AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um de cada vez- João Viana Filgueiras, Abelheira

Um de Cada vez

João Viana Filgueiras era filho de João António Felgueiras e de Carolina Pedro Viana, fez o curso do Liceu Gonçalo Velho e em Moçambique foi director de todas as instâncias do sector aduaneiro na “Import-Export”. Aí conheceu sua esposa Maria Teresa Malheiro e casou aos 29 anos de idade, ela deu-lhe a sua única filha Maria João, casada, na Alemanha, com Joseph Rauch e sem geração. A filha é engenheira e já trabalhou no Ministério do Trabalho cá, e, na Alemanha, trabalha como Consultora Internacional. O João era bisneto da casa que há anos se encontrava por trás da capela de Nossa Srª das Necessidades, do Passos Cambão. O João Filgueiras foi também fundador da Associação Columbófila de Viana do Castelo. Muito vai ficar sem dizer, mas transcrevemos a elegia da filha, no dia do funeral.
“Elegia a meu Pai


João Viana Filgueras

Meu pai nasceu a 3 de Novembro de 1927 como primeiro filho de João Felgueiras, um dos sócios fundadores da Fábrica de Chocolates “A vianense”.
Frequentou a escola e o Liceu, em Viana, onde encontrou muitos dos amigos que lhe ficaram pela vida fora. A tropa fez em Tavira.
Nascido e criado numa família financeiramente bem instalada, mas com rígidos e severos princípios desenvolveu desde cedo um carácter sério, disciplinado e com profundo sentimento de responsabilidade o que o levou a ter uma atitude corajosa ao longo da sua vida.
Estas características foram a mola real que o sustentou durante as adversidades da sua vida que desde cedo teve de enfrentar:
• Em criança um acidente na fábrica prende-o dois meses numa cama com as pernas dadas como irrecuperáveis. Apesar disso recuperou-se completamente e foi um dos melhores desportistas do seu tempo sobretudo no basquetebol (chegou a ser convidado, entre outros, quer pelo Benfica, quer pelo Sporting para jogar nas suas fileiras) e no Futebol;
• A morte prematura de seu pai expõe uma situação financeira crítica (venda compulsiva de todos os bens para pagar as dívidas alheias) devido à credibilidade em relação a um protegido do qual foi fiador e que se revelou muito pouco sério. Como era seu apanágio sofreu em silêncio todas as amarguras e consequentes desilusões e tomou a decisão corajosa de deixar Viana e rumar a Moçambique.
• Nesta terra desenvolveu de novo um árduo trabalho que foi reconhecido e lhe granjeou uma promissora e importante carreira profissional que viu de novo desabar como um castelo de cartas em 1974 devido á situação política do país.
• Um homem com valores bem assentes na estrutura da família por ela era capaz de tudo. Assim renuncia a uma potencial carreira no seu ramo de especialidade para não deixar Viana e os sogros com quem tinha vivido desde que casara com a minha mãe.
• Esta situação conduziu-o a uma das mais profundas crises de frustração profissionais mais uma vez, com o estoicismo que o caracterizava, suportou tudo sem queixumes. Foi o período no qual o seu hobby e paixão de tantos anos (os pombos correios) teve de virar suporte de sustento da família.
Mas não só adversidades fizeram o seu caminho pois teve o privilégio de conseguir encontrar a companheira ideal que o acompanhou e, com ele, as alegrias e tristezas até ao último dia e com ele teve uma filha. Tudo isto num ambiente de grande calor familiar no qual os sogros, os cunhados e as sobrinhas - filhas foram sempre uma fonte de grande preenchimento e alegria. Numa fase mais tardia o genro revelou-lho as alegrias de uma boa cerveja o que o levou a adoptar a cidade de Munique como “suplente” a Viana.
Apesar dos vários pequenos achaques que foram surgindo tudo superou com facilidade que deixava os próprios médicos boquiabertos. Contudo aconteceu um inesperado. Depois de várias tentativas quer em Portugal, quer em Alemanha veio a terminar os dias a esta cidade como ele desejava e dizia frequentemente: “quero morrer na minha terra!”
E assim foi papá, vieste para a tua terra onde, o teu coração cheio de amor por nós ontem parou definitivamente de bater!
No entanto o carinho que nos unis, as vivências que partilhamos, as memórias do que dissemos, ou mesmo que não dissemos mas sentimos juntos, o amor que sempre nos uniu será o que perdurará para sempre! E assim tu papá não estás nem nunca estarás verdadeiramente morto, pois só está morto quem não habita a memória de ninguém!
Até sempre meu pai”
O João Filgueiras regressou da Alemanhã num avião ambulância acompanhado por assistência médica, tendo regressado com boa satisfação e com muita força e coragem para ultrapassar a crise, mas Deus quis premiá-lo, levando-o para a felicidade plena, após algum tempo passado no Hospital Privado e em casa.
C.

Sem comentários: