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sábado, 3 de outubro de 2009

O Marginal e o seu funeral

O Túmulo Aberto

Um amigo, certo dia, foi convidado pelo cangalheiro a ir tocar flauta no funeral de um dos sem-abrigo.
O cangalheiro queria presenteá-lo com uma música fúnebre, mas alegre. Foi marcada a hora e o dia. O tocador gostou da ideia, mas ficou surpreendido.
No entanto, prometeu e foi. Só que pelo caminho se atrasou e quando chegou ao cemitério só encontrou 2 homens que estavam a comer um lanche sentados e a conversar.
Aproximou-se dos enterradores e terão dito: o funeral já foi. Aproximou-se mais e pediu licença viu o túmulo aberto e a urna lá no fundo pronta para levar terra por cima. O tocador puxou da flauta e começou então a tocar de tal modo que os enterradores calaram-se, deixaram de comer, estavam tão atentos que se emocionaram até chorarem.
O morto de tendência religiosa protestante percebeu naturalmente que “o Senhor é meu pastor e nada lhe faltaria”, o que não teve em vida, teve-o no funeral... uma festa que continuaria no céu.
O gaiteiro, ou flautista, apertou cheio de afecto as mãos aos enterradores e foi-se embora.
Depois a caminho do carro ainda ouviu os enterradores dizerem que coisa esta... nunca vimos coisa assim, nestes 20 anos de serviço.

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