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sábado, 11 de julho de 2009

A fé é meio caminho andado para vencer

Acreditar em Deus é bom


A fé em Deus é algo fundamental na vida de qualquer doente porque o ajudará a elevar-se espiritualmente através do sofrimento, não porque é masoquista, mas porque as virtudes da fé, da esperança e da caridade estão mais presentes, mais inter-relacionadas e darão outra visão mais positiva da vida à pessoa.
A visão espiritualista da vida se ajuda a qualquer doente, muito mais a um doente que pode chegar ao desespero, à falta de estima pela vida, que reduzida apenas ao material, então não tem razão de existir, de ser para a qual não resta mais que pôr um ponto final.
(Torre da Igreja de Mazarefes)
É que não há respostas fáceis para a dor, para o sofrimento, mas há percursos que nos são ditados pela fé, pela raxão e pelo coração, que ajudam a encontrar o equilíbrio e a esperança, como uma bússula na imensidão do mar nos a direcção a seguir para um porto seguro...vamos fazendo caminhada e cada vez que vamos andando vamos descobrindo novos significados, novos sentidos para os novos problemas. Nós não podemos caminhar como que para o destino, ou para a fatalidade. Nem acusar que Deus não nos atende. Caminhamos e fazemos caminho ficando, muitas vezes, apenas com a esperança no mistério em que, na era do computador, até Deus se encontra tão ocupado com o seu computador que também pode ir ao ar...mas continuamos a esperar e a acreditar que algum dia temos resposta eficaz. Santo Agostinho dizia que a oração era a força do Homem e o lado frágil de Deus. Ela é a histíória da nossa vida na relação com o Pai.(Cf. “Porquê justamente a mim?” de Arnaldo Pangrazzi.
Um fibromiálgico tem forçosamente de acreditar em algo transcendente, absoluto a quem adere, se sujeita por amor e, por amor, orienta toda a sua vida.
Isto ajudá-lo-á a controlar-se e, quando tiver a consciência de que atingiu o contolo da sua dor, é porque já descobriu comportamentos que assumiu e os tem como prescrição médica porque o controlo é mais “meu” do que do médico, ele só ajuda a dar a volta às dificuldadades, a passar por cima, a abrir caminho para o nosso próprio controlo...às vezes ouve-se dizer que “cada um é médico de si mesmo” e tem a sua lógica na medida em que só com a ajuda dele, vai colaborando e fazendo descobertas pessoais que ajudarão, ao mesmo tempo, também o médico. Há um ditado antigo que “ao Padre, ao Médico e ao Advogado, nunca se mente”
De modo que, sendo assim, conservará sempre uma esperança e guardará uma nova força para vencer as dores, as dificuldades que esta doença arrasta consigo em relação à qualidade de vida.


(PADRE ANTÓNIO QUESADO, o Padre que ne baptizou)


Terá em conta que “a vida é um tesouro que é preciso conservar e promover sem a desvirtuar” (Cf. o mesmo documento dos Bispos) e se necessário for, valermo-nos de tudo o que é científico para darmos a uma vida manchada pela dor uma qualidade superior com alegria, sem desespero porque o discípulo não é mais que o Mestre.
É que o sentido ético do trabalho cristão tem em si um objectivo escatológico, por isso nos primeiros capítulos do Génesis aparece o homem em acção como responsável pela criação a que tem de levar a um termo feliz mediante o trabalho realizado.
Sempre deve dar uma ideia de que quem acredita tem esperança que o Senhor é capaz de nos curar...e “a felicidade está mais no dar no que receber”.
Não é por acaso que todas as religiões, e os responsáveis também reconhecem que há urgência e necessidade absoluta de um maior acompanhamento espiritual nos hospitais junto dos doentes porque os ajuda de uma forma diferente do psicólogo.
Para mim Cristo viveu o mistério da dor, do sofrimento até ao máximo, ou para além do máximo, que um ser humano pode suportar, e não por Ele, mas por toda a humanidade, daí que o recurso à oração e o deixar-se cair nas mãos d’Ele, a aprender a conviver com a doença, reconhecendo que a cruz do sofrimento se transformará em cruz de glória... até se aceita melhor a nossa fragilidade, as nossas fraquezas, experimentamos também até onde o sofrimento nos pode levar na companhia dos amigos, da família, da comunidade, do médico e do confessor e no fim de tudo só há uma coisa que nos resta é saber que Deus é Amor, como diz S. João e o que espera de nós, é uma resposta de amor.

(COMUNHÃO SOLENE)
Cristo afirmou que Ele era o Caminho, a Verdade e a Vida; e a busca desta Verdade será o caminho que conduzirá mais facilmente a uma vida nova e “encontrar Deus é procurá-lo” dizia S. Gregório de Nazianzo. Às vezes os doentes tratam-se mais depressa quando são bem assistidos e acompanhados pelas famílias. O médico e o outro pessoal é tão necessário, e com todos os cuidados humanistas, nunca satisfarão plenamente os doentes como aquilo que lhes toca no mais íntimo do seu ser, como seja a fé e a família. A família conhece a fé. Descobrir o que se tinha perdido ou esquecido é estar iluminado com uma nova luz: “Procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”, diz Lucas, no capítulo 11 do seu evangelho.
Ser fibromiálgico não é estar condenado à morte, nem é maldição divina; apenas pode ser um “mimo” de Deus...quem sabe se para provação da nossa fé...medir as nossas forças espirituais quando somos aparentemente valentes e fortes fisicamente...o nosso Deus é um Deus de Bondade.
Nós é que criamos labirintos e mantemo-los dentro de nós e com isso perdemos as nossas origens, de onde viemos, o que fazemos nesta terra e para onde vamos...olhamos mais para o exterior e esquecemo-nos do mais importante que é o interior, olhamos mais para as fantasias do que para o essencial. Fazemos inversão de valores; perdêmo-nos enquanto não nos encontrarmos... e a família é capaz de chegar mais depressa, onde os outros ficam mais aquém. A família conhece muitas vezes os nossos escaninhos e sabe trabalhar-nos melhor para nos levar onde faz falta.
Vamos ter sempre presente que o trabalho nos dará felicidade quando pudermos trabalhar...e o repouso também nos dará satisfação quando faz falta para voltarmos a fazer algo...
As nossas enfermidades são muitas. Se não as curar todas é porque alguma coisa podemos ir fazendo neste mundo, como remissão dos nossos fracassos espirituais...
A nossa vida surgiu das Suas mãos quer no corpo, quer na alma, e porque nos quer obras perfeitas, dar-nos-á sempre a força, a coragem, a paciência e a paz para vencermos as dificuldades...n’Ele, só nos resta pormos a nossa confiança para além do céu e da terra...A Ele só isto não serve, claro, para me desculpar de alguns maus procedimentos meus. Nem quero pensar nisso. É possível apenas que isto aconteça, mas quando...talvez já me tenha acontecido!...
Sinto-o com mágoa, mas ao mesmo tempo com coragem para saber pedir desculpas ao meu semelhante que não tem culpa das minhas infelicidades...
Ele é médico do corpo e da alma. Foi Ele que, Homem das dores, carregou as nossas fraquezas e assumiu os nossos sofrimentos. Em tudo quis ser semelhante a nós para revelar a Sua misericórdia infinita.
Também Ele passou pela tentação de falta de confiança no Pai: “Meu Deus, meu Deus porque Me abandonaste?!...”.
Quando afinal depois de dizer: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu Espírito” e exclamando “tudo está consumado”, Deus o fez vitorioso, vencendo a Sua própria morte.
Experimentou como qualquer um de nós as limitações da condição humana para nos libertar do medo do alto da cruz...
Dizia Carlo Martini que a doença é uma grande prova de fé; é um momento difícil de purificação. Aos sofrimentos físicos juntam-se o sentimento de inutilidade e o temor de se ser um peso. Sofre-se também a solidão. Somos assaltados pelo medo do futuro, por pensamentos que provocam a confusão e a perturbação do espírito ou a cegueira da alma.
Mais que pedir a Deus que nos cure, a Ele que sabemos que tudo pode, é importante que lhe peçamos que nos salve da morte de todos os dias em que as dores nos atormentam ou nos humilham. Dizer a Deus “perdoa-nos Senhor” porque somos tantas vezes injustos e dá-nos luz, força de vontade, para compreender as incompreensões dos outros, coragem para nos rirmos mesmo sem vontade porque o outro pode estar apenas à espera do nosso sorriso para nos entender que somos seres de relação, de proximidade e que, apesar de tudo, somos todos filhos do mesmo Deus que nos quer felizes e que, por isso, a todos dá os dons necessários para subsistir com uma qualidade de vida suficiente, para vermos as coisas de outra maneira.
Esta qualidade de vida suficiente fará com que nos envolvamos todos na fraternidade onde haverá comunhão, uma comunhão que não se compadece que o nosso vizinho tenha apenas uma folha de couve para comer um caldo, e na nossa mesa haja caldo, prato de carne ou peixe, mais sobremesa e!... É esta comunhão que nos levará a um dinamismo próprio que nos conduz à coesão social. Isto faz com que a nossa fé seja verdadeiro testemunho do Cristo vivo que hoje nós professamos e, pelo qual, queremos orientar a nossa vida.
Um bom remédio que Cristo nos deixou foi o do sacramento da reconciliação, ou seja, da penitência, a direcção espiritual para algumas soluções de problemas internos e externos. A contemplação e a meditação é outro factor que ajuda a controlar esta doença.
É claro que o médico da alma, do espírito, nunca pode pôr-se de lado, Jesus Cristo muito bem sabia que nós precisávamos deste remédio eficaz da Graça.
Esta Graça que devemos guardar como um tesouro na nossa vida e dela darmos testemunho ao mesmo tempo, enquanto procuramos remédio para o corpo que também é obra de Deus e não devemos dar sinal de tristeza ou de falta de estímulo pela vida, uma vez que somos doentes. Eu creio que os meus paroquianos hão-de gostar de me ver sempre alegre e bem disposto ainda que, por vezes, a nossa imagem seja frágil ou dê sinal de fraqueza. Os amigos mais se aproximarão de nós se observarem que, de facto, somos fortes no espírito ou na alma, que sabemos vencer e ultrapassar as nossas limitações ou pelo menos não fugindo àquilo que se pode, embora cada um de nós sabe o que pode e... quando pode ir mais longe...
Muitas vezes acontece agora que, pela falta de recurso mesmo ritualizado do Sacramento da Penitência, se vêem as pessoas a recorrer aos métodos orientais de contemplação, de exercícios próprios como a yoga ou outros, como o reik... ou então fugir para se integrar em seitas religiosas até as mais severas e dizimistas que iludem esta necessidade de o homem se sentir mais homem, mais ser relacional onde coabita o mal e o bem, e nem sempre o discernimento é tão eficaz como gostaríamos.
A nossa integridade significa uma grande responsabilidade no que se mostra e no que se faz, ser fiel a si mesmo, à família, ao outro. Só assim honraremos a nossa família, a nossa sociedade, assim como os seus deveres e trabalhos inerentes. A Religião não é nada que esteja ultrapassado, ela faz parte do presente e quanto mais presente estiver na vida do Homem, mais ela deixa de ser uma religião do medo ou do passado para ser agora uma religião libertadora que esclarece, ilumina o caminho das trevas que nos conduz às águas cristalinas que saciarão a sede do Homem para sempre.
“Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não tomeis, porém, a liberdade como pretexto para servir a carne. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade.” (Cf. S. Paulo aos Gálatas).
“Deve-se buscar uma mente sã num corpo são” ( Décio Juvenal ); “Mens sana in corpore sano”, famoso adágio latino que funciona como uma lei desde os Lusitanos, com os seus costumes, festividades, crenças e conhecimentos para equilibrar perseverantemente com harmonia e verdade a vida.
O ser humano pode cultivar o espaço do Divino, abrir-se ao diálogo com Deus, confiar a Ele o destino da vida e encontrar n’Ele o sentido da morte.
Aqui tem a sua raiz a espiritualidade e a grande razão das religiões ao jeito da diversidade de culturas.
Desde sempre foi considerado que a falta deste espaço espiritual no homem arrasta consigo a infelicidade, a doença e um erro sedento à procura da fonte que nunca é encontrada.
Acolher o espírito é acolher aquele que o habita e o encherá de luz, de serenidade e de felicidade sem fim. Cuidar deste espírito é cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que geram esperança para além da nossa morte, alimentar a braseiro interior da contemplação, da oração para que nunca se apague.
Esta posição arrastará consigo serenidade, jovialidade e simplicidade que nos ajudão a construir um olhar mais tolerante, a ver o outro, a reconhecê-lo como um irmão e a esperar da vida aquilo que ela nos pode dar, ou valorizar, vivendo positivamente, com aquilo que temos, “a tirar partido daquilo que possuímos tendo sempre em conta os sentimentos dos outros”.Cf. “Xis - ideias para pensar” de Laurinda Alves.
Não é por acaso, ou por bizarria, que muitos andam atrás das seitas e de tudo, como sequiosos de algo, que lhes falta no coração e que deixaram de encontrar na sua própria religião porque nunca tiveram talvez uma noção clara do pecado, da confissão e da comunhão porque viveram sempre uma fé infantil. E todos procuram a salvação que só de Deus vem e chegou através de Seu único Filho Jesus Cristo.
Poderia terminar fazendo a seguite oração:
Concede-me, Senhor, a coragem e a força de vontade para continuar a caminhar em frente e que os meus paroquianos me compreendam, e me completem naquilo que eu já não posso, como podia antes.
Concede-lhes, assim como aos meus superiores, luz e inspira-lhes gestos, palavras e obras de acordo com a missão que receberam no Baptismo e que superem as minhas fraquezas.

(Igreja Paroquial de Mazarefes)


O projecto do Centro Novo e da Igreja Nova é uma necessidade evidente, inegável. O projecto não é meu, é da Comunidade que todos se unam para levar até ao fim aquilo que já devia estar feito e só agora começa, como obra material e única que deixamos neste século XXI para os nossos vindouros.
Eu amo-te, Senhor, quero louvar-te pela comunhão paroquial, pela coesão à volta duma fé dinâmica, isto é, de obras com espírito e verdade, que levaram a esta coesão, a esta comunhão que nos faz família resignada e alegre, mesmo na doença, no sofrimento, na paixão, porque, aquilo que nos toque a nós agora, nos inicie para a partida deste mundo efémero e nos prepare para o encontro contigo na eternidade...
Aceita a minha pobre oferta e tem compaixão das fragilidades em que tantas vezes caio. Perdoa-me e perdoa o pecado da sociedade e também o pecado desta igreja que é pecadora e luta pela santidade, como S. Paulo dizia: “Faço o que não quero e não faço o que queria.”

( A minha Avó paterna )

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