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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Boca amarga ou amargos de boca

“Amargos de Boca”
Quem nunca teve amargos de boca? Aliás, a vida é feita de amarguras e desamarguras, ou não é verdade?...
Há “amargos de boca” muitas vezes, sobretudo, se a vida que levarmos não é verdadeira, nem é vivida com ideal transcendente, com um objectivo bem firme. Não há que vacilar, não podemos ser “cana agitada pelo vento”, caso contrário, seremos bons políticos, teremos poder de influências, poder económico, mas nada disto deixará de trazer muitos “amargos de boca”.
O “amargo de boca” é sempre algo de desagradável, não desejável, é amargo, azedo, ácido, pode ser problema vesicular, renal ou algum refluxo de estômago, mau funcionamento digestivo. Estes amargos são possíveis e, se são regulares, têm de ser sujeitos a diagnóstico médico. No entanto, a expressão “amargos de boca” tem mais a ver com as amarguras da vida, a cruz que carregamos, os sofrimentos e as dores que nos acompanham. Ora estes amargos podem ser “dor de alma”, “dor de corpo”, dor da cruz que arrastamos no dia a dia do nosso viver, das arrelias e desgostos que nos acompanham e se intercalam com as alegrias e os prazeres da vida, da salivação estressada que faz secar a boca, a garganta e nos torna agressivos ou saciados da sede, alegres e expansivos.
“Amargos de Boca” podem vir das intrigas, da falta de lealdade, da infidelidade aos compromissos... é que, no fim, nunca basta o reconhecimento do erro.Não basta que eu peça desculpa quando já não posso dar vida nenhuma. A minha consciência há-de trazer, por vezes, as amarguras ou as angústias das consequências do erro que cometi, e não tem mais volta a dar. Assim também há amargos da boca para quem ganha e para quem perde o campeonato, a taça, regional, nacional ou internacional, sempre ficam amargos numa derrota, como numa vitória pouco clara. É por isso que sempre devemos pedir a Deus que não nos deixe cair nos erros.
É bom esquecer o mau passado, é bom esquecer a dor do presente, ainda que ela insista, mas com a ajuda de Deus, seremos capazes de vencer todos os “amargos de boca”, sejam eles quais forem.
O nosso Deus é sempre um Deus de bondade e de misericórdia. Se não quiseres, amigo, ter amargos de boca, abre-te à graça de Deus, abre-te com o teu irmão, com o teu mais íntimo, e partilha com os outros, não fiques só para ti com as amarguras, angústias ou dores, pois assim te será mais fácil levar a cruz ao calvário.
Olha para a Senhora das Angústias, para a Senhora das Amarguras e para a Senhora das Dores, enfim, para Maria ao pé da Cruz e verás que há outros amargos, e outros irmãos ao nosso lado com as mesmas aflições, ou mais amargas talvez do que as tuas.
“Amargos de Boca” é trair alguém, ser injusto, fazer da cabeça cabide para chapéu ou boné, em vez de pensar, reflectir ou andar muito bem “parecido”, bem apresentado e com boa disposição, mas por dentro haver só podridão, poço de ódio, de ressentimento ou como Jesus chamou “sepulcros caiados de branco”; somos exigentes para os outros e a lei está acima da pessoa e do amor, como se ela tenha sido feita antes da existência do homem.
Há “Amargos de Boca” que nunca terão solução nem diagnóstico espiritual, moral ou físico possível, para sermos curados, sobretudo para os que vivem na obstinação.
Os “Amargos de Boca” que sinto são fases estranhas da vida do dia a dia, amarguras de dor que se transformam, muitas vezes, em formosuras, quando consigo vencer, porque tenho a certeza que o meu Deus não me quer uma flor murcha no paraíso terrestre, mas sim bela, dinâmica, criativa, contemplativa, no caminho que devo fazer até à vida celeste, onde tudo será felicidade, ternura e doçura eternas.

Aliquis

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