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sábado, 16 de maio de 2009

Cestaria-Mazarefes-Como se faz um cesto

CESTARIA DE MAZAREFES

Ainda não há muitos anos, havia, no concelho de Viana, cesteiros em quase todas as aldeias.
Cremos que alguns destes centros de tal artesanato se encontrem hoje extintos.
Em Mazarefes existe uma grande família de afamados cesteiros que pratica arte desde tempos imemoriais: os Galhofas. De pais a filhos todos são cesteiros e bem exímios, diga-se sem lisonja, a tal ponto que os seus produtos figuraram já em diferentes exposições em Lisboa e já vieram à sua oficina as câmaras da televisão Portuguesa que filmaram várias fases da confecção dos cestos.
Antigamente, como todos os cesteiros, os Galhofas apareciam nas feiras para vender cestos que para tal lhe apareciam. Andavam também por casa dos lavradores que lhe solicitavam o trabalho.
Hoje, porém, os dois irmãos Galhofas trabalham em casa, numa melhor organização de trabalho.
Têm a oficina num desvão do coberto. Trabalham sentados no chão sobre uma espessa camada de fitas de madeira e com o cavalete entre as pernas.
O cavalete é uma prancha de madeira de que apoiam no chão e encostam superiormente a uma mesa velha. Os seguintes apontamentos foram-me enviados pelo amigo Artur Coutinho,

CESTOS DE MAZAREFES
Ferramenta:
Cutelo – para lavrar a madeira. Pudinha – para limpar fitas e talas. Furador – para bordar o cesto. Navalha de tessumo – para fazer o tessumo, isto é, fitas com cerca de dois milímetros de largura para tecer os cestos finos ou também chamados «de noiva». Achassó – para acamar as talas do fundo, fundar o cesto. Foice – para rachar a madeira. Mascoto – para a achassó. Usam também o cavalete composto de unha e cunha.

Material:
Castanho, salgueiro, loureiro, mimosa e austrália.



Dicionário do Cesteiro:

Tala – é cada uma da peças que forma o fundo cesto e a altura antes de tecer.
Fitas de tecer – é cada uma daquelas fitas que se entrelaçam na altura do cesto.
Fita de coser – é aquela que cose o bordo do cesto.
Fita de bordar – é aquela fita que passa em volta do bordo.
Cinta – é a primeira fita a contar do fundo do cesto.
Tomadeira – é a fita que segue por cima da cinta.
Cápia – é um caveiro que se coloca por fora do bordo propriamente dito para que seja mais fácil bordar.
Bordo – é uma peça redonda colocada por dentro e junto à cápia.
Tala – dão principalmente este nome à que está ao centro e que costuma ser mais larga.
Parelhas – Costumam dar este nome às outras talas porque são colocadas aos pares no fundo do cesto.
Caveiro – é a parte de fora da madeira isto é, uma tala que só foi rachada por um lado.
Cruzeira – é uma das talas centrais rachada em toda a altura do cesto e onde as fitas de tecer se cruzam. Está aqui o segredo do cesto.
Asas – semi-arcos para pegar no cesto.
Arqueira – Arco de uma cesta.
Asa redonda – Costuma ser a do cesto rústico.
Asa redonda – costuma ser a do cesto.
Asa enxadrezada ou repassada – aplica-se no cesto de noiva.

Medidas do fundo:

Estas medem-se de canto a canto em quadrado.

Medidas da altura:




Medem-se do canto ao bordo.
Qualidade M/fundo M/altura Preço
Cesto de 3 alq. 46 cm 20 cm 60$00
Cesto de 2 alq. 40 cm 16 cm 50$00
Cesto da vila 36 cm 11 cm 50$00
Cesto de noiva 30 cm 9 cm 150$00
Cesto de páscoa 26 cm 8 cm 120$00
Cesto de lav. 29 cm 15 cm 30$00


Estes apontamentos foram tirados na cestaria Zé Galhofa de Mazarefes.

Como se faz um cesto?

Em Janeiro e Dezembro corta-se a madeira: castanho ou salgueiro. Corta-se nestes meses porque a madeira, neste tempo, perde o vício. Traça-se a madeira e aquece-se ao lume. Depois racha-se com uma foice no mês de Março. Tem de ser rachada com sol para que a madeira fique branca. Antes de fazer o cesto demolha-se a madeira durante 12 horas. Na ocasião lavram-se as talas do fundo com o cutelo no cavalete. É limpa a madeira com a achassó e mascoto.
Urde-se o cesto da seguinte maneira:
Em cima de um estrado 2 parelhas centrais ladeadas por mais duas (uma de cada lado). Colocam-se mais duas talas: uma de cada lado e a seguir 2 caveiros, um de cada lado também. Entrelaça-se horizontalmente: uma tala central, a mais larga de todas; 3 talas de cada lado desta, sendo uma mais larga e as outras duas menos largas; e um caveiro de cada lado.
Levantam-se as talas com uma corda. Começa-se a tecer o cesto com uma fita que se chama cinta e é a primeira a contar do fundo do cesto. A seguir a esta leva a tomadeira. E finalmente as restantes fitas de tecer.
Depois de tecido é parelhado com a cápia e o bordo. Esta parelha é bordada com fitas de coser e com o furador.
Colocam-se as asas, limpa-se, lixa-se e prega-se.

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