus Estatutos já se fazia periodicamente uma Procissão dos Peditórios, que saía da Capela de S. Crispim, onde a certa altura, foi colocada a imagem de Nossa Senhora do Resgate. Nela se efectuavam as reuniões da Mesa até 1789.
Também nessa capela se encontra a imagem de S. Crispiniano.
Mais tarde comprou José da Costa Pimenta Jarro, com seu dinheiro, uma casa junta ao Campo Santo António e logo a doou à Congregação para nela se fazer um Hospital que desse comida, cama e assistência médica e medicamentosa aos totalmente desamparados e que não tivessem lugar no Hospital da Vila. Principiou por 2 ou 3 internatos. Quando falecidos eram levados para o cemitério num esquife.
Voltou Pimenta Jarro ao Rio de Janeiro, e lá arranjou mais dinheiro, o qual, juntamente com outros donativos e algum que se tomou a juro, permitiu , em 1804, a compra de umas casas altas e imediatas ao Hospital, as quais importaram em 150Mil Reis, e puderam internar 25 desamparados.
Os irmãos que serviam a Mesa pagavam uma Jóia: superior a 12 Mil Reis e os restantes 480 Reis.
Os Monges da Arrábida ficavam incorporados na Casa do Hospital, sempre que viessem a Viana, prestando nela os seus serviços enquanto nela permanecessem.
Veio uma carta do Rio de Janeiro, de um piedoso luso-brasileiro, oferecendo 800 Mil Reis para compra de terras e com o seu rendimento se pagar a um Capelão privativo, ficando determinado que nunca se poderia fazer património eclesiástico na dita propriedade.
Tinha a Mesa poderes para substituir o Capelão por outro no caso do existente não cumprir.
Em ano que ignoro foi mandada fazer uma imagem de Nossa Senhora das Dores.
As despesas da Congregação eram cobertas com as esmolas dos benfeitores, algumas em dinheiro e outras em géneros, juros de quantias que emprestava ou investia em títulos de companhias, como a companhia de Viação Vianense para a factura da estrada desta Cidade a Caminha e, ainda, o rendimento da casa do Teatro.
José da Costa Pimenta Jarro está sepultado no Cemitério do Convento de Arrábida.
Bailes ao Domingo
Têm continuado os bailes ao Domingo no Centro de Dia de Nª Sra de Fátima das 15H às 18H.
O próximo será no dia 10 de Dezembro com uma queimada galega.
Estes bailes são para maiores de 55 anos, a primeira entrada é de 2.50 € com direito a uma bebida. Essa jóia serve para todos os outros bailes.
De vez em quando há surpresas agradáveis.
A organização é da Associação dos Reformados e do Centro de Dia de Nª Sra. de Fátima e com regularidade quinzenal.
Caminhos para Deus...
Afirmam as escrituras que só a verdade liberta. Não há regra sem excepção e eu te confesso irmão, de alma aberta e que te ama com tal intensidade, que só pode causar apreensão: nas escrituras também se diz que a verdade ilumina, com luz tão intensa que se transforma em amor, esse é capaz de me cegar e de me fulminar.
A Palavra dos livros sagrados é maravilhosa...quantas vezes completamente o seu teor também amarga, enquanto não a saboreamos completamente o seu teor que nos conduz ao Amor!...
Eu sou “O Caminho, a Verdade e a Vida” são palavras de Jesus que as escrituras revelam. Irmão, se queres e fores capaz de agarrar esta cruz, só verás brilho e luz. Na nossa vida só Ele torna mais suave, menos pesada a cruz; carrega-te, arrasta-te, por onde fores, não importa o caminho, se de pedras ou de flores, porque afinal toda a rosa tem espinhos... e os caminhos que nos conduzem ao Pai são sempre de Amor e Amor é viver as realidades da vida ainda que com dor.
Saber viver é fazer caminho. Ele faz-se com a verdade.
A verdade está no Amor. O amor vence sempre a dor... Não deixa que esta supere o próprio Deus que é Amor...Deus que se fez menino para como Homem nos ensinar a amar, a perdoar e a salvar!...
Que o Natal seja Caminho para Deus...
As I.P.S.S.’s e o Voluntariado
As Organizações Particulares de Solidariedade Social, sem qualquer fim lucrativo, existentes no nosso País e o voluntariado, são a união perfeita para a realização dos objectivos, ao qual se dedicaram, no auxílio aos mais necessitados, (infelizmente em constante crescimento) que a nossa sociedade se encontra envolvida, nos apoios sociais, materiais e espirituais. Não chega apenas, existirem O.N.G.s, (Organizações não Governamentais), se entretanto não aparecerem pessoas, que voluntariamente possam dispor de umas horas por dia, para dar uma palavra amiga a quem sofre de solidão, ajudar fisicamente quem precisa de uma mão para desentorpecer as pernas, ou ajudar a tomar os medicamentos ou refeições, por impossibilidade de movimentos e colectar as dádivas dos voluntários beneméritos.
Poderiam ser enumerados muitos mais casos, pois só quem está no terreno é que tem a verdadeira radiografia do estado e número de necessitados, que necessitam de NÓS.
De qualquer estrato social ou etário, todos poderemos ser uns bons voluntários, desde que da azáfama dos afazeres do dia a dia, consigamos arranjar um pouco de tempo disponível, para ajudar quem precisa e, infelizmente, os necessitados aumentam de hora a hora.
O Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva, recentemente dedicou alguns dias, visitando várias Instituições de Solidariedade Social, na intenção de mostrar a todos os Portugueses os benefícios dessas Instituições e o quanto elas são necessárias e benéficas, aquém delas se serve e o quanto é necessário fazer para aumentar essas dádivas a todos aqueles que por infelicidade precisam de apoio.
A REAP (Rede Europeia Anti-Pobreza) e da qual faço parte como membro do Grupo do Centro Social e Paroquial de Nª Sra. de Fátima, é uma Instituição, que de acordo com o próprio nome o indica, está virada na luta para a erradicação da pobreza em toda a Europa, com o aval do Parlamento Europeu.
Variadas reuniões têm vindo a ser realizadas com a presença de muitas Instituiçõ0es de Solidariedade Social do Concelho de Viana, para desbravar o caminho correcto para atingir os apoios técnicos, logísticos e financeiros, mas pela complexidade dos programas e muito sinceramente pela falta de voluntários com conhecimentos necessários e disponibilidade de tempo, a nossa Paróquia e outros precisam de arrepiar caminho nestes programas, dando as mãos e conhecimentos, para a obtenção dos resultados previsíveis e que das reuniões efectuadas, não passem unicamente de reuniões.
No meu entender e como voluntário, penso que o trabalho e as decisões tomadas e a tomar nessas reuniões, não podem depender apenas, da presença dos vários assalariados das muitas Instituições participantes, pois como assalariados, tem horário de trabalho e direitos adquiridos, e o voluntariado é essencial, para no terreno, cobrir todas as vinte e quatro horas, das cinquenta e duas semanas do ano, apoiando quem necessita, usufruindo dos benefícios da R.E.A.P. e das I.P.S.S.
Como dinamizador e grande apoiante das várias valências sociais existentes na Paróquia de Nª Sra. de Fátima, tem vindo o nosso pároco a desenvolver verdadeiras campanhas de apoio a todos aqueles que de alguma forma precisam de ser ajudados.
Os paroquianos, e não só, tem contribuído com voluntariado e ajudas monetárias, dentro das possibilidades, mas muito mais precisa de ser feito neste campo, oferecendo a quem necessita um pouco mais daquilo que todos nós desejamos usufruir no nosso dia a dia.
Colabore, ajudando os outros, ajudamo-nos a nós mesmos.
M. Meira
Muito pode quem quer 2 fotos
Nunca se sabe tudo. Na minha terra havia um senhor que tinha por alcunha “o sabe tudo”, não sei qual a razão, mas tenho a certeza que não é porque sabia tudo, omnisciente, só Deus.
A diocese oferece aos seus diocesanos, sobretudo, àqueles que estão mais perto do Instituto Católico, na cidade de Viana, em Ponte de Lima e futuramente em Monção, se abrir uma delegação, a possibilidade de poderem estudar, aprofundar teologia cristã, conhecimentos de religião e da pastoral religiosa da qual estamos sempre aquém de sabermos muitas coisas e de actualizarmos até aquilo que aprendemos em criança ou na juventude nas aulas de Religião e Moral, ou aquilo que aprendemos por iniciativa própria lendo bons livros.
Não basta. O Instituto Católico, no Centro da Cidade, fica perto para todo o Concelho de Viana, quanto mais para os habitantes da cidade... É só à Quinta-feira, em horário pós-laboral, das 19 às 23H.
A Rosa Oliveira, sobejamente conhecida, assim como a Amélia Monteiro (agora a viver na Meadela) acabaram este Curso Teológico-Pastoral e receberam o seu Diploma no fim dos cursos de cristologia, eclesiologia, direito canónico, sagrada escritura, sacramentos, enfim, 18 disciplinas ao todo. Estudaram e sujeitaram-se a exames ou a frequências semestrais com outros colegas de mais longe.
A verdadeira história dos Patos de Viana
Quem foi Domingos Alves Pato?
Nasceu no dia 14-03-1881, num Sábado de manhã, foi baptizado no dia 15-03-1881, às 11 horas da manhã, na Igreja Paroquial de S. Pedro de Capareiros, concelho de Viana do Castelo.
Com o nome de Domingos, filho ilegítimo de Francisco Alves Pato e de Ana Martins de Miranda, lavradores, naturais desta Freguesia, e moradores no Lugar de Neiva.
Neto paterno de José Alves Pato, solteiro, lavrador e morador no Lugar de Neiva, e de Antónia Rita Dias, solteira, costureira e moradora no Lugar do Forno, e materno de Manuel da Silva Ferreira e de Ana Martins Miranda, e moradores no Lugar do Paço.
Casou com uma linda costureirinha de nome Isabel Marques de Sousa eram muito jovens, ele com 19 anos, e sua esposa de 21 anos de idade quando se casaram, ele já era comerciante, tamanqueiro de profissão.
O Sr. Pato, apesar de ser ainda muito jovem, era já um promissor comerciante, tinha faro para os negócios, portanto, procurava deitar a mão a tudo para fazer dinheiro, o seu viver, era sempre à volta do negócio, e tudo servia para que o dinheiro não faltasse em casa, para não passar, nem deixar passar privações os seus.
O negócio era o seu futuro, e como ambicioso que era, (no bom sentido, é claro!) a sua vida andou sempre à volta dos negócios.
Ele nasceu para o negócio, e de tudo sabia fazer dinheiro. Além dos tamancos, que já fabricava quando se casaram (temos de olhar à época em que ter uns tamancos eram hoje os sapatos elegantes e bons desta nossa época).
Também fabricava fósforos, que eram coisas procuradas, e necessárias, os chamados Lumes. Portanto, se as pessoas queriam e precisavam de lumes, porque não fazê-los??? E depois vendê-los???
O Domingos fabricava os tamancos e lumes, e a Isabel, sendo costureira, fabricava cuecas, camisas e ceroulas, depois nas feiras de Barroselas, todas as semanas, às quartas-feiras, lá iam vender tudo isto nas feiras.
O jovem casal ajudava-se mutuamente, trabalhando de noite e de dia para o bem estar deles, e terem uma vida desafogada.
Verdadeiramente não era o Domingos que vendia, ele era mais o orientador, organizava, era o negociante, o cérebro.
Começou lentamente, primeiro foram os tamancos, depois juntou os lumes, a seguir, com a ajuda da esposa, a roupa branca de homem, logo a seguir abriu uma taberna, e assim foi abrindo e alargando a chamada venda, que além de ser taberna era também mercearia.
Depois começou com o fabrico da broa de milho, era feita fresca todos os dias, tudo isto eram coisas necessárias e de se fazer dinheiro facilmente, broa, vinho, tabaco, fósforos, tamancos, mercearias, principalmente bacalhau, o chamado pão dos pobres, roupa branca interior e camisas para homem, coisas úteis e necessárias, por não haver outra forma de adquirirem, ou então era necessário mandá-las fazer ás costureiras.
Depois era o sabão, arroz, massa, açúcar, café, mas o forte era o bacalhau, todas as semanas chegavam camionetas carregadas de bacalhau e o Sr. Pato mobilizava toda a família e empregados para a descarga.
Quando este carregamento chegava, ele só dizia: Desarreia bacalhau!!!
O bacalhau nesse tempo era a comida dos pobres, era o mais barato que havia para se comer, era o chamado fiel amigo ou pão dos pobres, razão porque há 1001 maneiras de se cozinhar e comer bacalhau.
Entretanto os filhos foram chegando e crescendo, todos eles foram para a escola, fazendo a 4ª classe e conforme iam saindo da escola, o Sr. Pato lá os foi encaminhando, nas vendas e feiras, crianças ainda.
Chamem lá o que quiserem a isto, trabalho infantil, ou o que quer que seja, mas era necessário encaminhar os filhos, a serem alguém na vida, como foram felizmente).
Apesar de ser uma época em que ninguém mandava os filhos para a escola, principalmente se fossem raparigas, o Sr. Pato, como já teve escolaridade, bem como o seu Pai, que também era alfabetizado (olhemos à época, século XIX, hoje, século XXI não faltam alfabetos!). E como o Sr. Domingos Pato via longe!!!!!
Sendo ele um homem de negócios, um comerciante, viu que se desse aos filhos escolaridade, estes iriam ajudar mais facilmente, apesar de serem 7 raparigas e 1 só rapaz. Mas quem não tem cão, caça com um gato, foi aquilo que ele fez, e não se enganou.
Comprou uma carroça e um cavalo e mandou os filhos mais velhos vender para as feiras, embora sendo ainda bastante jovens, começou por ensinar-lhes o sentido da responsabilidade muito cedo.
Estes iam vender as mercearias e tamancos pelas feiras das redondezas.
Nessa altura já o fabrico dos tamancos era feito em casa por operários, tudo isso era lucro, o pessoal vivia lá em casa, quase trabalhando só pela comida, tinha o pessoal que fabricava os tamancos e os pauzeiros, aqueles que fabricavam o solado dos tamancos, chamados paus, comprava os pinheiros e amieiros, madeira ideal para o fabrico do solado dos tamancos, portanto, ali cortava-se as peças, este era o trabalho do Sr. Domingos Pato e a Sra. Isabel, a esposa, e assim o negócio ia crescendo e progredindo.
Mais tarde, foi alargando os negócios em Barroselas e vieram viver para Viana, já só tinham em casa as 3 filhas mais novas e solteiras.
Depois, em Viana, abriu uma tamancaria que por fim deixou à sua filha Ana, quando se retirou dos negócios.
O Sr. Domingos Pato era um homem com muitas ideias ambiciosas, queria crescer na vida trabalhando, ele já tinha o seu próprio negócio de tamancos, ele não queria ser lavrador como o seu Pai e seu Avô.
Portanto, pensou que gostava mais do negócio, quis crescer, e pensou!!!
«Conheci a mulher que eu quero para mim, tenho de me casar com ela», e se bem pensou assim fez, como todas as coisas que fazia pensava nelas e logo executava, não era homem de pensar muito nas coisas, e com ele próprio teria que ser assim também. Pensou e disse!!!
Casava-se com a linda costureirinha, ela ajudava-o debruando as peças dos tamancos, ele fabricava-os e assim seriam um casal feliz.
O Domingos era de Barroselas, Capareiros, e a Isabel era da freguesia de Mujães, terra vizinha da dele, e se assim pensou assim fez, e casaram-se.
Casaram no ano de 1900 e no ano seguinte, a 13-11-1901 nasceu-lhes a primeira filha, a que deram o nome de Águeda.
Esta filha foi a dona da Casa Águeda, casa de louças, negócio bastante forte e promissor, e que ainda hoje alguns filhos e netos continuam com o negócio de louças. Foi mãe de 10 filhos.
Depois, a 27-09-1903 nasceu-lhes o primeiro e único filho, a quem deram o nome de Manoel.
Este filho continuou a viver em Barroselas, aonde tinha o seu negócio de camionagem, foi um lavrador muito forte, com uma casa cheia de pessoal de lavoura, com muitos campos, gado e vinho.
Só não tinha no seu nome o apelido do seu Pai que era Pato. (Desconhecendo o motivo porque isso aconteceu, mas penso que ele não gostava desse apelido, talvez gozassem com o nome “Pato” e resolveu desfazer-se dele, com ordem dos seus Pais, porque quando se casou aos 19 anos, necessitou da autorização para o fazer, portanto, se mudou de apelido, teve que ser autorizado pelos seus Pais também, o que foi uma pena, porque era o único filho que tinha esse apelido, as filhas, naquela época, só tinham o nome da Mãe, e os filhos homens é que continuavam com o nome do Pai, e hoje em Barroselas não existe ninguém com o apelido “Pato”.
Em contrapartida, existem centos de nome “Silva”, nome que o Manoel adoptou, passando a chamar-se Manoel Alves da Silva, foi pai de 6 filhos, 3 deles homens e o mais velho destes foi pai de 10 filhos, todos homens. Só estes homens teriam enxameado Barroselas com o nome “Pato”, mas como isso não aconteceu, o nome Pato acabou com o Sr. Domingos Pato, o que foi uma pena, mas que apesar de ter retirado o seu próprio apelido, acabou por ser conhecido por Manuel Pato ou Sr. Pato.)
Depois, a 10-05-1906 nasceu o terceiro filho, que foi uma menina, a quem deram o nome de Anna, assim se escrevia o seu nome, esta filha foi a que ficou com a Tamancaria Pato, em Viana, negócio do seu Pai quando este abandonou os negócios.
Mais tarde passou a ser Casa Pato e depois Sapataria Patos, acabando com a tamancaria e passou a serem sapatarias, negócios muito fortes e grandes, hoje também já tudo acabou. Foi mãe de 14 filhos, mas só 10 sobreviveram.
Depois foram nascendo as outras filhas, Arminda, Maria, Guilhermina, Conceição e Deolinda.
Arminda nasceu em 1908. Nunca trabalhou no negócio dos Pais, era a mulher da casa, alguém teria que fazer, cozinhar, tratar da roupa, enfim, era uma casa cheia de gente. Casou com um dos pauzeiros da casa.
Mais tarde veio para Viana e ficou a morar na Rua da Bandeira, junto da Igreja de Nª Sra. de Fátima, trouxeram de Barroselas 5 filhos, o marido estava doente, ficando viúva cheia de filhos, fez-se padeira, vendendo pão pelas portas. Voltou a casar e teve mais um filho. Viveu muito pobre mas no fim da vida viveu confortavelmente.
A seguir foi a Maria, que ficou sempre em casa. Nunca foi para as feiras pois alguém teria de ficar na mercearia, padaria e taverna, ou seja, na chamada venda. Casou-se com o padeiro da casa e foi mãe de 5 filhos.
Amadeu Morais Bizarro
Embora não seja muito vulgar, no entanto, aparece este apelido em Montemor-o-Velho, apelido, alcunha (J.Pedro Machado) em muitos outros lugares e países. Este apelido aparece no Brasil, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em descendentes de Manoel José Marcelo Bizarro-Marco António Gonçalves Bizarro.
Pizarro foi apelido das linhagens medievais portuguesas.
A família de Ramalho Ortigão parece tocar-lhe no tronco dos Bizarros. Por mais bizarro que pareça o apelido não tem nada a ver com a conatação negativa que às vezes as pessoas lhe queiram dar. Há Bizarro e bizarro. Reparem só que não é nada bizarro o Amadeu, Presidente da Junta de Freguesia de Stª Maria Maior, ir já com o 4º mandato... A obra vê-se e um coração de ouro ganha sempre! Nesse sentido pode ser “bizarro”, mas já o era de nome.
Nª Sra. do Bizarro é a Senhora de tudo o que é mistério, de tudo o que é bom.
Zarro é uma espécie de pato migratório selvagem com duas cores e que habita na Eurásea (cabeça e meio-peito frontal de cor castanha e todo o resto branco,espécie de um capuz com uma aba para a frente). Um par de zarros pode ser um Bi+zarro (dois zarros).
O Dicionário Honaiss diz que o Bizarro é “que se faz notar pelo refinamento das maneiras ou pela pureza do carácter”... “nobre, generoso, liberal” ... digno de admiração.
Amadeu Morais Bizarro filho de David Antunes Bizarro, cobrador dos serviços municipalizados e de Albertina Morais Bizarro cozinheira da viscondessa de Maiorca, nasceu à Rua Nova de S. Bento. Estudou como todos as crianças da sua idade na escola do Carmo e depois tirou o Curso Industrial, mas começou a trabalhar aos 14 anos nos ENVC. Aos 18 foi para as oficinas gerais de Aeronáutica, em Alverca (OGMA).
Regressou aos ENVC em 1975, tendo já cumprido o serviço militar.
Casou com Maria da Conceição de Queiroz Penteado, professora, reformada depois de um AVC, do qual recuperou bastante, mas que uma queda levou a quebrar o fémur, deixando-a numa cadeira com dificuldades enormes de locomoção, sendo tratadasempre com muito carinho e afecto a começar pelo marido, o Bizarro, que toda a gente conhece como um homem dado a todos, e o exemplo começa em casa, pela família, pela esposa.
A esposa deu-lhe um filho o Pedro Jorge Penteado Bizarro que está a tirar a Licenciatura em motricidade Humana e fisioterapia. Encontra-se ainda solteiro.
Ora, Amadeu Bizarro tem uma história muito singular e tão grande que não é fácil sintetizar nestas linhas, não há dúvidas.
Nos ENVC era Técnico de desenho e reformou-se em 2004. No entanto, todos sabem bem que o Amadeu desde 1989 faz parte da Junta Freguesia de Stª Maria Maior como tesoureiro. Na altura em que o João José Vieira saiu, em 1993, foi eleito presidente e já leva quatro mandatos.
O trabalho nem sempre se apercebe, até porque muitas vezes se confunde. As pessoas hesitam se é da Junta, que pode ser ou não. No entanto, quem acompanhou, quem vê mais de perto, como os vizinhos e os mais beneficiados vêem, apreciam-no e admiram-no.O Amadeu Bizarro não pensa todos os dias noutra coisa senão na família, como na freguesia. É a sua missão.
Ele diz não ter religião, não ser religioso, ao contrário da sua esposa, mas o que é certo é que o Bizarro está a exercer um serviço de um bom “missionário”. Ainda não lhe terá tocado a chama da fé, mas o respeito que ele sempre nutre para com todos, a dedicação, o trabalho, a doação de si mesmo à mulher, ao filho e a toda a freguesia é um exercício de um sacerdócio latente que recebeu no seu baptismo e quem sabe se não receberá uma recompensa maior de Deus, a dobrar?
Isto é apenas uma parte porque disto eu sei que ele não tem interesse. Penso eu... Mas até me posso enganar.
Uma coisa é certa. As obras vêem-se de facto, como já o mostramos noutra altura neste jornal. Não há dúvidas. Não é por acaso que nas últimas eleições teve maioria absoluta. O Amadeu Bizarro tem um coração bom, um coração esponjoso, um convicto político da militância do PC, seja do que fôr, tem princípios, critérios, procura ser um homem acolhedor e justo.
É por isso que nas eleições, muitas vezes, não são os partidos que ganham, mas as pessoas que se prepõem. Parabéns! Stª Maria Maior está de parabéns. A família Bizarro ficará presa à história desta terra e aqui deixamos um carinho para a sua esposa Maria da Conceição Penteado que, apesar do Amadeu não lhe faltar com nada, ela mesma nas condições que está também se encontra a colaborar, a seu modo, com o marido.
Centenário de José Rosa Araújo 2fotos
Não é neste espaço, sempre de pequenas dimensões que poderíamos falar de José Rosa Araújo, pessoa que conheci no meu curso de Filosofia e com quem privei muito de perto, visita da casa dele e ele da minha casa, de passeios que com ele fiz no meu carro, já em 1971.
Muito aprendi com Rosa Araújo. Era natural de Viana, filho de António Domingos Araújo, solicitador e depois escrivão do tribunal e de Maria José Gomes Rosa, doméstica. Era sobrinho dum padre, nascido aqui em Viana, o Pe. José Augusto Araújo, que foi sempre pároco na zona de Ponte de Lima, inclusivamente na freguesia da Labruja. Era um padre de uma grande cultura, com uma boa biblioteca, austero, mas um verdadeiro asceta, monarca dos “sete costados”, já a República não tinha retorno e ele à sua porta mantinha a bandeira monárquica.
O José Rosa Araújo, foi educado também pelo tio e, como é natural, educado religiosamente, sabia muito dos princípios fundamentais da doutrina cristã e da história da Igreja e alguns da Sagrada Escritura. Até em latim...
Quando fui em 1972 para a Serra d’Arga, encontrei lá a lápide de que uma vez me falara com o nome de Abel Viana, Tomás Simões Viana, Afonso do Paço e o de José Rosa Araújo que depois com o fim dos Serviços Florestais foi vandalizada e desapareceu, mas lá está ainda o local, onde devia estar. Rosa Araújo esteve muito preso à Serra d’Arga, apesar de ser lá que arranjou uma flebite que nunca teve cura; não morreu dela, mas morreu com ela.
Foi um insígne escritor, arqueólogo, etnógrafo de Viana e da Região. Recolheu para a posteridade o que já ninguém poderá fazer história de Viana sem consultar os seus escritos.
Muitas e grandes intervenções em actividades culturais e pesquisas em arquivos antigos.
Casou com Maria Florinda Dias Azevedo Rosa Araújo, que conheci e que lhe deu um filho, o José Luís Rosa Araújo, a viver no Porto, à Praça dos Poveiros, casado e com geração, um filho.
Aqui na Paróquia viveram uns cunhados, o irmão da esposa, o Boaventura Dias Azevedo, falecido a 6 de Março de 2004 com 90 anos, com quem também privei bons momentos.
A propósito do Rosa Araújo, tinha muitos episódios bonitos. Aprendi com ele coisas da arte, a ler documentos antigos, mas muitas coisas da vida prática e até da fé.
Ele, embora fosse educado religiosamente, tinha o seu fervor religioso, como o de sair de casa entrar na Matriz para cumprimentar o Mestre, no Sacrário e seguir a vida dele, a missa já não era coisa que lhe disse-se muito. Muitas missas tinha ajudado ao tio padre.
Essas agora eram apenas as de cerimónia, funerais ou casamentos, para as viver mais no aspecto crítico.
Em 1979, inscreveu-se numa viagem a Lourdes para passear por Leão, Burgos, São Sebastião, Andorra, Saragoza, Madrid, Salamanca, Ávila.
Em Leão, à noite no Hotel, depois do jantar, convidei todos os que quisessem para às 7.30H estarem preparados para a missa.
O José Rosa, confessou ele, no seguimento da viagem na frente de todos “fui apenas à missa para que o amigo Coutinho não reparasse ou não julgasse que seria algum judeu. Afinal, meus amigos, fez-me tão bem e disse-me tanto que ao chegar a Lourdes a primeira coisa que quero fazer é confessar-me das Missas a que tenho faltado e da vida que tenho levado. Não sou nenhum criminoso, mas bom cristão estou longe de ser”.
Toda a gente ficou espantada e todos lhe deram uma salva de palmas.
O facto é que, em Lourdes, foi confessar-se e sempre que houve missa ia à Comunhão.
No dia da Confissão abraçou toda a gente do grupo.
Ora muitos mais teria que contar, mas o espaço é reduzido. No centenário do seu nascimento que a Câmara Municipal de Ponte de Lima lhe fez justa homenagem, pois... até foi lá que ele escolheu um canto na Torre da Cadeira Velha daquela vila, para passar os últimos anos, porque nela se sentiu no seu mundo ancestral continuando a trabalhar a catalogar. Em 30 de Janeiro de 1992 fechou os olhos para este mundo e acredito que este homem já Deus o tenha no Céu ainda mais sorridente, mais feliz e que ao Deus da eternidade peça por nós. Aleluia!
Maria das Dores da Cunha Viana Martins, nascida a 20 de Maio de 1934, filha de Pedro Fernandes Martins, fundidor nos ENVC e de Idalina da Cunha Viana, cravadeira que trabalhou com a mãe do Dr. Defensor Moura.
O pai de Maria das Dores era filho de José Fernandes Martins, arquitecto, vereador da Câmara Municipal de Viana do Castelo, mesário do Orfanato das Meninas Orfãos e Desamparadas, do Asilo de Stº António, do Asilo dos Velhinhos da Caridade e era um famoso vianense que não tem sido muito lembrado. Era irmão do Engº João Martins Branco. A sua esposa era doméstica.
Os pais da mãe eram da rua da Bandeira. Era neta materna de Manuel da Silva Viana, maquinista e passou a Chefe da Estação de Viana e de Ana da Silva Cunha, sobrinha de um sacerdote e foi educada numa casa de freiras.
A Maria das Dores, trabalhou na alta costura do Machado e casou com Américo Aires Simões de Braga. Era mecânico de automóveis e veio da Auto-Lima (antiga Limauto) Foi assim que se conheceram
Os avós paternos viviam aqui na rua da Bandeira, numa casa singular que foi vendida à família Pereira.
A Maria das Dores veio residir para a Bandeira com dois anos de idade, primeiramente numa casa a seguir ao Centro Social Paroquial e mais tarde, já casada, numa casa, mesmo em frente à porta da Igreja Paroquial.
Foi modista e bordou o pano da porta que, normalmente, se punha à quinta- feira Santa.
Antes de ficar viúva já o casal fazia parte do SAD - Serviço de Apoio Domiciliário do Centro Social.
A D. Maria das Dores é amiga e contribui já com generosidade para a obra da Igreja Nova.
No entanto, na Rua da Bandeira, há outras Marias das Dores que vão grão a grão colaborando com as obras da Igreja Nova.
Agora encontra-se viúva, participa no Centro de Dia, tem 3 filhos que ficaram à morte do seu marido: Francisco José, Jorge Manuel e Carlos Manuel, todos casados, ausentes, em França, dois deles com geração e um sem geração.
António Esteves Miranda
António Esteves Miranda é filho de Daniel Afonso Moranda, de Deão e de Maria Angelina Esteves Ferreira, de Poiares. O António nasceu em Deão em 8 de Novembro de 1942. Os seus pais eram lavradores. Este estudou no Liceu de Viana e daí foi para a tropa. Após a tropa arranjou trabalho nas finanças onde fez carreira até chegar a técnico tributário e se reformou como tal. Entretanto já depois da tropa conheceu em Viana, na Abelheira a Rosa Viana da Silva, com o curso comercial, que era da antiga família dos Vianas da Abelheira com quem veio casar a 23 de Setembro de 1973 e viveu à rua Guerra Junqueira até construir na Abelheira (no Rubins) uma boa vivenda onde agora habitam depois da sua esposa lhe ter dado dois filhos a saber: o Francisco José, professor tese de doutoramento em Matemática e o Daniel, professor e mestrado em Física- Química, ambos a viver com os pais.
O António Miranda faz parte da Comissão de Culto da Senhora das Necessidades e a esposa foi zeladora da capela, assim como os seus filhos, sobretudo o Francisco José faz parte do Pólo Juvenil.
O António Miranda é pessoa muito dedicada à vida de casa, do jardim, é de convicção cristã por educação, mas a sua esposa supera-o.
Ir à igreja não faz mal... torce pelo FCPorto, pois se é nortenho, não pode trocar pelo sul. Tem quatro irmãos, uma irmã e treze sobrinhos. Também a sua esposa tem um casal de irmãos e três sobrinhos.
A Rosa dirigiu uma loja comercial, mas agora arrendou-a e deste modo, os dois fazem mais companhia um ao outro e até aos filhos professores.
Uma nova vida a viver por casa e passeando com projectos novos para rejuvenescer numa vida nova...
As Trindades
Para além das horas recomendadas particular ou publicamente pela religião católica, há ainda ,numa terra ou outra do interior, aquilo que há cinquenta anos era comum a todas as freguesias. Era o toque das trindades, isto é, pela manhã, ao meio dia e à noite.
Na minha terra chamavam ao toque pela manhã “as alvoradas”, isto é, era ao nascer do dia que consideravam as 6 horas mais ou menos; depois às 12.00h a que na minha terra chamavam o toque das Avé Marias (era o Angelus) e pela entrada da noite, no lusco-fusco, aparece o último toque a que chamavam as trindades. Eram horas que cortavam o dia, ou dividiam a noite do dia, como o toque das alvoradas para a pessoa se benzer e rezar pelo novo dia que desabrochava. Era como que o despertar das orvalhadas ou até o acordar de uma noite bem passada, ou ainda, o adormecer em lágrimas amarguradas de noites mal passadas porque a noite era sempre um tempo de “mau agouro”, era o tempo dos bichos, dos lobisomens, das almas penadas, das procissões de defuntos...para muitos...
Então o “bosque das alvoradas”, como os foguetes em dias festivos faz lembrar que o nascimento de um dia é motivo para festa, para louvar e agradecer e não faltam poesias ao “pôr do sol”, como “ao nascer do sol”. De facto ao chegar a noite é tempo de reflectir e de pensar num dia que passou, de momentos que não se repetem, mais e apenas ficavam gravados na memória não do computador, mas na memória do nosso cérebro. Assim ao meio dia as pessoas, mesmo nos campos paravam e rezavam e o toque da noite – era o fecho do dia e o começo da noite. Em alguns lados já não se podia sair de casa ou vir à porta de casa, sobretudo, as crianças...ou as mulheres a não ser em grupo para uma desfolhada, espadelada, trabalho em serão de solidariedade ou uma festa...
Claro que na intenção da igreja a oração do meio dia era a recitação do Angelus com as três Avé Marias, a que é costume juntar três vezes a “Glória ao Pai”.
Na minha terra, no toque da trindade, eram rezados três Pai-Nossos e uma oração pelos defuntos.
Era o crepúsculo da noite, a entrada num tempo de serões, de incertezas, de descanso, de sonhos...que as alvoradas rompiam essas trevas densas que sustentavam um tempo retemperador do corpo e do espírito para um novo dia de trabalho, de vida, de novas emoções, de novos momentos que cada um desejava que fosse o melhor. Hoje, as coisas são diferentes. Já nem na aldeia toca o sino. Não há alvoradas para anunciar o novo dia; nem ao meio dia para as Avé Marias, nem às trindades para as orações do fim do dia.
Agora nada disto acontece. Embora esteja a ressurgir a oração da liturgia das horas que é obrigatório para os padres. Agora há muitos leigos que rezam Laudes (oração pela manhã), Vésperas (oração ao fim da tarde) e completas (oração para a hora do deitar). Há outras horas do breviário.
O toque do sino pelo sacristão naquelas horas certas, três vezes ao dia, acabou. Ficou apenas na nossa memória e na nossa gratidão aos sacristães que se ocupavam disto, quando não era o Abade que, normalmente, dava esse toque quando vivia muito perto da igreja.
Rezava-se ao deitar: Nesta cama me deito / Com esta roupa me cubro / Se a morte me perseguir/ Anjinhos do Céu me acudam. Ou: Nesta cama me deitei / Sete anjinhos nela achei / três para os pés, quatro para a cabeceira / E Jesus Cristo na dianteira. Ou: Ó meu Senhor Jesus Cristo, / Amor do meu coração, / Aos vossos divinos pés / Faço a minha confissão. / Perdoai-me os pecados, / Sabeis quantos eles são. / Dai-me neste mundo paz, / E no outro salvação. / Pelas vossas cinco chagas, / Dai-me a vossa salvação!.
Ao levantar: Ó Anjo da Guarda / Ó Santo do meu nome, / Santo ou Santa deste dia / Interceda a Deus Nosso Senhor / Por mim e me guarde de todos os males / E perigos que me possam acontecer / nesta vida. Ou: Ó Anjo da minha guarda / Semelhança do Senhor / Que do Céu vieste mandado / Para ser o meu guardador. / Peço-vos Anjo Bendito /Pelo vosso divino poder /Que dos laços do demónio / Me ajudeis a defender. Ou a mais oficial: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso Guardador/ já que a ti me confiou/ a Piedade divina, sempre me rege, guarda, / governa e ilumina. /Amém.
Oração do Meio Dia: P.- O Anjo do Senhor anunciou a Maria. R.– E ela concebeu do Espírito Santo. P. – Avé Maria, cheia de graça... o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. R. – Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amen. P. - Eis a serva do Senhor. R. – Faça-se em mim egundo a Vossa Palavra. P. – Avé Maria, cheia de graça... R. – Santa Maria, Mãe de Deus... P. – E o Verbo Divino Se fez homem. R. – E habitou entre nós. P. – Avé Maria, cheia de graça... R. – Santa Maria, Mãe de Deus... P. – Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. R. – Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. P. – Oremos: Infundi, Senhor, nós Vos pedimos, a Vossa graça em nossas almas, para que nós que, pela anunciação do Anjo, conhecemos a Encarnação do Vosso Filho Jesus Cristo, sejamos conduzidos à glória da Ressurreição. Pelo mesmo Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amen. T. – Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo. R. – Como era no princípio, agora e sempre. Amen. T. – Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo. R. – Como era no princípio, agora e sempre. Amen. T. – Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo. R. – Como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Toque das Trindades - à noite, recordando uma tradição em Vitorino de Piães ( conc. Ponte de Lima)- o “Botar as Almas” no Tempo Quaresmal:Era assim: ALERTA, ALERTA // A VIDA É CURTA A MORTE É CERTA // Ó IRMÃOS MEUS. // REZAI UM PADRE NOSSO E UMA AVÉ MARIA // PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO. // QUEM PUDER SERÁ POR AMOR DE DEUS.
Nota: Canto lento, sílabas bem pronunciadas, sendo cada verso (alínea), na sua parte final arrastado e com flexões de voz. Cantando no Tempo Quaresmal, durante nove dias e logo após o Toque das Trindades. O cantor, subia ao monte e de lá entoava-o com voz forte para que o seu alerta chegasse o mais longe possível. Dizia-se (?) que quanto mais distante chegasse a sua voz mais indulgências ganhava/ recebia. Testemunho: “Cantei-o várias vezes. Minhas irmãs também”, diz-me J. Gomes.
Outro “ belo pergaminho / Em Portugal inteirinho / Por aldeias e cidades. / Tem tradição secular, / À noitinha o badalar, / Na velha torre, as trindades. * Após o Sol se esconder / Pertinho do anoitecer, / Da torre ressurge enfim, / Os sinos em melodia, / Anunciam mais um dia, /Que afinal...Chegou ao fim. * Todo aquele que tem fé / Para ali, firme e de pé, / Vai terminar sua lida. / Quando trindades bater, / É hora de agradecer, / Por mais um dia de vida. * Para quem está ausente / Dentro de si, ainda sente / Em qualquer parte, onde esteja, /Uma certa nostalgia, / De não ouvir ao fim do dia / Os sinos...Da sua igreja!...”De Euclides Cavaco.
Hoje vemos os muçulmanos que mantêm as mesmas horas de oração e, nas casas dos cristâos, parece tudo ser esquecido. São as próprias famílias que o dizem. Não se reza em casa. Depoios...é o que se vê....
Ad quem
Adelaide Malheiro da Silva nasceu com a república em 13 de Outubro de 1910, filha de Maria Malheiro da Silva, seus avós eram lavradores, assim como sua mãe e ela continuou.
Nasceu em Cossourado (Tamel) mesmo junto a Balugães, concelho de Barcelos. Trabalha a sua mãe e ela para o Rosas e o Dr. de Agrelo, dali de Balugães.
Ela veio parar à Abelheira para trabalhar para “Bate-Malho” e depois para o “Pintor” e estava lá quando nasceu a Conceição, a mulher do Zé Maduro, e foi ela que a levou ao colo à Igreja no dia do Baptismo.
Um dia foi à festa de S. Mamede, num Domingo, na Areosa onde conheceu o João Rodrigues Gaivoto e na segunda-feira apareceu na veiga da Areosa com uma aliança para lhe meter no dedo. Tinha ela 24 anos , tendo casado um ano depois com aquele jovem mais velho do que ela 3 anos.
Deu a seu marido 4 filhos, a saber: a Maria das Dores, o Manuel, o João e a Helena.
Dos quatro casaram 3 e todos têm geração.
O João Gaivoto morreu aos 44 anos de morte repentina. Era carreteiro. E assim governava com a sua esposa a sua casa.
À sua morte a filha mais velha tinha 16 anos e a Adelaide agarrou-se ao carro e aos bois como o marido. Foi a primeira e a única mulher na Abelheira que se fez carreteira para poder levar a vida e sobreviver com os filhos, educando-os. Teve um jornaleiro, o Joaquim de alcunha ”Pistolante”.
A Adelaide foi uma das primeiras a inaugurar o Centro de Convívio em 1982. Ultimamente não tem aparecido por causa das pernas, mas uma vez ou outra aparece para ver os amigos.
No entanto, o calor da filha Maria das Dores e da neta Júlia com quem vive e dos filhos e noras que vivem porta com porta traz-me um afago familiar muito bom que a vai levar a celebrar o centenário daqui a 4 anos porque parece ter condições físicas e espirituais para isso.
A Adelaide sempre foi uma pessoa muito positiva. Gostava de discursar, de falar em nome dos colegas e até de falar em quadras populares.
Era uma grande animadora no Centro de Dia e sempre aí deu um contributo muito importante na sua coesão desde que nasceu o Centro de Convívio na Sacristia da Igreja.
Um Carpinteiro ambulante (fotos)
António da Silva Miranda era assim conhecido o “tio Geraldo”, o carpinteiro ou marceneiro, falecido aos 75 anos com uma trombose, em Mazarefes, a 11 de Novembro de 1968. Era um carpinteiro ambulante, casado com Rosa Rodrigues de Amorim, galinheira, isto é, comprava galinhas e vendia na feira. A mulher foi mais longe. Faleceu aos 86 anos de idade, em 29 de Março de 1984.
O “tio Geraldo” conheci-o muito bem, apreciava-o na arte não só de madeira, mas também na arte de fazer os cigarritos para fumar de folhas de crisântemos, folhas de vinha quando não tinha dinheiro para os comprar, mas o que o levou mais cedo foi o cigarro, o vinho e a aguardente. Sempre o via com os dedos (indicador ou “fura bolos” e o médio ou “pai de todos”) quase pretos, assim como os lábios de tanto andar com o cigarrinho, às vezes, até aos últimos milímetros...
Criou com a ajuda de sua mulher 6 filhos: o José que foi viver para Afife; era padeiro e morreu em Lisboa, sem filhos; o Eduardo foi para Angola veio para o ENVC, e morreu em Anha, casado deixando 2 filhos; o António, solteiro, pintor já falecido em Mazarefes; Maria, em França, casada e com geração. Esta Maria é a mais nova e andou comigo na escola; a Ermelinda casada com Manuel Dantas Afonso Perre, falecido em 18 de Março de 2001, com 61 anos de idade, de enfarte, trabalhou na Câmara Municipal, na seca do Bacalhau, na construção civil, deixando viúva a Ermelinda e 4 filhos a saber: o José Perre a viver em Darque, Professor de judo e com geração; Manuel, solteiro, Paulo Jorge a viver em Viana, Maria Otília Perre, solteira.
De qualquer modo eu gostaria de chamar a atenção para a sua arte espalhada ainda por Mazarefes e pela região, por onde andasse a fazer serviço ao domicílio e mais que dizer palavras vou mostrar algumas fotos que falam por si de mobília de há 50-60 anos atrás... que registei com prazer em casa de amigos, um deles em Subportela, o Sr. Augusto Galhofa.
A. Viana
Uma empresa para permanecer- 4 fotos
Muito jovem ainda, estudava Filosofia, conheci o Senhor Aurélio Martins Sobreiro através dos cursos de Cristandade, depois, em Teologia, comecei a andar por Durrães onde fundei com a ajuda do Padre Mendes, naquela altura Pároco daquela Freguesia um grupo de Legião de Maria. Foi aí que os meus contactos com Aurélio Martins Sobreiro começaram a ser muito frequentes, e que continuaram quase até ao seu falecimento. Era fácil encontrá-lo em Caminha, em Viana, nas Argas, ou em qualquer sítio onde houvesse obras de sua responsabilidade.
Aurélio Martins Sobreiro nasceu em Durrães em 04/07/1906 e casou com Rosalina Pereira Pinto, de Carvoeiro. Como não há nenhum General sem uns bons Soldados, assim aconteceu com o Senhor Aurélio, pessoa que eu admirava. Tinha também uma boa esposa e boa mãe de seus filhos, por isso, ele conseguiu fundar uma empresa ainda muito jovem,mas cedo começou a tomar proporções que todos conhecem e, ao mesmo tempo, educar 14 filhos, embora duas meninas tenham morrido ainda crianças.
Assim temos: A Glória , casada e com filhos; a Maria de Fátima casada e com filhos, já falecida em 1967 na Venezuela; o Maurício casado e com filhos; o Luís casado e com filhos; a Maria Fernanda casada e com filhos, falecida na Argentina em 2004; Armando Alberto casado e com filhos; a Joana falecida menina; o Germano casado e com filhos; a Ana casada e com filhos; a Idalina Agostinha falecida menina; a Idalina de Jesus casada e com filhos; o Agostinho casado e com filhos; Júlia casada e com filhos e a Luísa casada e com filhos.
Ainda a sede era em Durrães, ou a oficina, e o Senhor Aurélio cheio de experiência de vida e de saber, um dia, no terreiro de Caminha, enquanto esperava um dos seus filhos, suponho que, o Luís, o vi preocupado com o futuro da Empresa sobretudo pela diferença de temperamentos dos filhos.
Afinal a Empresa continuou talvez com outros nomes associados, mas o que interessa é que já se trata de uma Empresa Multinacional. Está implantada em Moçambique e estender-se-á pelos países lusófanos... E a celebração de centenário do nascimento do Aurélio Martins Sobreiro, a 30 de Setembro, em Vila Praia de Âncora, em 2006, na Pedreira, foi homenagem bem justa e merecida. O Aurélio e a Rosalina que também já partiu para a vida etérea e que eu conheci, sentir-se-ão orgulhosos pelos filhos, netos e dai a pouco pelos bisnetos que continuaram e copntinuarão a obra que neste mundo os ficará a honrá-los e a torná-los presentes nos seus sonhos...
Maurício Sobreiro,o mais velho dos irmãos, é de facto, um bom timoneiro e é optimista apesar de “Obras em queda livre” nesta altura de crise. Em Maio de 2006, no boletim nº2 da Empresa, é-nos mostrado no Ranking entre as 1500 empresas por volume de negócios como a empresa nº1, citando o Diário de Notícias.O Maurício tem uma personalidade muito semelhante à do pai. É cauteloso, de vida um pouco austera, vivendo sempre com um certo equlíbrio e um pouco exigente consigo mesmo. Amigo, aliás, como os seus irmãos, de fazer bem aos outros...
A empresa tem estimulado os seus trabalhadores que mais se entregam à família Aurélio Martins Sobreiro & Filhos, S A .
A propósito, posso transcrever algo que um calceteiro de Mazarefes escreveu a propósito de um excelente empreiteiro para quem trabalhou, trata-se do Manuel Soares da Costa a falar do seu Patrão.
Aurélio Martins Sobreiro
Eu digo e com razão
De um simples Pedreiro
Chegou a grande Patrão
Na vida soube vencer
Soube os filhos educar
Eu vi a firma crescer
Com eles a trabalhar
Foram trinta e sete anos
Que para a firma trabalhei
Neste mundo de enganos
Patrões que admirei
Procurando sempre o jeito
Com o seu modo de ser
Merecendo o meu respeito
Eu assim o vi vencer
Homem de bom coração
Honesto e verdadeiro
Conhecedor da razão
Aurélio Martins Sobreiro
Muito certo sem enganos
Parte de vós o sabeis
Que fazia os cem anos
Em 4 de Julho de 2006
José de Jesus Correia
José Correia, nasceu à Rua da Bandeira junto ou em frente à Segurança Social, filho de Ventura barros Correia, fabriqueiro, sapateiro de botins para o exército e de Carolina de Jesus Correia, doméstica. O pai era da Rua da Bandeira e a mãe de S. Martinho de Gandra. Os seus pais tiveram 12 filhos, escaparam 8 porque 4 faleceram crianças ou bébes. O José nasceu em 1928 e tem mais 3 irmãos: o Constantino, o Leandro e a Maria Adelaide, eles casados e com filhos no Brasil, ela solteira a viver com ele. Os falecidos eram o João, a viver no Brasil, casado com geração, a Maria casada e com geração a viver em Lisboa, e o António que morava no Bairro Jardim casado e com filhos.
O José andou na Escola do Carmo, aprendeu com o pai a arte de sapateiro, mas depois embarcou na Empresa de Pesca na Stª Maria Manuela, como moço de convés, criado de copa a Bordo do Manuela.
Depois embarcou no Stª Maria madalena de Ajudante de cozinha e depois passou para o Barco Rio Lima de ajudante de cozinha. Foi para o “Senhora das Candeias” com o encargo de cozinheiro do qual se reformou.
Entretanto, tinha casado em 15 de Dezembro de 1950 com Ilídia Pereira de Sousa, de Fânzeres, Gondomar, distrito do Porto, oleira na Fábrica Campos e Filho. Tiveram dois, um faleceu em bébe e outro faleceu depois de casado tendo deixado um casal de filhos e viúva a Manuela Lima Correia, faleceu de doença que não perdoa.
Gostava de passear com a sua esposa. Era o seu passatempo e disso tem saudades porque agora não pode. Viajou sobretudo aqui com a Paróquia onde conheceu meio mundo com a sua esposa e também aproveitou os passeios pequenos e maiores aqui dentro do país e da Espanha com os idosos do Centro de Dia e com grupos que a Paróquia organiza.
O casal é muito generoso. Ainda recordo das lições que o José Correia antes de ter sido acometido um enfarte dar lições de cozinha e de andanças pelo mar aos adolescentes do Ozanan e de cozinhar no Ozanan com aqueles que gostavam de saber segredos de cozinha... A Ilídia Sousa, essa senhora, sempre serviçal a correr para os Idosos para dar a mão, ajudando, acompanhando, ouvindo; a sua felicidade era ver os idosos felizes. Sempre prontos para a festa e generosos para contribuirem para a Comunidade no seu todo...
Não foram muito bafejados pela sorte, pois dos dois filhos que tiveram já não têm nenhum, mas não lhes falta o calor dos 2 netos, da nora e da irmã da Ilídia que com eles vive e restante família.
Mário Pedra, um voluntário
Mário Caldeira Pedra, nascido em Lisboa, em 27.07 de 1940, filho de João Nunes Pedra e Antónia da Conceição Caldeira. O pai era militar, já falecido e a mãe doméstica e ainda viva, vieram para Viana em 1942.
O Mário Pedra frequentou a Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo e o Curso do Magistério Primário, em Braga. Começou a trabalhar na Areosa como professor e a estudar e frequentou o curso de Fiscalidade de Economia no Porto até ao 3ºano.
Foi professor contratado na Escola Oliveira no Porto.
Saiu do Ensino Oficial e ingressou num Banco Comercial. Entretanto já tinha casado em 1961 com Fernanda do Céu Afonso, de Miranda do Douro, mirandesa, da aldeia Ifanes que lhe deu duas filhas, infelizmente uma delas já falecida e a outra formada em ciências geográficas e dedica-se à investigação e recuperação do património defendendo a tese em Cluny, em França, sobre a recuperação do Mosteiro de Pombeiro, perto de Guimarães. Casou em Santa Luzia. Celebrou o Pe. Quintas, pároco da Areosa.
O Mário Pedra está aposentado da Indústria Seguradora e usa como hobi ajudar os outros todos os dias e é por isso que todos os quinze dias passa pelo Centro de Dia para animar os idosos lendo e comentando textos e assuntos de interesse das pessoas, a tal ponto que os idosos já dão pela falta dele, se algum dia, tiver de falhar... Gostam dos debates que dirige e participam todos na sessão.
Segundo ele diz, afinal, não só ensina, mas também aprende com eles sempre coisas novas.
É assim que Mário Pedra mantém a sua juventude e embora os anos lhe vão avançando ele não dá conta disso e o que interessa é o espírito que lhe dá vida. “Quem lucra mais com isto sou eu, não são as pessoas”, disse ele.
A figura do Regedor
D. Fernando de Portugal pediu ao Mestre de Assis,Rei de Portugal D.João I), que aceitasse ser “Regedor e Defensor do Reino “em 1383.
A Regêngia do Reino, na Monarquia, não era muito diferente. O Rei era o supremo. O regedor da aldeia impunha a ordem pública da aldeia, era o oficial responsável.
O regedor era o encarregado de fazer cumprir a regra, a ordem. Era a autoridade moral, pessoa normalmente respeitada e respeitadora. A lei facultava-lhe alguns direitos como a de prender e assim foi chegando aos nossos dias.
Em 1823, no mês de Maio, ao segundo dia, saiu a lume o primeiro número do jornal semanal o Regador.
Tinha normalmente dois cabos de ordem. Intervinha em zaragatas, em conflitos familiares, entrava nas casas da aldeia. Procurava a manutenção da ordem... evitava causas jurídicas, funcionava como um “juiz da paz” na Aldeia.
Outros o teriam como o polícia da Aldeia... Repreendia e regia a ordem na terra.
Na altura do liberalismo os regedores eram também os administradores das freguesias ainda na primeira metade do século XIX.
Houve tempos em que o Conselho de Freguesia era convocado e presidido pelo Regedor até chegar à Assembleia de Freguesia.Houve freguesias em que o Regedor assistia às reuniões das Juntas de Freguesia até 1970. O Regedor era uma figura importante em qualquer terra. Era o garante da disciplina, da ordem pública. Era a autoridade que funcionava em cada freguesia que, desde 1940, acumulou as atribuições municipais com as de agente do governo.
Quando na terra havia qualquer escaramuça, era o Regedor o primeiro a ser interpelado para apaziguar os intervenientes, fazer as pazes. Daí também lhe chamarem o “juiz de paz”, o primeiro, por isso, a ser “juiz directo” para impôr a ordem. Tinha os seus ajudantes que eram conhecidos por “Cabos do Regedor” e escolhidos por ele. Eram eles “segurança” do senhor Regedor. As zaragatas nas tabernas, nos lugarejos, nos campos, nas festas, nas famílias, o Regedor era o primeiro “bombeiro” que era chamado para pôr ordem.
A patrulha da GNR quando ia fazer ronda nas freguesias passava pela casa do Regedor para pôr o “visto”.
Em Mazarefes, durante mais de 20 anos serviu a comunidade o Senhor João Cunha. Foi o Regedor que mais serviu em anos e sucedeu a Manuel Fernandes Liquito, e este a José Fernandes Pitta. No entanto, na minha aldeia registei outros anteriores,como:José Dias (o conde ou o “Rei Turco”) também conhecido fazia de juiz de paz; João de Matos Gonçalves da Cunha e e já depois do João Cunha do meu tempo,o José Vaz Coutinho.
O trabalho do João Cunha pelo que consta e pelo que tive o prazer de conhecer, foi um precioso contributo para a harmonia dos habitantes desta terra. João Cunha tinha por hábito resolver tudo “sem passar a ponte para lá”, isto é, sem tribunal, porque segundo ele, “era tempo perdido”. Se assim o pensava e procurava fazer, nem sempre conseguiu aquilo que queria...
No entanto, salda-se como uma acção meritória, na época, a favor da terra e que não pode ser esquecida por todos os que o conheceram. Sucedeu-lhe José Vaz Coutinho, da Conchada.
Se tivermos em conta que nessa altura esse serviço era feito de “graça e a seco”, soma-se por um voluntariado bem generoso e como a gratidão deve ser apanágio de qualquer cidadão deste mundo, ficará sempre em “déficit” qualquer recompensa...
Vivia na Regadia, numa muito antiga casa, das primeiras talvez construídas naquele lugar ao longo do caminho que ligava a Veiga de S. Simão a Sabariz, em Vila Fria, onde faz cruzamento com um outro caminho que ligava as terras conventuais e mais tarde, dos fidalgos, às terras de Vila Franca. Nesse cruzamento, que era e é o coração do respectivo lugar, viveu o Senhor João de Matos Gonçalves da Cunha, nascido a 6 de Junho de 1886, numa casa um pouco mais acima e falecido nesta, a 26 de Dezembro de 1971, pelas 21.00Horas. Era filho de José Gonçalves da Cunha e de Rosa Rodrigues de Matos, filha de João Rodrigues de Carvalho, casada com um do Cordoeiro.
O João Cunha casou com Marta Alves da Costa Parente, natural de Stª Marta e familiar do actual padre Manuel Parente Pereira, pároco da freguesia e redactor do Notícias de Viana. Este casamento fez o João Cunha herdeiro universal dos bens dos tios de ambos, António Gonçalves da Cunha, proprietário desta antiga casa e marido de Teresa Rodrigues de Matos, da “Casa do Augusto da Castela”, oriunda do Castelo de Neiva.
O João Cunha teve do casamento 5 filhos: A Olívia e o Manuel que faleceram solteiros e na casa, o José que casou, mas não teve filhos, a Ana que casou com Manuel Almeida da Riba e tem uma filha chamada Fátima e o António que casou com a Maria Ribeiro de Matos, da Casa da Castela de Cima e teve 4 filhos: a Marina, o José, o Manuel e a Cecília. O João Cunha já faleceu há largos anos, mas continua vivo nesta plêiada de filhos, netos e bisnetos...
Dizia-se que nos devemos dar sempre bem com 3 pessoas na freguesia: o padre, o médico e o regedor.
Ainda hoje é conhecida a família “pelos Cunhas do Regedor”. A.C.
Pe. António Fernando Sá dos Reis Foto
O P.e. António Fernando Sá dos Reis nasceu a 7 de Março de 1948, em Rio Meão, Santa Maria da Feira. Filho de Claudino Pinto dos Reis, trabalhador na cortiça (corticeiro), e Rosa de Sá Fernandes, doméstica. Foi baptizado a 4 de Abril do mesmo ano, na mesma terra e concelho. A 12 de Outubro de 1959, deu entrada no Seminário de Viana do Castelo, dos Senhores Padres Carmelitas. Interrompeu os estudos para fazer o noviciado a 6 de Agosto de 1964, em Avessadas, e fez a 8 de Agosto de 1965, no mesmo local, a sua Profissão temporária.
Seguiu os seus estudos eclesiásticos em Vitória, cidade a norte de Espanha, no Instituto Superior dos Estudos Eclesiásticos do Porto e no PUS de Roma.
A 10 de Junho de 1973, na Foz do Douro, fez Profissão Solene. No entanto, foi em Roma, na Capela de Santo Anastásio, que se ordenou Diácono, a 21 de Abril de 1974, no Teresiano, e a 25 de Abril de 1976 se ordenou sacerdote. Fez este ano 30 anos de sacerdócio. O P.e Dr. Fernando Reis é actualmente o Superior do Seminário de Viana. Já cá tinha estado quando veio de Roma. Depois foi para o Funchal, onde esteve 18 anos, tendo exercido funções de superior por dois mandatos seguidos. Em 2002 regressou a Viana onde actualmente se encontra.
É sacerdote que domina muito bem os conhecimentos e a vivência de espiritualidade carmelitana e, ao mesmo tempo, parece ter a Bíblia bem presente na vida, citando-a, se for necessário, sem consulta prévia. Tudo vai da oportunidade.
A história de um sacerdote é sempre difícil, longa e cheia de mistério, como misteriosa foi a vida de Cristo, por isso, é sempre complicado descrecer a vida de um Homem como o Pe. Fernando, sobretudo porque é um padre sempre em serviço da Comunidade.
Faz parte, na qualidade de superior da Comunidade Carmelita, do Concelho Paroquial de Pastoral da Paróquia de Nª Sra. de Fátima, e tem sido um óptimo colaborador.
Tem sete irmãos: um é padre carmelita e é mais novo; uma freira, Irmâzinha dos Pobres, Congregação Francesa, também mais nova; uma irmã solteira; duas irmãs casadas e dois irmãos casados, tendo, todos os casados, filhos.
É um bom padre, muito bom companheiro, um colega que sabe “pôr sal na comida” e muito generoso... sempre pronto a servir... e “como os homens não se medem aos palmos” é porque as virtudes valem mais que qualquer materialidade...Bem haja e que Deus continue a fazEdite Isabel Baptista Alves, filha de Manuel Alves, natural de Ponte de Lima (Fornelos) e de Rosa Joaquina Baptista, dos Arcos de Valdevez (Guilhadezes), industriais de panificação numa padaria que ficava onde foi já parque do Hotel Afonso III e hoje em obras, conhecida pela casa da “Rosinha da Ponte”. Ainda me lembro do tempo da minha infância porque a minha 3ª classe foi preparada por uma neta, a Rosa, regente escolar.
João Fernando Martins nasceu em 1 de Junho de 1920, à Rua da Bandeira, onde hoje vive o Fernando Amado, isto é, onde a rua naquele tempo tinha o nome de Rua das tabuínhas. Era filho de António Martins e Rosa Fernandes Morais. O pai era Tanoeiro e a mãe doméstica. A oficina do pai era no local onde hoje é o “Pipo” à Rua do Cais.
O João frequentou a Escola do Carmo e a Escola Industrial até ao 2º Ano. Daí foi trabalhar para serralheiro no Luciano Gaião até que um dia resolveu ir para o mar na qualidade de motorista, tinha 16 anos, passando aí o tempo até à reforma, 45 anos de mar.
No mar não se pode ver coisas boas, “só vi quadros tristes”, tive vários sustos porque foram vários os perigos, mas a providência lá nos foi defendendo e também o factor sorte..., mas geralmente é sempre a ideia de Deus, dos Santos, a força Divina”.
O João Martins foi tropa 3 vezes e com licença interrompia a tropa para embarcar.
Se os pais da D. Edite tinham 6 filhos, também os pais do João tinham outros 6.
Casou com a Edite Isabel Baptista Alves,em 7 de Janeiro de 1945 que lhe veio a dar uma filha, a Rosa Maria (Romy) .que hoje é empresária, casada com Joaquim Relhas, Eng. na C.Pe e tem um casal de filhos, ambos formados. O João e a Edite sentem-se felizes porque já têm um bisneto.
A Edite sempre serviu os pais na Padaria. É zeladora na Igreja do Carmo há 52 anos e faz parte da Ordem Terceira. Aqui na Paróquia tem tratado dos “ paninhos do Senhor”, (isto quer dizer os panos como os sanguinhos,corporais,manusteres, palas e tudo o que está ligado ao acto eucarístico sobre o altar),é da Legião de Maria e foi da Direcção do Centro Social Paroquial de Nª Sra. de Fátima. Sempre colaborou desde a abertura desta Igreja na recolha de assinaturas com a Maria dos Caracóis, no tempo ainda em que o serviço religioso ser garantido por Monsenhor Corucho, pelo Pe. Preza e depois fundada a Paróquia com o primeiro Pároco, Pe. António da Costa Neiva, Pe. Rogério Cruz e até ao terceiro Pároco, o Pe. Artur Coutinho, com quem ela mais trabalhou na Igreja a favor da Comunidade em geral.
O seu marido é outra pessoa muito prestável, voluntariosa, embora a saúde não favoreça muito está sempre activo porque vive com a a alma sempre a olhar para as necessidades dos outros...
Vive mesmo em frente à Igreja. Antes viveu na Papanata. A sua única filha, que tem já mais de meio século, como eu, já fez aqui a primeira Comunhão. Chama-se Rosa Maria e é Directora Administrativa de uma Empresa. Casada com o Joaquim Relhas, engenheiro na C.P.. A Rosa Maria deu-lhe um casal de netos: o Mário, já casado e a Andreia, ainda solteira.
Nesta nota, queremos prestar a nossa homenagem à D. Edite e ao seu marido, mas também à sua irmã Zulmira, que está viúva e era distribuidora de mensagens da Paróquia. Ao mesmo tempo lembramos o Francisco Gonçalves que costumávamos encontrar na Leitaria do Carmo a pôr as notícias em dia encontradas nos jornais de que a casa dispunha, enquanto tomava o seu café e se encontrava com amigos para um pouco de cavaqueira.
A ele queremos traze-lo à memória de todos que, embora já nos tenha deixado, não podemos esquecer um amigo que, de nós, apenas se afastou temporariamente. Um dia, lá onde o tempo deixa de existir, nos encontraremos purificados e puros na perfeição total do Caminho, da Verdade e da Vida.
Dr. JOSÉ FRANCO DE CASTRO
Cidadão vianense de reconhecido mérito, firmado no elevado desempenho das suas superiores funções plurifacetadas, desde o campo jurídico-profissional ao do desporto e desde a área da cultura à da solidariedade social, que a Viana do Castelo dedicou muito do seu saber e da sua acção, durante a grande maior parte da sua vida.
Com uma formação humana caldeada em seis princípios basilares, que para quem com ele priva, são facilmente detectáveis e o próprio também o apregoa: trabalho, justiça, dignidade, saber, solidariedade e humildade.
Nascido em Lanheses, deste Concelho, em 25 de Novembro de 1936, e como é natural os homens grandes nascerem quase sempre de famílias modestas, como a sua, que muito o honra. Em Lanheses frequentou a escola básica, como aluno do professor Gabriel Gonçalves. Em Outubro de 1948, ingressou no Seminário de Braga, onde estudou 9 anos: os 5 anos de humanidades, 3 anos de filosofia e o 1ºano teologia.
Em 5 de Maio de 1957, resolveu sair do Seminário, informando os superiores e colegas de que não se reconhecia com verdadeira vocação para padre, e, no mês seguinte, logo concluiu as provas de exame do 5ºano no Liceu de Braga.
Em 1958, um ano posterior, frequentou o Colégio D.Diogo de Sousa de Braga, de que foi dispensado do pagamento de propinas, face às altas classificações que obtinha, concluiu o exame do 7.º ano no Liceu de Braga, tendo ficado dispensado do exame de aptidão à Universidade. Em Outubro desse ano, passou a frequentar o 1.ºano da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Em Outubro de 1963, concluiu a licenciatura em Direito, com distinção, e matriculou-se no Curso Complementar de Ciências Jurídicas (vulgarmente conhecido por 6.ºano de Direito).
Em Fevereiro de 1964, tomou posse do cargo de Delegado do Procurador da República, com jurisdição nos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé e Freixo de Espada à Cinta, para que foi nomeado e que exerceu durante um ano.
Em Fevereiro de 1965, passou ao quadro efectivo de magistrados, como Delegado do Procurador da República em Caminha, e, em 1967, foi promovido e colocado a exercer esse cargo em Ponte de Lima.
Em 1968, para evitar as frequentes mudanças de comarca e, assim, melhor se ajustar à actividade médica da sua esposa, Dr.ª Maria Margarida Pereira de Brito, pediu e logrou mudar-se para o quadro efectivo de Conservadores do Registo Civil e Predial, passando a exercer o cargo em Vila Nova de Cerveira, que acumulou com os de Juiz Municipal e de Notário, tendo-se inscrito também como advogado.
A partir de Novembro de 1974 e durante 19 anos, foi Conservador do Registo Predial e Comercial de Viana do Castelo, onde cumulativamente também exerceu as funções de 1.º substituto do Juiz da Comarca, de vogal efectivo do Colectivo do Tribunal do Trabalho e de Presidente da Comissão de Avaliação dos Imóveis Arrendados.
Ainda quando exercia funções em Vila Nova Cerveira, foi eleito Presidente da Comissão Instaladora do Clube Desportivo de Cerveira, foi seu sócio fundador, Presidente da Assembleia Constituinte e, seguidamente, o seu primeiro Presidente da Assembleia Geral. Como praticante de Ping-pong, aí ganhou um 1.º lugar e um 2º lugar em dois torneios muito concorridos, que ficaram célebres.
Já a exercer em Viana do Castelo, foi eleito Presidente do Concelho Jurisdicional da Associação de Futebol de Viana do Castelo, cargo que desempenhou durante seis anos. Foi também nessa altura que a Direcção Geral dos Registos e do Notariado o nomeou, em acumulação, orientador de estágio para Conservadores e Notários, tendo dado estágio a muitos candidatos, que são hoje Notários e Conservadores espalhados pelo País; igualmente o nomeou formador de estágios para Solicitadores, em cuja área foi depois sucessivamente eleito, pelos demais colegas Conservadores e Notários, para membro do Júri Nacional para as Provas dos Candidatos a Solicitadores, funções que exerceu durante 15 anos e até ao seu pedido de aposentação, em 1997.
Em 1991, foi nomeado, após convite, pela citada Direcção Geral, para, cumulando com o cargo de Conservador do Registo Predial e Comercial de Viana do Castelo, proceder à recuperação e reformulação dos registos queimados pelo incêndio que, meses antes, tinha deflagrado na Conservatória do Registo Predial de Ponte de Lima, como preito da maior credibilidade nos seus superiores conhecimentos da matéria, a nível nacional.
Em 1993, foi nomeado Conservador do Registo Comercial no Porto, cujas funções exerceu até Julho de 1997, data em que pediu a sua aposentação e passou a residir permanentemente e de novo em Viana do castelo.
Em 1998, foi eleito Presidente da Direcção do Coral Polifónico de Viana do Castelo, cargo para que foi novamente eleito em 2001, tendo, durante 5 anos, potenciado o bom nome da Colectividade, designadamente com: a adesão de novo Maestro, a inauguração da nova sede, na Rua Nova de São Bento, graciosamente cedida pelo casal Sr. Fernando Carvalho e Dr.ª Lúcia Carvalho, a gravação do seu 1.º “CD”, a conquista do 1.º prémio para corais no Certame Internacional de Orense, a atribuição da medalha de mérito pelo Município de Viana do Castelo, em 20/1/2003, e a aprovação dum elaborado Regulamento Interno.
A partir de 1999, passou a exercer também o lugar de Vice-Presidente da Direcção do Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, para que foi convidado, em cujo exercício de funções ainda se mantém neste ano de 2006 e a que se tem dedicado com muito interesse e abnegação, em verdadeiro espírito de voluntariado.
Troque-me a porta, mas não me troque o nome
Este dito popular é muito certo porque o nome próprio de uma pessoa é tão importante que trocá-lo pode ser um vexame.
Os antigos diziam “Nomen est omen” : o nome é um precágio, é um agouro. Pôr o nome não é um trabalho qualquer, é transcendental e muito pensado, às vezes ainda não sabem se é menino ou menina o que se encontra em gestação e já se anda a estudar o nome mais bonito, mais cheio de significados positivos, o mais eufórico, o que evoca mais história na família; ou em homenagem a alguém, ao padrinho, ao avô, ao tio, a algum santo. Antigamente a Igreja sugeria que toda a criança baptizada tivesse um nome cristão.
Hoje não acontece bem assim, às vezes os pais escolhem nomes que nem prestigiam a língua, nem a fé, nem prestigiam com os nomes aqueles que o levam.
Nomes políticos, da arte, exóticos, literários, de animais, flores, plantas, pedras geográficas, virtudes ou qualidade, nome do dia, aparências... às vezes dizem nada ou pouco...
O estudo dos nomes próprios pessoais chama-se antroponímica, relacionados com lugares geográficos toponímica; fazem parte das ciências Onomásticas ou Onomatológicas, ciência que estuda os nomes próprios, que, sobretudo, se desenvolveu a partir de 1887 por J. I. Vasconcelos, na Revista Lusitânia.
O nome próprio das pessoas distingue-se do nome comum, no seguinte:
Todos os vocábulos têm “alma” isto é, sentido ou significado, e “corpo” ou significante, que na linguagem falada, é o som e na gráfica é a escrita.
Quantas vezes o nome arrasta uma tradição de família, porque se não é no nome próprio ou no sobrenome é no apelido (nome de família que veio mais tarde) e faz parte do nome baptismal. Mas é pelo nome do baptismo que nos começam a chamar, com o nome do baptismo nos chama o bispo para nos administrar os dons do Espírito Santo, para o sacerdote administrar a Santa Unção, ao nome a pia baptismal está ligada porque até o baptismo impunha o nome cristão
Uma lápide com o seu nome lembra-o no cemitério.
O nome não pode ser trocado. É o nome do utilizador.
Segundo a Imprensa Nacional, os nomes mais frequentes no século XIV eram Joham, Martinho, Domingos, Pêro/Pedro, Afonso, Estêvão, Lourenço, Gonçalo, Vicente, Maria, Domingos, Tareija, Margarida, Marinha, Sancha, Clara, Catalina, Costança
O nome do baptismo é portanto o nome de nascimento que o indivíduo recebe de seus pais ao nascer segundo uma norma social universal. A mudança do nome por ocasião do casamento pode ser aumentado mais um apelido. É permitido, mas a adopção de uma alcunha famosa ou, simplesmente, mudar o nome, geralmente, é no aspecto jurídico não impossível, mas muito complicado, sobretudo, em Portugal.
Desde João XII que todos os Papas renunciaram ao nome do Baptismo e escolheram aquele que no seu íntimo se lhes adequava mais.
Também alguns religiosos e religiosas na sua profissão religiosa tomavam outro nome próprio.
Os nobres às vezes usavam para não perderem a memória dos seus antepassados muitos nomes próprios no Baptismo, como por exemplo, o nome de D. Pedro I, Imperador do Brasil e D. Pedro IV Rei de Portugal, nascido a 12 de Outubro de 1798, faleceu a 24 de Setembro de 1834 com o nome de Baptismo de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paulo Miguel Rafael Joaquim João Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim, filho de D. João IV e D. Carlota Joaquina.
Que nome dar agora a um filho?
Segundo a Direcção Geral dos Registos e do Notariado, o registo do nascituro em território português tem 20 dias para ser registado e automaticamente a criança fica com o nome, sendo o seu nome completo o que consta do registo do nascimento. Só podem constar no máximo 6 vocábulos gramaticais, simples ou compostos, havendo dois correspondentes a nomes próprios e quatro a apelidos que devem ser admitido pela onomástica portuguesa ou adaptados a língua portuguesa e não suscitar dúvidas acerca do sexo.
A importância do nome é tão grande que o nome de Deus nem sequer pode ser usado em vão como diz o mandamento, o nome não pode ser manipulado.
Sendo assim em relação ao Nome do Criador, deve ser o mesmo em relação ao nome próprio da pessoa do indivídiuo que não deve ser manipulado, invocado em vão, ou vexado ou provocado como se de um animal irracional se tratasse, ( até esse deve ser respeitado ) ou desconhecido ou desprezado. O que vai ser baptizado devia ter sempre em conta que o nome devia estar ligado à fé, devia ser um nome cristão e não como se se vê por aí a atribuir nomes desconhecidos, talvez permitidos,mas...O nome acompanha a pessoa toda a vida que possa influenciar o comportamento das pessoas, não creio, mas para os supersticiosos talvez...”Nomen est omen”, isto é , o “nome é tudo”.É por isso que se diz “Troque-me a porta, mas não me troque o nome”
Em geral anda-se em Fátima como em grupo de paróquia ou de diocese. A minha experiência é diferente. Fui sozinho, fazendo um circuito turístico em Portugal. Fui visitar um amigo a Fátima.
Fátima está situada a 120Km a norte de Lisboa e é fácil chegar lá pela autoestrada A1.
A aldeia de outrora cresceu depois de 1917 para cidade com 8000 habitantes.
A Igreja, chamada Basílica, parece modesta.
Em frente da Igreja neoclássica estende-se a grande esplanada onde se encontram à direita e esquerda as estátuas dos papas que visitaram, como peregrinos, Fátima. O Santo Padre João Paulo II foi um grande devoto da Nossa Senhora de Fátima.
Tudo é orlado de velhas árvores. Visto da grande distância por mim, a torre, campanário, não me parecia muito mais importante como da Igreja de São José a Hasslinghansen. Mas de perto com as arcadas dos dois lados ligadas por largas escadas, parece maior.
À Esquerda, ao fim da esplanada encontra-se a Capela das Aparições, um edifício moderno com tecto plano e muito vidro, onde a miúdo se celebra a Santa Missa com muita devoção.
Em frente encontra-se o Rectorado, um edifício moderno com dois pisos e no muro da base encontra-se uma representação muito bela da Navidade do Senhor, em metal.
Enquanto que todos os outros quadros são mais ou menos naturalistas, esse grupo é muito estilisado e moderno.
O plano da esplanada tem da entrada até à Capela uma ligeira inclinação. Uma banda de 2m, à esquerda é colorido com mármore polido e percorrido por alguns peregrinos de joelhos, em geral com o terço nas mãos. Estavam mulheres e homens, jovens e velhos que faziam esta penitência. Foi muito impressionante.
No dia 13 do mês de Maio a Igreja e especialmente Fátima comemora a festa da Nossa Senhora de Fátima.
Nesse dia a pequena cidade está cheia de peregrinos
Vastos parques de estacionamento encontram-se perto do Santuário e o tráfico é muito vigiado e dirigido para evitar um caos do tráfico. A grande esplanada formiga com peregrinos que rezam e cantam. Santas Missas são celebradas e sermões ouvidos. Várias procissões com a estátua de Nossa Senhora de Fátima, e à noite com velas, animam a praça. Quem ler uma crítica acerca da festa, encontra-a com toda a ironia e sarcasmo no escritor Saramago.
Para um crente é impressionante e comovente ver a multidão dos bispos, cardeais, sacerdotes, religiosos e religiosas, e simples peregrinos cantando e rezando.
Ainda é possível encontrar igrejas sossegadas e capelas, nas quais a devoção pessoal é bem possível.
Também bela é a Via Sacra, situada na natureza verde, com as suas capelinhas.
Não longe encontra-se a aldeia de Aljustrel com as casas das crianças videntes da aparição em 1917. Estas casas modestas e pequenas de camponeses podem ser visitadas.
Sob a esplanada será construída uma igreja subterrânea, como a de Lourdes será grande, mas sem estorvar o complexo actual.
Em Fátima muitas ordens e congregações têm casas que acolhem hóspedes e oferecem vários programas religiosos e retiros. Além dos hotéis existe a possibilidade de alojar-se com preços módicos, em antigos seminários especialmente para os grupos. A comida é boa e os quartos limpos.
Mesmo se Fátima não tem monumentos da história de Portugal, encontra-se rodeada de monumentos importantes: Ourem, Batalha, Leiria e Alcobaça estão pertos e belos.
Eugen Viehmann
Caminhos para Deus
A Humanidade parece fugir de Deus. Vejamos os meios economicistas que estão a ser tomados no nosso país para podermos fazer face aos índices da pobreza financeira.
Os mais pobres são os mais castigados. O índice de natalidade é o mais baixo e aos casais novos, tira-se o estímulo à paternidade, as baixas por maternidades já não contam para a carreira, as maternidades quantas menos melhor, estamos em tempo de poupança, venha a liberalização do aborto porque a vida não vale nada, é preciso não esquecer a eutanásia porque os velhos e os doentes crónicos não fazem falta, só consomem e não produzem... Há muitos anos que as aulas de Religião e Moral nas Escolas são livres e não têm alternativa capaz para envolver a nossa juventude numa educação cívica, moral, e ética capaz de preparar homens de carácter, com personalidade, com princípios capazes de criar uma comunidade forte a caminho dum Bem maior.
Os nossos jovens não são educados nas escolas para valores perenes da solidariedade, da humanidade, valores éticos, mas apenas para valores materiais de concorrência,e de competição, do ter e do ser grande nestes valores como se a felicidade dependesse do dinheiro, do prazer material e nada mais...por isso a vida passa a ter um valor relativo que se pode discutir e pôr fim como e quando se queira e onde se queira, sem que ninguém tenha nada a ver com isso!... A.C.
Saudades... Foto
Amadeu da Rocha Durão, de Stª Maria Maior, metalúrgico, nascido no primeiro dia do ano de mil novecentos e sessenta e um, andou na Escola do Carmo. Trabalhou no Luciano Gaião, nos E. N. V. C., E. Pescas, é profissionalmente metalúrgico.
Casou na capela de Nª Sr.ª das Necessidades, em 27-12-1986, com uma jovem da Abelheira, a Maria de Lurdes, filha de Manuel Parente Gonçalves da Cruz, natural da Meadela e de Maria de Lurdes Rodrigues da Silva, da Abelheira. A Maria de Lurdes Rodrigues Durão há mais de 4 anos começou a ser zeladora da Capela de Nª Sr.ª das Necessidades, no mês de Março. Tem uma loja de costura na Abelheira, no largo da Capela e fez publicidade por largo tempo no Jornal” Paróquia Nova” com nome de Tesoura.
Para além de seu trabalho, deu ao seu marido 2 filhos: a Catarina e o Victor Hugo.
O Amadeu, para além da sua vida profissional, serviu quatro anos a C. Culto, na altura em que se realizaram grandes festejos de Nª Sr.ª das Necessidades, deu muito de si aos seus colegas para que nada faltasse e tudo fosse um êxito. Chegou a pegar ao andor, mas a saúde agora não lhe permite.
O Amadeu tem 5 irmãos e a Maria de Lurdes tem 6.
A ausência da Abelheira para a Meadela é com pesar sentida para nós porque gostaríamos de os ter sempre bem perto. Que Deus os ajude e que, na Meadela, continuem a dar testemunho de generosidade e disponibilidade porque o nosso Deus é Grande... e o mesmo.
Saudades... Foto
Amadeu da Rocha Durão, de Stª Maria Maior, metalúrgico, nascido no primeiro dia do ano de mil novecentos e sessenta e um, andou na Escola do Carmo. Trabalhou no Luciano Gaião, nos E. N. V. C., E. Pescas, é profissionalmente metalúrgico.
Casou na capela de Nª Sr.ª das Necessidades, em 27-12-1986, com uma jovem da Abelheira, a Maria de Lurdes, filha de Manuel Parente Gonçalves da Cruz, natural da Meadela e de Maria de Lurdes Rodrigues da Silva, da Abelheira. A Maria de Lurdes Rodrigues Durão há mais de 4 anos começou a ser zeladora da Capela de Nª Sr.ª das Necessidades, no mês de Março. Tem uma loja de costura na Abelheira, no largo da Capela e fez publicidade por largo tempo no Jornal” Paróquia Nova” com nome de Tesoura.
Para além de seu trabalho, deu ao seu marido 2 filhos: a Catarina e o Victor Hugo.
O Amadeu, para além da sua vida profissional, serviu quatro anos a C. Culto, na altura em que se realizaram grandes festejos de Nª Sr.ª das Necessidades, deu muito de si aos seus colegas para que nada faltasse e tudo fosse um êxito. Chegou a pegar ao andor, mas a saúde agora não lhe permite.
O Amadeu tem 5 irmãos e a Maria de Lurdes tem 6.
A ausência da Abelheira para a Meadela é com pesar sentida para nós porque gostaríamos de os ter sempre bem perto. Que Deus os ajude e que, na Meadela, continuem a dar testemunho de generosidade e disponibilidade porque o nosso Deus é Grande... e o mesmo.
Caminhos para Deus?...
Numa breve passagem por Neuss para visitar um amigo da Paróquia, o senhor Drath, descobri uma festa de 4 dias ou 5 dias, e tive o prazer de assistir a um desses dias.
Era a Schüntzen fest (festa da protecção) com um cortejo de cerca de 8000 homens, de uma cidade de 150.000 habitantes. Esta festa remonta ao século XVIII, altura de muitas irmandades nas Igrejas e surgiu a ideia, há mais de 200 anos juntar os homens de todas as irmandades, numa grande festa, onde fosse possível transmitir mais valores cristãos, onde se vincasse melhor a ideia de Deus através da salvação humana. Esta festa realizava-se a norte da Alemanha. Deste modo os serviços sociais cresciam. A festa consta de missa e da bênção. Na marcha da cidade, em cerca de 10Km, também participou Monsenhor Jochen König decano dos padres de Neuss (Arcipreste) e o Bispo auxiliar de Neuss, Keiner Koch e mais 12 padres que não tiveram qualquer relutância em vir para o meio do povo num gesto de comunhão, de solidariedade, comunidade que se faz com o povo e não sem ele.
Grande gesto que registei e que me seduziu. A Igreja primitiva era assim. Temos de escutar o Povo e dialogar com ele até encontramos caminhos limpos dos pedregulhos para Deus.
Sou Lusitano!... Sou Português!...
Quando era criança da escola primária a minha saudosa professora, Isabel Ferreira de Sousa, aos sábados, propunha actividades mais lúdicas e terminavam sempre com a canção dos passsarinhos e com o Hino Nacional.
Por vezes, havia também as suas brincadeiras, imitando tunas académicas: “Toca a marchar, andar a pastar, se és bom militar galopa. Anda prá frente e mostra que és gente. E sabes andar na tropa.”
Todos cantávamos com força, isto é, com alma aquilo que muitos adultos agora não sabem de côr e naturalmente nem saberão que os símbolos da Pátria são o Rei (na Monarquia), ou o Presidente da República no nosso caso, o Hino Nacional e a Bandeira Nacional.
Na América do Sul, mais concretamente no Perú encontrei uma senhora que a reconheci como portuguesa, mas durante a viagem tanto insisti que depois de ela ter dito que era peruana, argentina, depois espanhola, acabou por afirmar que era portuguesa de nascimento e de pai português, mas a viver na Argentina.
Calei-me, não fui mais longe, mas não sei qual a razão por que ela quis esconder a sua identidade portuguesa.
Desde 1143 a nossa nação foi monárquica até à República, mas teve as suas dinastias, as suas bandeiras, os seus hinos na sua longa e honrosa história.
A nossa história é longa e podemos ser um povo orgulhoso dum passado de portugueses corajosos, criativos, generosos, talentosos e que não tiveram medo de levar a fé ao mundo, nem alargar o império. Muitas coisas poderiam ser discutiveis, mas eram outras épocas, não deixaram de ser os nossos ancestrais.
Fazer a história disso não vem agora para aqui, mas que cada cidadão de hoje saiba quais são os símbolos da sua Pátria... não conhecer só a bandeira europeia, mas da sua terra “mater” faz muito bem e sabe bem, não por uma questão cultural, mas por uma questão sentimental.
No tempo da globalização tudo parece interessante apenas a bandeira Europeia, símbolo da Comunidade Europeia, mas fica para trás o sentimento do berço da terra-mãe, onde nascemos e com quem mais nos identifícamos.
O actual Hino Nacional é o seguinte: Sua música é da autoria de Alfredo Keil e a letra de Henrique Lopes de Mendonça.
Quanto ao Hino Nacional, o que usamos não foi o único: houve o hino da restauração, o hino monárquico, mas, de facto, só no séc. XIX é que as nações europeias começaram a incluir o Hino como símbolo das nações.
Este foi aprovado em 5.10.1910.
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que hão
Hão-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar
Contra os canhões* marchar, marchar!
*Estes “canhões” estão aqui para corrigir a palavra “bretões” que estavam em primeiro lugar e eram ofensivas...
Uma Vivência Cristã de não te rales!...
A religião vai sendo objecto de notícia, embora nem tanto como devia, mas também parece não preocupar muito à nossa gente.
As pessoas parecem seguir a rotina e a “ninguém “ sejam leigos, padres ou bispos interessam, por exemplo, as orientações pastorais vindas do Papa, como a Encíclica “Deus Caritas Est”. Parece que os nossos cristãos resistem à mudança, parece viverem a religiosidade de outro modo, mais ao seu jeito, (não com regras impostas, mas por um Deus feito pelo Homem à medida do Homem).
Vivemos como que numa Igreja que recusa ou pelo menos resiste a aceitar as consequências de uma constituição laica e não privilegia ou não quer privilegiar nenhuma confissão religiosa.
É por isso que esta Igreja Teocrática e não Democrática quase sempre segue melhor a religiosidade do Santuário que a religiosidade da Paróquia.
É por isso que algumas Paróquias, mas muito poucas, quebram, às vezes, o ritmo tradicional, mas apontadas por A e B como indisciplinadas, pouco fiéis e muito críticas em relação às práticas das tradicionais tradições de reverência aos superiores.
A . V.
Honra e Mérito
António Carvalho...
António Carvalho foi chefe de secção na serralharia dos E.N.V.C.Nasceu numa casa do Largo das Almas 1943, filho de Joaquim Rodrigues da Silva (dos Vianas) oriundo da Abelheira, e de Leonídia Augusta de Carvalho Carmo. Trabalhou na fábrica das Boinas e nos E.N.V.C. À noite tirou o curso nocturno de serralheiro, na Escola Industrial e Comercial fez apenas o 5ºAno. É um dos grandes autodidatas vianenses. Duas coisas de que gosta muito são o Português (os clássicos) e Inglês (até deu cursos de Inglês gratuitos nos Estaleiros). Escreveu seis livros. Estudou vários cursos de Psicologia, tirou o curso de formação de formadores que exerceu, como um bom professor em serralharia e metalurgia em geral...
Ainda foi à tropa em 1964 e veio em 1967. Casou com Maria da Conceição Sá Pinto de Santa Marta de Portuzelo que trabalhava com ele, na altura na fábrica das Boinas, a CEDMI. Depois de vir da tropa foi para os E.N.V.C. onde já tinha trabalhado antes.Passado um ano casou com a ex- colega que lhe deu uma filha a Sandra Maria Carvalho, casada com Francisco Correia e ainda sem geração.
Sempre gostou de ler, de estudar, chegou a dar aulas de Inglês sem habilitações para isso, mas também não levava dinheiro.
Sempre foi um Vianense de gema, um amante de história de Viana. É dos melhores coleccionadores de postais ilustrados da cidade, paisagísticos, usos e costumes. Vasculhava tudo o que era de Viana, mesmo nos alfarrabistas do Porto, onde se encontrassem, feiras e tudo o que podia,ele procurava.
Depois começou a escrever no “Aurora do Lima” sobre aspectos da história de Viana, no Vianense, no Falcão do Minho,... quando começou a ganhar um certo gosto ou traquejo na escrita lança-se a escrever o seu primeiro livro sobre “Viana do Castelo século XX”, isto é , tudo o que passou de relevante no século anterior. Continuando sempre a escrever para os mesmos jornais e de vez em quando, ou assiduamente, uma vez ou outra para algumas revistas, publicou um segundo livro”25 anos da Associação dos antigos alunos da escola Industrial”. Mais tarde veio “A vida e a memória do Largo das Almas” e prepara-se para falar da vida de uma fundação Vianense que tem dado nome à cidade como seja “A Fundação Mestre José Pedro”, não se ficando por aqui, para não perder o jeito à caneta, nem o fio à memória, continua a escrever o 5ºlivro intitulado “Acontecimentos que Viana Sentiu”!...
Recentemente, como da História também gosta e para que conste, no futuro, pega-lhe no toponímia de Viana, sua cidade tão querida publicando o 6ºlivro sobre a matéria com pormenor e mapas de localização e razões dos nomes atribuídos às nossas Avenidas, Ruas, Quelhas, Becos, Travessas desde o Castelo de Santiago da Barra até à Cova.
António Carvalho é assim, como já disse, um paroquiano autodidata que tem prestado um rico serviço cultural à sociedade vianense e sendo ainda muito novo,muito tem ainda para nos dar. Deus lhe dê sempre a graça e sabedoria, a coragem e o discernimento, tempo, espírito e força nas mãos porque nunca faltará uma caneta ou um lápis, máquina ou computador para escrever para os outros e deixar esta terra mais rica em história e mais conhecida. E só se ama o que se conhece.Parabéns e continue que nós cá o esperamos nos jornais,nas revistas e nos livros...
A.V.
Um de cada vez
Já há muito tempo esperava falar aqui de João Manuel Passos Campaínha e de sua Mãe.
Chegou agora a ocasião. Há sempre uma ocasião para todos, quer na vida quer na morte.
O João nasceu em 14-11-1949 na Quinta velha do Cerqueira, onde veio a ter uma oficina. Era filho de Manuel da Silva Campaínha e de sua mãe Maria de Passos Cambão e afilhado de Diamantino e de sua esposa D. Marieta.
O João andou na escola da Abelheira e também no Carmo. Era do tempo de D. Amélia e D. Angela Santos, ambas irmãs, já falecidas e de quem já aqui abordamos.
O avô de João conhecido por João Gonçalves Campaínha casado com Sara Alves Esperança (costureira), foi um dos primeiros e grandes mestres da cidade de Viana do Castelo. Era um artista. Não havia obra que lhe chegasse às mãos e não a executasse com mestria. Tanto trabalhava de estucador, de trolha, de pintor, de marmorista, como restaurava ainda que fossem trabalhos em madeira ... .
O pai de João, foi também pai de Fernanda que vive na Quelha das Alminhas do Castelo Velho. Tanto o João como a Fernanda casaram, tiveram filhos e com geração. O João duas filhas, a Joana e a Sofia. A Sofia casada e já com geração. A Fernanda casou com José Sá e teve 3 filhos, todos eles casados e com geração.
A Etelvina foi criada 10 anos nos Cerqueiras, casa, como já temos referido, de gente de bem da Abelheira e da Cidade. Foi aqui que o João se enamorou de Etelvina e realizaram o seu casamento, em 08-09-1974.
Conheci muito bem o pai de João como homem muito habilidoso e era irmão de Diamantino, da Vitória e da Lurdes. Faleceu, da doença que não perdoa.
O seu filho João era muito meticuloso, para cada coisa primeiramente fazia o seu desenho até ao pormenor. Era serralheiro. Se tivesse seguido estudos talvez fosse um bom Engenheiro ou Arquitecto.
Executava tudo com muita perfeição e pintava paisagens sem nunca ter recebido instrução para isso. Era um homem sempre disponível, generoso, colaborador, amigo de fazer bem. Aliás como sua mãe. Recordo-me que para o Andor do Senhor do Alívio, ela também participou na angariação de fundos para o comprar. Era uma mulher também da mesma forma, muito religiosa e sempre muito pronta a colaborar.
A mulher de João, a Etelvina, é zeladora e é católica, apostólica e romana de opção. É cristã por vontade própria, por convicção própria. Interessa-se por conhecer melhor os mistérios da fé e estuda, sabe o que quer e sabe por onde ir...
Foi funcionária do Centro Social, cozinheira do Jardim de Infância, agora reformada, devido ao fatídico acidente que ocorreu em 05 de Abril de 2002, tudo acabou. Não, tudo começou. Um acidente de carro entre Vila Mou e S. Salvador da Torre, o João e a mãe morreram nesse dia, isto é, nasceram para uma vida nova, esperamos que tenha sido já a da ressureição para a vida eterna. Uma neta de João sai praticamente ilesa do acidente e a esposa a Etelvina, de entre a chaparia do carro, foi retirada com vida e foi salva, embora viesse a ficar muito limitada, amputada do braço direito e outros ferimentos que a fizeram deter no Hospital 6 meses.
A Etelvina hoje é uma mulher normal, autónoma e independente, embora pareça o contrário. Não gosta que se compadeçam dela porque ela sabe gerir a sua vida muito bem. Também ela merece aqui os nossos louvores, pois era vicentina, zeladora na Capela e na Igreja, cozinheira e participava colaborando nas festas da Paróquia, uma animadora singular. Era acólita com o seu marido. A filha Joana Catequista.
Uma grande provação passou por toda esta família, mas creio que foi positiva porque a fé não é supersticiosa, é já por opção, por adesão pessoal a Jesus Cristo. É que, perante tanta cobardia e imposturice de alguns que se fazem “Homens novos“ e que não são nada,Cristo muitas vezes até deve fugir do Sacrário.
DICIONÁRIO
Levar água no bico - entende-se de qualquer coisa com um certo sentido oculto. Mais um exemplo de terminologia naval trazido para o dia-a-dia.
Água no bico significa ter a corrente pela proa, sendo o bico, em sentido figurado, precisamente a proa do barco..
Água no bico - com vários verbos (ter, trazer, levar) se conjuga esta expressão. Seja como for, ela sempre se refere a uma segunda intenção, a uma intenção reservada, a um perigo de traição.
Não parece que uma ave, de cujo bico pendesse uma gota de água, fosse a origem da frase. E, de facto. não é.
Bico não está aqui com o sentido mais vulgar de proeminência córnea aguda que forma a parte dianteira da boca das aves, nem sequer em outros sentidos que a palavra tem, como por exemplo: boca, seio, ponta anulada, biscate, renda, bebedeira, beijo, etc.
Teremos de procurar na linguagem característica da gente do mar a verdadeira fonte.
De facto, em termos navais o bico de uma embarcação é, logicamente, a sua proa, usado isoladamente ou, outras vezes, “bico de proa”. Assim se designa, realmente, a parte mais avançada de um navio.
Ora, quando em linguagem da marinha se diz que se «navega com a água pelo bico» isso quer dizer que se navega contra a corrente, em situação de perigo que não permite prever o que pode suceder, isto é, eventualmente, um golpe traiçoeiro do mar.
Água do cu lavado - diz-se de uma certa e misteriosa poção que se crê existir e poder ser dada a beber traiçoeiramente à pessoa que se pretende dominar, nomeadamente em jogos amorosos. Diz-se que é dado para manter ou conseguir o amor do homem ou mulher de que se gosta. Isto em bruxaria. Também há uma certa crendice quando as mães dão a beber aos bebés, da água do seu próprio banho.
Água benta - protecção, ajuda.
Água de gastar - a que serve para lavagens, rega etc. A água potável designam por água de beber.
Água viva – alforreca açor.
Água assustada - tépida, quebrada da frieza.
Águaça – enchurrada de água que escorre depois de uma chuvada.
Água bórica -aguardente falsificada.
Água branca - mulher sem sensualidade (Aq. Rib.).
Água bruta - aguardente, cachaça.
Águaceiro - grande desgraça; infelicidade inesperada; alteração violenta (RF); indivíduo que vive com
dificuldades, estar em azar (AL).
Água Chilra - diz-se de um alimento que não tem substância ou a uma bebida ordinária.
Àguada - pequeno descanso de um quarto de hora que o manageiro dá aos trabalhadores para beberem ou fumarem./ Alent 1.
Água da vala - preguiça. moleza.
Água de castanhas - infusão de café ordinário.(CF).
Águadeiro - vocábulo depreciativo do cocheiro que demonstra nulo conhecimento do que é conduzir.
Águadilha - vinho fraco, aguado (Castro Daire).
Águado - desejoso, quando se deseja uma coisa e não se consegue; cabelo fino e levantado; com água na boca. Desenxabido, desengraçado; ficar por satisfazer o que pretendia.
Água na boca - antegozo de uma delícia para o paladar.
Águarrás - aguardente de ligo de cereais.
Águarentar - censurar, reprovar (Camões).
Águarita - caldo muito aguado (Castro Daire).
Água ruça - fim; rol do esquecimento, extremidade.
Águarrada - bebida fraca (vinho ou café) (Minho)
Águas - urina.
Águas carregadas - prenúncios de zangas domésticas.
Águas furtadas - habitações existentes no forro do telhado.
Águas mornas - diz-se de uma pessoa com falta de energia, indolente, incapaz de quaquer iniciativa; paliativos, subterfúgios.
Águas turbas - assuntos que não estão aclarados.
Água suja - café mal preparado.
Água vai! – aviso que se dava aos que passavam antes, de se lançar água, o que se despejava de bacios, alguidares.
Águadeira - petisco que abre o apetite.
Água d’unto - deitava-se num pote, com água a ferver, uma colher de sopa de unto de porco. Logo que derretesse, vertia-se essa água numa malga onde já estava broa migada à mão.
Era o primeiro-almoço aldeão. Muito comum. Geralmente estava-se apenas com uma água d’unto até ao meio dia.
É, ainda uma água fervida com unto de banha de porco); utiliza-se com fins curativos, efeitos terapêuticos (para os animais e pessoas).
50 anos de Catequese
A Maria da Conceição Carvalhido nasceu a 27 de Novembro de 1946 e é filha de Domingos Rodrigues Carvalhido, já falecido e que toda a vida foi o sacristão da capela da Senhora das Necessidades, e de Rosa dos Anjos Gonçalves Arieira, tia do Sr. Padre José Rodrigues, Pároco de Cardielos.
A Maria da Conceição é irmã de Maria Isabel falecida em criança, de João Baptista casado com Zulmira Branco, ele já falecido deixando um casal de filhos licenciados, José Gonçalves Carvalhido, solteiro e Luís Gonzaga Gonçalves Carvalhido casado com Maria de Fátima e com um casal de filhos, a mais velha já Licenciada; a Maria Madalena, solteira; a Maria de Fátima casada com João Silva e com 2 filhos.
A Conceição fez a 1ª comunhão na capela da Senhora das Necessidades e a Comunhão Solene na Igreja Matriz, hoje Sé Catedral. Aí começou a dar catequese com a “Mariquinhas da Luz” de quem aqui já falámos. Apesar da Maria da Conceição não ter seguido os estudos foi sempre uma autodidacta depois de sair da escola. O trabalho dela era o campo e a casa. Se horas livres havia dedicava-se à leitura, ao estudo e assim se desenvolveu ao ponto de fazer o curso de iniciação de catequista e depois fazer o curso complementar de catequese, bem difícil, mas conseguiu e normalmente os adolescentes gostam muito dela, mas ela também gosta sempre dos adolescentes que o secretariado lhe põe nas mãos.
A Maria da Conceição é Ministra Extraordinária de Comunhão. Todos os Domingos leva a comunhão depois da missa da catequese a meia dúzia de doentes.
Ela é sobrinha de Rosa Rodrigues Carvalhido, Maria da Conceição Rodrigues Carvalhido, Conceição Carvalhido, Maria Madalena Carvalhido e João Rodrigues Carvalhido.
Bodas de Ouro não é para todos. Por isso foram interessantes as ovações da assembleia das 11 horas do dia 2 de Julho, como surpresa, assim como os testemunhos dos antigos catequisandos que lhe passaram pelas mãos. Parabéns e Felicidades.
O Valencinha
É assim conhecida a casa com regionais à Praça da República. O Valencinha é uma pessoa muito querida no nosso meio e para isso o nome não é despreciativo, mas antes pelo contrário é um nome de alguém que tem uma perssonalidade muita própria seguida entre os Valencinhas da nossa cidade. Isto lembrou-me falar de outros Valenças. O meu avó era muito amigo do Dr. João Valença advogado que tinha um cartório onde agora é a Biblioteca Municipal e o banco mercantil.
O Dr. João Valença era um grande advogado da nossa Praça e lá estagiaram alguns dos advogados de Viana que ainda estão no activo.
Ora nesta casa da República foi de seus antepassados trisavô ou bisavô. O António Valença sabe que aí viveu João de Passos Oliveira Valença irmão de seu pai, casado com D. Alda Santos (irmã de Maria João Santos). Este foi o pai de Dr. José da Ascensão da Cunha Valença, mas que em herança a casa ficou para Alberto Passos Oliveira Valença cuja esposa deixou-a à Caridade; o João Carlos Gonçalves Valença que casou com Maria José, pais de Fernando Gonçalves Valença; Dr. João Valença da Associação Empresarial e da Dr.ª Alda Valença que trabalhava na Clínica de Cuidados e Noémia Valência viúva e a viver nesta Paróquia; Manuel Passos Oliveira Valença morreu nesta casa e viveu, em Coimbra, tendo deixado 5 filhos: a Maria Carolinha, o avô desta senhora foi o último presidente da Câmara Municipal de Viana, entregando a chave ao escritor Júlio de Lemos, o mais honrado da família republicana.
O chefe do Estado Maior do Exercito General Valença Pinto é oriundo de Viana e faz parte deste ramo da família Valença, talvez filho do Cândido Valença.
O António Valença, o dito Valencinha da Praça que viveu nesta Paróquia mais de 26 anos casou com Rosa de Jesus e foi pai de Manuela a trabalhar na JN, casada e com duas filhas e a Ana Paula, solteira e formada em Matemática. O António é irmão ainda da Adélia, de Augusto e casado com um filho do Dr. Lacerda com geraçãoo Luís Augusto ; Maria Augusta, solteira a viver à R. Manuel Espregueira antiga casa dos pais e o Fernando Augusto casado várias vezes e com muitos filhos.
“Sol e Moscas”
“Carolas Vianense”, talvez para fazer frente ao Taurino, apareceu uma associação aficcionada pela festa e com sede no Bar Oceano. Tratava-se de uma associação onde se juntavam os amigos das garraiadas e das touradas “Sol e moscas”. Recebia revistas Espanholas como por exemplo “El Ruedo”.
Presidia o Dr. Manuel Lourenço dos Santos, e, entre outros, faziam parte, o Cerqueira, o Hugo Gouveia, António Fonseca, Reinaldo Sá Coutinho, Barroso, Luciano Rodrigues, António Valença Moure, Manuel Joaquim Barroso, Arquitecto José Duarte Rodrigues e, depois, muitos jovens da geração do António Valença que ainda hoje anda com o distintivo ao peito.
Organizavam garraiadas e touradas aí por 1950. Existe um fato oferecido pelo Manuel dos Santos que foi oferecido ao “Sol e Moscas”, mas, como não tinha sede, foi guardado no taurino.
Foi uma época que já passou, mas não esquece ainda a muita gente, pois iam fazer pegas a muito longe,onde houvesse garraiadas ou touradas.
Um nariz colado à vidraça
O dia não era daqueles de se lhe tirar o chapéu!...Uma nevoazinha andava no ar e nada me puxava a sair de casa e fui parar a uma porta, ficando de imediato com o nariz colado na vidraça. Estava fria! Ali estive a observar “os corvos” de tempo ( metáfora para os seminaristas vestidos de preto) a passar de três a três, ou dois a dois, em todo o comprimento do recreio, ( às voltas, como que tirando água). Alguns já me tinham topado.
Alguns minutos após, uma chuva miudinha começou a molhar mesmo e os colegas a correr para os corredores do rez do chão, enquanto eu, no mesmo local, continuava com o nariz colado à vidraça e a magicar em muitas coisas sobre o tempo, os colegas e sentia alguma tranquilidade entre o vidro e o nariz.
Já a vidraça escorria água, mais pareciam beijinhos na ponta do meu nariz. Teimei em não retirar, como se colado estivesse ali, enquanto ia dando volta às minhas cogitações, desde as mais doces às mais estúpidas. Ora sorrindo-me sozinho dos outros, ora ferrando os lábios de raiva pelo Reitor não deixar ir consultar um Neurologista ao Porto com o meu Pai, mas só com o barbeiro lá da casa que, por acaso, era de Alvarães.
A vidraça já se embaciava no inteior. Havia que levantar o nariz como que para marcar um compasso e, com as mãos, marcar um ritmo sujo, como que desviando uma cortina velha. Depois uma alma fresca em paredes finas e um minucioso sorriso traçado lado a lado como quem tivesse encontrado um novo dia, uma nova chuva, “novos corvos”, no vai-vém do recreio.
Alguém me chama!...Até que enfim !....Era o Reitor que sempre resolveu mandar-me a neurologia, conforme a vontade do meu médico, a vontade dos meus pais, mas a esses foi-lhes vedada a autorização para me acompanhar. Diz ele: “Quem vai contigo é o Sr. Domingos, o Barbeiro”. Valeram a pena os pedidos, caso contrário nem com o pai, nem com o barbeiro!
Este nariz parece ter-se descolado da vidraça para sempre. Quiproquo
Os Jesuítas na Bandeira
No Século XIX estiveram os Jesuítas na Rua da Bandeira, instalados onde hoje estão instalados Serviços do Estado. Foi nessa altura que nasceu o Apostolado de Oração aqui em Viana e a sopa dos pobres aqui na zona da Bandeira.
Só que eu agora não queria falar dos “filhos” de Stº Inácio de Loyola ou de S. Francisco Xavier.
Stº Inácio de Loyola foi seu fundador no século dezasseis, nascido ao Norte de Espanha, em Loyola, uma cidade muito bonita. Fundou a companhia de Jesus com a bênção do Papa Paulo III e se expandiu por todo o Mundo.
Aqui em Viana era uma casa depende de Braga e pouco tempo estiveram por aqui.
Resta-nos agora à Rua da Bandeira uns Jesuítas “os melhores do Mundo”, mas isso nada tem a ver com a fé, mas com a Pastelaria. São triangulares ou trapezoidais de farinha, manteiga, água, sal, gemas de ovo, açúcar, claras de ovo e canela. São folhados camada sobre camada, cortados e levados ao forno. São uma delícia. Por ouvir dizer que eram os melhores do Mundo, já os provei e de facto não tenho a dizer nada em contrário. Nunca comi coisa assim!
Sempre seria melhor, ter por cá os outros porque estes fazem mal aos diabetes e a outros doentes, mas ao menos, fica-nos na Bandeira esta lembrança a 100 metros de casa dos Jesuítas, na Leitaria do Carmo, com os Jesuítas docinhos ao lado dos Senhores Padres Carmelitas, os donos das patentes de tortas doces... adquem
As Meias Rotas
Um dia, era Quinta-feira Santa, no salão da Paróquia, celebrámos o “Ágape” antes da missa da Instituição da Eucaristia.
A ordem foi dada sem ninguém contar:” Todos tirem os sapatos e descalços vamos rezar vésperas”. Aparece o pão ázimo, o cordeiro assado no forno, as ervas amargas e o vinho doce.
Não havia talheres. Era tudo à mão.
O que mais me surpreendeu é que jovens e menos jovens cumpriram ordens à risca e se alguém tinha meias rotas, ninguém teria estado a olhar para isso. Suponho eu!
O importante foi a celebração em si que caiu espiritualmente da melhor maneira. Foi surpreendente a ocasião de convívio sério e convincente de uma amizade como devia ser própria para catequistas e para todos os cristãos.
As meias rotas às vezes são engulho, são vergonha, são fada do lar... nunca ninguém pensa que ao vestir umas meias rotas e ao chegar à rua, ou na roda dos amigos, pode partir um pé, ter um entorse e arranjam-se desculpas, as mais esfarrapadas possíveis, para justificar tudo.
A meia rota é muitas vezes sinal de descuido, de falsidade, de falta de verdade. É como quem vai à casa de banho e só vê se tem papel higiénico no fim.
Isto de pontear as meias também está a passar de moda. Deita-se fora. Compram-se outras. É mais fácil.
Ainda me recorda a minha avôzinha ter um ovo de madeira muito bem feito, e grande, para o meter por dentro da meia e dar-lhe o jeitinho para a agulha andar a pontear, as meias voltavam a durar muito mais tempo.
Acautele-se e aproveite que pontear as meias não é nenhum erro; agora andar com elas cheias de buracos, isso já não é civilidade.
Exortação Pastoral – Pós-Sinodal
D. José Augusto Pedreira ao apresentar a exortação pós-sinodal não houve grande novidade porque tudo tem de começar pelo princípio. É certo que o óptimo é inimigo do bom, mas nestas coisas do Espírito, da fé, temos que ter sempre o ideal como objectivo, para ao menos, subirmos um degrau.
Já como muitos observadores tinham afirmado, a Diocese não estava preparada para um Sínodo. Uma Diocese com 25 anos, é claro, mas nem meia dúzia de Conselhos Paroquiais, talvez uma dezena de Conselhos Económicos a reunir regularmente com actas feitas...e todos reunirão?!...
Talvez o trabalho junto do clero fosse o mais eficaz para se poder pôr as coisas no sítio. Está tudo bem, mas o Vaticano II ainda não entrou aqui, naquilo que é mais essencial, a corresponsabilidade na Igreja que diz respeito a Padres e Leigos e não só a Padres e Bispos, mas também, e, sobretudo, é preciso que os Bispos saibam o que isso é e se comprometam, caso contrário, para onde vai a consciência da identidade cristã, a formação permanente, a comunhão e a participação, “a Igreja – Comunhão” a partilha, os pobres e os ricos, a formação litúrgica, os leigos e os sacramentos, etc…de que se fala na referida exortação?
Muito pouco desenvolvido foi o tema da partilha, da caridade fraterna e por aqui em muitos lugares descristianizados ,”mesmo dentro da cidade de Viana”, como me foi dito amim por pessoa responsável, bem parece que estas terras em missão de fé precisavam deste testemunho, desta prática e virtude que muitos têm medo de falar dela, a não ser quando é para o “venha a nós”!...
O Papa não receou começar o seu Pontificado pelo desenvolvimento em todas as dimensões de “Deus é Amor”
Talvez mais rica exortação viesse se toda ela fosse baseada na Encíclica do Santo Padre Bento XVI, com vondade forte de a pôrmos todos em prática antes de mais nada e de a levarmos aos padres e aos leigos da diocese para uma vivência mais sensível da fé. P.C.
Os Martelos
Martelo foi topónimo na Coronha e no Marvão. Foi apelido, mas desconhece-se a origem, talvez do Espanhol martel, adaptação para martelo, martellus, séc.XIII, segundo Pedro Machado, mas é muito provável que, neste caso, pelo menos deva ter vindo do Hebraico, de algum judeu convertido.
Conheci o António Lourenço Malhares (Martelo) homem magrote, mas percorria as feiras a pé a levar gado de Mazarefes a Ponte de Lima, Barroselas, Viana, Vila Verde, etc. Ele não parava. Era casado com a Inês da Fonte e tinha um filho, o Manuel António Lima (Martelo) que casou com Maria da Conceição Rodrigues Pereira (dos Piscos de Mazarefes) - tinha uma filha de solteira, a Maria Augusta que apontam o dedo ao pai, já falecido, também.
Ela era filha de Manuel Leite Vaz e Ana Rodrigues Ferreira, de Vila Fria.
O casal teve os seguintes filhos: O Constantino, cozinheiro, casou com uma Portuguesa da Maia; A Maria porteira casada, está cá e é a única porque o resto está na França assim como os seus filhos; a Maria Teresa faleceu criança; a Ana casou tomou conta dos pais, a Deolinda andou comigo na escola está casada civilmente com um sacerdote, de Barcelona, depois de se ter divorciado de um Francês e só tem 2 filhos deste sacerdote, a Idalina casada com um Português de Melgaço, Beatriz casada e sem Geração, a Maria dos Prazeres casada e sem Geração, Maria Eugénia casada e comerciante e Manuel António casado e Pintor.
O bisavô desta gente minha contemporânea morreu com 96 anos e a bisavó também mais ao menos. Ambos morreram a trabalhar.
O Martelo velho para além de ir para as feiras levar gado aos lavradores era serrador do Monte.
Eram pobres...mas alegres, embora da parte da mãe fosse família rica, mas os muitos filhos fazem sempre o pai pobre, como sói dizer-se.
Os seios maternos
Nasci em 7 de Janeiro do Ano de1947, às 17:50. Era Inverno. Daí que o meu jantar fosse feito da melhor forma possível, com o mais carinho possível, deitado, ou meio sentado no colo da minha mãe, junto dos seus seios, donde suguei o melhor alimento que uma criança pode ter para começar a alimentar-se e a crescer.
Não vi nada. Talvez algumas vozes que não entendi. Vozes também de carinho, mas que não deram ainda para perceber.
Dei muita felicidade à minha mãe, e não menos ao meu pai, mas segundo me informaram embora ouvisse palavras muito carinhosas, eu era um grande chorão.
Desse peito abundante me alimentei, me recostei e respeitei filialmente a sua nudez, embora as mãos fossem lá para dar jeito ao suga-suga.
Assim foi amamentado aos seios de minha mãe que. como diz o Cântico dos Cânticos, são como dois cachos de uvas.
Quem me dera que todos tivessem mamado dos seios de minha mãe... sentir-me-ia mais irmão de todos os outros.
Disse Stª Isabel: bem aventurado o ventre que vos trouxe e os seios que vos amamentaram.
O Cântico dos Cânticos pode ser usado para ilustrar o Amor entre Jesus e a Igreja...O cabelo, os dentes, os lábios, o pescoço, e os seios dela são venerados por ele.
Gostava de morar sempre entre os seios de minha mãe. Aí ficava protegida toda a minha inocência, nunca seria cantada a sensualidade, nem a erótica qualquer passagem se passaria entre o homem e a mulher. O homem e a mulher são sempre mirra, tanto um como outro, um bem amado que não deixa de ser humano que precisa de salvação prestes a vir como dizia Isaías, para que Deus se manifeste, o Deus Salvador e todos mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações.
Uma mãe pode deixar que a criança caia de vez em quando e sofra diversas dificuldades, e isso para seu bem, mas nem pode permitir, pelo seu Amor que tem por ela que seja vítima de qualquer perigo.
Hoje, cinquenta e nove anos de vida pública não posso deixar achincalhar a personalidade que minha mãe e meu pai me ajudaram a formar, nem abandondonar quem tanto me deu na vida desde a minha concepção.
“ PELA BOCA MORRE O PEIXE ”
“Não é aquilo que entra pela boca que torna o homem impuro; o que sai da boca é que torna o homem impuro.” (Cf.Bíblia). A boca é a abertura de algo e neste caso estamos a falar da parte mais anterior, a abertura inicial do tubo digestivo e situada na frente do rosto por baixo do nariz.
Em Maiano bóca é grito e “bôca” é múmia e em Karipuna boca é bux (buxu) = boca do rio.A parte exterior da boca, do latim os oris, ou de ostium que significa porta, e esta é a parte de entrada do aparelho digestivo porque o contrário, isto é, a porta de saída, esse não se vê e tem outro nome. Tem a boca outros elementos: queixo, as bochechas, os ossos maxilares e os seus músculos; é nos maxilares onde se encontram os dentes. A porta que não é fechada à chave, mas com fofas carnudas e sensíveis almofadas a que chamam lábios.
Os lábios são aqueles que mais dão nas vistas e se o peixe morre pela boca, também o homem morre muitas vezes por falar demais, se não morre, pode perder a razão. Mais vale falar pouco e bem. A boca serve para falar, para receber os alimentos, triturá-los ou mastigá-los, saboreá-los, para receber água fresquinha que sabe bem e até parece dar-nos vida, num dia de grande seca, mas também saborear o néctar de Baco. O bom apreciador de bebida dos Deuses não se serve só da boca, das papilas gustativas que se encontram na língua, mas também e antes de tudo, do olfacto...Era bom que todos tivéssemos boca d’ouro (eloquente) e não mandar bocas para não ficarmos com a “boca sabendo a papel de música” ou a andar na boca do sino, ou nas bocas mundo.É tristeza para uns e alegria para outros quando a bola está à boca da baliza e não entra.Há quem goste de estar sempre na boca do palco ou em boca de cena com tanta vaidade, em vez de trabalhar como a boca do torno, ou a bater a boca por não ter que fazer, ou estar com ela seca de tanto falar e andar de boca em boca. Ter boa boca é ser bom garfo e tudo lhe serve. É preciso saber o que da boca vai sair, caso contrário, é melhor ficar à boca do saco, ou não ir a Buenos Aires comer as iguarias da Boca,antes pelo contrário jogar no clube da Boca do rio “de la plata” na Argentina.
Como dizíamos os lábios são a característica mais atraente do rosto. São uma das partes mais emocionantes e expressivos do nosso rosto. Fecham a boca com o auxílio do maxilar inferior e são constituídos por tecidos moles (ou duros) carnudos,muito sensíveis, sem pêlos e circundam a abertura bucal, expressam emoções, produzem palavras e o beijo, por isso, se deve ter cuidado com a chávena muito quente ou qualquer outra coisa porque pode prejudicar os lábios e até os tecidos do palato, da língua...Os lábios são a característica mais atraente do rosto
Os lábios são ungidos com óleo dos enfermos na unção dos doentes. Começamos o dia a invocar a Deus e dizemos: ”Abri, Senhor, os meus lábios”. “A boca do justo é manancial de vida”, “A boca do insensato é uma destruição iminente”, o “Que encobre o ódio tem lábios falsos”, o “Que espalha as calúnias é um insensato”, “Os lábios do justo apascentam a muitos”, “A boca do justo produz a sabedoria”, mas a “língua perversa será desarraigada”, os “lábios do justo sabem o que agrada” porém “a boca dos ímpios fala de perversidades”.(cf. Os salmos na Bíblia).
Esta porta da nossa boca tem muito que se lhe diga. Há lábios rachados, boca sem língua e língua sem lábios, há lábios secos que a língua de quando em vez vai molhando. Assim como a boca tem várias funções, a língua serve não só para falar, mas também para comer. A língua que é um órgão muscular robusto de mucosa, situada na boca e na faringe. Sem ela é difícil a mastigação dos alimentos ,a sua deglutição, tirar o paladar e falar com normalidade e ainda molhar os lábios quando estão secos. Há quem tenha língua cumprida por falar demais dos outros,língua de palmo ou de palmo e meio,enfim, um fala barato. Não deite a língua de fora que é feio, ou não ande com ela fora da boca. É um órgão interno.
Os lábios são ainda aqueles com que expressamos o beijo: o beijo de cortesia, o beijo de cumprimento, o beijo de amizade, o beijo do Amor. O beijo vulgar é o da cortesia... mas o beijo que vai para além disso exprime sensibilidade e presença, comunica, é criativo...as musculaturas envolventes participam no beijo.
Os lábios devem ser cuidados e acautelados, mas não gosto de ver lábios pintados. Às vezes, há pessoas que parecem autênticas drogarias ambulantes e com a cara cheia de sulfato...Há exageros no tratamento dos lábios e dos rostos que até parecem mais uma coisa estranha. As senhoras que me perdoem, mas o natural é mais lindo, até a ruga que tenha no seu rosto é muito sua e não precisa de a esconder...Até lhe fica bem!...
Se bocejar há que pôr a mão à frente da boca. Também não se deve ter uma boca do inferno com tantas blasfémias. À boca da baliza está muitas vezes a bola e não entra. Há facas com bocas, mas nunca os garfos as têm... esses têm dentes. Tenha cuidado com um murro na boca do estômago, logo a notícia pode correr de boca em boca. Há locais onde “faltam bocas de incêndio” aqui neste lado da cidade-nós também somos gente – e não fique com a boca aberta porque é verdade. Há a boca do forno,mas que não seja a do Inferno.Boca a boca salva-se muita gente de morrer, o que acontece ao peixe, alguns pela boca se safam...
Há lábios duros e há bocas de impropérios. Não mordas no lábio que ele não tem culpa.”A oração que sai da boca do pobre, eleva-se até aos ouvidos de Deus,...”
Os dentes estão implantados nas gengivas. São 32, entre os incisivos,caninos (ponteagudos,e perfurantes), premolares, molares e os do siso (juizo). Não se vingue com o dente por dente, nem deixe bater o dente porque o frio deve-o vencer sempre de outra maneira. Não mostre muito os dentes com essa agressividade e raiva,mas se tem bom dente não coma demais que engorda e o faz doente. É feio falar entre os dentes e não se arme até aos dentes que não vale a pena...
Os homens antropófagos sarram os incisivos para melhor comerem as carnes. A boca com todos os seus componentes pode ajudar a fazer relaxamento. Todos os dias devíamos fazer esse exercício.
As bochechas com a sua redondeza, rosadas, rechonchudas, pálidas e esquálidas fazem também a beleza e a identificação do nosso rosto. QUIPROQUO
“ Não se mede o ( Burro) pelas suas grandes orelhas!...”
Quando estás doente dos ouvidos vais ao Otorrinolaringologista. A palavra começa pelo radical Oto que em grego quer dizer orelha ou ouvido externo. Para te observar os ouvidos o médico começa pelas orelhas, a não ser que as tuas sejam mysotis, isto é, orelhas de rato. De facto, há orelhas pequenas, grandes e normais.
As orelhas pequenas tanto podem existir em cabeças grandes, como em cabeças pequenas, assim como o contrário.
As orelhas são uns pavilhões ou espécies de conchas que têm uma finalidade muito própria de fixar a localização da fonte da emissão dos sons, o que facilita tanto a caça como a fuga. É por isso que aquele que ouve mal tem a tendência de colocar a mão a fazer crescer a concha do ouvido.
Orelha vem de auris, auricular, orelha em latim, e o brinco que as senhoras trazem na orelha vem do latim também da palavra vinculum. Ula é também o diminutivo de orelha (orelha pequena).
Não é a peça fundamental dos ouvidos, mas um acessório que sem ele a pessoa não pode ouvir bem e ficar confuso com os sons. O ouvido médio e o interno são onde os sons são percebidos e o cérebro os compreende.
Há também aquele que pode ter as orelhas grandes (ca. ba. no.) conhecidos por cabanos, isto é, orelha de abano. Há a orelha pontiaguda. A orelha grande é sinal de longevidade, orelha pequena é sinal de anão; mas orelha pequena em cabeça grande pode ser corrigida.
A posição das orelhas também têm a sua graça. Há os que têm o pavilhão do ouvido quase encostado aos temporais de cabeça, do crânio, há os que os têm mais afastados e há os que têm fortemente voltadas para a frente, normalmente são os tais abanos.
A arquitectura da orelha como estamos a ver é muito importante, desde a “olha chamariz”, isto é, a orelha perfeita no sítio perfeito. De modo geral, a orelha é composta pelo lóbulo, curva superior apontando como zonas erógenas.
A orelha maior é a telefónica porque é a orelha pública!... Mas há orelhas até 12cm de altura e 7cm de largura.
Dobre a orelha e forme um boneco. A orelha perdida de Van Gogh e de outras orelhas.
Normalmente as orelhas são simétricas, mas há as que não são de nascença ou por acidente. É bom que, por vezes, nos riamos até às orelhas, isto é, de orelha a orelha.
Defeitos de nascença devem ser corrigidos depois dos 5 anos de idade.
Todos estamos a pensar nas nossas orelhas e é bom lembra as orelhas das capas dos livros, do aro das orelhas, o pêlo e a penugem que temos dentro do ouvido externo que fica para cá do tímpano, assim como perto do tímpano há a cera ou cerume (tatu), isto para evitar que bichinhos entrem e cheguem ao tímpano que o podem ferir ou furar. Como quando há cerume a mais é preciso retirá-lo com cuidado porque tocar no tímpano pode perder o ouvido.
O polvo tem orelhas. Há várias espécies de orelhas não só nos animais, como nos humanos. Já observaram as orelhas dos morcegos?... Há orelhas voltadas para trás.
Puxar as orelhas às crianças ou levar alguém pelas orelhas é selvajaria...Às crianças umas palmadas suaves, onde as costas têm outro nome, na hora certa, é talvez muito acertado pelo pai e mãe para algumas correcções.
As orelhas não se mexem nos humanos, mas tal como nos outros animais há pessoas que conseguem mexer as orelhas.
Também há orelheiras que sabem muito bem na culinária e sobretudo no cozido à portuguesa.
Bom, já fica com a pulga atrás da orelha. Nas ordenações Afonsinas aos ladrões eram-lhes cortadas as orelhas ou a orelha.
O pé da orelha está nos temporais do crânio e “baixar a orelha” é muito bonito quando o superior bem mandou ou bem justificou. O perfume é de raiz latina “per” e “fumar”. Na época clássica colocava-se perfume por trás das orelhas.
Ler, pensar, entender e fazer é aprender.
Então continue a ler, assim como os olhos estão para verem, os ouvidos estão para ouvir. “Ouvireis com os vossos ouvidos”, “ ...Aquele que tiver ouvidos, oiça!”...
Andam para aí alguns a dizerem que o nosso corpo está todo ele referenciado nas orelhas. Olhe bem para uma orelha e para um feto humano. Que viu?
A nossa orelha ao contrário tem a forma do feto humano e procuram tratar doenças através da auricoloterapia.
Em latim já disse de onde veio, mas aqui há muita confusão e origens obscuras porque nem sempre se chamou orelha ao pavilhão, mas ouvido. Em francês é oreille; em italiano é orecchio; em espanhol é oreja; em inglês ear; orh em alemão; oor é holandês...
Tenha cuidado que as paredes, têm ouvidos, mas não dê ouvidos a bonecos e procure ter sempre um ouvido bem apurado e sensibilize-o para a música. Quiproquo
O luto (Continuação)
São ocasiões que nos trazem desafios, sobretudo, para a escolha de uma dignidade mais elevada para viver e morrer, pois o dar sentido à morte e à vida é uma necessidade premente, hoje, na educação, até das crianças, a quem os pais escondem muitas vezes a morte do avô, da avó, do amigo, quando é importante que elas cresçam começando a reconhecer que a nossa vida terrena tem um fim e que ninguém cá fica. Trata-se de uma situação de desapego e dor por não podermos sentir e viver mais emoções mútuas, mas apenas na nossa lembrança ficam as boas coisas, talvez aquelas pelas quais as pessoas serão recompensadas na vida do além, no céu.
Quem assistiu ao painel a “Vida e a Música” da iniciativa da Escola de Música do Centro Social Paroquial, entendeu naturalmente que as emoções vividas e partilhadas na mesma altura dão mais vida...
Há uma frase popular “Pôr a Alma na Boca”. A sua origem está nas interpretações antigas da alma como sopro ou corrente de ar, expelida pelos pulmões, desde os tempos bíblicos. Deus soprando sobre o barro infundiu vida a Adão conforme o Génesis 2.7. “Pôr a alma pela boca”, passa-nos a ideia de perder a vida ou parte da vida, o que acontece, normalmente com o cansaço ou o sofrimento excessivo.
O luto foi sempre um tempo estabelecido para mostrar ao público sentimentos da alma por quem deixou o mundo onde vivemos. c/ um destaque
A lei prevê até um tempo de “nojo”, “as faltas por nojo” dadas ao trabalho profissional que são sempre um, dois a cinco dias, no máximo.
Há muitas maneiras de fazer luto, mas difere de região para região, de cultura para cultura e os sentimentos interiores são invisíveis, ou podem enganar, são, por isso imensuráveis .
Os islâmicos recordam nas mesquitas e na televisão local versículos do Corão, para além de usarem a cor branca.
Os cristãos também têm os seus rituais como sabemos e diferem de região para região. É um problema cultural que há a respeitar, como respeitar os sentimentos dos outros, de todos...Antigamente havia muito rigor no luto.
Por um pai ou uma mãe andava-se de preto 2 anos. Um avô eram normalmente 18 meses e por um tio 6 meses como um irmão.Hoje, quase já não se usa. É claro que os sentimentos estão no interior, estão no coração das pessoas e o uso de roupa preta é apenas um sinal exterior que muitas vezes pode não corresponder ao que vai lá por dentro.
As viúvas, essas, andavam de preto toda a vida. As mulheres que tinham os maridos no estrangeiro ou em Lisboa como acontecia na Serra d’Arga, ou na guerra ou na pesca do bacalhau, andavam sempre de preto até eles regressarem.
Os ciganos usam luto para toda a vida e o viúvo não corta mais a barba.
Toda a indumentária era de cor preta, porque o preto foi escolhido para significar, em virtude de não reflectir a luz, tristeza, dor.
Uma vez um estrangeiro perguntou-me na Serra d’Arga porque é que as mulheres andavam todas de preto. Todas elas tinham os maridos fora, no estrangeiro, França ou Brasil e, no país, sobretudo, em Lisboa.
Quando se começava a aliviar o luto, usavam-se, sobretudo os homens uma tarja preta na lapela do casaco ou à volta de uma das mangas do casaco, enquanto as mulheres aliavam o luto comprando roupas não muito claras até chegarem a comprar e a usar as cores normais do nosso costume, ou folclore.
Também os homens para além da tarja usavam mudar de chapéu preto para claro, mas com uma fita preta em toda a volta até a deixar de vez.
Ainda na Serra d’Arga se falava das carpideiras de S. Lourenço da Montaria que iam às casas dos mortos fazer o pranto ajudando as famílias por uns vinténs.
Não conheci. Numa terra, por exemplo, do interior onde fiz um funeral, verifiquei em 1979 que toda a gente chorava: homens, mulheres e crianças na descida do féretro pelas escadas enquanto eu esperava cá no fundo. Estava eu quase a rebentar de emoção. Era um homem novo, deixava dois filhos novos e, entretanto, a viúva vem à janela e grita:” Oh... que ainda tão bem me lembra da primeira vez que nos encontrámos na corte das vacas”.
Tudo vem à lembrança, nestes momentos e, às vezes, não há o discernimento ou o bom senso de saber parar ou conter-se ao ponto de não se cair em exageros. P. C.
Casados em segundas núpcias
Tenho escrito neste jornal sobre os “recasados” e reuni já com alguns. Esta palavra “recasados” não cai bem aos ouvidos sobretudo dos que se encontram casados em segunda união, embora esta segunda não seja pela igreja. Não gostam da palavra que utilizo ou utilizada porque, pensando melhor, ela traz com “re” uma carga que pode ser mal interpretada, como retornados, reconvertidos, repatriados, ... enfim uma série de casos que nos pode levar a uma interpretação que também não é aquela que desejamos.
Pois aqueles que se casam em segundas núpcias, mesmo sem ser pela igreja porque não recorreram à nulidade do 1º matrimónio, não podem deixar de ser irmãos nossos e não por caridade, mas por justiça, lhes é devida uma solicitude pastoral não só dos padres, dos bispos, mas de todos os leigos em geral. Eles devem ter consciência que a igreja os Ama porque são membros da igreja pelo baptismo e conservam a fé, embora para João Paulo II não pudessem ser admitidos à comunhão eucarística, mas só isto e mais nada. Não disse que não podiam ser padrinhos, nem podiam participar na comunhão da palavra da eucaristia, nem da comunhão espiritual, querem saber(?), às vezes, mais verdadeira e autêntica que a comunhão sacramental depois de muitas confissões bem feitas, talvez por muitos dos outros.
“Crer na palavra divina é optar entre duas sabedorias: ter confiança em Deus e renunciar a fiar-se de parecer próprio”. É expressão e atitude própria de esperança em Deus, radicada na fé e na humildade, de maturidade e de confiança .
“Javé, nosso coração não é ambicioso/ nem nossos olhos altaneiros/ Não andamos atrás de grandezas/ nem de maravilhas que nos ultrapassam/ Não! Nós fizemos calar e repousar nossos desejos/ como criança desmamada no colo de sua mãe.” Cf. o salmo.
E o senhor os convida a “abrir-se ao dom de Deus como crianças”(Mc 10,15), a orar e esperar, pois “quem ora ao Pai celeste fica então seguro de tudo obter”(Lc 11,9-13). Essa confiança proporciona a segurança e a alegria da possibilidade do acesso ao trono da graça, pois “nada os separará do Amor de Deus”(Rm 8,38ss.).
Diante da confiança e alegre segurança dos casais, a resposta de Deus e da Igreja não se faz tardia: colocam a atitude da obediência à não recepção do pão eucarístico como um valor, no sentido de se tornarem instrumentos de defesa, afirmação e valorização desse sacramento, e oferecem para eles um caminho e um meio concreto de sua participação no sacrifício de Jesus: a comunhão espiritual. Mais ainda: convidam os casais a fazerem da piedade eucarística não só “pontos de apoio” com que possam contar e “de refúgio” onde se possam abrigar, como, também, o apostolado de seu incremento e renovação na vida de toda a Igreja.
Desse modo, a comunhão Espiritual se constitui em um meio eficaz de recebimento do Cristo, não em um contacto físico e real como o pão eucarístico, mas em uma proximidade concreta, gerada pela confiança e segurança de que a graça completa a sua obra.
A Comunhão Espiritual realiza a recepção de Cristo “em espírito e em verdade”! A. C.
Corpo de Deus “Corpus Christi”
A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como “Corpo de Deus”, começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade belga de Liège, tendo sido alargada à Igreja universal pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Em 1311 e em 1317 foi novamente recomendada pelo Concílio de Vienne (França) e pelo Papa João XXII, respectivamente. Nos primeiros séculos, a Eucaristia era adorada publicamente, mas só durante o tempo da missa e da comunhão. A conservação da hóstia consagrada fora prevista, originalmente, para levar a comunhão aos doentes e ausentes.
Só durante a Idade Média se regista, no Ocidente, um culto dirigido mais deliberadamente à presença eucarística, dando maior relevo à adoração. No século XII é introduzido um novo rito na celebração da Missa: a elevação da hóstia consagrada, no momento da consagração. No século XIII, a adoração da hóstia desenvolve-se fora da missa e aumenta a afluência popular à procissão do Santíssimo Sacramento. A procissão do Corpo e Sangue de Cristo é, neste contexto, a última da série, mas com o passar dos anos tornou-se a mais importante.
Do desejo primitivo de “ver a hóstia” passou-se para uma festa da realeza de Cristo, na “Chirstianitas” medieval, em que a presença do Senhor bendiz a cidade e os homens.
A “comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa” (Urbano IV) recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo. Hoje denomina-se solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, tendo desaparecido a festa litúrgica do “Preciosíssimo Sangue”, a 1 de Julho.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do Bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo” (cân 944, §1).
Na Abelheira, por conta da Câmara, era feita no adro da Capela de S. João uma tourada nesse dia.Aliás não sei qual a razão, mas a festa do Corpo de Deus trouxe a Ponte de Lima uma tradição que é a da Vaca das Cordas, (ou ela já existia?) velho costume na véspera da procissão do “Corpus Christi”, filia-se, segundo dizem, nos cultos egípcios de Isis, Osíris e Apis, trazidos para a Península pelos fenícios, aceites pelos romanos e suevos e tolerados pelos cristãos (como o Boi Bento e a Serpe de Lerna). É que no Olimpo, os Deuses também se apaixonavam ! Segundo a mitologia, Io, filha do rei Inaco e de Ismene, linda como os amores, foi raptada por Júpiter. Juno, irmã e mulher deste, não esteve pelos ajustes e daí a sua perseguição a Io. Júpiter como qualquer mortal, temendo a mulher, metamorfoseou a apaixonada em vaca, mas Juno, que lia os pensamento do sublime adúltero, mandou do céu à terra um moscardo ciumento, incumbido de aferroar, incessantemente, a infeliz Io. Assim, perseguida, Io fugiu para o Egipto onde Júpiter vendo-a tão desconsolada (diz a lenda que a bela vaca chorava rios de lágrimas, que juntas formariam o Nilo !), a restituiu à forma natural, fez-lhe um filho (Epafo) e casou-se com Osiris, também adorado com o nome de Ápis. Os egípcios levantaram altares a Io debaixo do nome de Isis e exibiram nas solenidades, como seu símbolo, uma vaca errante, corrida. Ora, Isis, a vaca de Júpiter, a deusa da fecundidade teve um culto especial, precisamene, na Região de Entre Douro e Minho, no Convento Bracaraugustano, onde viviam os límios, um povo límio aqui da região do Lima.
O Padre Roberto Maciel ( em 1908), ajuda-nos a explicar a tradição da « vaca das cordas ». Dizendo que a igreja da Matriz da primitiva vila era um templo pagão dedicado a uma deusa e que converteram em templo cristão em igreja, tirando do nicho a imagem da deusa vaca, depois prenderam-na com cordas, e com ela deram três voltas à igreja. Arrastaram-na pelas ruas da vila, com o gáudio de todos os habitantes. Vem daí o tradicional costume da « vaca das cordas ».
No entanto, em Monção, também aparece ligada à festa do Corpo de Deus a festa da Coca. A “Santa Coca” ou, ainda, da “Coca Rabicha”! As lutas do Bem sobre o Mal, da Verdade sobre a Mentira, do Arcanjo S. Miguel sobre o Dragão são significados religiosos que, sobretudo, na Idade Média tiveram manifestações próprias, inclusivé, nos préstitos religiosos, infelizmente, desaparecidos no Alto Minho. A «coca» monçanense está intimamente ligada à procissão do “Corpus Christi” e à conhecida lenda de S. Jorge: “S. Jorge acudindo ao apelo angustiado de uma jovem princesa, filha do rei da Líbia, mata com a sua lança, o dragão que a queria devorar. Esta impressionada pela heroicidade do santo converteu-se ao cristianismo”. O culto de S. Jorge nasceu no Oriente e ficou localizado, durante muito tempo, na Palestina, na Lícia e entre os coptas do Egipto, onde a cidade de Gegth lhe era consagrada. Foi daí que passou a Constantinopla, que lhe dedicou, na Ponta do Serralho, um grande mosteiro, chamado S. Jorge de Manganes. Há quem diga que a Festa do Corpus Christi, em Monção, data, possivelmente, dos princípios do Séc. XIV. Porém, os Acordãos que se encontram referem-se ao Séc. XVII : « nomeação do mordomo da serpe (mordomo dos alfaiates)» Lº de Acc., em 4/1/1634 ; «condenados os mordomos dos taberneiros e os dos ferreiros em mil réis cada um por não virem com as suas danças na procissão do dia de “Corpus Christi”, Lº de Acc, em 17/6/1634. Em harmonia com a tradição, a “Coca” simbolizando o dragão, a que o povo tanto gosta de chamar “Santa Coca”, “Diacho da Coca” ou, ainda, “Coca Rabicha”, « Por bia da Santa Coca rabicha / perdi o diacho da Missa » Na procissão, a que não falta o “Carro das Ervas”, cheio de verdura e rapaziada; São Cristóvão, o advogado das crianças “biqueiras”; o “Boi Bento”, todo enramilhetado de fitas e cores, vão as duas figuras principais do auto – a “coca”, arrastando-se vagarosamente pelas ruas e calçadas, um monstro anfíbio de escamas reluzentes, com largas queixadas móveis e uma língua tremulante implantada em cabeçorra que volta à direita e à esquerda, criando um misto de espanto e incrudelidade aos inúmeros devotos da « rabicha » ; logo seguida de S. Jorge, em carne e osso, vestido a rigor, armado de lança e espada, capacete e broquel, e montado em cavalo de verdade.
Na Senhora da Franqueira, em Espanha, também se realiza o encontro de todas as Senhoras da região e grupos de animação e termina com um auto do Bem sobre o Mal, na segunda -feira a seguir ao Pentecostes.
Caminhos para Deus
A torre de Babel é mandada construir por descendentes de Noé com a finalidade de permitir que os homens entrassem no céu, no reino de Deus é a prova da desmedida da ambição do homem. Foi este desequilíbrio que fez com que se gerassem várias línguas e, não se entendendo uns aos outros, a torre desabou e apareceram diversas línguas no mundo.
Apesar deste aspecto mitológico relatado na Bíblia, os arqueólogos acreditam que a Torre se refere ao templo de Marduk uma das mais obras feitas na antiguidade, na Babilónia.
Hoje, com o avanço da ciência talvez se possa chegar à unidade de uma só língua, pelo menos tecnicamente falando porque já se fazem traduções através das novas tecnologias sem precisarmos de recorrer a ninguém, a não ser um computador.
Será que o homem de hoje não estará a enverdar por caminhos ousados?...Que houvesse só um povo e uma só língua...era tão bom; se Deus quiser isso será um facto, mas nunca se chegará lá no meio de ambições desmedidas do homem, no meio de fundamentalismos, venham de onde vier, no meio da discórdia, de turbul~encias e de não contarmos, a nossa vida, com o essencial que Deus nos aponta em Jesus Cristo que levou S. João a definir Deus como Amor e o Papa Bento XVI aparece com a base e o fundaneto do seu pastotreio ,como “Deus Caritas Est”, nunca chegaremos lá e pior será a nossa desunião e cada vez menos nos entenderemos.
Quando se Ama ,todas as línguas somos capazes de entender, não é verdade?...
Aliquis
O Nariz Ne Kaupgalés
Dizem os sábios nasófragos que o nariz deve ser quanto maior melhor. Nariz comprido é sinal de mérito e de génio. Diz-se, com efeito, que qualquer é senhor do seu nariz, para significar que não é nenhum tolo. César e Napoleão tiveram grandes narizes. O que possue o elefante é de respeitável tamanho; e o elefante é o mais inteligente dos animais.
Um nariz direito denota espírito recto, sério, afinado, judicioso e enérgico; nariz em bico de águia, propensão para aventuras; largo, de ventas igualmente largas, é indicio seguro de grande sensualidade; fendido, revela benevolência- é o nariz de S. Vicente de Paula.
O nariz arcado e carnudo é o indicio de predomínio e de crueza.
Catarina de Médicis, Isabel de Inglaterra, tinham-no desta qualidade. Nariz esguio e fino, pelo contrário, é o característico de um espírito mais brilhante, mas também mais vão, menos sólido e disposto á ironia; deve ser o nariz de um poeta ou de um critico.
Se a linha do nariz for reentrante, isto é, se o nariz for arrebitado, - é caso de se dizer que o espírito é fraco, algumas vezes grosseiro, geralmente jovial e folgazão.
O nariz pálido denota egoísmo, inveja, frieza de coração; o homem vivo, arrebatado, sanguíneo, tem o nariz rubicundo, mas de uma cor quase uniforme; no bebedor esta cor acentua-se na sua parte inferior.
Fungar constantemente, ao falar, é indicio de um caracter zombeteiro e caustico; não acrediteis, neste caso, em que o vosso interlocutor esteja um tanto constipado. Lembrai-vos antes de que se está rindo de vós...
O Rosto é o nosso cartão de visita
Sobrolho é o que está sobre o olho, do latim super...e é sinónimo de sobrancelha.
As grandes molduras de um rosto são as sobrancelhas, grossas, curvadas, fininhas. São as sobrancelhas que molduram em primeiro lugar os nossos olhos. O que é interessante é que, de uma sobrancelha bem delineada faz a diferença da pessoa.
Daí termos o sobrancelhudo que tem muita sobrancelha, isto é, largas e compridas. Alguns com sobrancelha quase sem “cancela” isto é, vão além do normal, sobre a raiz do nariz parecem ter continuação as duas sobrancelhas.Têm cancela fechada. Não se vê a raiz do nariz.
Ora as sobrancelhas assim carregadas, fortes, grandes e negras dão a ideia do tal sobrancelhudo. As maiores sobracelhas são de um americano com 8 cm cada. As boas sobrancelhas dão possibilidade de o seu detentor ser um bom hipnotizador, enquanto os que menos sobrancelhas têm ou mais finas sejam, têm mais dificuldades nesse trabalho. Assim como qualquer pode induzir a hipnose seja ou não sobrancelhudo e de olhar profundo, mas não é tão fácil.
No entanto, é nas sobrancelhas e nos olhos que os outros nos revêem mais depressa: “É de olho vivo”, “olho fino e pé ligeiro”. “ os olhos são as janelas da alma” ou “É de olho vivo”.Os olhos grandes ou pequenos, olhos arredondados ou amendoados, sobrancelhas espessas, grossas, raras, delgadas, finas...são detalhes que definem identidade da pessoa, dão vida e expressão natural juntas ou espessas.
Assim como erguer o sobrolho é manifestação de espanto e com sorriso, um espanto feliz. Se franze o sobrolho também pode ser outro espanto até morder os lábios, sinal de estupefacto e de susto.
Quem procura suavisar as rugas profundas de testa (osso frontal do nosso rosto) pode mostrar rejuvenescimento.
Há quem tenha sobrancelhas a mais e óculos grandes a estragar a magia própria do conjunto do sobrolho e dos olhos. Ter sobrancelha a mais é pior porque pode ser sobranceiro em relação aos outros, aos colegas de trabalho, aos familiares e até aos amigos. É próprio daquele indivíduo que tem sobranceria, isto é arrogância, altivez, acima dele mais ninguém, todo inchado. Quantas vezes vemos na televisão actos de humilhação, de arrogância, de sobranceria para com os outros, sobretudo, para com quem menos pode?
A testa é outra parte elementar da nossa posição social. Ela é a força superior do corpo e que dá início ao perfil da cabeça, já faz parte do crâneo, mas vem do latim testa.
A raiz do nariz fica junto à testa e entre, normalmente as sobrancelhas. Esta marca pode ser mais profunda ou menos. Mas também existe o chá de raiz usado em intoxicações, infecções internas, muito bom para a próstata, mas não pense que se trata da raiz do nariz, mas da raiz das plantas.
Depois temos as bochechas separadas pelo nariz. Nas bochechas recebe-se ou dá-se o beijo que pode ser o beijo de judas, pode ser apenas o beijo do adeus, pode ser o beijo da despedida ou da chegada, ou ainda o beijo sinal de amor. Beijar alguém porque se gosta e dizer com um sorriso gosto muito de ti!... É o lugar onde se dão e levam beijocas de carinho familiar. As bochechas são músculos faciais que encobrem as arqueadas ósseas dentárias e ao mesmo tempo são músculos mastigadores em conjunto com a boca.
Na bochecha não mexa, mas os afagos são mais sentidos nelas, carinhos com dedinhos na bochecha não mexa porque podem “incendiar”!...ou corar!...
Compoêm os olhos o globo ocular com a pupila, íris a esclerótica e a canúncula lacrimal. Para além dos olhos e a protegê-los do pó, de algum bicho ou outra coisa qualquer temos as pestanas. Há quem seja pestanudo e esse está bem mais seguro. Dormir não é apenas juntar os pêlos das pestanas e muito pior deixando o olho fechado e pelado, mas quanto a isso direi algo mais à frente. “Queimam-se as pestanas” com o muito trabalho, o muito aprender, mas apenas em sentido figurado. Ainda não sabia que as pestanas estão coladas nas bordas das pálpebras superiores e inferiores?
Mas o nariz, as narinas, asas do nariz, pêlo do nariz, assoalho,límen e o vestíbulo na parede lateral: concha nasal superior, concha nasal média, concha inferior, meato superior, meato médio, meato inferior, meato nasal faz também a caracterização do nosso rosto.
Os lábios são a parte mais sensível do rosto. Esta sensibilidade que será fria e inerte quando eles se colarem na morte, aliás como todo o rosto, sem deixar, no entanto, de transparecer serenidade e paz. O queixo é o toque mais delicado do rosto.
As orelhas mais arredondadas, mais voltadas com os seus pavilhões para a frente, ou mais encostados aos parietais da cabeça não são os ouvidos, mas algo importante para uma boa audição. O orelha é composta por uma hélix,anti-hélix, concha,trágus,antitrágus e o lóbulo. O homem mais peludo no mundo nas orelhas, é um indiano que tem o pelo dos ouvidos com mais de 10 cms de comprimento. O orelhudo tem as orelhas grandes ,mas não será , por essa razão, aquele que “é detrás da orelha!...” por ser ...
Pelo complexo, rosto e cabeça, podemos definir uma raça.
Hoje há tanta mutilação nos rostos, nas identidades das pessoas que parece que o homem quer mudar a sua própria essência de ser homem ou mulher: Rapam-se as sobrancelhas quando elas têm a sua utilidade, arrancam-se as pestanas quando Deus as quis para assegurar algo de muito sensível...usam-se cosméticos a mais contra o natural que é sempre obra prima saída das mãos do criador e bem mais belos. Colocam-se piercings, etc. aqui e acolá até na língua ou no sobrolho, mas a vida não é isto. Isto pode ser a farsa da vida, da vida para a qual não fomos criados. Pelo menos eu carrego no sobrolho e mordo nos lábios quando sinto que o que fiz ou o que vejo fazer, não é natural... Quiproquo
Nota: Um de cada vez João Alves Cerqueira.
Quando no último número falámos de João Alves Cerqueira, por erros informáticos não se publicou a fotografia do filho, o que fazemos hoje.
A Drª Alzira Delgado Cerqueira veio de Perre de uma família grande, rica, generosa e conhecida em toda a região. Casou com João Delgado Cerqueira, amigo que a Abelheira venera na sacristia da capela. Deixou dois filhos: o Dr. Carlos, economista, casado e com três meninas e o Dr. João , formado em História da Arte. A Drª Alzira era prima de João Delgado Cerqueira porque a mãe de D. Madalena Delgado, sua sogra, morreu de parto e o pai casou segunda vez, tendo dado origem a uma família de boa reputação social.
É de destacar que se a família não fosse uma família de bem, naturalmente, a Zulmira que é lá empregada, parece que há mais de 50 anos, não resistiria tanto tempo.
Jorge Constantino Roriz Martins Carneiro, nascido em 21/03/1942, filho de José Joaquim Martins Coelho Carneiro, não conheceu o pai, e de Rosa Lúcia de Castro Roriz Carneiro, ambos naturais de Guimarães.
A família Roriz veio de Guimarães e da família do Pe. Gaspar Roriz. Domingos Roriz fotógrafo que se estabeleceu em 1912 e tomou a iniciativa trazer os três sobrinhos para a arte fotográfica o João José Roriz, o Joaquim José Roriz e Jorge Constantino Roriz.
A filha de Domingods Roriz, Madalena grande entusiasta do teatro amador e jornalista da Aurora do Lima casou em segundas núpcias com José Sequeira, administrador dos ENVC e oriundo de Alcochete. Deste casamento nasceu o Maria José Sequeira, hoje advogada e sua Irma Olga Roriz, sendo hoje é um dos símbolos vianenses no mundo do Bailado e Coreografia não só no país como no estrangeiro. Ambas casadas e com filhos. São segundas primas da mãe de Jorge, já falecida.
O Jorge começou depois da 4ª classe a aprender fotografia na casa mãe de Viana. Veio depois a inserir-se nos ENVC como radiologia da soldadura eléctrica e depois do serviço militar optou pela fotografia com os seus irmãos em sociedade. O Joaquim ficou com a casa mãe que ainda hoje, centenária, existe propriedade do mesmo.
O João e o Jorge fundaram um novo estabelecimento e, conformidade, com o seu trabalho em comum ao lado da Capela da Malheiras, muito próximo da Praça da república e casa da mãe.
O Jorge casou com Maria Helena Rocha da Silva Carneiro, vianense, vizinha e criada juntamente com a freira Beatificada Maria da Conceição, da Rosa Cândido dos Reis. Sempre foi doméstica e mãe de José Jorge Roriz Carneiro casado com geração, morador na paróquia com seus pais.
O João vive em Carreço e o Joaquim em Afife.
O Jorge sempre viveu nesta paróquia, na rua Pe. Américo, onde sempre fez boa vizinhança e não deixou por mãos alheias a arte fotográfica pela qual dava o melhor de si. Um homem sempre muito discreto e familiar, mas atento às dificuldades dos outros. Nesta altura encontra-se aposentado e gostaria de fazer voluntariamente alguma coisa pelos outros, como por exemplo acolhe um compadre, solteiro de 80 anos, e afastado da família, assumindo o encargo de o zelar.
O João Jorge, seu filho, encontra-se efectivo numa fábrica têxtil espanhola, em Esposende.
Quanto ao Joaquim irmão do Jorge Constantino, é casado e com três filhos. O João é casdoe sem filhos.
O Jorge o mais novo dos irmãos foi sempre o mais sóbrio e, ao mesmo tempo, também dedicado e amigo da arte e que o fazia feliz pois sentia-se perfeitamente realizado naquilo que fazia.
OS CARECAS
“É dos carecas que elas gostam mais? !...
A calvície é um pormenor de falta de cabelo na cabeça do homem . Há os que não ligam nada a esse pormenor e há os que ficam perturbados , embora em pouca percentagem . Normalmente é uma questão genética , hormonal ou efeitos secundários de medicação ou tratamentos . Já é mais complicado uma mulher careca, que também as há , embora numa percentagem muito pequena .
Os homens normalmente não se importam com isso , a não ser que sejam efeitos de doença evidente e activa , mas as mulheres, essas não passam sem procurar as perucas ou outros tipos mais modernos para esconder a falta de cabelo .
Do mesmo modo acontece a alguns homens que também procuram a peruca e até o pintar dos cabelos porque lhes atrapalha o cabelo branco , no entanto , isso preocupa muito mais as mulheres .
Hoje as coisas começam a ser diferentes porque antigamente menos se ligava a essas anomalias . Quem sabe se é para que não haja associação com modernices de cabeça rapada , ou com os Skin (apaches) que tem a ver mais com factores sociais , económicos , políticos ou culturais... Quem sabe se é uma nítida intenção de o “careca” procurar não ser confundido com tais modernices ou com drogados , marginais , com os Punks , Skinedes , Hippies , Gangues... Pois é fácil quando aparece um moço de cabeça rapada , botas de coturno , tatuagens pelo corpo , correntes ao pescoço , sujo , rasgado...dar a impressão de algo estranho e anormal.
A crise económica , o desemprego maciço são pré-condições de surgimento de movimentos racistas , violentos e discriminatórios . Pode significar, na Alemanha, neonazismo, ódio ao emigrante, e sei lá o quê.
Também há “ carecas “ que só o são de alcunha . Houve o sobrenome “ careca “.
Também há os que são “carecas “ por opção . É uma questão de identidade . Conheço uma pessoa que rapa a cabeça, há muitos anos, com navalha de barba todos os dias . O pior de tudo são as carecadas que aparecem na vida da pessoa ...por acidentes ocasionais!... Só não leva carecadas na vida quem for acéfalo. No entanto é bom ter cabeça ainda que seja para a pôr de molho , servir de cartaz, ou cabeça de lista, assim como quebrar a cabeça e dar com ela nas paredes, faz pensar e retormar. Tudo isto é melhor do que ser homem sem pés nem cabeça, ou ter a cabeça a prémio. Meter a cabeça em seara alheia, ou andar com ela á roda é dar cabo dela . Andar de cabeça levantada é próprio de um homem com honra , manter a cabeça fria para a não pôr no prego, nem se meter noutros sarilhos... Estar à cabeça é muito bom , é sinal de” cabecilha” , mas cuidado que pode ser cabecilha de muita coisa que não interessa... e estar a pôr a cabeça a prémio . Ser calvo ou não ser calvo, pouco importa. O que é preciso é ter cabeça para pensar e não precisar de máscara. Também há os cheques “carecas “ que vão sendo cada vez mais e entre os homens há os “carecas” de saber , assim como a sabedoria dos idosos de cabelos brancos.
No entanto, se for “careca “ hoje, parece que há outras formas mais simples de fazer crescer mais fios , mais cabelos . A estrutura do fio de cabelo divide-se em cutícula, cortex, e medula. É na cutícula que conseguimos ver a cor do cabelo , no córtex existe sal , hidrogénio, e enxofre . A medula é a parte central do fio . O cabelo tem um PH que, para podermos tratar dele, é conveniente saber qual é o nosso ph. Ele costuma ser igual ao das unhas e da pele . A película capilar é uma bolsa tubular localizada na epiderme. É dentro deles que se localiza a raiz do fio capilar. Em todo o corpo humano há cerca de cinco milhões de películas capilares, excepto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O cabelo está em constante modificação, dependendo sobretudo da alimentação. Tem três fases a anágena que pode durar 2 a 5 anos, a fase catágena 3 a 4 semanas e a fase mológena, período de reforma .
Há os cabelos secos , normais , oleosos e mistos . Há os cabelos saudáveis e os danificados .
O melhor é não perder a cabeça com a perda dos cabelos . Perder a cabeça é o pior que pode acontecer. É só um visual diferente , uma identidade diferente e mudar na vida algumas coisas até é capaz de ser algo notável . Se o couro cabeludo pode ter 100 mil fios, cabeleiros, muitos podem cair todos os dias, mas o pior é quando eles desaparecem, em pouco tempo quase todos...
No entanto alguém recomenda que olhemos para os mendigos que normalmente não são carecas!...
Quiproquo
OS CARECAS
“É dos carecas que elas gostam mais? !...
A calvície é um pormenor de falta de cabelo na cabeça do homem . Há os que não ligam nada a esse pormenor e há os que ficam perturbados , embora em pouca percentagem . Normalmente é uma questão genética , hormonal ou efeitos secundários de medicação ou tratamentos . Já é mais complicado uma mulher careca, que também as há , embora numa percentagem muito pequena .
Os homens normalmente não se importam com isso , a não ser que sejam efeitos de doença evidente e activa , mas as mulheres, essas não passam sem procurar as perucas ou outros tipos mais modernos para esconder a falta de cabelo .
Do mesmo modo acontece a alguns homens que também procuram a peruca e até o pintar dos cabelos porque lhes atrapalha o cabelo branco , no entanto , isso preocupa muito mais as mulheres .
Hoje as coisas começam a ser diferentes porque antigamente menos se ligava a essas anomalias . Quem sabe se é para que não haja associação com modernices de cabeça rapada , ou com os Skin (apaches) que tem a ver mais com factores sociais , económicos , políticos ou culturais... Quem sabe se é uma nítida intenção de o “careca” procurar não ser confundido com tais modernices ou com drogados , marginais , com os Punks , Skinedes , Hippies , Gangues... Pois é fácil quando aparece um moço de cabeça rapada , botas de coturno , tatuagens pelo corpo , correntes ao pescoço , sujo , rasgado...dar a impressão de algo estranho e anormal.
A crise económica , o desemprego maciço são pré-condições de surgimento de movimentos racistas , violentos e discriminatórios . Pode significar, na Alemanha, neonazismo, ódio ao emigrante, e sei lá o quê.
Também há “ carecas “ que só o são de alcunha . Houve o sobrenome “ careca “.
Também há os que são “carecas “ por opção . É uma questão de identidade . Conheço uma pessoa que rapa a cabeça, há muitos anos, com navalha de barba todos os dias . O pior de tudo são as carecadas que aparecem na vida da pessoa ...por acidentes ocasionais!... Só não leva carecadas na vida quem for acéfalo. No entanto é bom ter cabeça ainda que seja para a pôr de molho , servir de cartaz, ou cabeça de lista, assim como quebrar a cabeça e dar com ela nas paredes, faz pensar e retormar. Tudo isto é melhor do que ser homem sem pés nem cabeça, ou ter a cabeça a prémio. Meter a cabeça em seara alheia, ou andar com ela á roda é dar cabo dela . Andar de cabeça levantada é próprio de um homem com honra , manter a cabeça fria para a não pôr no prego, nem se meter noutros sarilhos... Estar à cabeça é muito bom , é sinal de” cabecilha” , mas cuidado que pode ser cabecilha de muita coisa que não interessa... e estar a pôr a cabeça a prémio . Ser calvo ou não ser calvo, pouco importa. O que é preciso é ter cabeça para pensar e não precisar de máscara. Também há os cheques “carecas “ que vão sendo cada vez mais e entre os homens há os “carecas” de saber , assim como a sabedoria dos idosos de cabelos brancos.
No entanto, se for “careca “ hoje, parece que há outras formas mais simples de fazer crescer mais fios , mais cabelos . A estrutura do fio de cabelo divide-se em cutícula, cortex, e medula. É na cutícula que conseguimos ver a cor do cabelo , no córtex existe sal , hidrogénio, e enxofre . A medula é a parte central do fio . O cabelo tem um PH que, para podermos tratar dele, é conveniente saber qual é o nosso ph. Ele costuma ser igual ao das unhas e da pele . A película capilar é uma bolsa tubular localizada na epiderme. É dentro deles que se localiza a raiz do fio capilar. Em todo o corpo humano há cerca de cinco milhões de películas capilares, excepto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O cabelo está em constante modificação, dependendo sobretudo da alimentação. Tem três fases a anágena que pode durar 2 a 5 anos, a fase catágena 3 a 4 semanas e a fase mológena, período de reforma .
Há os cabelos secos , normais , oleosos e mistos . Há os cabelos saudáveis e os danificados .
O melhor é não perder a cabeça com a perda dos cabelos . Perder a cabeça é o pior que pode acontecer. É só um visual diferente , uma identidade diferente e mudar na vida algumas coisas até é capaz de ser algo notável . Se o couro cabeludo pode ter 100 mil fios, cabeleiros, muitos podem cair todos os dias, mas o pior é quando eles desaparecem, em pouco tempo quase todos...
No entanto alguém recomenda que olhemos para os mendigos que normalmente não são carecas!...
Quiproquo
António Joaquim Cunha
Filho de Maria Helena da Cunha, de Ponte de Lima, nascida a 12 de Dezembro de 1938, andou na escola, estudou na escola comercial e fez-se guarda livros. Trabalhou nos E N V C, tendo depois passado para a tipografia Gutemberg, onde o conheci, mas tinha pouco tempo livre porque em casa , fazia a escrita de muitas empresas e, naquele tempo, era tudo à mão, não havia computadores , etc... bem mais difícil tempo para esta arte. Visitava todos os dias o Santíssimo Sacramento tal era a sua devoção à Eucaristia , foi catequista no princípio e antes desta Paróquia ser criada com a D. Elvira Botelho , fez parte da JOC , foi cursista, ainda pelo Seminário do Carmo foi ministro extraordinário da comunhão.
Casou aos 32 anos , em 3 de Janeiro de1971 , com Maria da Conceição Correia Viana Cunha, também com 32 anos de quem teve 3 filhos . A esposa era da Abelheira , filha de Manuel Martins Viana e de Conceição Correia da Balinha, ambos da Abelheira.
O seu sogro era pintor e trabalhou também nas obras públicas , mas o seu tio empreiteiro , o José Viana , pai do actual Engº José Viana trabalhador na C.M. de Viana o desafiou para pintar o Liceu de Viana, o Hospital de S. João no Porto, o Quartel do Exército de Chaves e, em 1970, em França, retocou os estragos causados por uma bomba num dos Palácios “des Champs – Ellisés”,em Paris. O sogro morreu no dia de S. Bento em 1985. A sogra do Cunha, mãe de sua esposa, era lavadeira da Abelheira. Faleceu no dia de S. Pedro de 1990.
O sogro não era muito praticante , mas sempre afirmava que era preciso acreditar na Divina Providência. Já o Pai do sogro era muito diferente, praticante e fervoroso, devoto do Senhor dos Passos, pegava sempre no seu andor. Fez parte da C. Culto da N. Srª das Necessidades. Era carreteiro e morreu de acidente num temporal junto à ponte Heiffel, quando uma das chapas metálicas veio pelos ares, matou-lhe um boi e a ele também o mandou para o Hospital, onde não resistiu aos ferimentos e morreu. A mulher deste era da família dos Felgas de quem já aqui abordamos.
A esposa do António Cunha, agora viúva, foi costureira em casa e também em casa de pessoas de sangue azul, dos nobres de Viana.
Os três filhos fazem-lhe presença e vão animando-a a viver a vida sempre com muita fé e com vontade não só de rezar, mas também de saber e estudar, enfim, de se actualizar, não na doutrina que é a mesma, mas na linguagem que hoje se deve utilizar. A filha mais velha, jornalista, casou em Stª Luzia com um jornalista, o Jorge, do Porto e já tem um casal de filhos; a Teresa é assistente Social e trabalha no CDSSS de Viana do Castelo e o irmão, o mais novo, licenciado também em Educador Social está a trabalhar na ACEP (Meadela). Foi um jovem muito comprometido na Paróquia e fez parte do Pólo Juvenil. Participou num Campo de Férias na Serra d’Arga e não sei se aí lhe nasceu uma clara e determinada orientação para o meio ambiente que vive com intensidade na observação da natureza e na sua protecção.
Aqui queremos trazer ao de cima uma pessoa que o vício do tabaco não conseguiu deixar, ao ponto de no dia 20 de Agosto, dia de Nª Sra. da Agonia, o António Joaquim Cunha ao dirigir-se ao café cair e fechar os olhos para este mundo com 68 anos de idade.Os seus vícios não faziam dele um homem vulgar, ele era mesmo um homem de bom coração, amigo de fazer bem e sempre muito devoto, um crente cristão, católico convicto até à medula dos seus ossos, por isso, o bem que fez ao longo da vida, e a família que deixou deve ser o suficiente para que atingisse depressa a plenitude da felicidade no Céu.
Casa dos Brasileiros
Do Jerónimo Francisco dos Reis, conhecido pelo da torre, casado em Vila Franca nasceram os seguintes filhos: O António da Rocha Reis casado com Cristina e com filhos; o José que esteve dos 7 anos na casa dos Brasileiros com os primos até aos 19 anos, 12 anos, depois do casamento da tia de Barroselas, foi para Barroselas, passou pelo Seminário Passionista e foi para Lisboa. Em 24/03/1932, casou com Angela Ferros de Darque, mas não teve geração; o José viveu na casa dos Brasileiros pela comida e pela roupa e conserva recordações que lhe fazem saudade, recordações boas e más. Aqui, na altura conheceu a criada Rosa, já velhinha, era a que ia à feira, a Marcelina de Balugães e a Maria de Piães;. o Manuel casou com Deolinda Machado de Vila Franca e teve 3 filhos todos casados e com filhos e viveu em Vila Franca: O Felício, a Deolinda e o Paulo todos casados e com filhos a viver junto à Cruz de Pau; e o Augusto teve dois filhos o José Avelino e o Vidal ambos casados em Vila Franca e com filhos; a Maria e a Deolinda ambas solteiras.
O seu avó Jerónimo teve três filhos : o José casado em Vila Franca; o Manuel Lima Reis casado e com rapazes e uma rapariga todos casados e todos falecidos, tendo deixado geração que vive em Mazarefes no lugar do Monte.
O que vive em V.N. de Anha era filho do irmão do pai do José Francisco dos Reis, portanto neto do José Francisco Reis.
ARTUR MARTINS BRANCO
O Engº João Martins Branco foi um homem de honra e de mérito na cidade de Viana do Castelo. Um homem que fez Viana conhecida nos grandes Países do mundo pela sua criatividade, iniciativa e coragem para não aplicar outros adjectivos que o dicionário tem, porque faltará algum para ele. É que ele foi um pai de muitos filhos e todos eles, cada um diferente do outro, mas todos muito inteligentes e com os mesmos predicados do pai. O Artur é um deles, vive aqui na Bandeira onde foi uma taberna antiga deste bairro, da Maria Silva e muito perto de um outro irmão o Raúl. O Artur é electricista, mas a sua vida deu muitas voltas. Depois do liceu, tirou o curso Industrial e Comercial e foi trabalhar para o Porto de Mar para a firma Mesquita e limitada, onde trabalhou 12 anos, ganhando 144.40 por quinzena que o dava à mãe porque os filhos eram muitos. Recebia da mãe 20.00 para as estravagâncias. Resolveu acompanhar a empresa para Lisboa, onde trabalhou no Instituto Superior Técnico, no bairro Nacional da Guarda Nacional Republicana inaugurada com a Nª Srª de Fátima , no Liceu de Viana e, por fim, na base Naval de Montijo, a ganhar 800.00 por mês. Nas horas vagas estudava, mas o dinheiro não dava para comer, para alojamento e para os estudos. Então desistiu dos estudos. Um dia, dirigiu-se ao Mesquita que era aqui de Stª Marta e ao Engº Meleiro, da Câmara Municipal de Lisboa e disse que ou davam mais, ou no fim do mês iria embora. Do outro lado, esperava ouvir outro tipo de linguagem, pois disseram-lhe que se quisesse podia ir nesse instante. Não pensou mais... “é mesmo já, mas olhem que Branco como eu só há um...passem bem, vamos a contas e mais nada”. É que Artur Branco tinha a consciência de que as maiores obras da firma eram todas pensadas por ele. Regressou a casa a 21 de Abril de 1953 com Maria Eduarda Meira Gomes aqui da Papanata. A mulher deu-lhe também 9 filhos, embora 3 tenham morrido à nascença. Os vivos são :Eduarda, Artur, Ana, João, Alberto, Susana, todos casados à excepção da Ana e do Alberto. Os casados todos têm geração, todos os rapazes seguiram a vocação do Pai.
No entanto, o mais interessante está por dizer: é que assim como seu Pai nunca registou patentes, também o Artur inventou uma caixa eléctrica com um disparador cuja luz do adversário incidia sobre esse disparador e este obrigava o adversário a baixar a luz.
Acontece muitas vezes que alguns automobilistas esquecem-se e vão com as luzes no máximo e se formos em sentido contrário e fizermos um sinal de luzes, o outro obedeceu, mas às vezes, por distracção não baixa a luz, não obedece.
Ora este aparelho era prático. Um fornecedor de uma peça de que precisava denunciou a outros e ele nunca registou esta patente. Era como um brinquedo e face aos irresponsáveis que só conhecem os máximos sem respeitar o que vem em sentido contrário, este aparelho era inovador, e descoberto por um português e um vizinho desta rua.
Já o seu Pai era procurado por Ingleses e Franceses, mas este filho também era procurado porque ele fazia as peças. Não esperava que elas viessem daquele, ou doutro País. Fazia-as com eficácia, que, às vezes,até os estrageiros o procuravam como ao seu Pai.
Agora deixa os filhos que continuam a obra do Pai...
E ficamos por aqui porque o Raúl é mais mecânico e criativo e muito dinâmico que se o conhecessem, seria procurado também por estrangeiros. É de uma competência extraordinária no fabrico de objectos invulgares e que também não tem patentes registadas. Só os amigos sabem e nem todos, suponho eu. É um homem de arte à maneira de seu pai e admirado por todos os que o conhecem.
O Engº João Martins Branco continua bem vivo nos filhos, nos netos e bisnetos.
Caminhos para Deus
Aparecem novos movimentos eclesiais, novas formas associativas de participação na vida da Igreja e na sua missão.
Estes movimentos surgiram nas últimas décadas, sobretudo, depois do Concílio Vaticano II com um perfil, em relação aos antigos, muito diferente.
Há milhões de católicos a viver a sua pertença à Igreja, em movimentos como nos Focolares, no Caminho Neo-Catecumenal, em Renovamento Carismático, entre outros...
Estes e outros movimentos agregaram grandes grupos de leigos, assim como religiosas e religiosos, sacerdotes… pessoas que generosamente se entregam à nova evangelização, com novos métodos e expressões visando os diversos ambientes da sociedade e os católicos não praticantes.
Dão novas formas vivenciais da radicalidade da fé que a demonstram com gestos concretos de mudança de vida e participação no movimento. Actuam em ligação com a Igreja na luta pela justiça, pela paz e pela solidariedade com os pobres.
Mais parecem alguns desses movimentos estruturados para uma vida comunitária do que para associações. Talvez por isso gostem que se lhe chamem comunidades, isto é, “comunidades de vida” onde encontram espaço de compreensão, de vivência nova a partir de uma conversão.
“DEUS CARITAS EST” é a enciclica pela qual o Papa começou a nova evangelização da Europa .Deus é Amor e nos seguidores cabem a missão de mostrar, de dar testemunho desse Amor...
Será que a nossa Igreja assim vive o Amor?!...
A.C.
Pedra “ALÇADA”
Na chão das mós, depois de lugar de Felgueiras, antiga freguesia de Santa Maria de Felgueiras, na Serra D’Arga, existe a pedra que se mostra na fotografia.
Este espectáculo geológico, junto ás pedras milenárias de formas redondas, talvez por isso mesmo, ser o chão das mós ou talvez porque os pedreiros arranjassem lá com facilidades as mós para os seus moinhos.
Esta pedra parece um monumento natural, protagonista de um ambiente silencioso, calmo rodeado da natureza que os ecologistas e geólogos se apaixonam por observar e todos a admiram.
MAZAREFES E A MAÇÃ DE ADÃO
Maza em árabe pode signifícar casa,mansidão e manzana, manzaneda, maçã,maca, aparecem como topónimos em muitos e variados sítios por toda a Espanha,desde a Cantábria ao Sul, tudo depende do povo de origem, com base na língua árabe. Em Portugal com a mesma origem temos Mazagão e Mazedo, ambos topónimos e antroponímicos. No norte de África existe a cidade de Mazagão e foi obra dos portugueses. Existe ainda a ilha de Mazagão (Maza- Mazagão-Mazag-Mazar)em Marrocos. Em Portugal temos a vila de Mazagão Velho onde se celebram as grandes festas de S. Tiago. Existe Mazzè em França.Não aparece apenas como topónimo na Espanha, mas em muitos outros lugares do Globo Terrestre, desde o Oriente ao Ocidente. Este topónimo aparece quase sempre junto a locais de águas, lagos e rios, regos como Mazariegos, em Espanha. Todos se relacionam com Mazar e Mazarefes. Mas quem não nos diz que Mazarefes vem de Valtzmh Azhari >Mhazhari ?... “Caráter” no filho do deus das águas do esquecimento ou das águas brilhantes Oceânicas ou do Lethes que beijava estas terras na sua corrida para a foz ou no seu retrocesso do mar.
É, naturalmente, uma palavra pré-romana e significa também para os galegos uma arma que utilizavam para combater os inimigos ou os povos invasores. Essa arma era em forma redonda (algumas tipo cebola) e de pedra, normalmente. Aparecem por aí. Encontradas na Serra D‘Arga (quem sabe se no monte Medúlio de Paulo Osório?) Possuo duas espécies.
Para além de Maza apareceu também o Mazo, Mazzo, Mazanno, Mazzola, Mazara, Mazzarrone na Itália Central e Maso com “s”. Também Mazariegos foi topónimo.Mazo significa vegetação. Como Maçot e Maça (maza) uma pequena elevação de terrenos, como Montezelo e que, em Mazarefes, também existe como topónimo. Mazar queria dizer gigante na Kauplanês. Mazar+I+Shariff seria a mansão ou o pântano mais o “i”, que, em língua indígena, significaria água e Shariff talvez o chefe. Neste caso seria a mansão de água do chefe. Esta palavra mazar-i-shari,é uma cidade que em 1990 estava nas mãos dos Talibans.
No entanto, Mazarefes, é um topónimo de Viana que não faltam interpretações poéticas para dizer que é uma palavra de origem árabe e significa terras lindas, mas não quero argumentar e desdizer nada do que tem sido dito a propósito da origem desta palavra.
De topónimo, a palavra Maza e Mazar deu antroponímicos implantados, sobretudo na Espanha.Assim houve a família Maza. Era a família de Maza e este Maza entrou no sobrenome e deu origem a fidalgos, a nobres que utilizavam como símbolo a Maza em prata, espécie de maçaroca (como a espiga do Milho) em Vila Marini, os nobres Mazas PEDRO de BARRIÉ de la Maza ou TERESA de Romero Refes Dinora.
A Maza podemos acrescentar refes, sobrenome árabe,que deu nome a empresas, a um Banco. Sempre ligado a este refes há proximidade de águas como Reggad (i)=(água),(ia=água). Significavam água em língua indígena. Refes é topónimo, nome de empresa, povo de boa Jaez na República do Burundi. Refes também foi uma espingarda no Brasil.(refis=refes).Crick Refes de Sousa aparece como nome na Palestina. Topónimo e antroponímico Refes no Irão, no Iraque ,no Afeganistão,na Turquia, no Paquistão, na China, na Arábia. Refes aparece também como número de amigos que se reúnem para guiar nas cidades os turistas.
Ainda tem a ver como topónimo que é frequente em Espanha, na Itália, de origem fenícia. Mazar-i-Scharrif, uma região, uma cidade. Mazar significou também macear, golpear o leite dentro de um odre para separar a manteiga. Mazar é igual a Mazo na Corunha. Mazarete é um topónimo semelhante a Almáchar, em Málagar, Málaga, mostrando-se de origem árabe. Al-Mazar e Mazarete, o seu plural, são topónimos.
Pode ter o significado de miradouro de pedra e também a extensa e fértil planície como topónimo de terras de Pedro Mazar de Ugas, de mazar, maçar o linho…Existe o Rio Mazar na cordilheira dos Andes, no Paraná com barragem.A arqueologia Elat Mazar do ano 5 da nossa era oferece dúvidas para os hebreus. “Os Migrantes afegãos começam a voltar a casa nas montanhas”, tomando um significado de casa e não até da cidade.
No Afegão existe o topónimo Mazar e Mazar-i-Sharif mesmo assim sendo uma cidade é a casa de qualquer Afeganistão. Mazar junto de água, de rio, existe mesmo o rio Mazar, junto de mansão,quase se identificam, assim como Mausoléu no Paquistão. Pântano traiçoeiro no Afeganistão e no Paquistão (Mazar+Shareef).
Para além disso também podemos acrescentar a Mazar sem prejuízo dos seus anteriores significados o sufixo ÉFES que é uma palavra oriental toponímica e antroponímica . Éfes é uma cidade formosa antiquíssima que os romanos ocuparam por muito tempo e ali existem muitos monumentos. Efes, em hebraico, quer dizer zero, e como sabem o zero,por si, nada vale e só zeros nada valem, a não ser à direita de um número, ou à esquerda acompanhados de uma vírgula. Efes, o cromo e o ferro são metais com alta ou baixa de Effes, respectivamente. Também o túmulo do Máusolo em Efes é obra para admirar. De Maza devia ter vindo Samoza “alto da Mossa” como topónimo. Efes é o nome de uma cerveja turca.Um autor Francês coloca o topónimo Efes na montanha.
Henrique de Oliveira diz que é o símbolo químico de alumínio,artigo antigo de origem árabe. Na Turquia não é só cerveja, é apelido e também uma cidade.Erite Mazo topónimo na Espanha, assim como, El Mazo, Mazariegos, Mazarete, em Gualadajara, e chamou-se Mazaref e Masdarete, de origem árabe, Mazagatos, Magalinos, ou el-Mazon ( o forte) Manzana, mas Marariegos chamaou-se no séc. X “Osorno de Mazarefes” e depois Vila de Mazarefes e Mazar a significar também Moinho. Segundo Pancracio Celdran, no seu dicionário de toponimia. Em León, no Município de Valderas há o topónimo castro Mazaref, do tempo dos Visigodos junto do Rio Cea. Há ainda o filme Mazaref e é um nome muito utilizado na Itália, em África com o significado de operação. Assim como o termo Mazaraf. Portanto falar da origem de topónimo Mazarefes não é fácil sem documentos na mão. Foram os fenícios ou os árabes que nos legaram este topónimo? Seria dado o nome de Rio Mazar nesta zona ao rio Lima que passava nesta terra que até poderia ter outro nome? Ou do linho, de água, do Montezelo ou da Regadia ou da Conchada? Dark, Cabedelo, Conchada também estão ligados a proximidades de água.Teria vindo assim mesmo do reino de Leão, ou será composta? Não seria difícil inventar uma lenda agradável para nos sugestionar bem sobre a origem do nome da nossa terra que amamos profundamente, mas inventar não se pode. O que significa isto, são mais umas hipóteses que só servem de reflexão. Uma coisa é certa, há um documento do século IX, anterior à nacionalidade, que fala das terras de Mazarefes,mas não se refere à origem do topónimo. C.
Drogaria do Mercado
Daniel Afonso- “Pequeno o nome como ele”. Não é bem assim porque ele é mediano de estatura.Nasceu em 18/08/1922, em Lara, Monção, onde frequentou a Escola Primária. O tio que era proprietário da Drogaria Maduro, na Rua Grande, já vivia em Viana. Provinha de uma família pobre, com seis irmãos, e por isso, aos 13 anos pediu ajuda ao tio que o trouxe para Viana para o ajudar na drogaria, ficando a viver com ele. Fez o Curso Comercial, trabalhando de dia e estudando de noite, até ir para a tropa, onde fez o Curso de Sargentos Milicianos, em Tavira.
Fez o percurso da Tropa no IRI de Setúbal. Após a Tropa deixou o tio e estabeleceu-se em sociedade com o Henrique Balinha, da Abelheira, abrindo a Drogaria do Mercado. Três anos depois casou com Maria Rita Leite Afonso, filha de pais da Abelheira, a morar na Rua do Loureiro, de quem teve 4 filhos: João Manuel, Ana Isabel, Andreia Maria e Maria da Conceição, todos casados, com filhos e bem colocados na vida, que lhes deram 7 netos.
Durante 50 anos, a Drogaria do Mercado era a mais conhecida a nível do Distrito, estando bem situada junto ao Mercado Municipal. Ainda a conheci no tempo do Mercado Velho.
O Henrique e o Daniel completavam-se na sociedade da drogaria, por isso, o grande êxito foi sempre a lealdade, a franqueza e a respeitabilidade pelas diferenças de um e de outro, fazendo dar o seu fruto e, assim, se mantiveram, podendo dizer que melhor que dois irmãos, porque os há e que se desentendem no negócio, mas eles sempre se entenderam.
Ao fim dos 50 anos de trabalho juntos passaram-na para o actual proprietário, Eng.º Ribeiro.
Trabalho e mais trabalho foram sempre os seus hobbies. No entanto, não deixou de se interessar pela parte social da comunidade Vianense, fazendo parte da Direcção do Lar de Santa Teresa durante 25 anos, na ocasião, conhecido pelo Asilo das Meninas Órfãs e Desamparadas, e fez parte dos Órgãos da Associação Comercial.
É um homem de fé, não fanático, praticamente não assíduo e é apolítico, embora tenha a opção e não deixa de cumprir com os seus deveres de cidadania. Os seus sogros foram caseiros e depois proprietários da Quinta dos Rubins, que parte foi vendida à Câmara Municipal para instalar um Clube de Hipismo, que fica na Meadela.
Dos filhos que tem, vive em Viana a Ana Isabel; a Andreia e a Conceição, no Porto e o João Manuel, em Lisboa. Tem um neto a completar um Curso, na Holanda, seguirá Finlândia e pensa acabar na Inglaterra.
Tanto ele como a esposa são pessoas generosas e participam em muitas associações de carácter social, com os seus donativos.
Reformado, o Daniel gosta de ler e divertir-se à sua vontade, não esquecendo a sua terra natal, onde tem bens e família. De seus irmãos, só restam dois, que estão no Rio de Janeiro, Brasil.
Já com 5/6 anos o conhecia, tendo depois tido a oportunidade de privar com ele e a família, quando vim para a Paróquia e ele morava na Rua Cruz das Barras. É pessoa que admiro, fazendo em Agosto, se Deus quiser, 84 anos, e não se identifica o seu físico com a idade que tem.
Enquanto o sócio de nome pequeno apareceu, o colega bem diferente até no nome que o tem grande, talvez maior do que ele embora também seja de estatura mediana, é o Henrique Fernandes Marques da Balinha, nascido em 12 de Julho de 1924, na Abelheira, filho de um funcionário da Câmara Municipal Manuel Fernandes da Balinha e de sua esposa, uma doméstica Rosa Dias Marques.
Fez escola primária no Carmo e aos 14 anos começou a trabalhar na Drogaria da Piedade, de Vitorino Afonso, até ao ano de 1951. Trabalhou lá 13 anos. Em 1945 foi tropa durante cerca de 8 meses aqui, em Viana, nos Caçadores 9, e esteve em manobras em Viseu.
Depois da tropa o patrão oferecia-lhe melhorias de 750.00 passava para 2500.00 “que nunca mos-deu” estabelecendo-se com o sócio Daniel Afonso que aliás era também sobrinho do ex-patrão.
Praticamente eram da mesma idade, mas diferentes na maneira de ser. O Daniel dedicou-se mais ao comércio e o Henrique à Indústria. Sempre se deram bem e abrindo a drogaria, conhecida pela drogaria do mercado, em 1951, passaram-na ao Eng. Ribeiro, em 1991, e resolveram reformar-se.
Na nova drogaria não havia patrões, os trabalhadores eram uns colaboradores. Faziam almoço com os funcionários, e no fim do ano, dividiam 50% dos lucros pelos trabalhadores.
Em 1963 o Henrique casou com Maria do Céu Baptista Soares Balinha, de S. João D‘Arga e era costureira, trabalhando para Carlos Alberto. A sua esposa deu-lhe dois filhos: Elisabete, licenciada, casada e com filhos o Pedro funcionário da Caixa Agrícola, casado e com filhos.
O Henrique fez parte da Comissão Fabriqueira desta paróquia, foi voluntário no Centro de Dia, assim como o seu filho Pedro, nas férias. Também gosta de ler, de ouvir música e é irmão da Cândida, casada e com geração; o Manuel, casado e com filhos e a viver na Abelheira; o José casado e com filhos, já falecido ; António, casado com filhos e a viver em Guimarães; e a Maria casada e com filhos, a viver na Abelheira, recentemente viúva, pelo falecimento do seu marido, Augusto Exposto.
A Drogaria do Mercado sempre foi uma casa forte e cheia. Também lhe ficava o Mercado Municipal ao pé. No entanto, ainda hoje continua a ser uma casa, devido ao dinamismo e sociável Eng. Joaquim Ribeiro não lhe falta freguesia e já vai com 55 anos de existência. É caso para dizer “veio para ficar”...
Educação para os Valores
Um estudo, realizado na América por cientistas, chegou à conclusão que a religião poderá fazer bem à saúde. “Ser parte de uma comunidade, como os grupos religiosos, tem um efeito positivo na saúde”. A Religião ajuda-nos a encarar a vida com uma capacidade de se enfrentar melhor a realidade, a dar sentido à vida. A Páscoa que estamos a viver, ainda é um tempo que nos pode dar uma esperança de vida nova, de uma nova primavera na natureza humana, uma primavera espiritual que nos sopra o espírito para experimentarmos que há outros valores para os quais não os podemos pôr de lado, sob o perigo de nos perdermos no labirinto deste mundo materialista e consumista em que estamos todos envolvidos.
João Paulo II, Teresa de Calcutá, universalmente conhecidos e contemporâneos, podem ser um ponto de referência para o sentido do religioso, da fé num Deus todo poderoso e omnisciente que está continuamente a zelar por esta obra criada por mãos tão ingratas que só a infinita misericórdia e justiça de Deus é capaz de compreender.
Bento XVI termina a encíclica “Deus caritas est” com um apelo à acção de Maria dizendo: “Maria, a Virgem, a Mãe, ensina-nos o que é o amor e donde tudo tem a sua origem, a sua força sempre nova”. É por isso que a termina confiando a ela a Igreja, a sua missão ao Serviço do Amor a Maria Santíssima.
Aliquis
Caminhos para Deus
A nossa vida cristã tem de ser uma vida eficaz para o sal não perder o sabor, ou os nossos actos serem transparentes ao ponto de outros nos apontarem como discípulos de Cristo.
A eficácia da nossa acção não está só na acção sociocaritativa, mas na celebração da fé e no gosto de escutar e saborear a Palavra de Deus. Bento XVI, na encíclica “Deus Caritas est” chama a atenção para que os nossos actos vão para além da filantropia, de puro humanismo. É um fenómeno importante do nosso tempo, o nascimento de um novo tipo de voluntariado.
Segundo o modelo da parábola do bom Samaritano, a caridade cristã é, antes de mais e apenas, uma simples resposta a uma necessidade imediata, numa determinada situação que exige disponibilidade, generosidade, competência, dinamismo, humanismo e mais que uma competência técnica, um acto de amor, de caridade cristã, de coração aberto, isto é, um coração que vê. Os olhos quando vêem com o coração, vêem as coisas de outra forma.
Há muitas formas de ver. Estas formas de ver trazem ao mundo de hoje verdadeiros milagres e só não acreditam os que não têm fé, quem não é capaz de ver com o coração e ver só com os olhos do corpo. É por isso que há cegos que vêem, coxos que andam, surdos que ouvem, mudos que falam e doentes que são curados.
No meio de tanta miséria e de tanta fome, doença, morte de inocentes, ódios e vinganças em nós, nesta Páscoa poderá ter nascido uma nova Primavera da nossa vida.
É Cristo que nos apontou o caminho. Aliás, foi Ele que o disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
“Quem me seguir não morrerá, vencerá a morte e viverá para sempre”.
A.C.
Família Sá
Sá é um topónimo frequente no norte de Portugal e na Galiza. Deve ser de sala, de origem germânica. Sal visigótica era “casa” que no francês deu sale = salle, ou o italiano Sala. Sala apareceu em 1059 e Saa em 1129. De As, mas Saa apareceu nas inquirições de 1220. Portanto de Topónimo passou a apelido e são abundantes estes apelidos. Savedra,Saavedra (Saalavedra=sala velha) segundo Pedro Machado. Nada tem a ver com Saladina de origem árabe. Salas é gordo e significava ribeiro.
O primeiro que apareceu com o apelido Sá foi João Afonso de Sá no tempo de D. Afonso IV e de D. Pedro I, senhor de uma Quinta de Sá, em Guimarães, segundo Manuel Sousa nas “Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas”
Miguel Sá e Maria Luísa Fernandes da Rocha, nasceram na Meadela, onde casaram e vieram viver aqui na Rua da Bandeira, perto do Seminário do Carmo, desde 1938.
O Miguel foi canteiro, fiscal das obras públicas e transferido para Faro, decidiu arranjar outro emprego. Tinha estado no Brasil com mais 2 irmãos: o Manuel que casou em S. Paulo e deixou geração e o mais velho chamado José que quis vir morrer a Portugal, vindo por isso, instalar-se na Casa da família. O Miguel, como soube que sua mãe tinha cegado aos 40 anos já tinha vindo do Brasil para cuidar da família. O irmão mais novo chamado João fez-se padeiro na Rua da Gramática. A mãe morreu aos 89 anos, esteve quase 59 anos cega, passando a vida a rezar, pois todos eram muito católicos e devotos da Senhora do Carmo.
Para além do irmão João, tinha cá a irmã Rosa que tinha uma taberna na Papanata, onde viveu uma filha do Miguel assim como as filhas de uma irmã do Miguel, a Maria. A Teresa e Esmeralda viveram numa outra t taberna na Bandeira, onde hoje vive o Artur Branco, sendo seu proprietário.
O Miguel, no Brasil, era cobrador nos transportes públicos.
Depois do regresso de Faro, entrou nos excedentes durante dois anos, ao fim dos quais foi à arte inicial de canteiro, trabalhar para o Templo de Sta. Luzia.
A esposa do Miguel era costureira do Eng.º Bernardo Espregueira, cuja casa ficava junto às Trincheiras e ao lado do Seminário, à Rua da Bandeira, que ainda hoje se pode admirar, assim como a sua casa de Fragoso. Era também costureira da D. Rosa Espregueira cuja casa ficava onde hoje é o Lar da Piedade.
O Miguel e a Maria Luísa, que lembramos todos os meses, viveram a maior parte das suas vidas na Bandeira, e foram pais de António que faleceu solteiro aos 25 anos, o João, casado com a Maria Teresa, da Ribeira, e falecido aos 59 anos e com geração; a Ana casada com o João Urbano, recentemente falecido, com geração e um dos artistas, sapateiro desta rua; a Rosa casada com José Carneiro Martins e com geração e a Maria Adelina casada com Casimiro Carvalho, oriundo de Mazarefes e de Vila Nova de Anha, com geração, neto de um grande mestre de música que regia a banda do Carvalho, em Mazarefes. Esta Banda passou para Vila Nova de Anha com o nome de Banda d’ Anha.
Apesar de muito trabalhador e gostar de uma dignidade familiar mais elevada, não deixou de ser um fervoroso crente com toda a família e ser ainda Presidente do Sindicato da Construção Civil.
*Nota: Um de cada vez João Alves Cerqueira.
Quando no último número falámos de João Alves Cerqueira, por erros informáticos não se publicou a fotografia do filho, o que fazemos hoje.
A Drª Alzira Delgado Cerqueira veio de Perre de uma família grande, rica, generosa e conhecida em toda a região. Casou com João Delgado Cerqueira, amigo que a Abelheira venera na sacristia da capela. Deixou dois filhos: o Dr. Carlos, economista, casado e com três meninas e o Dr. João , formado em História da Arte. A Drª Alzira era prima de João Delgado Cerqueira porque a mãe de D. Madalena Delgado, sua sogra, morreu de parto e o pai casou segunda vez, tendo dado origem a uma família de boa reputação social.
É de destacar que se a família não fosse uma família de bem, naturalmente, a Zulmira que é lá empregada, parece que há mais de 50 anos, não resistiria tanto tempo. C.
Um Papa Médico e Amigo dos Pobres
Todos os Papas, Bispos e Sacerdotes são sempre “médicos” da alma, do espírito, mas neste caso, o Papa era mesmo médico. E era português, Pedro Hispano..
O filósofo e médico, nascido em Lisboa, talvez em 1205, fez estudos em Lisboa e depois em Paris. Há pelo meio do seu curriculum algumas dúvidas, mas o que é certo é que Portugal está orgulhoso do seu Papa em plena Idade Média, o Pedro Hispano, que tomou o nome papal de João XXI.
Foi um vulto da medicina portuguesa, professor de medicina em Itália e deixou uma obra “Thesaurus Pauperum” – o “Tesouro dos Pobres”, a arte de curar pensada para os pobres e consta que uma das suas terapêuticas curou uma doença ocular a Miguel Ângelo. Foi pioneiro no seu Tratado de Oftalmologia. Escreveu sobre “De Diaetis Universalibus” e de “De Urínis”.
Também foi famoso o seu Tratado que nos deixou de Psicologia “De anima” sobre a alma como substância espiritual, definida pela sua relação com Deus, que cria e conserva, alma na sua relação com o corpo que por ela é dirigida e conservada, pela relação com a sua própria essência e ainda a alma definida em comparação com as demais coisas vistas sobre o prisma de privação.
A sua acção como filósofo e médico foi notória em Portugal e no mundo da época.
“Thesaurus Pauperum” foi o mais discutido ao longo dos séculos e motivo de muito estudo e reflexão para especialistas e investigadores.
A sua subida ao sacerdócio, à dignidade cardinalícia e ao papado é para nós portugueses motivo de orgulho. Antes de ser Papa já tinha sido escolhido para médico do Papa Gregório X. Foi mais tarde eleito Papa em 1276, com o nome de João XXI. Por acidente na casa onde morava, um apartamento anexo ao Palácio de Viterbo, morreu em 20 de Maio de 1277.
Honra e Mérito
Drª Piedade Gonçalves Foto
Maria da Piedade Migués Gonçalves Cachadinha Araújo Gonçalves, nasceu em 25 de Janeiro de mil novecentos e trinta e oito, filha de Agostinho Gonçalves Cachadinha e Maria Antónia Couce , de origem espanhola, (de Ferrol na Corunha), nascida em Nogueira, no lugar das Corredouras. Frequentou a escola primária de Nogueira e o Colégio de S. José, em Viana do Castelo, até ao 5º ano liceal. Fez o sétimo ano no Porto no Colégio de Nª Srª da Paz e admissão à Universidade do Porto, onde frequentou e concluiu a licenciatura em Ciências Biológicas. Acabado o curso, esteve um ano no Porto, já conhecia, namorava há anos com aquele com quem casou em 10 de Agosto de 1963.
Depois de casada foi viver para Coimbra, foi dar aulas e o marido concluir a licenciatura em Matemáticas. Aí viveram 4 anos onde nasceu o José Agostinho. O Nuno veio a nascer em Viana do Castelo, assim como a Paula.
Já com três filhos foi fazer estágio pedagógico no Liceu Sá de Miranda, em Braga e exame de Estado no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto. Frequentou vários cursos de formação: uns relacionados com a sua área de formação científica, outros com a área de gestão e administração escolares em vários pontos do país.
É prima de dois padres, meus particulares amigos: o Pe. Dr. Domingos Cachadinha, Oficial Maior do Exército, agora tem prestado serviço de pastoral em várias paróquias no estrangeiro e do Pe. António Alves Cachadinha, meu antigo prefeito no Seminário, um acérrimo defensor da Colónia Vianense, aliás como seu irmão, que tinha como objectivo esta Colónia,a criação da Diocese de Viana.
Entre os filhos o José Agostinho, licenciado, é casado e tem geração; o Nuno, solteiro, veio a falecer de acidente e sem geração; a Paula também licenciada, casada e sem geração!
A Dr.ª Piedade bem conhecida no meio fez parte como jovem da JUC – Juventude Universitária Católica e foi também vicentina em Viana e no Porto, quando era jovem.
Por várias vezes foi Presidente do Conselho Directivo do antigo Liceu de Viana e chegou durante os últimos cinco anos de actividade profissional a Directora Executiva da Escola, donde se reformou com 60 anos. Exerceu todos os cargos de uma escola, à excepção de Directora de Turma.
A Dr.ª Piedade foi uma das primeiras a responder ao apelo feito pelo pároco em 1978 para fundação duma Conferência Vicentina que ainda hoje existe.
Foi, por várias vezes, desde 1979 presidente do Conselho Central da Diocese de Viana do Castelo, presidente do Conselho particular Zona Norte de Viana e foi co-fundadora da Fundação do “Ozanan-Centro de juventude” para refeições sociais e actividades de tempos livres para crianças e jovens. É membro do Conselho Paroquial da Pastoral e é Presidente da Direcção do Ozanan – Centro de Juventude, fundação da Conferência Vicentina apresentada ao Bispo, D. Armindo, e por ele aprovada.
Tem sido uma benemérita da Paróquia e atenta às dificuldades e carências dos mais pobres.
Já depois pertencer a vários mandatos tanto no Ozanan, como na Conferência Vicentina e nos Conselhos Central e Particulares. Hoje, ainda detém um lugar na direcção do Ozanan e na Conferência Vicentina, ela representa os Vicentinos da Diocese de Viana do Castelo a nível nacional.
Um Artista em Goa
Augusto Correia Alves
Este amigo que hoje queremos trazer às páginas deste jornal era filho do pintor vianense António Alves e da sua mulher Helena Correia, doméstica. Nasceu dois dias depois da senhora da Agonia de mil novecentos e trinta e seis, em Viana. Fez a escola do Carmo como os da sua idade e depois foi tirar o Curso Industrial. Após esse curso foi trabalhar para a fábrica de Cerâmica da Meadela, em 1952.
Foi servir a Pátria em 1957 no Regime de Engenharia 2. Frequentou a escola do Exército em Lisboa e foi mobilizado para Goa em 1958. Partiu a 17 de Fevereiro desse ano. Levou a viagem 54 dias, embora tivesse feito escala nas Canárias, em Angola, em Moçambique, no Quénia, no Paquistão, em Diu, em Damão, até que chegou a Goa. Foi privilegiado porque esteve sempre de escriturário na Companhia das transmissões. Depois como tinha feito parte da JOC (Juventude Operária Católica), o comandante Tomás Caiola , ligado à família Caiola de Stª Marta e que era aqui vizinho, pois viveu onde era o “Nosso Café”, à Rua da Bandeira, lançou o Augusto no mundo que ele gostava, fazer animação, tocar viola, fazer espectáculos.
Quando o Pe. Melo que tinha ido com o Batalhão de Viana, o reconheceu, foi logo apresentá-lo ao Comandante, mas afinal não era preciso.
Era dispensado muitas vezes dos serviços de escala e lá ia animar a malta com o grupo de teatro. De 15 em 15 dias iam gravar para a Rádio de Pangim (capital de Goa). Iam tocar e cantar em Hotéis, casamentos ou Baptizados. Recorda-se o Augusto com muita saudade do tempo que passou em Goa; e ainda não perdeu as esperanças de um dia lá voltar. Quase todos os nativos sabiam falar português e o apelido mais frequente, em Goa, era “Fernandes”. Também dirigiam um jornal “O Gralha” o nome de um pássaro que lá existia e que fazia muito barulho. O colega que era o Director do Jornal, o José Soares, até ficou com a alcunha “o gralha”. É hoje dono da casa “Honra do Porto”.
O grupo que ele tinha para tocar era conhecido com o nome dos “Quatro do Oriente”. Actuou muitas vezes no Hotel Handovi, nome do rio que atravessa Goa. Mas, sobretudo, o que o Augusto sente é uma nostalgia por não ir lá ver Goa. Que tinha muita arte, igrejas muito bonitas. Na altura que lá esteve, salvo erro, em 3 de Dezembro, abriram o Túmulo de S Francisco Xavier, na Basílica de Bom Jesus da cidade da Velha Goa. Lá viu gente de todo o mundo.
Tradições e costumes portugueses e grupos que tentavam imitar o nosso folclore com trajes minhotos.Passados 30 anos posso confirmar que, de facto, em Goa ainda existe, apesar de não ser território português muita gente de idade a falar português e a imitar o nosso folclore. Já lá estive no agora Hotel construído no sítio da forte da Aguada. O Augusto não se limitou só a observar e animar.
Trabalhou muito ensinando,ensaiando, pintando cenários e quadros a óleo; não fosse ele filho de António Alves. Veio da tropa e continuou a pintar na Louça de Viana, depois de regressar em 1960.
Casou em 1964 com Susana Maria Lomba de Almeida, natural de Lourenço Marques que lhe deu 5 filhos e para onde já tinha ido em 1964; dois dos filhos nasceram na Beira. Em Moçambique trabalhou na secção de Contabilidade na companhia do Buzio Companhia de Açúcar. Era aí escriturário.
Regressou em 1966 e foi de novo para a fábrica da Meadela onde trabalhou até 1974.
Trabalhou em casa. Em 1987 fez uma sociedade com os Sobreiros, na Vianagrês, até 1994. Em 1994 fez uma sociedade com um ex-colega da tropa que era da Marinha Grande. Fizeram uma Cerâmica, em Barcelos. Em 2000 vendeu a sua quota e passou à reforma em 2001.
Como pintor a óleo fez várias exposições colectivas e individuais. Deu uma ajuda ao Museu da Fábrica da louça.Esta coisa de louça tem muito que se lhe diga porque a louça com arte compra-se pouco, é mais cara e a produção tem de ser grande. O seu passa tempo preferido é a pintura. Não tentou filiação partidária. Participa nas eleições . É um dever cívico de que não abdica. Quando jovem fez parte do JOC fez o crisma.
Andou pela Associação Nunes Álvares e agora não vai muito aos actos de culto, mas gosta de entrar numa igreja sobretudo na de S. Bento quando está aberta e também aqui na nossa. Gosta de fazer oração e acredita como a esposa. Quando era pequeno ajudava à missa aqui nesta igreja e ia tocar o sino à torre, o que bem difícil era porque as condições de subida eram muito más.
Os seus 5 irmãos são: o Augusto, o Albano que faleceu sem geração, o Álvaro e a Deolinda que estão casados e tem dois filhos cada um, e a Madalena que é solteira.
Honra e Mérito
Manuel Lima Barreto
É discutível a raiz deste aplido.Deve ter origem toponímica. No entanto, não devia ser um apelido de família antiga, com nobreza de remotas origens; só são a partir do Séc XIII.
Um Barreto terá fundado a cidade de Campinas, no Brasil que já visitei.
Manuel Lima Barreto nasceu a nove de Outubro de 1936 em Vila de Punhe, filho de José Joaquim Gonçalves Barreto e Rosa Pereira Lima.
Andou na escola de Vila de Punhe. Começou a trabalhar de carpinteiro, marceneiro, mas aos 17 anos foi para tipógrafo onde trabalhou 4 anos na Tipografia Viúva José de Sousa e 41 anos na Gutemberg. Gostava imenso da profissão. Era compositor. Não foi à tropa por ter conseguido o livramento porque esperava-o um destacamento para a India e ele não queria. Se o tivesse feito iria com o pintor Augusto Alves para fora.
Casou aos 19 anos com Angelina Rodrigues Correia, doméstica, filha de Pedro Correia de quem já aqui falámos como uma das grandes figuras da Rua da Bandeira antiga, o Pedro Fartura, e de Angélica Rodrigues Correia; é irmã de Pedro Correia de Barros.
Ela era natural da rua da Bandeira; nasceu aonde o sogro do Barreto morava e já os seus avós. O casal vive ainda à Rua da Bandeira, embora noutra casa.
A Angelina é modista, mas depois de nascer o filho José Manuel Barreto, que veio a casar com Marisa Sérgia, ele técnico de vendas e ela professora e com duas filhas, começou a tomar conta de crianças para os pais poderem ir trabalhar.
A Angelina andou também na escola até à 4ª classe e fez-se uma “Educadora de Infância “prematura, pois ainda não se falava nisso. Aliás na escola foi aprovada com distinção.
Hoje estão reformados, mas para eles a vida não se fez parada. Têm projectos para todos os dias e ainda tiram tempo para se dedicarem ao voluntariado social no GAF. O Barreto gosta ainda de participar no atletismo, natação e ciclismo. Quanto a futebol torce pelo Sporting Club de Portugal.
Professam a fé católica por convicção, embora já venha dos progenitores...
Mais um voluntário, melhor, dois porque a Angelina faz o mesmo. Quando se trata, de benfazer, trazer ao de cima é importante, pois tanta gente nesta época em que vivemos muito isolados e a olhar cada qual para o seu umbigo a ver se se safa...
É bom lembrar que há quem tenha olhos para ver mais longe quando se trata de servir os outros...
Parabéns!
José Manuel da Silva Gonçalves
com muita honra
Gonçalves é um patronímico que viria de Gonçalves e que deu origem a múltiplas famílias sem qualquer laço de parentesco entre si.
Antes do Séc. XVI, a um Antão Gonçalves foram concedidas armas.
Deve ter vindo do germânico Gundisalves que latinizado em Gonçalves, significa “que ocorre na batalha” Deste nome procede o actual apelido Gonçalves que é usado com uma frequência, talvez em 7% dos apelidos portugueses.
S. Gonçalo de Amarante, Sé XIII, frade dominicano português que peregrinou a Roma e a Terra Santa, entrou na ordem dos pregadores e levou vida eremítica perto do Amarante, ajudando a gente do norte de Portugal. Morreu em 1259.
Apareceu este apelido em Timor, nas regiões de Atsabe e Ermera.
Este nosso amigo José Manuel da Silva Gonçalves, nasceu a 31 de Março de 1947, tem 59 anos de idade. É filho de Manuel da Silva Gonçalves que foi mecânico na Auto-Vianense e de Maria de Jesus da Silva Gonçalves, doméstica. Era a sua mãe a zeladora do altar de Sta. Luzia.
O Zé Manel, ou o “Menino do Bairro” assim toda a gente o conhecia, nasceu no Bairro Jardim. Em pequeno teve uma meningite e não chegou a andar na Escola.
É irmão da Teresa, viúva do nosso amigo Aurélio Barbosa, da M.ª Amélia, cabeleireiras, no Bairro Jardim, casadas e com quem vive e da Custódia, doméstica, e solteira e sem geração. Aliás, é a boa família que tem na retaguarda que sempre o ajudou
A Maria Amélia tem 1 casal de filhos. Também o Emílio Gonçalves que foi mecânico, no Zé Pequeno, era seu irmão que já faleceu tendo deixado filhos e vários netos.
O que caracteriza o Zé Manel é que é muito sociável, vê mal de uma vista e limita-o mais agora com a idade, mas ainda o conheci muito vivo a fazer recados para toda a gente, a transportar num carrinho encomendas chegadas nas camionetas ou nos comboios, às casas comerciais que o compensavam com alguma gratificação.
O Zé Manel assim lutou pela vida, pela sua sobrevivência para não ser tão pesado aos irmãos. Vive agora nos Capitães de Abril e o carrinho arrumou-o porque um dia até teve um acidente contra um automóvel.
Recorda-se de seus clientes, alguns que já faleceram e de quem fala com muitas saudades. Diz bem de todos ainda que nem sempre corresponda à verdade ...mas sabe perdoar e ter saudades daqueles que já partiram.
Hoje limita-se a fazer recados para a família, é amigo dos sobrinhos e segundo ele, a pensão que recebe não dá para comer.
O Zé Manel tem uma boa família que o acolhe e que o estima. É por isso que ele anda sempre alegre e muito comunicativo. Sempre que vê alguém não deixa de falar, mas a vista está cada vez a falhar mais, daí que não estranhem os amigos por às vezes ele não corresponder ou não dar conta de si na passagem por alguém.
É um amigo que continua muito dedicado e que nos merece muito respeito e muita admiração...
Donzília Eira e Felisberto
De Ira, e-ira (ex + ira), isto é tirar o mel se formos buscar à língua indígena, era colher o mel. Mas é pouco provável.
Deve ter a ver mais com a origem da Eira, sequeiro. Eiras comuns existentes antigamente para secar os cereais. A Eira Vedra como existe este topónimo no nordeste português, é Eira Velha. Da toponímia Eira para o patronímico ou apelido Eira não vai muito, São os da Eira, os vizinhos da Eira. Há os “sem eira, nem beira”, mas existem familiares de apelido de Eira, são vulgares em muitas terras, assim como topónimos. Há autores que defendem que eira vem de “Deira” antroponímico celta.
Não consta do nobiliário das famílias portuguesas.
O que de facto não acontece com o apelido Chaves, ligado à cidade de Chaves, mas a nobreza não está nos nomes, nem nos apelidos, mas na grandeza de alma e coração dos que os usam, na personalidade e carácter das pessoas. Aí, sim, está a verdadeira nobreza.
Maria Donzilia Ferreira da Rocha, nascida a quatro de Junho de mil novecentos e quarenta e três, na cidade de Viseu, filha de António Fernandes da Rocha e Arminda Vieira Ferreira, estudou em Viseu até ao primeiro ano comercial. Em Moçambique, fez o Magistério Primário.
Exerceu a sua profissão em Cristelo Cobo, Valença, Vila de Punhe, Escola da Avenida e Abelheira, donde se reformou recentemente. Entretanto tinha-se licenciado em desenvolvimento pessoal e social na ESE de Viana do Castelo. Começou a dar aulas aos 23 anos.
Casou com Felisberto Rodrigues da Eira, em 4 de Dezembro de 1965. O Felisberto nasceu em 30 de Março de 1938 em Curros, Valpaços, filho de José Eira e Maria Teresa Rodrigues. Foi estudar para o Seminário dos Franciscanos, no Montariol, em Braga e Leiria, até à Teologia.
Enquanto à Donzília dá-lhe prazer fazer poesia, pintura, artes plásticas e até o trabalho de Modista,ao Felisberto dá-lhe prazer fazer sempre bem seja a quem for. É um homem aberto e se o chamam de noite ou de dia é capaz de deixar tudo para ir dar a mão a alguém aflito, sem olhar a meios, nem para o relógio.
Em Moçambique, onde trabalhou como funcionário público em trabalhos de desenho (arte), foi oficial dos secção dos Registos e Notáriados e entrou no Banco Totta e Açores, em 1970, ainda em Moçambique. Regressou e estabeleceu-se como comerciante e foi em 1978 trabalhar para o Banco Pinto Soutto Mayor, donde se reformou.
Viveram ambos em Darque e por fim compraram casa na Abelheira onde vivem já há largos anos. Agora estão ambos na situção de reformados.Tanto a Donzília como o Felisberto trabalham imenso. Nunca têm tempo. A agenda está cheia e se alguma vaga houver, ainda que seja pela noite dentro, eles aí estão para cantar as janeiras a favor da obra, para se levantarem de noite e socorrer quem se encontre aflito, enfim...não se trata de um casal vulgar. Estão os dois sempre atentos às necessidades dos outros, da família, dos amigos, dos vizinhos e é casal que, para além da missa à semana se for possível, não falta oração em família, em casa, de um modo especial o terço é rezado.
O Felisberto fez o Curso de Cristandade comigo e, a partir daí, sempre se comprometeu com a vida da comunidade, sobretudo, na pastoral da família, onde se mantem e nas Equipas de Nossa Senhora desde o seu nascimento, tendo recentemente ascendido a responsáveis provinciais da Província Norte e Centro de Portugal, o que é uma honra para a nossa paróquia. Desde 1984 fazem acolhimento a noivos na paróquia.
O Felisberto também se tem dedicado à obra social da caridade fazendo parte da mesa de Direcção da Congregação da Nossa Senhora da Caridade. Gosta de ler, é muito sensível à arte litúrgica.
Foram, em tempo, responsáveis do CPM durante 4 anos com o Senhor Padre António Belo, agora também com responsabilidades a nível nacional, na Pastoral da Família e também morador nesta paróquia. É para esta comunidade motivo de orgulho termos pessoas responsáveis da pastoral ao mais alto nível, não esquecendo a Presidente do C. Central dos Vicentinos a nível Diocesano,a D. Rita Guerreiro, Presidente do Conselho Particular( zona norte) , o Dr. Albino Ramalho no Secretariado da Acção sociocaritativa, para além de outros no Secretariado da Catequese, no Escutismo e na Liturgia, não directamente,mas o Sr. Joaquim Gomes que todos os anos participa no encontro nacional em Fátima.
Como prova da generosidade do casal de que tratávamos, da sua entrega aos outros vemo-la também no mimar dos filhos: a Raquel , a Mónica, o Hernani e a Fabíola, todos casados, e os três primeiros já com filhos.
A Raquel, licenciada em Ed.Física, casada com o Paulo Machado, licenciado em enfermagem e vai com o 4º filho.
A Donzilia tinha mais 9 irmãos, já era também de uma família numerosa. O Felisberto tem dois irmãos padres franciscanos. O padre Fernando Chaves o Padre Jorge Chaves e um outro irmão, o José Chaves, falecido em criança. O facto dos irmãos irem “a Chaves” e o Felisberto “a Eira” é simples. Antigamente punham-se até as alcunhas como apelidos, ou de origem toponímica. Aqui o caso foi semelhante. O apelido do pai era Eira e o apelido Chaves vem da família nobre da zona e que foram buscar o apelido para indicar nobreza.
Seja como for, trata-se de um casal com muito brio, muito generoso no trabalho e em dádivas para a Paróquia e sempre prontos para o que fizer falta. Fizeram parte já de duas comissões executivas de jornadas paroquiais, numa primeira, com Stª Maria Maior e numas segundas, com as paróquias da cidade.
A Donzília era uma rica animadora com as colegas da missa do dia do pai e da mãe.
Aqui fica este registo muito sintetizado, mas que tem muito que se lhe diga. Daí que a honra e o mérito seja muito.
Hic est Domus Domini
Encontramos muitas vezes em capelas ou igrejas estas palavras latinas que querem dizer “Aqui é a casa do Senhor”.
Muitos que não sabem latim já sabem traduzir esta frase, pois não é difícil deduzir que Domum deu domicílio e Dominum deu domínio...É, por isso, fácil chegar a casa e a senhorio,dono,...senhor...
Isto quer dizer que aqui é a verdadeira e autêntica mansão, que no latim quer dizer residência, lugar, sítio, morada, embora Cícero lhe desse também o significado de paragem, demora em algum estar. Suetónio deu-lhe o significado de estalagem e Plínium empregou-a como viagem demorada.
Também foi atribuída a sua origem aos francos da palavra maçon (pedreiro) porque este se fixava em algum povoado. Maison é casa em francês.
Na base está a palavra maçã, donde, mausoléu, mazza, magi, masse; em Italiano: magione, magi, magione, magistério, magistrale, magistrato; em Espanhol: mansione, manso, manzo.
O Mausoléu pode ser um monumento, um obelisco, uma tumba grandiosa, normalmente construída com a figura do líder ou de figura importante que morrera. Ricos mauloléus vêem-se nos cemitérios de Génova, na Itália, e em Buenos Aires, na Argentina. Há porém, outra origem desta palavra, provindo do rei Mansoléus, da Pérsia.
Algo, que está isolado como uma mansão, numa casa onde se habita e se é lá senhor e dono.
A mansão dos mortos é o cemitério. Onde os mortos dormem o sono dos justos (e um dia ressuscitarão para a vida eterna).
A nossa casa é uma mansão. Se não o é, devia ser, ainda que um apartamento.
Se sou cristão, a minha casa deve ter algum sinal da minha fé, ainda que seja apenas um crucifixo num dos quartos, em todos os quartos, ou apenas numa sala de visitas ou de estar.
Antigamente havia um oratório e, hoje, nem sequer um crucifixo, em muitas das casas!
Com um sinal destes uma casa bem podia ter também à porta da entrada “Hic est domus domini” e os que lá moram ser testemunhas desta presença permanente do Senhor como quando se vai orar comunitariamente à Igreja.
A família é a Igreja doméstica. A mansão, isto é, a casa é um espaço sagrado porque o dono tem o domínio, é o senhor, é a autoridade, princípio sagrado onde deve estar a origem da sociedade que é, por isso, uma fonte de poder. O que se diz a propósito da casa, diz-se a propósito do quintal, da quinta ou duma terra, onde antigamente os anciões é que formavam o senado, como entre os ciganos existe o patriarca que é o mais velho a quem toda a gente obedece e é o encarregado de resolver os problemas.
É por isso que Dominus (Senhor, dono) provém de Domus (casa), é o dono da casa e de tudo quanto ela tem.
Assim o que se diz da casa ,diz-se de uma terra, duma aldeia, duma vila, ou cidade, ou nação ou conjunto de nações. Por isso todos gostam mais da sua terra, da sua sede de concelho, da cidade do seu distrito ,da sua região, da sua Pátria porque em todos estes items se revêem na cultura, na arte, nas suas tradições e costumes; embora isto não seja tudo porque “Deus super est”. P.C.
A Visita Pascal
A visita pascal é uma tradição ainda muito enraizada na nossa região. Em algumas outras já acabou e não foi substituída por mais nada, o que é mau.
É o acto em que houve as maiores modificações na pastoral da Igreja.
Antigamente, a visita era feita de casa em casa pelo sacerdote, no Domingo de Páscoa, Segunda, Terça e até ao Domingo de Pascoela, acompanhada pelos acólitos: um com a cesta para levar o “folar” da Páscoa, a favor do padre, quase sempre em dinheiro, outro transportava a cruz enfeitada para dar a beijar e anunciar a Ressurreição de Cristo, mais um outro com a caldeira da água benta, para o padre, com o hissope, aspergir as casas que visitava, saudando a todos os presentes, bem como um rapaz com a campaínha também pelo mesmo motivo de anúncio de que chegava o compasso.
Juntava-se muita gente, familiares, amigos, vizinhos, às vezes numa correria, e era sempre uma oportunidade de convívio, de quebrar degelos entre as pessoas, tudo num ar festivo, alegre, que contagiava a todos.
Hoje já não é bem assim!...
As Flores e o Luto
Associar o luto com a flor é chamado para aqui porque tendo já abordado o assunto do luto não chamei a atenção para o uso de flores para minorar a dor dos enlutados e como homenagem aos cadáveres daqueles que foram nossos amigos.
A saudade é uma dor que sufoca o coração que torna presente o ausente no pensamento, na lembrança do bem-querer, em doce convívio.
A cultura da flor que normalmente se dá na Primavera, mas que existe durante todo o ano é uma das mais preciosas actividades em qualquer civilização. Há flores que resistem ao frio, mas são poucas, a não ser as de estufa. É por isso que a Primavera é a melhor altura.
A flor procede do latim picare, plica. Plica é a dobra, a prega, a face. Dobrar uma folha de papel é duplicar, triplicar, quadruplicar… ou complicar. Quem diz uma folha diz outra coisa qualquer.
Do mesmo modo tirar para fora em latim é explicar. Em português também a palavra “cúmplice”, “explícito”, como sine, igual a sem, isto é, sem plicar, sem dobras sem pregas. Daí a saia plissada das senhoras usada há anos atrás.
Mas quem não se encanta com uma flor quanto às suas formas, suas cores, seus aromas ou perfumes?...
Cada flor e cada arranjo tem de ser próprio para o seu tempo, tem de ser aplicado oportunamente.
Existe um estudo grande sobre o significado das cores das flores e das suas formas e perfumes.
Há flores grandes e pequenas e há as que alegram os enfeites dos altares numa igreja, numa mesa, numa casa, ou num salão, numa festa através da sua utilização, numa linguagem própria em relação ao homem e em relação à arte de um andor florido, como acontece em Alvarães ou, num cesto florido como em Vila Franca, ou num belo arco em Vila Mou, e por aí fora…
Chegou a escrever-se cartas com flores, assim aconteceu na Inglaterra e em França, na época romântica. Cada flor tinha o seu significado, não só em relação ao aroma, como em relação à cor, em relação à forma e à sua localização ou colocação.
As flores falavam por si. É sempre uma lembrança bonita para uma senhora e também para um cavalheiro... É sinal de festa, de convívio, de alegria...A flor de liz tem uma história mais antiga. Era símbolo de paz e de pureza para Baden-Powell, daí ser utilizada pelos escuteiros. Ela remonta a muitos séculos atrás, milhares de anos. Na Índia antiga, simbolizava a vida e a ressurreição, enquanto no Egipto era um atributo do deus Horus, cerca de 2000 anos antes de Cristo.
Quando estudei botânica, estudei a anatomia da flor e como muito gostei de apreciar a flor e as diferenças umas das outras. A sua perplexidade, impunha um estudo mais aprofundado…eu próprio gostava de ir mais longe....é tema para poetas...
Entregar flores em homenagem, ou em solidariedade com alguém que morreu ou seus entes queridos é normal, é perfumar, colorir um ambiente gélido e frio próprios de momentos da vida que são únicos em cada caso.
No entanto, há agora um exagero. Oferecem-se flores demais. Há 10 anos num funeral de um familiar calculámos mais de 800 contos quase 40.000 mil euros, quando este dinheiro, bem governado por uma Conferência Vicentina dava para pôr de pé uma casa para um pobre. Ora isto é exagero. Estamos a viver numa época de exageros e, às vezes, nem sempre correspondem neste aspecto à verdade, nem é preciso tanto para que haja um funeral digno e sóbrio, pois o essencial está no coração das pessoas.
Também há quem vá deixando de guardar luto o que é negativo, pois até parece que alguém que devia estar presente em nós já esqueceu depressa. É claro que o sentimento não se muda só pelo aparato externo, mas, e sobretudo, pelas acções que vêm de dentro.
Eu creio que quanto ao luto é necessário respeitá-lo e usar o tempo de nojo é tão necessário à saúde do corpo, como de comida e bebida, mas o exagero das flores só é interessante para os produtores de flores, para as floristas e nada mais. Ao fim de alguns dias é lixo que se tem de deitar fora e a vida continua para quem cá fica e o que partiu continuará vivo, esperamos que seja no céu. Essa é a esperança e a fé que nos conforta pela ressurreição de Jesus Cristo, pela Páscoa que ainda celebramos.
Às vezes, a uma flor, seria talvez mais útil uma mensagem curta aos enlutados.
As muitas palavras também poderão sobrecarregar a dor da saudade porque, nestas ocasiões, não há palavras eficazes que possam confortar plenamente quem sofre a dor da separação.
Aconselhava a um pouco mais de sobriedade nestas ocasiões. A presença, e a presença silenciosa é capaz de, às vezes, falar mais alto aos corações enlutados.
O que pensamos dar em flores poderíamos transformar isso em pão para um pobre, ou doá-lo a alguma Conferência Vicentina ou à Paróquia com destino aos carentes e com a intenção de sufragar a alma de quem nos precedeu.
Deste modo as flores continuam a falar. Não se corta a sua linguagem porque a sobriedade é apenas antónima de extravagância.
Um inglês descobriu, numa visita à Turquia, no século XVIII, a seguinte afirmação: “aqui pode-se brigar, censurar, mandar cartas de paixão, amizade ou civilidade, notícias, sem nunca sujar os dedos com tinta!” É que o “ código turco” usa flores que expressam sentimentos.
Isto chegou à França e Thomas Hood no século XVIII no poema “A Linguagem das Flores”, afirmava:
“Doces flores sozinhas podem dizer o que a paixão tem medo de revelar”. A.C.
Sou Lusitano!...
Os Portugueses na sua maioria são descendentes de Lusitanos. Os Lusitanos eram um povo da mistura de celtas e iberos que viveu na parte ocidental da Península Ibérica que correspondia hoje a Portugal e a Espanha.
Sobretudo este povo fixou-se entre o Douro e o Tejo limitados a norte pelo galaico e alturas de província romana da galicia, ao norte eram os Béticos e a oeste os Celtiberos.
Viriato foi um dos principais líderes que resistiu às invasões romanas. Os romanos tiveram muitas dificuldades porque os lusitanos com o seu chefe Viriato não foram fáceis de serem vencidos, antes pelo contrário causaram baixas aos romanos e resistiram durante o tempo necessário para os romanos se sentirem bem humilhados.
Segundo autores mais modernos defendem a tese que os lusitanos eram um povo pré-celta como o provam documentos escritos, encontrados no território português escritos em língua lusitana, embora só existam três inscritos lusitanos mais tardios e todos já em alfabeto latino.
Apesar de ser um povo hábil na luta da guerrilha usando o punhal, a espada e o dardo, tudo em ferro e a lança em bronze, soube vencer e humilhar os exércitos poderosos de Roma.
Já era um povo evoluído, usavam os banhos de vapor, comiam uma vez por dia, praticavam sacrifícios humanos, sacrificando a Ares, deus da guerra, não só prisioneiros, como cavalos e bodes. Comiam pão de bolota, bebiam água e leite de cabra. O vinho era só para as festas familiares, uma espécie de cerveja, usavam a manteiga em vez do azeite e comiam sentados em bancos encostados às paredes. Usavam cabelos compridos e flutuantes, embora em combates os prendessem.
Dedicavam-se à ginástica, faziam equitação (daí o cavalo lusitano) e bailavam em danças de roda, de mãos dadas, ao som de flautas e cornetas ou trombetas e dormiam no chão sobre feno. Usavam barcos feitos em couro ou troncos de árvores.
As lutas com os romanos só acabaram depois de, à traição, terem morto Viriato, mas, mesmo assim, ainda levou algum tempo a Décimo Júnio Bruto chegar de Roma e só depois é que conseguiram marchar sobre o norte até ao nosso Rio Lima. Tudo foi difícil e só nos anos 60 a.c. Júlio dá o golpe de misericórdia ao fim de 150 anos de brava luta.
A última resistência teria sido no monte Medúlio, que há quem afirme ter sido a serra d´Arga, sobranceiro ao rio Minho, depois os defensores se suicidarem preferindo a morte à escravidão romana.
Estravão escreveu que os lusitanos eram “a mais poderosa das nações ibéricas e que, entre todos foi aquele que mais tempo deteve as armas romanas”.
Camões deu à sua epopeia nacional o nome de “Lusíadas” em sua honra.
A vestimenta do homem era preta e de lã grosseira ou pelo de cabra. Usavam a condenação à morte. Esses eram lançados em precipícios.
O primeiro passeio que dê, será fazer uma visita à terra de Lorica que os visigodos deram o nome de Loriga, terra de Viriato, a sudoeste da Serra da Estrela, actualmente, no concelho de Seia, em honra não só de Viriato, mas também dos nossos antepassados lusitanos de quem descendemos.
Em 1511, nasceu João Rodrigues Castelo Branco que foi um médico insígne. O seu “mal era ser judeu” e foi dar o melhor de si como grande cientista com o pseudónimo Amado Lusitano, em Antuérpia...
Aliquis
Caminhos para Deus
O amor é “divino” porque provém de Deus e a Deus nos une. Mediante este processo unificado, nos transforma em nós que supera as nossas divisões e nos convertem numa só coisa até que no fim Deus seja “Tudo para todos” (Cap. 1 cor15,28.
O Papa Bento XVI preocupa-se que o amor vivido na igreja seja “divino” e inspira o seu pensamento na carta de S. Paulo aos Corintios.
Esta pode ser uma chamada de atenção a todos os cristãos a começar pela própria hierarquia. Entre os cristãos não deve haver divisões, nem exclusões, nem tanto egoísmo. Ao ponto de que cada um olhar só para si e esqueça os outros. “Os crentes viviam todos unidos e tinham tudo em comum; vendiam as suas propriedades e bens repartiam entre todos, segundo a necessidade de cada um (cap. Acto dos Apistolo 2,44-45) continua a primeira Encíclica do Papa.
Voltar às origens é a nova evangelização, é o serviço de caridade, isto é a partilha, é a comunhão eucarística que não é plena enquanto não houver a outra comunhão material. Este apelo do Papa interpela qualquer um de nós, deve interpelar os Bispos, os padres e os leigos.
Não pode haver igreja de compadrios, nem de exclusão. Somos todos chamados leigos, padres e Bispos a descobrir a oportunidade de fazer bem a todos, a começar pelos irmãos na fé e a chegar aos outros.
Qualquer cristão tem esta obrigação. Não é só para o padre ou para os bispos.
Assim como a ordem justa da sociedade e do Estado é uma tarefa política, assim essa mesma tarefa deve ser vivida na família doméstica, na paróquia, na diocese e na igreja universal.
É que na Igreja não há justiça sem caridade, nem caridade sem justiça. Enquanto os políticos podem ficar apenas pela justiça. A igreja não se pode ficar por aí, tem de dar vida à justiça e essa provém da caridade que é mais que solidariedade e subsidiariedade. É amor. E “Deus é amor”. A.C.
A Maçã de Adão?...
A maçã (maza) fruto da macieira de origem europeia e asiática, amplamente cultivada devido ao seu sabor e valor nutritivo,com formas diferentes de cultura são de uma espécie da família das rosáceas. Hoje, existem centenas de variedades de maçã, agrupadas conforme o sabor, a forma ou a cor. Frutos de polpa suculenta e comestível, seu sabor é variável, podendo ser ácida, doce, suculenta ou farinhosa. De grande valor nutritivo, são ricas em vitaminas B e C, e em açúcares e pectina, que têm grande poder de absorção. Os frutos são consumidos crus, em compota e doces, geleias, vinhos, licores e vinagres.Especialistas no uso da maçã e dos outros frutos na confecção de doces, a meu ver, são os alemães.
A maçã tem uma história. Se formos consultar a Bíblia, encontramos as razões da simbologia da maçã, do jardim do Paraíso onde o homem foi colocado. Foi significado de pecado, de mal. Até os pintores a pintam na mão de Eva a oferecê-la a Adão, mas na Idade Média também aparecem pinturas com a maçã na mão da Virgem com o Menino ao colo com outro fruto como sinal de que, por Maria, veio Jesus apagar todo a maldade simbolizada na maçã.
Na mitologia céltica a maçã simbolizava a magia do conhecimento e da imortalidade.Outro símbolo está associado à arvore e à maçã, como orgão central do corpo humano.
Seja como for, e sem ir à Praia das Maçãs que curiosamente não sei qual a razão deste nome dado àquela praia... uma dentada numa maçã logo vem um sabor sempre agradável, aroma muito ocutilante, intenso, agradável “polpa branca”, doce, com boa qualidade.
Não haja dúvida que a maçã é uma das frutas mais conhecidas do mundo, não só por ser protagonista de muitas lendas, histórias e simbologias, mas também pelo bem que ela faz à saúde. Já para não falar do “caroço” que ficou na garganta do homem, embora também o tenha a mulher mais reduzido por uma questão hormonal apenas e só na diferença entre um e outro. Não existe por engasgo do pecado original. Deus assim criou a Humanidade. Localiza-se na parte posterior da glândula tiróide e sob a “maçã de Adão”.
Recordo que, antigamente, na aldeia o lavrador punha as maçãs de madureiro em casa, junto do tecto,ou cimalha ou espécie de cornija em madeira e o aroma da maçã dava à casa um certo bem estar, um ambiente especial e quando, nos quartos de dormir elas eram postas com a ideia que o seu odor era um bom indutor do sono, portanto, sonoríferas, o que cientificamente está comprovado.
Conheci a maçã reineta muito utilizada pelos diabéticos (não sei qual a razão, mas faz lembrar,menos doce; a maçã camoesa semelhante à maçã golden, uma maçã mais dura; a maçã canela abóbadada, rajada e muito saborosa (não sei qual o motivo desta nome), mas já me serviram num hotel de categoria superior de turismo, num país oriental, rodelas de maçãs com canela; a maçã focinho de burro comprida e amarelada; a maçã de três ao prato que era parda redonda e larga; a maçã azeitada que de facto na sua polpa viam-se pequenos sinais da cor do azeite( parece-me que esta é a que, popularmente, lhe chamavam também “focinho de burro”; maçã âncora, talvez por ser maçã do cedo; a maçã da porta da loja, aquela que durava muito tempo. Era posta muitas vezes no meio do milho contra o gorgulho ou em madeira em casa para um bom aroma doméstico e durava quase um ano sem apodrecer e, quanto mais velhinha, mais doce, gostosa e saborosa. Havia ainda outras, como a Vitória e a Gale que vagamente me lembram, mas eram as maçãs da região que deixaram extiguir. O que é pena, pois os agricultores deveriam desenvolver este produto e ,se fosse o caso, classificá-lo como produto regional.
Havia ainda um outro fruto que não se comia. Era o bogalho, fruto dos Carvalhos, as “cocas” ou também chamada a maçã cuca ( bola esponjosa dos carvalhos) ou maçacuca”, bolinhas esponjosas que se criam nos galhos dessas árvores, onde se depositavam os ovos que davam origem às moscas.
Em Portugal, talvez desde os celtas existe a estátua do “homem da maçã”. Esta escultura foi enterrada até aos joelhos, atinge a altura de uma pessoa, faltam-lhe os dois antebraços, mostra mutilações nos olhos, nariz e boca, e ao lado, no seu sopé. Há quem veja nesta escultura a figura de um antigo guerreiro lusitano uma vez que a vestidura, o cinturão, as joelheiras e uma couraça era semelhante ao uso dos lusitanos que era um povo guerreiro que deu muito trabalho aos romanos, não se deixando vencer com facilidade, mas com muita dificuldade. Os romanos tiveram de arranjar várias estratégias e mesmo sendo muito humilhados conseguiram vencer... só muito tarde.
Esta estátua e o Amato (Amatus), divindade mitológica grega, é que talvez estejam ligados à origem de Matosinhos.
A Macieira (Malus spp: Rosacae) produz uma fruta chamada maçã, rica em vitaminas e em pectimina que estimulam as funções orgânicas desintoxicando e fortalecendo os órgãos.
Uma maçã ajuda a digestão, cortando o colesterol, previne alergias, evita a formação do colesterol, limpa o sangue e previne o cancro digestivo...
Quando antigamente se comiam as maçãs da nossa região, mesmo com bichinhas eram um bom remédio. Hoje como comemos quase sempre o mesmo tipo de maçãs bonitas e saborosas, mas sem bichinhas, talvez contaminadas com produtos químicos que neutralizam os verdadeiros efeitos da maçã ou trazem outros efeitos secundários que nos vão destruindo, vamos andando nesta bela vida distraídos de coisas do passado muito boas também. C.
EDUCAÇÃO PARA OS VALORES
Os piercings
Anda muita gente distraída. Julga que educar para os valores é deixar crescer a criança e o adolescente conforme entender. Esquecem-se que para uma planta crescer direita é preciso acompanhá-la e, às vezes, pôr-lhe uma escora ou um arejão para crescer direita e não dar uma cepa torta...e “é de pequenino que se torce o pepino” , como se ouvia dizer antigamente.
Impor, ou propor regras ou direitos é fácil, mas não o é conseguir, muitas vezes, pois as crianças ou os adolescentes e jovens não cumprem regras nem respeitem os limites. O diálogo entre pais e filhos é cortado na altura da creche, do jardim ou da escola. Os pais não têm tempo, nem acompanham a evolução das crianças, pois vivem para o trabalho, às vezes um trabalho de competição, de concorrência e os poucos tempos livres que têm também não chegam para o casal continuar a namorar...e os filhos apanham por tabela!...
Uma das situações que hoje atrapalha alguns pais é o filho ou a filha adolescente querer pôr piercings no corpo. É, considero eu, pelo menos, um ataque, uma agressão àquilo onde assenta a nossa identidade, a nossa personalidade, àquilo que é o espelho do que somos ,como humanos, para além de serem, por vezes, perigosos.Não é tão má a tatuagem..
Quando uma adolescente aparece com o piercing no umbigo, às vezes, as reacções dos pais são agressivas. A mãe é capaz de fazer que não vê, lá vai fechando os olhos, mas lamenta-se, e o pai é capaz de ser mais duro em gestos ou nas palavras.
É certo que esta coisa da moda e da gente ir embalada pela moda é, no mínimo, já uma perda de valor da personalidade e então, aparecem os piercings em todos os lados: na língua, nas orelhas, eu sei lá no que mais... mas era bom que a educação dos pais desde crianças estivesse voltada para os valores da personalidade, da dignidade, da responsabilidade, da liberdade. Qual liberdade? Colocar piercings, mutilar e agredir o corpo só para não ficar mal no grupo dos amigos ou das amigas? Isso é sinal algum de valor?
Se a criança cresce ao sabor da moda, ao sabor da vontade desenfreada, ao chegar à adolescência é mais difícil aos pais conseguir convencê-la do contrário, ainda que seja com muito diálogo afectuoso; e, agressivo, será pior?...
Se os filhos pedem aos pais, o sim ou o não, ao pedido ou ao desejo expresso dos filhos, deve ser bem estudada a resposta; é necessário perceber o sentido que está por trás do acto, a razão, e perceber se isso deve ou não ser compreendido, quer seja o sim ou não e qual a razão, o que vai trazer de novo... a beleza do nosso corpo? Ou se não tem razões profundas porque nada lhes vai acrescentar.
Aliquis
Trintário (Gregoriano)
É uma série de trinta missas celebradas em dias seguidos por alma de um defunto na esperança da sua libertação do Purgatório.
Conhecido pelo trintário gregoriano porque teve origem em diálogo de S.Gregório Magno que se refere à morte de um monge que quebrara o voto da pobreza. Na falta do monge, o Papa mandou ao abade celebrar missas em número de 30 e seguidas, ao fim das quais teve uma revelação de entrada do faltoso no Céu.
É muito vulgar em Portugal e na Espanha.
Em 1967, a Sagrada Congregação do Concílio declarou que a continuidade das 30 missas diárias do trintário gregoriano pode ser interrompido por doença do sacerdote ou por outro motivo pastoral.
Calçado
O homem nasce nu , naturalmente, nasce descalço. Esta situação não é vulgar nos outros animais, à primeira vista.
Algo levou o homem a calçar-se. Há animais que nascem “calçados”, isto é, com cascos como o gado bovino, caprino, ovino, equino e por aí fora..., mas há outros animais que nascem com garras, ou escamas não só para a presa, mas também para se defenderem do chão, é que se não trazem cascos, trazem algo que protege as suas patas.
O Homem para se acautelar do terreno quente ou irregular, arenoso ou dos picos de plantas silvestres ou mordidelas de algum reptil, ou outro animal da zoologia, ou ainda de calcar, ou sujar-se, em algo que possa até ser moléstia ou perigoso e não só, excrementos de animais, etc, etc, resolveu defender-se… calçando-se.
O calçado de hoje não é o mesmo de há séculos, nem de há 50 anos. Primeiramente o calçado era o conjunto de peças que revestiam os pés e até as pernas. Há 60 anos toda a gente andava descalça na minha terra. Só nas festas levavam calçado, sapatos novos, por exemplo, ou chancas aos Domingos.
No entanto, ainda sou do tempo de vir a Viana a pé e descalço.
Lembro-me de trazer as andolas as sulipas, ou socas, as chancas, os sapatos às costas e de os calçar ao descer da ponte por causa da polícia que multava as pessoas com 2$50, ou seja, cêntimo e meio que naquela altura dava para comprar um bom conjunto de rebuçados e uns bons chocolates, ou 3 jornais. Isto a partir da altura que foi proibido entrar na cidade descalços.
Quando comecei a minha escola primária já se levava no Inverno umas chancas de couro amaciado com unto de porco, com meias grossas de lã para defender do frio. As salas de aula não tinham aquecimento central.
O primeiro calçado que o homem utilizou era naturalmente muito rudimentar. Umas cascas de árvores e depois uma sola em pele de animal e umas fitas para prender aos pés ou à volta das pernas, um couro, uma tábua adaptada ao pé. Daí teria vindo a sandália com sola em couro e fitas de pele de animal. Às vezes não resguardava totalmente o pé, mas a planta do pé, também conhecida por sola do pé, porque de muito andar descalço a pele tornava-se dura e grossa, e as pessoas, muitas vezes, não se feriam muito porque tinham já a pele sob os pés com grande espessura (de células mortas em camadas), até lhe davam o nome de solas dos pés em vez da planta do pé, e habituada a algumas agruras das passadas dadas em terrenos mais difíceis. No entanto, nem o pé calejado, gretado ou metido numa sandália, era o suficiente para defender os pés de picadas de bichos como o escorpião, e outros, não só dos terrenos como dos existentes nas casas, como aranhas negras e mesmo cobras que mamavam o leite das vacas que dormiam por baixo das casas...
O calçado teve ao longo dos séculos o seu desenvolvimento também, embora não com a rapidez que é hoje.
Os Egípcios, os Hebreus e os Fenícios já usavam as sandálias em couro e os Persas, assim com os Assírios, calçavam uma bota à volta do pé. Os Gregos utilizavam cortiça ligada até ao joelho por tiras. Tanto uns povos como outros, os Romanos, por exemplo, utilizavam o calçado diferente e adequado às tarefas, aos trabalhos das pessoas, conforme fossem guerreiros ou trabalhadores disto ou daquilo.
Assim apareceram as sulipas, chiolas, andas((pernas de pau onde se colocam os pés) e andolas, crepides, as sandálias, as alpercatas, as botas, as polainas no século XV, o “bico de pato”, os sapatos e as botas quadradas usadas às vezes pelos nobres. Tanto uns, como outros, não tinham saltos. Só no século XVII começou a usar-se o salto e dizem que este salto, ou tacão, muito alto foi inventado por uma mulher pequena que queria beijar o marido na testa.
Para além disso existiam as botins de elástico, a bota de verniz usada por dentro de calças e outras vezes por fora.
O calçado agora é de couro, pelica, camurça, tecido, palha, corda, borracha ou madeira.
Recordo que havia no meu tempo de criança muitas senhoras que usavam o sapato muito simples de sola fina e tecido. Todo este material tem resistência diferente, oferece comodidade diferente, aspecto e cor à sociedade.
As pantufas têm uma sola de couro e são acolchoadas e destinadas a aquecer os pés.
O mais popular eram as andolas também conhecidas por solipas, soquetas ou socas, eram de madeira com uma cinta por cima e abaixo do peito do pé.
Segundo Flora Oliveira, In Diário do Minho, havia o patim, sandália de madeira usada nas Índias e na Arábia. Nas Índias era reservado aos sacerdotes ou membros das castas superiores.
Dos patins segundo a mesma autora surgiram os tamancos, ou socos. Não sabemos como apareceram os sapatos segundo a mesma autora, mas da sandália e da pantufa devia ter surgido até a cobertura até ao joelho.
Ainda hoje os esquimós e os lapónios usam botas altas de pele.
Os nossos cavaleiros usavam as polainas sobre o sapato até ao meio da perna ou mesmo até ao joelho, normalmente de cabedal.
No Nepal ainda usam os mais ancestrais costumes que envolvem os pés com peles sem costuras para se protegerem da neve ou do frio.
Os chapins surgidos em Veneza no séc. XVI elevados para fazer as mulheres mais altas.
Mas os chapins atingiram toda a Europa, forrados a couro ou a veludo e enfeitados com jóias para condizerem com os sapatos normais.
Os sapatos mal ajustados são os causadores de joanetes nos pés, nas dores de pernas e até nos desvios da coluna vertebral, isto já para não falar do cume do “bico do salto” do salto ou do tacão muito alto (13 cm) que mais prejudicial é.
A sandália é o calçado mais saudável, assim foi no princípio, é como o pé nu. A meia apareceu mais tarde.
A moda para as senhoras ora tacão alto, ora tacão baixo, também é moda que vai e vem, e volta a ir, mas o que é natural é que todos os exageros são maus para o Homem, para os nossos pés.
Para além de nomes que já dei… há para calçar ainda os chinelos, os ténis, os de piscina, os chinelos de quarto, calçado próprio para fazer equitação, para a lavoura, para a praia…
Há o calçado de couro com biqueira de metal para segurança industrial, de couro com sola de borracha para as crianças, calçado de couro com sola de couro, as sulipas, calçado para todos os gostos e feitios, uns mais cómodos de que outros: a Industria de calçado e a época em que vivemos do descartável do consumismo, enfim… do serve hoje e amanhã deita fora, já é impossível falar-se de modos, de feitios ou estilos, de materiais e, sobretudo já nem se fala do artesanato do calçado, embora haja um ou outro sapateiro que, por medida e encomenda, é capaz de fazer sapatos adequados aos pés dos utentes.
Amândio Silva foto
A nossa homenagem
Amândio Passos da Silva é uma pessoa singular na sua personalidade, no seu carácter, na sua entrega aos outros e onde mais se distinguiu foi no desporto, na cultura e no associativismo. È por isso um ilustre vianense que marcou a história de Viana do Castelo, isto é, da cidade e da região
Temos orgulho por morar perto de nós, no “Bairro das Rolas” à rua Dr. João de Rocha Páris, faz parte da paróquia de Nossa Sra de Fátima e tem servido a cidade de alma e coração.
Sempre um homem disponível e generoso. Bem reflexivo e forte nas posições em que acredita e sem olhar para trás vai em frente porque sabe o que quer. A saúde já o abalou, mas a sua fé, a sua forte coragem fez com que tudo vencesse e continuasse a dar de si o muito de bom que lhe vai na alma e no coração.
È oriundo dos Silvas, aliás um vianense de gema e nele podemos dizer que se reúnem os Silvas de outros tempos, que levaram Viana a ser conhecida pela arte da pirotecnia. Já o referimos, que bem merecia, pois não era favor nenhum colocar nele uma comenda pelo seu trabalho abnegado e pelos seus antecessores.
Há uma rua dos Silvas, mas ruas há muitas. Amândio Silva como homem que se dá à comunidade e descendente dos fogueteiros, só há um.
Apresentar o seu curriculum é algo impossível porque, sobretudo, no mundo do desporto sempre foi aquele sector onde se deu para ver o vianense naturalmente a atingir o nível que devia. No entanto, “sem ovos não se fazem omeletes” e o nosso amigo Amândio Silva sozinho não podia fazer milagres...
Temo-lo como ponto de referência em muitas das situações porque não é só o desporto, mas a sua entrega a instituições sociais como o Lar de Sta. Teresa, o Taurino, o Clube Náutico, Sindicato dos Bancários, etc...
Amândio Silva aí está sempre pronto para o que der e vier. Homem de luta por Viana, pela sua região, pela terra que o viu nascer há cerca de setenta anos. Bem merecia, pela sua dinâmica e cooperação pelo desenvolvimento da nossa terra, pela sua dedicação e entrega do seu todo, uma honra e mérito, cidadão desta cidade, de um modo diferente.
O tempo há-de dar razão e, naturalmente, um dia se fará a justiça.
A.C.
Honra e Mérito
Jacinto Dias
O nosso amigo e colaborador Jacinto Dias é filho de Maria das Dores Dias, nasceu à Rua da Palha, em 20 de Outubro de 1933.
Frequentou a Escola do Carmo. Foi bom aluno. Ainda não tinha onze anos já estava a trabalhar e com a 4ª classe. Começou logo que fez exame a trabalhar, em Dezembro do mesmo ano. De Alfaiate, à Rua da Bandeira, no “Ratinho”, junto à Farmácia Simões passou para a fábrica de colheres e garfos de alumínio, na Abelheira numa casa muito perto onde hoje existe a Farmácia da Abelheira, dentro da Quinta do Cónego Pires. Saiu daí para trabalhar de chapeiro no Campo na Senhora d’Agonia na oficina do Joaquim do Campo. Estava perto dos E.N.V.C., e dali para lá, foi apenas um pequeno salto.
Não gostou e veio para a Fábrica das Boinas – Cedemi, passando a trabalhar com o seu cunhado Abel Silva, filho de Jerónimo Silva, pessoa singular e de quem aqui já escrevemos. Passou a alcatifador e a colador de papel nas paredes e acabou como Fogueiro na Portucel, onde trabalhou 18 anos, donde se reformou.
Casou com Maria Leonor, em 25 de Março de 1956, filha do referido Jerónimo Silva de quem teve 5 filhos: António José casado com Maria de Jesus, da Meadela, vive nesta paróquia e tem 3 filhos; Jacinto Manuel casado com Paula, de Monserrate e com uma filha a viver também nesta comunidade; Jerónimo, casado e com 2 filhas a viver em Perre; a Rosa Maria casada com Alberto e com uma filha; e a Angelina casada com o António, de Sta. M.ª Maior e com uma filha, vivendo no Bairro Jardim.
O Jacinto celebrou as suas Bodas de Ouro no mês de Março.
Foi jocista e gostava sobretudo dos retiros de 3/4dias. Gostava também de passar o tempo a bordar à mão que ainda faz. Embora faça tudo para a família, para os amigos e nunca fez comércio disso, embora já fizesse exposições, em Lisboa, na FIL, e na primeira feira nacional na Associação Empresarial de Viana do Castelo.
Um artista muito calado apesar destas exposições, onde foi admirado por muitos, nunca quis vender, só para mostrar e oferecer.
Confirma-se aquilo que no Ozanan – Centro de Juventude, já se verificou: os rapazes bordam melhor, com mais jeito e arte que as meninas.
A História do “Pé Grande”
Na região de Viana, quando aparecia alguém com pé grande a calçar o 44 ou 47, logo se dizia: “este é da Abelheira”.
É certo que antigamente toda a gente andava normalmente descalço mesmo no trabalho e consta então, que os da Abelheira eram todos pessoas de pé grande, de tronco encorpado e de mãos grandes e as mulheres de igual modo algumas até com cara de homem e “de pêlo na benta” como sói dizer-se, de mulheres que têm bigode ou barba.
O “Pé Grande”, ou “Big Foot”, em inglês, foi ao princípio uma lenda de há mais de 200 anos, de que havia homens gigantes ou macacos gigantes que se levantavam nos pés como homens tendo também “uns grandes pés”.
Ultimamente há cientistas que estão a descobrir que este lendário animal bípede, coberto de pêlos, é um dos problemas mais persistentes, enigmas da criptozoologia não só dos Estados Unidos como do Oriente.
Na Malásia já se tem ordenado caça a tal criatura que tem assustado a região florestal de Johor, criatura peluda e gigante.
Houve já a descoberta na Malásia de uma família da espécie que deixou pegadas de 45 cm. A ser verdade, naturalmente, pode isto levar a um aumento de turismo para serem observadas novidades hominidéas.
Ajudou talvez a descoberta de algumas realidades no Oriente e no Ocidente, na zona antárctica, nas montanhas de gelo, e a norte da América depois do aparecimento de um filme famoso de Pattercon, em 1967, a norte da Califórnia.
Embora várias pessoas tenham testemunhado que já viram o animal, mas a sua existência não foi ainda comprovada.
Embora haja quem aponte tais macacos com ombros longos, sem pescoço, rosto e nariz achatados, a testa oblíqua, as rugas do rosto e a cabeça cónica, isto é, com características mais dos animais do que dos humanos. São noctívagos e no frio inactivos. Animais estes identificados no extremo oeste do Canadá. Há ainda muita discussão científica.
Outros dizem que são criaturas com 2 a 3 metros de altura, a pesarem entre 150 a 250 kg, peludas e semi-humanas que se refugiam nas cordilheiras, bosques e selvas impenetráveis na Amazónia, na África, na Sibéria, no Japão ou na Austrália.
Os cientistas vão chegar a conclusões e pode ser que o “homem do pé grande”, o “homem do gelo”, o “lobisomem” do nosso tempo de criança deixe de ser uma lenda e encontre uma explicação satisfatória a todos os curiosos, sobretudo aos criptozoologistas que acreditam à partida que sejam descendentes de Gigantopithecus, macaco pré-histórico que se manteve isolado em local quase inacessível como as cordilheiras da China e da Ásia centrais.
A relação que possa existir entre a Abelheira e os do “pé grande” é difícil.
Consta que os sapateiros faziam muito calçado com 48 a 50 para homens e para mulheres chegava com medida de 43 e 44. De um modo particular era ao “zé rancheiro” encomendado o tal calçado de 48 e 45.
Hoje não é só na Abelheira, mas isto também depende muito da educação ou forma de estar na vida para além da génese.
Os da Abelheira eram dos “arrabaldes” da cidade, os trabalhadores do campo e do monte, dos trabalhos duros e sempre descalços alimentavam-se muito, mas trabalhavam muito e o andar descalço também ajudaria a desenvolver, a crescer o pé...
Hoje há quem comece a apertar o calçado em pequeno para não deixar o pé crescer muito. Não compreendo, mas é possível que de facto, o nosso tempo seja um tempo novo. Os da Abelheira tenham sido oriundos de índios vindos da Germânia? Creio que os Visigodos não terão deixado só um pouco da sua cultura e mesmo pouca, como no ouro, mas também tenham deixado muito do seu sangue e que isso possa ter acontecido neste norte de Portugal...isso é um estudo que aos antropólogos compete fazer e... não sei, se já irão a tempo. A. C.
A História do “Pé Grande”
Na região de Viana, quando aparecia alguém com pé grande a calçar o 44 ou 47, logo se dizia: “este é da Abelheira”.
É certo que antigamente toda a gente andava normalmente descalço mesmo no trabalho e consta então, que os da Abelheira eram todos pessoas de pé grande, de tronco encorpado e de mãos grandes e as mulheres de igual modo algumas até com cara de homem e “de pêlo na benta” como sói dizer-se, de mulheres que têm bigode ou barba.
O “Pé Grande”, ou “Big Foot”, em inglês, foi ao princípio uma lenda de há mais de 200 anos, de que havia homens gigantes ou macacos gigantes que se levantavam nos pés como homens tendo também “uns grandes pés”.
Ultimamente há cientistas que estão a descobrir que este lendário animal bípede, coberto de pêlos, é um dos problemas mais persistentes, enigmas da criptozoologia não só dos Estados Unidos como do Oriente.
Na Malásia já se tem ordenado caça a tal criatura que tem assustado a região florestal de Johor, criatura peluda e gigante.
Houve já a descoberta na Malásia de uma família da espécie que deixou pegadas de 45 cm. A ser verdade, naturalmente, pode isto levar a um aumento de turismo para serem observadas novidades hominidéas.
Ajudou talvez a descoberta de algumas realidades no Oriente e no Ocidente, na zona antárctica, nas montanhas de gelo, e a norte da América depois do aparecimento de um filme famoso de Pattercon, em 1967, a norte da Califórnia.
Embora várias pessoas tenham testemunhado que já viram o animal, mas a sua existência não foi ainda comprovada.
Embora haja quem aponte tais macacos com ombros longos, sem pescoço, rosto e nariz achatados, a testa oblíqua, as rugas do rosto e a cabeça cónica, isto é, com características mais dos animais do que dos humanos. São noctívagos e no frio inactivos. Animais estes identificados no extremo oeste do Canadá. Há ainda muita discussão científica.
Outros dizem que são criaturas com 2 a 3 metros de altura, a pesarem entre 150 a 250 kg, peludas e semi-humanas que se refugiam nas cordilheiras, bosques e selvas impenetráveis na Amazónia, na África, na Sibéria, no Japão ou na Austrália.
Os cientistas vão chegar a conclusões e pode ser que o “homem do pé grande”, o “homem do gelo”, o “lobisomem” do nosso tempo de criança deixe de ser uma lenda e encontre uma explicação satisfatória a todos os curiosos, sobretudo aos criptozoologistas que acreditam à partida que sejam descendentes de Gigantopithecus, macaco pré-histórico que se manteve isolado em local quase inacessível como as cordilheiras da China e da Ásia centrais.
A relação que possa existir entre a Abelheira e os do “pé grande” é difícil.
Consta que os sapateiros faziam muito calçado com 48 a 50 para homens e para mulheres chegava com medida de 43 e 44. De um modo particular era ao “zé rancheiro” encomendado o tal calçado de 48 e 45.
Hoje não é só na Abelheira, mas isto também depende muito da educação ou forma de estar na vida para além da génese.
Os da Abelheira eram dos “arrabaldes” da cidade, os trabalhadores do campo e do monte, dos trabalhos duros e sempre descalços alimentavam-se muito, mas trabalhavam muito e o andar descalço também ajudaria a desenvolver, a crescer o pé...
Hoje há quem comece a apertar o calçado em pequeno para não deixar o pé crescer muito. Não compreendo, mas é possível que de facto, o nosso tempo seja um tempo novo. Os da Abelheira tenham sido oriundos de índios vindos da Germânia? Creio que os Visigodos não terão deixado só um pouco da sua cultura e mesmo pouca, como no ouro, mas também tenham deixado muito do seu sangue e que isso possa ter acontecido neste norte de Portugal...isso é um estudo que aos antropólogos compete fazer e... não sei, se já irão a tempo. A. C.
A História do “Pé Grande”
Na região de Viana, quando aparecia alguém com pé grande a calçar o 44 ou 47, logo se dizia: “este é da Abelheira”.
É certo que antigamente toda a gente andava normalmente descalço mesmo no trabalho e consta então, que os da Abelheira eram todos pessoas de pé grande, de tronco encorpado e de mãos grandes e as mulheres de igual modo algumas até com cara de homem e “de pêlo na benta” como sói dizer-se, de mulheres que têm bigode ou barba.
O “Pé Grande”, ou “Big Foot”, em inglês, foi ao princípio uma lenda de há mais de 200 anos, de que havia homens gigantes ou macacos gigantes que se levantavam nos pés como homens tendo também “uns grandes pés”.
Ultimamente há cientistas que estão a descobrir que este lendário animal bípede, coberto de pêlos, é um dos problemas mais persistentes, enigmas da criptozoologia não só dos Estados Unidos como do Oriente.
Na Malásia já se tem ordenado caça a tal criatura que tem assustado a região florestal de Johor, criatura peluda e gigante.
Houve já a descoberta na Malásia de uma família da espécie que deixou pegadas de 45 cm. A ser verdade, naturalmente, pode isto levar a um aumento de turismo para serem observadas novidades hominidéas.
Ajudou talvez a descoberta de algumas realidades no Oriente e no Ocidente, na zona antárctica, nas montanhas de gelo, e a norte da América depois do aparecimento de um filme famoso de Pattercon, em 1967, a norte da Califórnia.
Embora várias pessoas tenham testemunhado que já viram o animal, mas a sua existência não foi ainda comprovada.
Embora haja quem aponte tais macacos com ombros longos, sem pescoço, rosto e nariz achatados, a testa oblíqua, as rugas do rosto e a cabeça cónica, isto é, com características mais dos animais do que dos humanos. São noctívagos e no frio inactivos. Animais estes identificados no extremo oeste do Canadá. Há ainda muita discussão científica.
Outros dizem que são criaturas com 2 a 3 metros de altura, a pesarem entre 150 a 250 kg, peludas e semi-humanas que se refugiam nas cordilheiras, bosques e selvas impenetráveis na Amazónia, na África, na Sibéria, no Japão ou na Austrália.
Os cientistas vão chegar a conclusões e pode ser que o “homem do pé grande”, o “homem do gelo”, o “lobisomem” do nosso tempo de criança deixe de ser uma lenda e encontre uma explicação satisfatória a todos os curiosos, sobretudo aos criptozoologistas que acreditam à partida que sejam descendentes de Gigantopithecus, macaco pré-histórico que se manteve isolado em local quase inacessível como as cordilheiras da China e da Ásia centrais.
A relação que possa existir entre a Abelheira e os do “pé grande” é difícil.
Consta que os sapateiros faziam muito calçado com 48 a 50 para homens e para mulheres chegava com medida de 43 e 44. De um modo particular era ao “zé rancheiro” encomendado o tal calçado de 48 e 45.
Hoje não é só na Abelheira, mas isto também depende muito da educação ou forma de estar na vida para além da génese.
Os da Abelheira eram dos “arrabaldes” da cidade, os trabalhadores do campo e do monte, dos trabalhos duros e sempre descalços alimentavam-se muito, mas trabalhavam muito e o andar descalço também ajudaria a desenvolver, a crescer o pé...
Hoje há quem comece a apertar o calçado em pequeno para não deixar o pé crescer muito. Não compreendo, mas é possível que de facto, o nosso tempo seja um tempo novo. Os da Abelheira tenham sido oriundos de índios vindos da Germânia? Creio que os Visigodos não terão deixado só um pouco da sua cultura e mesmo pouca, como no ouro, mas também tenham deixado muito do seu sangue e que isso possa ter acontecido neste norte de Portugal...isso é um estudo que aos antropólogos compete fazer e... não sei, se já irão a tempo. A. C.
A História do “Pé Grande”
Na região de Viana, quando aparecia alguém com pé grande a calçar o 44 ou 47, logo se dizia: “este é da Abelheira”.
É certo que antigamente toda a gente andava normalmente descalço mesmo no trabalho e consta então, que os da Abelheira eram todos pessoas de pé grande, de tronco encorpado e de mãos grandes e as mulheres de igual modo algumas até com cara de homem e “de pêlo na benta” como sói dizer-se, de mulheres que têm bigode ou barba.
O “Pé Grande”, ou “Big Foot”, em inglês, foi ao princípio uma lenda de há mais de 200 anos, de que havia homens gigantes ou macacos gigantes que se levantavam nos pés como homens tendo também “uns grandes pés”.
Ultimamente há cientistas que estão a descobrir que este lendário animal bípede, coberto de pêlos, é um dos problemas mais persistentes, enigmas da criptozoologia não só dos Estados Unidos como do Oriente.
Na Malásia já se tem ordenado caça a tal criatura que tem assustado a região florestal de Johor, criatura peluda e gigante.
Houve já a descoberta na Malásia de uma família da espécie que deixou pegadas de 45 cm. A ser verdade, naturalmente, pode isto levar a um aumento de turismo para serem observadas novidades hominidéas.
Ajudou talvez a descoberta de algumas realidades no Oriente e no Ocidente, na zona antárctica, nas montanhas de gelo, e a norte da América depois do aparecimento de um filme famoso de Pattercon, em 1967, a norte da Califórnia.
Embora várias pessoas tenham testemunhado que já viram o animal, mas a sua existência não foi ainda comprovada.
Embora haja quem aponte tais macacos com ombros longos, sem pescoço, rosto e nariz achatados, a testa oblíqua, as rugas do rosto e a cabeça cónica, isto é, com características mais dos animais do que dos humanos. São noctívagos e no frio inactivos. Animais estes identificados no extremo oeste do Canadá. Há ainda muita discussão científica.
Outros dizem que são criaturas com 2 a 3 metros de altura, a pesarem entre 150 a 250 kg, peludas e semi-humanas que se refugiam nas cordilheiras, bosques e selvas impenetráveis na Amazónia, na África, na Sibéria, no Japão ou na Austrália.
Os cientistas vão chegar a conclusões e pode ser que o “homem do pé grande”, o “homem do gelo”, o “lobisomem” do nosso tempo de criança deixe de ser uma lenda e encontre uma explicação satisfatória a todos os curiosos, sobretudo aos criptozoologistas que acreditam à partida que sejam descendentes de Gigantopithecus, macaco pré-histórico que se manteve isolado em local quase inacessível como as cordilheiras da China e da Ásia centrais.
A relação que possa existir entre a Abelheira e os do “pé grande” é difícil.
Consta que os sapateiros faziam muito calçado com 48 a 50 para homens e para mulheres chegava com medida de 43 e 44. De um modo particular era ao “zé rancheiro” encomendado o tal calçado de 48 e 45.
Hoje não é só na Abelheira, mas isto também depende muito da educação ou forma de estar na vida para além da génese.
Os da Abelheira eram dos “arrabaldes” da cidade, os trabalhadores do campo e do monte, dos trabalhos duros e sempre descalços alimentavam-se muito, mas trabalhavam muito e o andar descalço também ajudaria a desenvolver, a crescer o pé...
Hoje há quem comece a apertar o calçado em pequeno para não deixar o pé crescer muito. Não compreendo, mas é possível que de facto, o nosso tempo seja um tempo novo. Os da Abelheira tenham sido oriundos de índios vindos da Germânia? Creio que os Visigodos não terão deixado só um pouco da sua cultura e mesmo pouca, como no ouro, mas também tenham deixado muito do seu sangue e que isso possa ter acontecido neste norte de Portugal...isso é um estudo que aos antropólogos compete fazer e... não sei, se já irão a tempo. A. C.
Esperança do Céu Garcia e a Língua Mirandesa
Esperança do Céu nasceu no lugar de Aldeia Nova da freguesia e concelho de Miranda do Douro, em 06 de Abril de 1924, frequentou a escola primária em Sebadelhe, concelho de Vila Nova de Foscoa, distrito da Guarda, estudou e concluiu o terceiro ciclo dos liceus no Liceu Nacional de Bragança, cidade onde se diplomou com o curso do Magistério Primário, em 1946. Exerceu actividade docente nos distritos de Bragança, Vila Real, Ponta Delgada (Açores) e Viana do Castelo. Aqui exerceu a docência no ciclo complementar na escola do Carmo e no elementar, na escola da Avenida, onde se aposentou em 1991.
Casou com Luís dos Santos Vila Afonso em 1949 na cidade de Bragança e fixou residência em Viana do Castelo em 1957, acompanhando o marido que veio exercer funções de Director Escolar deste Distrito e de quem aqui já nos referimos por duas vezes.
Era filha de Augusto César Garcia, professor, com docência nos distritos da Guarda, Bragança e Viana do Castelo. No distrito de Bragança, exerceu actividade docente e foi Delegado Escolar do concelho de Vinhais, funções que deixou para se aproximar de sua filha Esperança, concorrendo em 1958/59 para a escola de Afife-Viana do Castelo, onde se aposentou, fixando residência no lugar do Calvário da freguesia da Meadela, onde faleceu. A sua mãe chamava-se Ana Rosa Raposo, doméstica (também já falecida).
Teve um irmão o José do Nascimento Garcia, Engenheiro Agrónomo, que exerceu actividade em Moçambique, Mirandela, distrito de Bragança, e Vila Real; casou com Maria Luísa Horta Salvado, professora nos distritos de Bragança, Vila Real e Viana do Castelo (nas escolas de Meadela e do Carmo, onde se aposentou) a residir na zona da Abelheira desta cidade e pai de 4 filhos: Ana Luísa, casada, com Nuno e com residência em Lisboa; José Paulo Garcia, casado com Teresa, a residir em Afife – Viana do Castelo; Maria Clara e Rita Maria, solteiras, com actividade e residências no Porto. Teve também duas imãs: a Ana Maria Garcia, gémea com Maria Fernanda Garcia (já falecida), solteiras e ambas professoras, com docência nos distritos de Bragança, Vila Real e Viana do Castelo, aposentadas na escola do Calvário da freguesia de Meadela, com residência na mesma localidade. Cristãs católicas por convicção, muito comprometidas e dedicadas ao serviço da Igreja e com profundos conhecimentos teológicos.
A D. Esperança é mãe do Luís Nuno, solteiro, natural de Bragança, exercendo funções na Tesouraria da Secção de Finanças de Viana do Castelo e Luísa da Conceição, casada com Valério Leite, natural de Viana do Castelo, médica no Hospital de Espinho, a residir em Mira Mar. O seu marido também é médico.
A D. Esperança ainda não esqueceu a língua materna, o mirandês, dialecto asturioleonês falado por 5.000 pessoas dos cerca de 15.000 habitantes dos concelhos do Douro e Vimioso. Um dia escreveu ao pároco em Mirandês o seguinte, sobre formação de cultura religiosa, em que costuma participar, organizada pela Paróquia de 15 em 15 dias.
“Bônas noites:
Tengo a dezirbos que gostei muito de benir à la doutrina aqui à la casa del cura, mas agora já me gustabam las férias. Gostei muito de todos bós e aprendi muito cum bosco.
Pal’anho tenem os de benir outra beze para ber si ficamos a saber tanto cumo ti cura”.
O governo elevou o mirandês à categoria de língua oficial naquela região.
P. C.
O Luto...
O luto é sempre uma experiência angustiante, aliás não fosse uma realidade, de algo que morreu dentro de nós mesmos. As palavras “não chore, seja forte, deixe-se controlar porque é normal”, naquele momento pouco nos dizem”. O luto, a dor causada pela morte de alguém ninguém a pode consolar a não ser a esperança que Jesus Cristo nos ofereceu, e a fé que temos na vida eterna. Mas é sempre uma hora difícil a de torpor, momento do conhecimento da morte, é um choque e a negação emocional de uma perda.
Há necessidade de viver esse tempo de “nojo”, de luto após a perda de alguém a que amávamos, que nos era tão querido até para que os belos momentos, tudo o que de bom descobrimos no amigo se possam transformar em memórias doces e suaves para continuarmos a nossa vida com mais alegria.
Nesses momentos somos chamados a pormo-nos à disposição sem desrespeitarmos a privacidade, ouvir atentamente os seus desabafos e deixar que partilhem connosco as suas mágoas.
Também esta vivência depende da concepção da cultura da morte e também da vida.
Aos olhos dos que não acreditam na vida para além da morte, ou que as almas dos mortos vagueiam por este mundo, ou andam a reencarnar, aqui e ali, neste ou naquele ser vivo, em algum gato preto, ou outro bicho de crendices obscuras, ou em algum calhau são capazes de sentir certo desagrado, repulsa, angústia, medo, incompreensão ou até raiva perante um problema que faz parte da vida, ao qual ninguém pode fugir.
Quem crê, por exemplo, como os cristãos, naturalmente tem uma visão positiva da morte e sentem que ela é apenas uma passagem, uma porta para a eternidade de Deus e que gostaríamos que fosse no céu, segundo as obras realizadas neste mundo.
É bom ter consciência, desde pequenos: quando nascemos, viemos a este mundo para crescer, aprender, amar, desenvolver e também para morrer porque só morrendo se obtém a vida eterna.
Quando vem a morte cada cultura reage à sua maneira, no entanto, não nos interessa para aqui a cultura judaica quanto ao ritual dos enterramentos, com os cadáveres embrulhados num lençol e enterrados mesmo assim ou dentro de um caixão de madeira sem tratamento, nem arte, antes apostam na simplicidade e moderação porque, afinal, na morte todos somos iguais. Não há distinção entre ricos e pobres.
Seja como for, a morte sempre foi abominada pelo homem que a afasta dos seus pensamentos. Todos sabemos que aí se chegará, mas ninguém quer pensar nisso.
É assunto adiado, mas para um cristão não pode ser esquecido porque a morte faz parte da vida terrena, e para ela ser digna, ao ponto deixamos de ter medo, angústia ou qualquer sofrimento, é preciso prepará-la porque a santidade conquista-se pela luta constante, diária, pela perfeição. Não se nasce santo, mas temos de seguir na vida caminhos de Deus para podermos ir para Deus.
Quando temos consciência disso não temos medo da morte, antes a esperamos com fé e com amor, embora sempre com certo temor, como é natural. Mas acreditamos na Bondade, na Infinita Misericórdia de Deus e na sua Justiça, portanto, se temos consciência da luta pela perfeição, a morte não nos traz angústia, mas, uma necessidade para podermos ir ao Encontro de Deus.
A morte é sempre uma ocasião de separação sensivelmente visível do mundo dos vivos e, para os que ficam, há sempre uma dor de saudade. São sentimentos indiscutíveis que são vividos conforme a cultura ou a concepção que se faz da referida morte, da vida.
Há que aceitar a morte, viver o luto e abraçar a vida. Nascer e morrer faz parte da vida. A vida transforma-se desde a sua concepção.
Desde o seio materno existem representações, atitudes e sinais face à morte e à vida, desde que o mundo é mundo. A morte no tecido social teve sempre uma importância de ressocialização da dor porque faz parte do ciclo vital. É por isso que a morte é um tempo que, para quem fica, é de saudade, de dor tão profunda, conforme a proximidade na amizade ou familiar que arrasta consigo uma fase típica a que chamamos nojo, mas melhor seria a fase do luto quer a nível pessoal, familiar ou social.
Hoje são os psicólogos chamados para ajudarem pessoas que, inesperadamente, se enfrentam com uma situação de luto para aceitar a morte e vivenciar o luto.
São ocasiões que nos trazem desafios, sobretudo, para a escolha de uma dignidade mais elevada para viver e morrer, pois o dar sentido à morte e à vida é uma necessidade premente, hoje, na educação, até das crianças, a quem os pais escondem muitas vezes a morte do avô, da avó, do amigo, quando é importante que elas cresçam começando a reconhecer que a nossa vida terrena tem um fim e que ninguém cá fica. Trata-se de uma situação de desapego e dor por não podermos sentir e viver mais emoções mútuas, mas apenas na nossa lembrança ficam as boas coisas, talvez aquelas pelas quais as pessoas serão recompensadas na vida do além, no céu.
Quem assistiu ao painel a “Vida e a Música” da iniciativa da Escola de Música do Centro Social Paroquial, entendeu naturalmente que as emoções vividas e partilhadas na mesma altura dão mais vida...
Há uma frase popular “Pôr a Alma na Boca”. A sua origem está nas interpretações antigas da alma como sopro ou corrente de ar, expelida pelos pulmões, desde os tempos bíblicos. Deus soprando sobre o barro infundiu vida a Adão conforme o Génesis 2.7. “Pôr a alma pela boca”, passa-nos a ideia de perder a vida ou parte da vida, o que acontece, normalmente com o cansaço ou o sofrimento excessivo.
O luto foi sempre um tempo estabelecido para mostrar ao público sentimentos da alma por quem deixou o mundo onde vivemos. A lei prevê até um tempo de “nojo”, “as faltas por nojo” dadas ao trabalho profissional que são sempre um, dois a cinco dias, no máximo.
Há muitas maneiras de fazer luto, mas diferia de região para região, de cultura para cultura e os sentimentos interiores são invisíveis, ou podem enganar, são, por isso imensuráveis .
Os islâmicos recordam nas mesquitas e na televisão local versículos do Corão, para além de usarem a cor branca.
Os cristãos também têm os seus rituais como sabemos e diferem de região para região. É um problema cultural que há a respeitar, como respeitar os sentimentos dos outros, de todos...Antigamente havia muito rigor no luto.
Por um pai ou uma mãe andava-se de preto 2 anos. Um avô eram normalmente 18 meses e por um tio 6 meses como um irmão.Hoje, quase já não se usa. É claro que os sentimentos estão no interior, estão no coração das pessoas e o uso de roupa preta é apenas um sinal exterior que muitas vezes pode não corresponder ao que vai lá por dentro.
As viúvas, essas, andavam de preto toda a vida. As mulheres que tinham os maridos no estrangeiro ou em Lisboa como acontecia na Serra d’Arga, ou na guerra ou na pesca do bacalhau, andavam sempre de preto até eles regressarem.
Os ciganos usam luto para toda a vida e o viúvo não cortava mais a barba.
Toda a indumentária era de cor preta, porque o preto foi escolhido para significar, em virtude de não reflectir a luz, tristeza, dor.
Uma vez um estrangeiro perguntou-me na Serra d’Arga por que as mulheres andavam todas de preto. Todas elas tinham os maridos fora, no estrangeiro, França ou Brasil e, no país, sobretudo, em Lisboa.
Quando se começava a aliviar o luto, usavam-se, sobretudo os homens uma tarja preta na lapela do casaco ou à volta de uma das mangas do casaco, enquanto as mulheres aliavam o luto comprando roupas não muito claras até chegarem a comprar e a usar as cores normais do nosso costume, ou folclore.
Também os homens para além da tarja usavam mudar de chapéu preto para claro, mas com uma fita preta em toda a volta até a deixar de vez.
Ainda na Serra d’Arga se falava das carpideiras de S. Lourenço da Montaria que iam às casas dos mortos fazer o pranto ajudando as famílias por uns vinténs.
Não conheci. Numa terra, por exemplo, do interior onde fiz um funeral verifiquei em 1979 que toda a gente chorava, homens, mulheres e crianças na descida do féretro pelas escadas enquanto eu esperava cá no fundo. Estava eu quase a rebentar de emoção. Era um homem novo, deixava dois filhos novos e, entretanto, a viúva vem à janela e grita:” Oh... que ainda tão bem me lembra da primeira vez que nos encontramos na corte das vacas”.
Tudo vem à lembrança, nestes momentos e, às vezes, não há o discernimento ou o bom senso de saber parar ou conter-se ao ponto de não se cair em exageros. P.C.
Deus é Amor...caridade para os outros?
A grande tarefa da Igreja é a tarefa da Caridade. É que Deus é Amor e a Igreja só é Igreja de Cristo, Povo de Deus, se nela vive o Amor. Esta tarefa de amar o próximo “está enraizada no amor a Deus” e é tarefa para cada um dos fiéis e para toda a comunidade eclesial: a paróquia como base e até outras comunidades dentro da paróquia, como as famílias, igrejas domésticas devem estar abertas à comunhão eclesial para com todos até chegar à comunhão da Igreja particular (Diocesana) e a Igreja Universal.
A Igreja tem de pôr em prática o Amor e é este o apelo do Papa com a sua primeira Encíclica.
“Os crentes viviam todos unidos e tinham tudo em comum, vendiam os seus haveres, os seus bens, e repartiam entre todos segundo a necessidade de cada um”. (Actos dos Apóstolos 2,44-45) citado na Encíclica do Papa.
Com o crescimento do número de crentes por todo o mundo desde os primeiros três séculos, foi impossível manter esta forma radical dos nossos primeiros irmãos em Jesus Cristo na comunhão material. No entanto, o núcleo central permaneceu na comunidade dos crentes. Sempre houve esse cuidado. Era eu pequenino e lembro-me da muita fome que os meus colegas na escola passavam e, como, os que melhor podiam, repartiam os seus lanches, as suas comidas. Também se ia levar a casa de famílias pobres, dia a dia, o alimento que precisavam. Aos menos miseráveis, ainda reconhecidos como pobres, uma vez, duas ou três vezes no ano, cada casa dava a esses do que tinha: vinho , pão, batatas, milho ou farinha, fruta, carne de porco, etc... pelo Natal e/ou pela Páscoa e festa principal da terra.
Nesses dias, não se podia esquecer os pobres. Havia foguetes no ar, mas primeiro, pão na mesa da fome.
Hoje até parece que só há ricos, mas, na verdade, há mas é mais pobres “envergonhados” a que muitos fecham os olhos para nem os ver... ou os acusarem de malandros e... Mais foguetes a estralejar no alto enquanto muitos morrem de fome ou de frio...Mesmo em nome dos santinhos se fazem coisas destas!...
Ora a solidariedade cristã já foi mais viva nas nossas comunidades. “Cada comunidade devia bastar-se a si própria” e, se possível, abrir-se ainda à comunhão eclesial com a Igreja Diocesana e com a Igreja Universal e nunca marginalizar ninguém seja por que razão for, ainda que seja “pagão”.
Há aqui apenas algo que falta: é que, às vezes, na base existe até comunhão, partilha, mas a comunhão deve ser mútua, e nem sempre é clara a comunhão em sentido contrário.
Apela-se demasiado à solidariedade, à caridade cristã a favor do “venha a mim” e esquecemo-nos com facilidade “oh!... vamos a eles”. “O serviço do amor ao próximo comunitariamente e de modo orgânico”, foi estabelecido já no princípio da Igreja.
A Encíclica do Papa Bento XVI diz que os que possuem, segundo as suas possibilidades e cada um quanto queira, entregue as suas ofertas ao Bispo e este sustentará os órfãos, as viúvas, os doentes, os que se encontram em necessidade, os fracos e os passantes. Estes gestos da Igreja da comunhão eclesial é que serão os gestos que criarão a admiração dos não crentes, dos pagãos do mundo de hoje.
Parece que estamos em tempos de radicalismos religiosos nascidos no Oriente e parece que no Ocidente estamos a ser permissivos demais, ao ponto de querermos tudo só para um lado. Não serão sinais de radicalismo ao contrário?
A nossa comunidade paroquial sempre esteve atenta aos outros, aos de dentro e aos de fora : dos passantes, dos indigentes, dos ex-toxicodependentes, de mães solteiras, servindo uma média de 17 refeições diárias ao meio dia. Isto já para não falar do Berço que acolhe bébés e crianças abandonadas e de alto-risco que não têm família para pagar mensalidades.
Não falamos já das famílias que a Conferência de S. Vicente Paulo serve, acompanha desde ajudas em remédios, alugueres de casas, obras em casas de pobres, alimentos, pagamentos de água e luz,etc...
Esta comunidade sempre esteve aberta a soluções para responder a questões sociais de vária ordem até particularmente nas missões ( Angola, Moçambique e Uruguai ) e outras Instituições.
Tudo isto, agora, tem sido prejudicado porque a comunidade está apostada em obras para idosos e para as crianças para melhorar a qualidade de serviços e criar espaços para, com dignidade, haver uma catequese adequada aos tempos de hoje, sede de escutismo para 80 a 100 escuteiros, uma igreja onde a comunidade, pelo Natal, pela Páscoa, pelas festas de catequese (12 ao todo) e nos fins de semana, ao sábado e domingo, possa reunir-se com as crianças em celebrações com espaço adequado às crianças e às famílias, sem ter que dividir a comunidade em si; e as festas de catequese em grupos de sábado e grupos de domingo e... só para as famílias. Os jovens não têm local onde reunir, assim como os mais de 50 catequistas.
Se estas preocupações são motivo de angustia, de preocupações e de sabores amargos de um pároco, de uma C. Fabriqueira, de Conselho Paroquial de Pastoral e de toda a Comunidade, então temos de nos dirigir a todos os amigos, sejam ou não paroquianos, a pedir uma oferta para nos ajudarem a construir uma Igreja, pois a C. Fabriqueira já tem as infra-estruturas feitas de acordo com o que ficou combinado com serviços públicos do Estado, consumindo a referida Comissão cerca de 500 000 euros (100 mil contos) para cobrir 1545 m2, todo o espaço sob a igreja e outro não comparticipável.
Queremos acabar. Para acabar temos de começar agora com a Igreja.
Contamos com a ajuda de todos os que têm coração para amar, para compreender, e força ou coragem para comungar connosco, dando provas de comunhão eclesial...
Padre Artur Coutinho
Chapéus há muitos! ...Oh....
Cobrir a cabeça já vem dos tempos mais ancestrais da história da humanidade.
Cuidar da cabeça era algo natural, e muito importante, pois a falta de higiene nos cabelos pode dar origem a parasitas. Cobrir os cabelos e a cabeça era um modo de proteger os belos e longos ou normais, cabelos com pontas secas e duplas, cabelos secos, ressecados, cabelos enfraquecidos, danificados ou tingidos e descoloridos, assim como o fortalecimento e o crescimento saudável dos fios das cabeleiras. Também tinham os seus remédios caseiros e as senhoras os seus artefactos para os ornamentar ou dar-lhes forma sedutora, como ainda conheci em Dem as mulheres que usavam madeixas de cabelo encarcoladas sobre a testa feitas com o cabo de um garfo quente e azeite.
Qual foi a primeira indumentária para tapar a cabeça do frio, da chuva ou do sol, não posso afirmar. Naturalmente, seria o gorro ou a touca de origem indígena. Hoje a touca destina-se sobretudo para o banho, para a natação ou para higiene na cozinha. A touca era naturalmente feita, no início, à moda do turbante de origem asiática. Pelo contrário, a palavra touca parece ter origem céltica. O folclore moçambicano é marcado com touca vermelha na cabeça. Em Portugal, existem as águas sulfúreas da Touca Alpedrinha (concelho de Fundão). Na língua mirandesa Touça é Galinha.
As boinas terão vindo antes do boné e depois dos gorros de tecido mais compridos a enfiar pela cabeça até às orelhas, ou com umas abas abertas a apertar por baixo dos queixos.
Nos finais do século XX as boinas estavam a cair em desuso, enquanto o mercado dos bonés estava a ficar fulgurante. A diferença entre uma boina e um boné é que o boné tinha, ou tem, uma pala que tira o sol da testa, dos olhos ou faz sombra sobre o rosto. Normalmente a boina levava ao centro no exterior um carrapicho. No entanto, a boina como o boné eram antigamente forrados no interior e levavam um debrum em toda a volta.
Quanto ao modo de trazer na cabeça a boina ou o boné depende do efeito que se queira tirar do objecto ou da farda, da vestimenta que é utilizada, como por exemplo um escuteiro usa a Boina com o seu distintivo da flor de liz(antigamente colocavanm um penacho) e quando não a quiser utilizar põe-na sobre o ombro do lado esquerdo entre a camisa presa com uma platina. Se o escuteiro estiver com agasalho, como por exemplo uma camisola de lã, dobra a boina em duas partes e coloca-a por baixo do cinto do uniforme, entre a fivela e o bolso do lado esquerdo.
O turbante é uma das formas mais antigas de cobrir a cabeça. Há vários tipos de turbantes, de origem desconhecida, mas quem sabe se anterior ao gorro, à touca, ou a qualquer outro tipo de cobertura de cabeça? Ele era usado no Oriente antes do aparecimento do islamismo. De origem indiana? Turca? Árabe?
Segundo alguns autores tem a ver com o movimento e o ornamento que punham na cabeça das crianças, no nascimento.
Hoje é uma faixa de pano que cobre a cabeça com várias formas, feitios e coloridos ao gosto de cada um, da região ou de alguma tendência islâmica.
Outro tipo bastante parecido com o barrete foi o capuz, unido ou não a um manto, amplamente usado na Idade Média.
O capacete é outra forma de resguardo da cabeça dos perigos, protegendo- a de impactos externos. Antigamente era usado pelos guerreiros, mas hoje é um objecto de segurança que, por lei, se tem de usar em todas as empresas ou profissões de risco, trabalhos, competições desportivas ou motos.
O barrete surgiria mais tarde, o “barrete frígio” ou o “barrete de liberdade” espécie também de touca ou carapuça usados na antiga região da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia. No século XVIII este “barrete frígio” tomou o nome de “barrete de liberdade” depois da guerra dos Estados Unidos da América e durante a Revolução Francesa. O barrete aparece no brasão das armas da Argentina.
Há autores que dizem que o homem medieval dormia completamente nú e só usava uma touca a cobrir a cabeça.O barrete semelhante ao gorro ou à carapuça e à touca. Só que esta terminologia apareceu mais tarde e significaria a materialização da república. “Enfias o barrete”, isto é, o adufe, tipo de pandeiro quadrado de origem árabe, ou as namoradas se orgulhavam dizendo “a todos enfiei o barrete”. Também se chamou barrete a uma capa de origem moçárabe usada para a chuva. Talvez, hoje, tivesse tomado o nome de capuz ( gorro com capa).Utilizava-se o barrete feito de lã e cinta preta enrolada à volta. Há também o barrete tricónio com uma base redonda e com as abas viradas para o alto formando um triângulo ( ou duas para o alto e uma para baixo ) ou com uma base quadrilátera à qual se sobrepunham palas para o ato terminando em forma de pirâmide, levando 3 delas uma segunda pala arredonda e unidas no vértice superior com um tufo de feltro ou borla. Este era o barrete eclesiástico usado na Igreja pelos padres,os de cor preta, vermelhos ou carminhos pelos Bispos e brancos pelo Papa, pretos debruados a vermelho nas arestas para os cónegos e vermelho escarlate para os cardeais.
Do barrete surgiu a mitra, isto é, um barrete achatado e pontiagudo, geralmente de duas faixas, utilizado pelos bispos da Igreja Católica, Anglicana, os Cardeais e o Papa.
No caso do Papa pode ter a forma de uma coroa trípla, que remata com uma cruz, chamado Tiara (cobertura de carácter religioso). O uso da Tiara foi abolido pelo Papa Paulo VI para dar mais ênfase ao carácter pastoral do Papa do que ao poder temporal. Mitra é uma palavra que já vem do paganismo, pois existia a deusa Mitra, divindade persa que se aliou ao sol para obter o calor. Mitra é o génio da luz celestial… É de carácter religioso.
No cristianismo, a Mitra Diocesana,local onde reside o bispo, era a origem de toda a vocação baptismal, era serviço e ministério que o cristão ia exercer ao longo da sua caminhada. Toda a criança que nasce tem na origem a Santíssima Trindade: Pai, Mãe e Filho. Esta é a beleza da nossa fé católica, onde tudo tem a sua razão e sentido segundo um escritor brasileiro.
O solidéu, de carácter religioso, pequeno barrete de lã ou de seda usado pelos Bispos e Papa em forma de calota e que significa enviado, isto é, tem autoridade e identificando-se como a plenitude do sacerdócio em Jesus Cristo.
A Kippa judaica é semelhante ao solidéu cristão, só que aí tem outro significado é que o judeu acha que acima do homem não está mais ninguém a não ser Javé e a Kippa é o tapete onde Deus pode pôr os seus pés sobre o homem. Sobretudo quando um judeu reza cobre a cabeça com a Kippa. É sempre um sinal de submissão, de humildade por todos...
O chapéu ( “xapo” em indígena) é um dos mais famosos e modernos depois da boina (beha ou “beret”) e do gorro.
A cartola é um chapéu que apareceu com Charlot, feito em feltro colado com aba de 5 cem e copa de 10 cm. Era um chapéu coco. Alguém ganhou a alcunha Cartola, quando usava, como pedreiro, um chapéu coco para que o cimento não grudasse nos seus cabelos.Da alcunha passou a apelido.Tratava-se de um chapéu fino de aba esbelta e copa alta e cilíndrica, frequentemente de cor preta e brilhante, usada habitualmente em ocasiões solenes.
Hoje “Cartola” tem um significado de sorte, de favor, e não de mérito. “Tu tiveste uma grande cartola por isso te defendeste muito bem. Quem foi o cartoleiro?”
A palavra chapéu provém do latim antigo “cappa”, “capucho”, que significa peça usada para cobrir a cabeça.As primeiras modalidades de proteção para cabeça surgiram por volta do ano 4.000 a.C. no antigo Egipto, na Babilônia e na Grécia quando o uso de faixas na cabeça tinha a finalidade de prender e proteger o cabelo. A faixa estreita colocada em torno da copa dos chapéus da atualidade (a fita ou bandana) é um remanescente desse primeiro tipo de proteção para a cabeça.
Os chapéus feitos de algodão,feltro, lã, de palha simples ou de pala dupla também eram usados conforme as pessoas, o estatuto social,nobres,eclesiásticos ( de aba debruada e voltada para cima),guerreiros, ricos ou pobres. O primeiro chapéu efetivamente usado foi o “PÉTASO” por volta do ano 2.000 a.C.. Tratava-se de um chapéu dotado de copa baixa e abas largas que os gregos faziam uso em suas viagens como uma forma de protecção. Era um tipo prático, ajustável, podendo ser retirado com facilidade, tendo perdurado na Europa por toda a Idade Média (de 476 a 1453).
Na Antiga Roma (por volta do ano 1.000 a.C.), os escravos eram proibidos de usar chapéus. Quando eram libertados passavam a adoptar uma espécie de chapéu semelhante ao barrete (boné em forma de cone, com a ponta caída para um lado), em sinal de liberdade.
Há o chapéu à gaúcho, vago ou gaudério, que surgiu na Argentina produto da miscigenação indígena com luso-brasileiros e espanhóis, à cowboy,( abas materiais dobradas para cima e afuniladas para a frente), chapéu tropeiro com aba larga e recta ou com a parte da frente virada para baixo ou com copa alta formando 4 gomos, como “à escuteiro” e o chapéu missioneiro de aba larga, com a parte da frente “quebrada” A copa é baixa, redonda e achatada e com vinco. O chapéu à Escuteiro, também conhecido por chapéu à bivaque, embora este tivesse uma forma trapezoidal. Ainda há o chapéu Mexicano e a boina galega.
O chapéu, geralmente é de tecido, em malha o mais antigo. Em França num museu está exposto um com mais de 2550 anos. É de gomos, próximo à modelagem actual. O Boné começou a ser usado por açougueiro inglês por volta de 1800. No final do séc. XIX ele era o rei no mundo desportivo, tornando-se popular nos Estados Unidos e com o andar dos tempos ganhou maior utilidade e até a ser confeccionado em couro e nos meados do séc.XX havia-os como hoje todos os cortes e feitios e feitos de todos os materiais possíveis. Alguns até bordados foram e são. As cores diferentes serviam e servem para distinguir grupos e ao mesmo tempo para publicitar marcas, fábricas, empresas, clubes, etc... São bonés promocionais que se usam e se vêem quase todos os dias, seja para guardar a cabeça da chuva, seja para a guardar do frio ou do sol.
Em Portugal a fábrica mais conhecida de chapéus finos era a de Tomar; mas as mais antigas seriam as de Pombal, a Real Fábrica do Pombal, a de Lisboa e Portalegre. Também existiam várias fábricas das boinas. Mesmo aqui em Viana da iniciativa de espanhois que aqui casaram na área desta Paróquia e na Meadela houve uma fábrica dessas.
No século XVIII João Pedro Salabert era o maior negociante de fábricas de chapéus finos, isto é, chapéus para a festa, para as honras dos nobres e das suas mulheres, filhas e filhos.
Também existiam os chapéus de palha de centeio e de artefactos de verga. Era o chapéu do lavrador e dos jornaleiros.
O que se diz aqui sobre este assunto quanto a cobrir a cabeça é de uma forma geral, não há muito mais que se possa dizer ou descobrir.A diferença dos homens para as mulheres era pouca ou nenhuma; os materiais eram os mesmos, apenas as formas e os adornos eram diferentes não só em relação à finalidade, como à feminilidade que se impõe ao seu uso que difere de região para região.
Quando era criança, o rico usava sempre chapéu de feltro e o pobre recorria a chapéus mais fracos, assim como as mulheres.
Na Igreja tudo era igual em relação aos homens, pois em sinal de respeito nunca se entrava de cabeça coberta em casa nenhuma e muito menos na Igreja. Ao passar em frente à Igreja, o homem que vinha do trabalho ou que por vários motivos tivesse de ali passar tirava o chapéu com respeito ao Santíssimo o Sacramento, ou se no caminho passasse por umas alminhas ou uma simples cruz fazia o mesmo, uma vénia e chapéu na mão.
A mulher, essa, era o contrário, se ela tinha de ter o cabelo coberto... era na Igreja, também com o mesmo propósito em sinal de respeito, pois os adornos femininos usados nos cabelos eram sempre um sinal de vaidade, de ostentação, de sedução, etc…As mulheres cobriam a cabeça com o lenço ou o véu, “ com o tapar a cabeça cobriam essa vergonha toda”,assim como, as islâmicas usam o véu islâmico que respeitamos. Noutros tempos as viúvas usavam o lenço preto toda a vida.
Há santos com chapéu e o santo Aginha (de canonização popular na Serra D’Arga aparece de chapéu). Em S. Torcato, Guimarães, há a tradição do Chapéu de S.Torcato, isto é, colocar o chapéu do Santo na cabeça dos devotos para afastar os males.
Como vimos, chapéus há muitos e com muitos nomes, uma investigação sobre o assunto impunha-se. Vamos a isso, oh...amigo?...
A. Viana
António Camilo Arezes
Trata-se de um apelido de origem toponímica no Alentejo, é apelido na Espanha. Foi usado em Portugal como apelido em Gonçalo Nunes Arez. Em Espanha existe também como apelido. A grafia Arez, Arêz e Ares, com um valor fonético apareceu disperso em várias regiões e documentos.
O Arez apresenta desde o séc. XVI em maior concentração no Algarve e encontra-se Arezes no Alto Alentejo. No séc. XVIII e XIX apareceu Arezes em Tavira. Ainda lá existe uma fonte de Arez. Sobre este assunto e sobre os Arezes já foi abordado no jornal de Agosto de 1998, mais detalhadamente.
Os Arezes vieram para a Abelheira de Perre, mas não faltam por aí Arezes. Como chegaram a Castelo do Neiva não sei. Foi do Castelo do Neiva que chegaram a Mazarefes.
Desta vez queria abordar algo que um amigo Arezes proveniente de Mazarefes me impressiona. Trata-se de António Camilo dos Santos Arezes, nascido a 6 de Janeiro de 1935, trazido pelos “Reis Magos” como prenda para a nossa humanidade, para a nossa sociedade, filho de Carlos Dias Arezes, neto de um Arezes de Castelo do Neiva e de uma avó de Darque.
A sua mãe chamava-se Maria José dos Santos Ferreira, de Barcelos, onde nasceu.
O pai era empregado de mesa e a mãe era modista. O avô, pai do pai era Domingos Fagundes Arezes e a avó Emília Alves de Dias, como já referi, de Darque.
O Camilo é irmão de Maria dos Santos, casada e com filhos a viver nesta Paróquia, no Bairro do Bicho da Seda, das Amoreiras, como era conhecido, o Bairro Jardim; Maria Vicentina, casada e com filhos, a viver na Meadela; o José Carlos, casado e com filhos, vivendo na Paróquia, na nova Urbanização da Socomina; a Fernanda, solteira e já falecida...
O António Camilo estudou na Escola do Carmo. De Barcelos veio para o Bairro Jardim. Trabalhou com o falecido Filipe Fernandes, de ferrageiro e depois foi para a Foto-Bazar onde se faz fotógrafo. Em 1959 foi para Angola para acompanhar o pai e lá trabalhou na arte da fotografia.
Quando lá estava, casou por procuração com Maria Alice Correia Martins. Não tem geração.
A Maria Alice é doméstica e sempre o ajudou na loja comercial de fotografia à Rua Conde de Aurora, o Estúdio Camilo.
Trabalhava com arte. Gostava de fotografia, pois também gostava de pintura e como tal o ajudou a ser um bom técnico na fotografia, sobretudo, na recuperação de fotografias antigas.
Foi escuteiro no grupo 65 de Santa Maria Maior até aos 28 anos.
Quando foi para Angola já era escuteiro e lá continuou, voltou, e aqui se fez dirigente.
Jogava futebol como amador. É pelo Vianense, o seu clube preferido assim como o Sporting Clube de Portugal. Tem a sua tendência política, mas não milita, assim como católico, Apostólico, Romano, mas não muito praticante, embora seja muito respeitador e sempre na vida ter colaborado com a Igreja Católica.
O pai teve dez filhos e só quatro nasceram em Mazarefes. Os restantes em Barcelos. É uma família numerosa, toda muito bem colocada na vida e as gerações estão dispersas pelo país, pela Europa e pelas Américas.
O António Camilo resolveu nesta altura fechar o seu negócio e recolher-se mais em casa com a sua esposa. A saúde não é má, mas os problemas comuns da idade vão trazendo algumas mazelas pelo que convém descansar, passear e distrair-se com algum trabalho social e voluntário, sempre atento aos sobrinhos, já que filhos não têm.
O António Camilo e sua esposa são um casal generoso e sempre disponível. O Camilo, ainda que fosse na hora, estava sempre preparado para, como bombeiro fotógrafo, correr de dia ou de noite para a Paróquia para a qual sempre trabalhou em reportagem gratuitamente, para além dos donativos, dos contributos que eventualmente fazia ou lhe fosse pedido.
São pessoas humildes sempre prontas a ajudar a família e a comunidade em geral porque a sua generosidade é aberta a todos a começar pela família e a acabar nos carentes, de longe e de perto, principalmente, na comunidade paroquial.
O Chapéu
A palavra CHAPÉU provém do latim antigo “cappa”, “capucho” que significa peça usada para cobrir a cabeça.
As primeiras modalidades de proteção para cabeça surgiram por volta do ano 4.000 a.C. no antigo Egito, na Babilônia e na Grécia quando o uso de faixas na cabeça tinha a finalidade de prender e proteger o cabelo. A faixa estreita colocada em torno da copa dos chapéus da atualidade (a fita ou bandana) é um remanescente desse primeiro tipo de proteção para a cabeça.
Mais tarde originaram-se os turbantes, as tiaras e as coroas, usadas por nobres, sacerdotes e guerreiros como símbolo de status social. Como sinal de distinção social ou profissional permanecem até hoje os chapéus específicos destinados a pessoas que ocupam determinadas atividades (soldados, marinheiros, eclesiásticos, etc.).
O primeiro chapéu efetivamente usado foi o “PÉTASO” por volta do ano 2.000 a.C.. Tratava-se de um chapéu dotado de copa baixa e abas largas que os gregos faziam uso em suas viagens como uma forma de proteção. Era um tipo prático, ajustável, podendo ser retirado com facilidade, tendo perdurado na Europa por toda a Idade Média (de 476 a 1453).
Na Antiga Roma (por volta do ano 1.000 a.C.), os escravos eram proibidos de usar chapéus. Quando eram libertados passavam a adotar uma espécie de chapéu semelhante ao barrete (boné em forma de cone, com a ponta caída para um lado), em sinal de liberdade. Este tipo foi revivido durante a Revolução Francesa (final do século XVIII), chamado de “bonnet rouge” e se tornou um símbolo do partido republicano durante a República. Outro tipo bastante parecido com o barrete foi o capuz, unido ou não a um manto, amplamente usado na Idade Média.
CHAPÉUS MASCULINOS
Depois da Renascença (século XIV-XVI), os chapéus masculinos adquiriram diversos formatos, sendo ricamente enfeitados, e usados pelos homens poderosos. Data desta época o aparecimento das boinas, na Itália, constituídas de uma peça circular de tecido franzido nas laterais, contendo uma faixa por onde passava um cordão ajustável. Alguns chapéus masculinos ainda guardam certa influência, sendo dotados de pequenos laços em seu interior destinados a ajustar seu tamanho. Outros tipos vieram a seguir, sendo um dos mais marcantes o chapéu de abas largas, enfeitado por peles, ou plumas de avestruz trazidos da América.
O uso dos cabelos compridos em cachos (moda posta em vigor no reinado de Luiz XIV, na França, que usava longos cabelos cacheados, e imitdado por seus cortesãos que começaram a usar também perucas de cabelos naturais), fez com que se começasse a dobrar as abas dos chapéus, primeiramente de um lado, depois dos dois, aparecendo um seguida, o tipo “Tricórnio” - com duas dobras laterais e uma dobra na parte traseira – este hábito durou mais de um século.
Durante a Revolução Francesa (1789-1799), quando as vestimentas foram influenciadas de modo a torná-las mais simples, surgiram os chapéus de copa alta de formato côncavo, que se desenvolveram até darem origem às Cartolas.
Em 1900, o Chapéu Côco feito de feltro de lã e/ou pêlo era o mais popular, aparecendo alguns anos depois os chapéus de palha, os do tipo marinheiro, etc., sendo que a grande maioria dos modelos se originou no Reino Unido.
CHAPÉUS FEMININOS
Os chapéus femininos evoluíram de forma diferente.
Na Idade Média (476-1453), as imposições religiosas obrigavam as mulheres a cobrir completamente os cabelos. O abrigo mais simples era constituído por uma peça de linho, caída sobre os ombros ou abaixo deles. Os véus de noiva e as mantilhas das espanholas são sobrevivência da moda desse tempo. No século XIII, costumava-se prender a este véu, duas faixas: uma sobre o queixo e outra sobre a testa, de modo semelhante ao hábito que as freiras ainda conservam.
No final da Idade Média, era hábito das mulheres colocar uma armação de arame com formatos de coração, borboleta, etc sob a peça de tecido tornando-os extravagantes. Os cabelos eram penteados para trás, escondidos, e, se cresciam na testa, eram raspados para que o chapéu fosse a atração principal. Em 1500 começa-se a usar os capuzes enfeitados com jóias e bordados.
Muitos outros tipos surgiram até o final do século XVIII, quando apareceram as primeiras Chapelarias (lojas onde se comercializam chapéus), que utilizavam em seus chapéus materiais como a palha, o feltro, tecidos, enfeites variados e elaborados de forma a combinar com os penteados altamente sofisticados da época.
Após a Revolução Francesa (1800), surgiram os gorros com abas largas, dotados de uma fita ou faixa que dava um nó abaixo do queixo. Confeccionados com materiais diversos (peles, cetim, veludo, feltro para o inverno e palha e tecidos finos para o verão) eram enfeitados com plumas e outros tipos de adornos.
Em 1860, esses gorros foram substituídos por chapéus de tecido e/ou outros materiais que eram presos à cabeça com alfinetes ou grampos, vindo esse tipo a se tornar muito popular na época.
No início do século XX os volumosos penteados da época originaram chapéus de grandes dimensões, que cobriam os penteados.
MODELOS MODERNOS
Nas primeiras décadas do século XX, os chapéus masculinos em suas formas e estilos, alteraram-se pouco em oposição aos chapéus femininos, que conheceram diversos tipos, com freqüentes variações, até mesmo segundo as estações do ano.
Depois da década de 30 e até hoje, os chapéus passaram a ser encarados como um acessório de vestimenta e proteção.
Nos países tropicais, o uso dos chapéus tem função protetora contra o sol e contra as intempéries. Nos países e climas frios, o chapéu tem uso mais freqüente sobretudo como proteção do vento e temperaturas baixas.
O chapéu é também um acessório importante de vestimenta para caracterizar personalidade de uma determinada pessoa através de suas diferentes formas, materiais e cores.
INDÚSTRIA DE CHAPÉUS
Os materiais mais empregados tradicionalmente na indústria de chapéus são o feltro, a palha e o tecido. O primeiro é obtido tanto do pêlo de animais (coelho, lebre, castor, nútria e carneiro) - originando diferentes tipos e qualidades. Na categoria das palhas, incluem-se diversos tipos de fibras vegetais (folhas e caules), como a juta, o sisal, a ráfia, seagrass,etc.
Além de misturas variáveis que resultam em produtos mais rudes (geralmente usados em artesanato), até materiais industrializados e mais refinados (como o Panamá), atualmente a tendência é a utiliza ção de materiais artificiais, principalmente nos chapéus destinados ao abrigo das intempéries, no sentido de impermeabilização.
O maior produtor mundial de chapéus é os EUA. No Brasil, os Estados que produzem mais chapéus são São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará. Embora importe alguns tipos de chapéus, o Brasil também exporta outros tipos, sobretudo os de feltro de lã e os de palha de carnaúba.
Os materiais usados na confecção de chapéus variam conforme os países e as regiões, dependendo das substâncias disponíveis ou dos costumes das pessoas. Em geral o material deve ser usado dependendo sempre do feitio e da função do chapéu. Por exemplo, os chapéus para chuva geralmente são à prova d’água e os chapéus de verão são feitos de palha e tecido leve. Sérgio Reis/Ne
Caminhos para Deus
“Deus caritas est”, isto é, “Deus é amor”. Se Deus é Amor, este está sempre acima de qualquer lei positiva, venha ela de onde vier. A lei é feita para os homens e o amor nasce com o homem e é de um acto de amor de Deus que unindo a mulher e o homem procede naturalmente o nascimento do ser humano…
O Papa Bento XVI escreveu a sua primeira encíclica definindo o verdadeiro conceito de amor porque sem este conhecimento da justiça e da caridade no amor não é possível entender a igreja e as suas regras.
A Igreja é uma resposta de Amor ao homem porque a Igreja é querida por Deus, fundada pelo seu único Filho e vivificada pelo seu Espírito Paráclito.
Deste modo, a Igreja tem de ter sempre capacidade para uma resposta eficaz à humanidade que se rege, como sociedade perfeita, por normas, por cânones que perdem a sua força de eficácia quando destroem o Homem, ou quando esta não é aplicável a este homem concreto, no aqui e no agora.
Aí é o Amor que se sobrepõe à Lei.
Por isso é que a Igreja tem de ser Comunhão de irmãos a partir das bases, das pequenas comunidades, abrindo-se estas à Comunidade Diocesana à qual preside o Bispo com a plenitude do sacerdócio, e sucessor dos Apóstolos para que este, em nome da Diocese, e com o Papa, isto é, com a Igreja Universal, como comunidade de irmãos, possa realizar a grande Comunhão dos Filhos de Deus, aberta a todos os homens de boa vontade.
Isto faz parte da natureza íntima da Igreja enquanto anuncia a palavra, a celebra e a vive no quotidiano dentro dum espírito de justiça e caridade, salvando sempre o Homem, e mesmo quando este se afasta da família de Deus, é para a Igreja a ovelha desgarrada ou perdida que tem de se procurar e dar-lhe de imediato, num gesto de misericórdia, a paz interior e a graça, como dom gratuito de Deus para que se mantenha unido numa mútua troca de bens espirituais e materiais.
Esta ajuda recíproca é o timbre pelo qual a Igreja se tornará crível ao mundo de hoje e visível nas atitudes dos cristãos e dos bispos, da Comunidade em geral.
“Cristo ocupou o último lugar no mundo, na cruz, e precisamente com esta humildade radical nos redimiu e nos ajuda a todo o momento”, diz o Papa na Encíclica.
Quem é capaz de Amar, reconhece que não é fácil e quando algo de bom se faz não é mérito próprio, nem motivo de orgulho, mas mérito do Pai do Céu de quem nós “somos uns pobres servos”.
Não vamos ceder à resignação de qualquer amor, o qual impedirá, segundo o Papa Bento XVI, de deixarmo-nos guiar pelo amor ao serviço dos outros.
Pe. Artur Coutinho
Saudades da Terra Foto
Uma visita inesperada
José Cândido Rodrigues Correia, filho de José Correia fogueteiro, dos Silvas, e de Maria Rodrigues, doméstica, agora a morar no Porto há muitos anos, passou por aqui cheio de saudades.
Nasceu na véspera do “S. João das Cerejas” do ano de 1926. Ele foi um dos responsáveis pela abertura desta igreja de Nª Sra. de Fátima em 1949 quando esta igreja estava a servir de pombal com os “vidros das janelas partidos, suja e quase com o tecto a cair”. E ainda “eu e outros colegas abrimos a igreja ao público, comprámos a primeira imagem de Nª Srª de Fátima e arranjámos o campanário. O pano de fundo que se colocava à porta da igreja na Semana Santa foi desenhado por mim e o Machado, já falecido, o coseu”.
Falava, de facto, com saudade porque há muito tempo que não tinha aqui entrado. Trouxeram o Pe. Constantino, já falecido a celebrar a primeira missa. Foi para o Porto há mais de 50 anos, casou e tem um filho. Casou com Andreza Glória, já falecida e, por isso, se encontra na situação de viúvo. Foi recepcionista no Hotel Império e a sua esposa doméstica. O filho trabalha numa casa óptica, no Porto. É irmão do João Viana, da Odete e do João, o mais velho, já falecidos de José, casado para Carreço e sem filhos, de Conceição, solteira e de Fernando, o mais novo, casado na Abelheira e com filhos.
Nasceu aqui mesmo no adro da Igreja, numa casa anexa, dentro do adro, onde havia um poço, que hoje está coberto pela Rua Fiúza Júnior, no Largo das Carmelitas.
Avelino Lima Caldeira
Caldeira tem a ver com algo quente como caldas (lugares de águas quentes). Na Ilha do Pico, dos Açores, aparece o apelido Caldeira com frequência. Pêro Vaz era de Caminha e de Caminha veio este apelido para a Abelheira.
O apelido Caldeira, segundo Pedro Machado, não parece tratar-se mais que de um recipiente metálico. Em 1276 aparece em “Petrus Michaelis Caldeira”. No Castelhano apareceu Calderas.
É frequente como topónimo sobretudo em compostos. Há Caldeiras e Caldeiradas.
As Caldeiradas não se querem frias. Nas caldeiras em azeite a ferver foram muitos cristãos tornados mártires. Dois irmãos tiveram o apelido de “Jesus” e entre o elogio e a reprovação um deles foi lançado à “caldeira com óleo a ferver”e daí saiu ileso.
Terá chegado a Portugal este apelido por um indivíduo de Malta?
Ao falar de recipiente também podemos lembrar o seu uso nos alambiques para extracção da aguardente, bagaço ou cachaça, por destilação.
Significará povoação da eira, pois, cale é, na língua celta, povoação? Não virá dum povo antigo os “Caldeus” num ramo que terá chegado à Península Ocidental, adorador de serpentes “Sefes”... ou com “Kaila” o calor do sol, de origem árabe ou Caladumm (caldunis) a significar em celta luta, combate...
De qualquer forma Caldeira foi apelido e segundo alguns genealogistas ele apareceu em Portugal através de Gonçalo Rodrigues, o Roas (?) cavaleiro e amigo de D. Nuno Álvares Pereira que ergueu o cadeirão de bronze nos braços de tão contente pela vitória de Aljubarrota e que hoje ainda se conserva no Mosteiro de Alcobaça. Entretanto outros dizem que é de origem espanhola este apelido, do tempo de D. João I e através de Gomes Peres Caldeira. Hoje ainda é um apelido frequente no Alto Alentejo, segundo Manuel de Sousa in “As origens dos apelidos das famílias portuguesas”.
Aquele Caldeira, cujos pais eram oriundos de Caminha, é o Avelino Lima Caldeira, filho de Manuel Passos Caldeira e Antónia Pereira Lima e que foi barbeiro na cidade, na Barbearia Central, à Rua da Bandeira, mudando o seu filho Manuel Rodrigues Caldeira que toda a vida foi também barbeiro para a Rua Cândido Reis para a Barbearia Caldeira, pouco depois do casamento e com cerca de 30 anos. O seu avô era casado na Abelheira e o seu pai era casado com uma lavadeira da Abelheira, Maria do Carmo Rodrigues Viana. Nesta altura era conhecida pela barbearia do Quim da Paula. Passando a Central para a barbearia do Caldeira.
O filho Manuel casou com Glória de Amorim, de Ponte de Lima, embora tivesse vindo para a Viana aos 9 anos. Agora encontra-se reformada de auxiliar de acção médica no Hospital. Era ela filha de José de Cabo e Florinda Amorim, residentes no lugar do Cabo, Vilar do Monte, Ponte de Lima.
O casal teve três filhos o Paulo, a Ivone e o Miguel. Todos casados e todos com filhos à excepção do mais novo, o Miguel.
O Manuel era filho único. Já o avô era barbeiro no Largo da Matriz, onde depois esteve o barbeiro Rogério e sempre viveram na Abelheira em casa arrendada, depois compraram um terreno com uma casinha e fizeram uma casa aonde vive ainda a viúva, D. Glória Amorim.
O seu passatempo preferido era o desporto. Sócios do Vianense, eram todos, pai, filho, neto e bisneta.
O Manuel era também do Sporting.
O filho Paulo trabalhava na Caravela, aprendeu a arte de hoteleiro e de barbeiro. Praticamente foi ele que fechou a barbearia, à morte do avô, pois o Manuel faleceu antes do pai com doença incurável.
Todos religiosamente “cristãos convictos”, mas não muito praticantes, muito respeitadores e quando havia que participar num acto religioso não se escusavam e ficavam até muito contentes.
Não eram militantes políticos, tinham as suas tendências, mas o seu debate familiar era o futebol.
A. Viana
As Viagens de outros tempos
Já não vem para aqui o primitivo transporte de carrela, de jerico ou jumento, de camelo ou de qualquer outro animal equestre, nem ainda a charrete ou carroça de cavalos ou carros de tracção animal da área bovina, caprina ou cavalar, nem os barcos que os nossos ancestrais portugueses utilizaram na pesca ou nos descobrimentos nos desenvolvimentos das terras das Indias, das Áfricas ou das Américas...
Com que sacríficio usando meios tão precários foram tão longe rasgando mares, tempestades, ventos e chuvas na incerteza e apenas com uma ambição a de descobrir alguma terra e fazer crescer o império, a mãe pátria para seu enriquecimento.
Nestas descobertas deparam-se com situações tão miserabilistas que não se detiveram sem que aos povos descobertos chegassem a solidariedade para os desenvolver também, ensinando, levando cultura, alimento e a fé, a esperança e a caridade. Assim nasceram os Jesuítas e, por pedido do nosso rei D. João III ao Papa Paulo III, conseguiu-se que Francisco Xavier com outros missionários se lançassem na aventura de, em barcos tão precários, irem ao encontro dos povos pela fé e pelo Império, sem os meios tão ricos da tecnologia de hoje, em que, se for necessário, em poucas horas e melhor segurança se chega a todo o lado.
Neste intervalo eu só queria referir o que conheci quando era criança.
A propósito de viagens não há como ler de Ramalho Ortigão o texto de “As Farpas”.
Recordo do tempo de criança as viagens de camioneta à Alexandrina de Balazar, teria eu 7 anos, onde estive sentado na cama dela enquanto ela falava às pessoas. Tenho uma imagem muito ténue na minha memória de uma viagem de Barco, não sei aonde, mas retenho algo sobre imagens que só poderiam ser num barco. Seria a procissão da Senhora da Agonia, em 20 de Agosto, ao mar. De banho em S. Bartolomeu do Mar, onde fui de charret ou na carroça puxada pela égua que estava em Vila Fria, não me esquece, na casa de um tio.
De ir a pé a Viana também essa a tenho no “disco” do “computador” da minha memória.
De usar as camionetas do Cura para ir a Viana entrando na estrada nacional da Ponte a Viana por Darque, sentado em bancos de madeira também conservo como algo muito bom para a época. Era melhor que ir a pé.
Um dia, em que a mãe foi visitar o pai a Viana, ao Pavilhão Cirúrgico, tinha eu 11 anos...fiquei em casa com os irmãos entregue à “criada” e a avó já com “Alzeimer”. Não contente por não poder ir ver o pai que estava doente e tinha sido sujeito a uma cirurgia ao estômago, fugi e pelo caminho de ferro fui a pé ter ao Pavilhão Cirúrgico para ver o pai e fui direitinho ao quarto nº4 que ficava no primeiro piso em frente às escadas.
Então tirei a carta de condução de bicicleta e era o meu transporte preferido. Mais tarde, já em teologia, a motorizada Marfel do primo Francisco Coutinho de Carvalho era o transporte para as minhas actividades pastorais da Legião de Maria.
Bom, mas antes, andava no 4º ano do Seminário de Nª Srª da Conceição, à rua de S. Domingos, conhecido pelo Seminário de Tamanca, quando organizei uma viagem de regresso a Viana para todos os Vianenses regressarem de férias do Natal à hora do toque da campaínha para podermos sair de férias.
Não me recordo, se era às 8h ou às 9h. O que é certo é que aluguei uma camioneta à empresa Magalhães de Braga, falei aos colegas e todos chegámos a Viana mais depressa. Eram férias de Natal. Eram curtas e curtiam as primeiras saudades depois de umas férias grandes, de Verão.
No sétimo ano também fui a Lurdes, numa viagem organizada pelo Seminário.
Nas férias nunca estive parado, a não ser um Verão que “ferrado” pela mosca do sono, em qualquer sítio dormia, ao ar livre, em casa ou onde calhasse. Junto ao rio para onde me deslocava com frequência com o cão bravo que o meu avô tinha a guardar a casa ou com os colegas seminaristas e os amigos da terra. Organizei e participei em jogos de futebol com jovens de Darque e Mazarefes, junto à Pontelha do cruzeiro de S. Simão. Organizei e participei em teatros. Um dos cenários foi pintado por mim e outro, mais criativo e moderno, mas pintado pelo José Amado Santos Lima.
Fizemos apresentações, as primeiras no salão paroquial que o Pe. Eusébio tinha posto à disposição. Mais tarde aparece a Casa do Povo com outras condições e com a colaboração do Sr. Agostinho Paulino, presidente da referida Casa do Povo de Mazarefes e Vila Fria, começaram a organizar-se lá. Logo apareceu depois das primeiras apresentações o Dr. Francisco Pitta a colaborar e a encenar algumas peças mais arrojadas e verificou-se como em Mazarefes, as pessoas gostavam de teatro e havia bons artistas.
Quanto a viagens, organizei depois uma ao estrangeiro, a Paris, Milão e Roma em 1973. Em 1974, fui fazer camping com o Pe. João Oliveira e com o Sr. Nogueira, pai do colega de curso Pe. Fernando Nogueira, de Paredes de Coura.
Organizei com os paroquianos de Dem e Argas outra para o Sameiro, Braga e Guimarães. Em 1979, numa viagem de grande arrojo, em camioneta, para Lourdes e Andorra. Contactei os hotéis e a camioneta fiz admissões e lá partimos. Nesta viagem o Senhor António Correia Vieira, um veterano organizador de viagens em nome dos Bombeiros Voluntários, aproximou-se de mim e perguntou se queria colaboração pelo que não recusei e tive uma grande ajuda dele, não só nessa, mas em muitas outras em que continuou a ser um braço direito quase até à morte.
Viana muito deve a António Correia Vieira que através dos Bombeiros Voluntários conheceu bem o país e a Espanha.
Depois os dois fomos mais longe. Palmilhámos a Espanha em autocarro e, de novo, todo o país.
Em 1983 organizo eu só uma viagem também a Roma de avião e camioneta.
Na primeira viagem procurei casas religiosas o que aconteceu em Milão, em Pádua, Veneza, Florença, Assis e em Roma. No entanto, em Milão a vida complicou-se...
Nessa altura recorria a um guia indicado por uma agência de viagens e pagava-se 50 contos por dia, entre as 9 e as 17h. Fora dessas horas eram horas extraordinárias. Nessa viagem participou o Pe. Dr. José Lima e o Pe. Sebastião Ferreira, para além de muita gente conhecida e professores do Liceu.
O amar e hipotecar a Vida
Ser cristão hoje é fazer a experiência do dom de Deus que se autocomunica a cada um de nós em Jesus e pelo seu Espírito, chamando-nos à existência e oferecendo-nos um sentido, uma esperança e uma proposta da vida de acordo com a dignidade de um filho de Deus.
Isto traz-nos a responsabilidade de não ter medo do que somos e termos uma vivência de fé como resposta a Deus. Talvez tenha sido um erro o Edito de Milão, naturalmente, feito cheio de boa fé com a conversão do Imperador Constantino. A vida dos cristãos tornou-se mais fácil e a Igreja deve ter começado a corromper o verdadeiro espírito inicial, e assim como através dos tempos, dos mais variados modos. O espírito das primeiras comunidades esvaiu-se de sentido. Foi por isso que nasceram, nessa altura, os eremitas, os anacoretas, o monacato, para não fugirem às regras do amor que vinham vivendo os primeiros cristãos. Não é fácil ser cristão, e se alguém sente que isso é muito fácil é porque não é nada. Hoje, para ser cristão tem de se “hipotecar a vida, a começar pelos bispos, pelos padres e pelos leigos” (de Gerardo Ramos, S.C.I., in Histórias e Preparativos de las ideias teológicas). Todos temos esta responsabilidade. Não se trata de fundamentalismo ou exagero. Ao ler a encíclica do nosso Papa Bento XVI sobre o Amor, verificamos que o Concílio Vaticano II tinha um objectivo de voltarmos às origens, mas tanto leigos, como padres, como bispos continuamos a trabalhar numa pastoral ultrapassada, aquela pastoral em que o padre ou o Bispo faz tudo e os leigos são chamados à comunhão e à responsabilidade, mas como um dia ouvi dizer “ a corresponsabilidade e a comunhão dos leigos consiste apenas em ir à missa, a chegar à igreja e ajoelhar-se, sentar-se, ouvir e meter a mão no bolso para dar uma esmola no ofertório da missa”.
Um dia, um bispo disse “que o capital e a igreja não se davam bem”. É verdade que o Amor, “Deus é amor”, como o Papa Bento XVII nos fala, baseando-se em palavras de S. João, é mais importante na Igreja do que o material.
Ser pastor na igreja, isto é, ser membro da Igreja, seja qual for a sua situação, o seu ministério, não é preocupar-se tanto com o capital. A igreja é a igreja dos pobres, é a igreja da comunhão, a igreja de partilha, da solidariedade, da corresponsabilidade que o Concílio Vaticano II tanto vincou.
Não nos admiremos, por isso, que os jovens nos fujam porque eles são mais generosos e vêem a igreja de Cristo, mas não vêem a igreja dos homens cheios de fragilidades próprias da sua natureza. E o testemunho vem de cima, dos pais, dos padres, dos bispos e de todos os que se apresentam como leigos responsáveis de Cristo.
É por isso que quando um cristão tem o coração cheio de Amor de Cristo, só quer dizer que tem todas as ferramentas necessárias para se poder salvar e viver numa Igreja Nova e renovada; uma nova evangelização sem uma mudança interior em relação à materialidade da vida, pode ser a contradição do afastamento de muitos e a procura de grupos onde a experiência vivencial do Espírito os faça mais felizes...
Voltando à encíclica que nos leva a tirar a conclusão que a justiça não se faz sem amor e o amor não existe sem caridade, como a caridade sem amor não é nada, faz-nos olhar para dentro de nós e observarmos que, sem fundamentalismos, temos de ir andando, que já devíamos ter andado mais depressa com o espírito dos documentos do Vaticano II. Temos que olhar para a igreja que somos e temos. Há que começar a dar o exemplo a partir de nós, a partir de dentro. Onde vai a caridade ou o amor para com os recasados, os divorciados, os padres que deixaram o exercício das suas ordens,etc?...
Qual é o amor que testemunhamos aos de fora, em relação àqueles que professam religiões diferentes?...”Deus é Amor”, onde está o Amor escrito com letra maiúscula?...
A primeira encíclica do Papa é uma esperança muito grande, uma porta aberta, mas a caridade e a justiça dentro da própria Igreja é algo importante que falta. Precisamos de voltar às origens e alguns nada querem fazer por isso.
Difícil será ir mais longe, de facto, se não “teremos de pôr as barbas de molho”. Hipotecar a vida pela fé é o que nos espera...
P.C.
Confessar-me a um Padre?
É mais fácil dizer “confessei-me a Deus”. O que é mais fácil é o melhor ! Sempre tive a impressão de que os atalhos, às vezes não são os melhores caminhos para chegar onde queremos. Neste caso, dou como certo que atalhos destes falham!
Muita gente interroga-se hoje, talvez por influência do protestantismo, do agnosticismo ou do ateísmo, que o homem não tem que se confessar a ninguém.
Nosso Senhor bem sabia das necessidades do Homem em todos os tempos. Por isso ordenou que a confissão fosse um sacramento pelo qual se recebia o perdão ou não dos pecados.
Hoje há menos pessoas a praticar a confissão ou o sacramento da Penitência, mas há mais gente a procurar o psicólogo, o psiquiatra, a bruxa ou o bruxo, a procurar refúgio em alguma religião ou em algum deus que lhe dê resposta subjectiva aos seus inconscientes problemas que lhe vêm do mais fundo da alma e que os atrapalha, às vezes, fazendo que tais problemas arrastem consigo outros relacionados com a saúde.
O homem é corpo e alma, é matéria e espírito. O corpo precisa da alma, assim como a matéria precisa do espírito para o equilíbrio, para a harmonia. Se não houver esta harmonia entre o que é o homem no plano horizontal e no plano vertical, há desequilíbrios que trazem consigo as suas consequências. Nem o homem pode estar só agarrado à terra, nem andar só pelas alturas, assim como não pode considerar-se uma ilha no meio da humanidade e da natureza.
O desabafo, o falar do que lhe vai na alma ou no espírito com alguém de carne e osso igual a si mesmo, apenas com uma coisa diferente... o padre foi chamado a exercer um ministério sagrado em nome de Deus e não em seu próprio nome e este encontro traz paz de espírito, bastante tranquilidade.
O homem fala com Deus e deve-o fazer, mas precisa de sinais e esses aparecem como mais sensíveis se eu ouvir a voz de um padre, a voz de alguém que, em nome de Deus, em que acredito, me dá alento, aconselha, me abre caminho, aponta uma luz ainda que seja no fundo do túnel e manifesta o sinal do perdão, fico com mais coragem para continuar a falar com o Deus que me ama e sempre está disposto a perdoar.
O Padre pode ser um pecador porque é um homem, por isso, também ele se confessa, assim como os Bispos e os Papas. Ninguém pode ter dúvidas desta necessidade comum a todos os homens de boa vontade que procuram o bem, a perfeição...
Confessar-se ao Padre é um bem que só traz saúde e uma vida espiritualmente bem equilibrada e tranquila em relação a si mesmo, e em relação aos outros.
P.C.
Os Bigodes, as Barbas, os Cavanhaques e as Suíças
O Bigode era uma espécie de canário em Angola. Bigode ou “quinau” era um acto correctivo segundo um autor antigo.
No entanto para aqui o bigode é também o nome dado ao pêlo facial humano localizado entre o nariz e o lábio superior da boca que toma vários feitios. Só os animais nascem com bigodes sempre no mesmo sentido e com uma função muito prórpria, mas o homem não precisa dele. Deus , no entanto criou a naturezaa assim e tudo tão bem feito, mas só o homem com a sua inteligência é capaz de arranjar ou não, um nome para o bigode e, consciente ou inconscientemente, utilizá-o para enfeite ainda que seja para dizer que é refilão (muito grande a crescer para os lados tipo guiador de bicicleta ou maroto ( pequeno e baixo ) .
Aparecem assim o bigode à Kizer, isto é, cumprido e puxado para os lados retorcido para cima; um bigode à Chaplin, como aparece no cinema, na peça do “Vagabundo”; um bigode ao longo do nariz e cortado a nível do lábio superior, ou como o bigode de Charles de Gaulle muito semelhante ao anterior; ou à Adolf Hitler baixo, e aparado de todos os lados; ou à Einstein, o homem da teoria da relatividade, com um bigode farfalhudo em toda a sua extensão virado para baixo até cobrir o lábio superior, como uma opa.
Antigamente ter bigode, pêra, barba, suíças, cavanhaque era sinal de respeito e de crédito. Um peleiro do bigode valia por um tratado, uma “palavra de rei não volta atrás”. Ainda hoje no mundo islâmico o varâo de maior idade que não tenha bigode é sinal de falta de masculinidade e de carácter. Há várias espécies de bigodes como já verificámos: os retorcidos para cima até os elevar ao nível das orelhas; os retorcidos para baixo até ao nível do pescoço; os bigodes aparados, puxados, um pouco elevados como os “ cornos duma vaca galega”; o “bigode” à Hittler, à Chaplin, à Einsten, todos eles mais aparados e mais pequenos, o mais corpulento, ou parfalhudo “ “tipo vassoura” era o de Einstein “bigode de sopa” naturalmente a bigodeira que cobre o lábio superior e os cantos da boca; o bigode à “Schauberg” com tufos grandes para os lados do rosto. O bigode chinês, tufos cumpridos a cairem pelos cantos da boca. A “mosca” um tufo nascido entre o queixo e o lábio inferior.
Ter uns bons bigodes é ser varonil e “trelar os bigodes” queria dizer contrair casamento. Aos bigodes retorcidos também se lhe chamavam bigodes de arame.
A barba diz respeito a todo o pêlo que nasce nas faces ou no queixo do homem e por baixo do lábio inferior. Cortar a barba ou rapar a barba é “fazer a barba” popularmente falando, mas fazer algo nas “barbas de alguém” é fazer na frente de alguém, assim como “pôr as barbas de molho” é precaver-se de algum perigo, e “de barba tesa” é corajoso, resistente...”já tem barbas”, isto é, muito antigo.
As barbas eram deixadas crescer por todo o rosto com o bigode. Outros utilizavam só a continuação das suiças dos lados da face. Havia também quem usasse só a pêra. O cavanhaque era a barba crescida e aparada em ponta no queixo, vem do francês Eugène Cavaignac que assim as usava.
A pêra era uma pequena porção de barba de contornos bem delineados ao gosto de cada um, ou ao jeito do seu proprietário que cresce no queixo e lhe dá a forma.
A Igreja parece que nunca viu bem as barbas e os bigodes; só os Missionários tomavam a liberdade de os utilizar e, quando antigamente se via um padre com bigode ou com barbas, era identificado logo como um Missionário.Dois anos depois da II Guerra Mundial aparecem em Viseu missionários italianos simpáticos,de crucifixo à cinta e de grandes e farfalhudas barbas ou “cavanhaques”. Eram os combonianos.
Aos militares também era proibido o uso destes enfeites. Possuir uma barba ou umas barbichas em algumas épocas tornou-se rebeldia, sobretudo antes do 25 de Abril. De facto, a barba bem feita dá uma agradável sensação de frescura e leveza no homem. No entanto é verdade que em muitos casos a presença de qualquer tipo de arranjo do pêlo da cara em alguns rostos até fica muito bem e é sinal de virilidade... apenas às vezes a seduzir as mulheres.
Não é desonra nenhuma ser homem com pouca barba, ou com nenhuma ou muito rara. É uma questão genética, uma questão de hormonas , mas nunca é só pela barba que o homem se define, assim como a mulher. A distribuição capilar depende de algo que não interessa para aqui. Não fiquem “os pelados” humilhados, nem desgostosos porque também há mulheres com barba e são mesmo mulheres, não são homens. O que diriam também os carecas, os calvos. A calvíce depende de muitas situações que têm explicação...
Segundo Theodoro Barbosa houve um tempo em que “o fio do bigode e a palavra dada valiam tanto ou mais do que uma escritura”. Com o mercado de capitais, começava a ser implantado o modelo de mercado financeiro segmentado e as instituições pediam ao Banco Central permissão para abrir companhias de crédito...” Assim foi abolido o valor do fio do bigode e aparece a vergonha na cara para se livrar de alguém lhe partir a cara “diante de um cara-de-pau”.
A barba sempre foi avalista da palavra. É que o rosto inteiro, a que se lhe chama cara, valia muito mais. A vergonha está na cara toda e não no fio do bigode, da pêra, das suíças ou da barba em geral. O envergonhado normalmente esconde a cara com as mãos...
Já no século XIII aparecem as palavras “barba”, “cara”, e “vergonha”. O bigode veio mais tarde no século XV e não sei dizer qual a sua origem etimológica. Será de “bi god”, em alemão, “por Deus”? Parece que já vi isso em algum lado... e se valia uma escritura era como um juramento por Deus: o que está, está e...mais nada.
Cara vem do latim “cara” (rosto, face), ou do grego “Kara” que significava cabeça e não apenas o rosto ou a face. Os antigos romanos segundo Dionísio da Silva tinham reduzido “cara à metade da frente da cabeça, embora adorassem um Deus de duas caras, Juno, que não tinha nuca, apenas dois rostos, um que olhava para o futuro e outro para o passado.
Vergonha vem do latim verecundia. “Veritas” era verdade porque “vera” é verdadeira e “verus” verdadeiro. “Levas nessa cara”. A cara, no Brasil, “o Cara” significa a pessoa. Tu és um “cara de tacho” diz-se por aí no meio popular e também se diz “quem vê caras não vê corações.
De facto um indivíduo só pode ter uma cara. A propósito do bigode farfalhudo e autoritário ainda utilizado por Einstein e Saddam, ou o de Hitler como indício de poder. Mas os bigodes podem dar outra expressão ao rosto, como a ternura, a simplicidade como o de Chaplin ou zombeteiro como o de Einstein. No entanto o império do bigode, da barba, da suíça e da pêra pelos meados do século XX começou, pelo menos na nossa região, a desaparecer.
É vulgar. Ver-se com frequência agora gente com “barbas de três dias”, isto é, com barbas aparadas e curtas ou com os mesmos enfeites de outros tempos.
Ainda conheci pessoas da família como o José Rodrigues de Araújo Coutinho, o Alexandre de Araújo Coutinho, irmãos, em Mazarefes e os meus avós. O Alexandre era meu bisavô . Sempre o bigode na área do desporto era sempre peça algo notável.
Bigode tem muito que se lhe diga porque pode às vezes ser tomado com significações diferentes, para não falar em mais, lembra-se dos bigodes do vinho tinto que deixava à volta dos lábios depois de o beber pela tigela como se fazia antigamente. “Bigodes há muitos”.
Grandes homens da história usaram grandes barbas, grandes bigodes e grandes suíças.
Já houve tempo que usar destes adornos será talvez motivo, em muitos casos, de desconfiança, mas, mesmo assim, há campeonatos de bigodes e de barba na Alemanha com mais de 150 candidatos de sete países. Há Associações de bigodeiros, como por exemplo o primeiro que surgiu em Portugal foi o de Gouveia.
Continua a história do Barba-azul, do barba rija..., mesmo em Portugal há encontros de bigodeiros.
Também o apelido Barba existe desde o tempo de Afonso Albuquerque e não será difícil descobri-lo ainda em Goa...
Todo o homem gosta de ter barba, e, agora, de a cortar ou se lhe ficar bem... dar-lhe a forma que entender. Nenhuma mulher gosta de a ter e então a corta ou faz depilação...
Arma
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