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sábado, 17 de outubro de 2009

As encruzilhadas da Vida

As encruzilhadas têm uma significação pejorativa dos cruzamentos ou entroncamentos desde o culto dos Celtas. Os Celtas tinham muito medo dos espíritos maus que andavam pelo mundo e apareciam de noite para não serem vistos. O aparecimento destes espíritos dos antepassados falecidos, era um problema que ainda se mantém supersticiosamente em algumas regiões.
Portanto, tudo o que eram travessias, cruzamentos e entroncamentos ou bifurcaçôes era um problema para a noite.Nesse tempo, acendiam nos cruzamentos, em púcaros, umas fogueirinhas para arder de noite e essas “almas penadas” não se enganassem no caminho. Os vivos não andavam muito de noite, só o necessário, em grupo, quando acontecesse assim, como os vivos que tivessem de fazer viagem nocturna, pois a troca do caminho, era entrar numa encruzilhada que podia não ter retorno, ou encontrar-se com um espírito que o levava.
Ainda era assim no Séc. XIX e até meados do Séc XX, pois havia a crendice que as feiticeiras, ou esses espíritos dos caminhos em formas humanas ou animalescas que, ao aproximarem-se as pessoas, estouravam ou apenas desapareciam e todas ficavam assustadas.
Não se tratava só nos caminhos, mas também nas travessias de rios, ribeiros ou riachos e por baixo das pontes. Na Serra d’Arga havia há 36 anos e, ainda em muitas zonas existia a tradição de os funerais ao chegar a um cruzamento ou entroncamento haver uma paragem para o padre rezar num responso pelo defunto, assim como usavam toda a cautela para seguir, no jornal, seguindo o caminho, do funeral, utilizado pelo defunto quando em vida ia à missa, ou à Igreja.
As encruzilhadas vêm do medo do escuro, das trevas, da noite. Era eu criança e ouvia coisas, me causavam curiosidade as quais muitas vezes de noite me arrojei sair de casa para ver se descobria alguma delas, como o Lobisomem, algum espírito, alguma procissão de defuntos e era adolescente quando o meu pai me deixou ir sozinho às quatro horas da manhã ao cemitério.
Entrei e fui colocar a mão na parede do fundo, voltei para trás e nunca os meus ouvidos ouviram nada de anormal, nem os meus olhos viram algo que não pudessem ver na noite mais ou menos clara de lua cheia.
É por isso que nunca tive medo mesmo na Serra d’Árga, onde, quando lá cheguei em 1972 enfrentei a noite Arga de Cima a Dem e Dem a Arga de Cima, sozinho, 10 quilómetros, às 23 horas, às 4 da manhã.
Só tinha medo dos vivos. Nem do lobo que o apanhei na estrada três vezes, na Arga de Cima, outro na Arga de São João e outro em Dem no meio da povoação com uma galinha na boca, sobre as 24 horas entre o Sábado Santo e o Domingo de Páscoa em 1977.
Mas as encruzilhadas agora são outras. Sempre ouvi dizer que “quem se mete por atalhos, mete-se em baralhos”. São as tais encruzilhadas, o facto de sair do verdadeiro caminho. As encruzilhadas da vida são todas as contrariedades que ao longo dos tempos aparecem, são também as “alhadas” que devemos evitar porque são problemas normais, mas que temos de os resolver.

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