Um nariz direito denota espírito recto, sério, afinado, judicioso e enérgico; nariz em bico de águia, propensão para aventuras; largo, de ventas igualmente largas; fendido, revela benevolência- é o nariz de S. Vicente de Paulo.O nariz arcado e carnudo é o indício de predomínio e de crueza. Nariz esguio e fino, pelo contrário, é o característico de um espírito mais brilhante, mas também mais vão, menos sólido e disposto à ironia; deve ser o nariz de um poeta ou de um crítico.Se a linha do nariz for reentrante, isto é, se o nariz for arrebitado, - é caso de se dizer que o espírito é fraco, algumas vezes grosseiro, geralmente jovial e folgazão.O nariz pálido denota egoísmo, inveja, frieza de coração; o homem vivo, arrebatado, sanguíneo, tem o nariz rubicundo, mas de uma cor quase uniforme; no bebedor esta cor acentua-se na sua parte inferior.
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Fungar constantemente, ao falar, é indício de um carácter zombeteiro e cáustico; não acredite, neste caso, em que o vosso interlocutor esteja um tanto constipado. Lembre-se que pode querer rir-se...
Por princípio, o nariz parece um apêndice, algo que está a mais no rosto, mas se o tirarmos de lá,fica feio o rosto. É um dos sinais mais característicos da nossa identidade que só nos lembramos dele quando estamos constipados, engripados porque temos de assoar o monco, o ranho, ou limpar o muco nasal quando é mais fluído.
Para alguns o que mais chama a atenção no rosto de alguém é o nariz, daí que os caricaturistas explorem muito as feições deste “apêndice”. Claro que há narizes mais belos e menos belos. Ele é sempre a parte central do nosso rosto. Uma ocasião vi uma pessoa desnarigada, e não disse nada, mas fiquei tão triste porque o rosto ficou tão feio, bem precisava de um nariz de cera ou de silicone.
O nariz tem muita importância, não só como enfeite do nosso rosto, como também peça importante na nossa anatomia com objectivos bem definidos como o cheiro, ou olfacto. Faz parte do aparelho respiratório, como também para descarregar o ranho ou o monco. Recorda-me de que nas Aldeias antigamente não havia lenço para assoar o nariz e tapavam uma narina e descarregavam a outra e vice–versa para o chão e quando se espirrava isso era só amparado pelos dedos das mãos, enquanto deixavam fugir estrondosamente a bomba de muco também para o chão, no fim sempre limpavam as ventas,mais propriamente o nariz à manga do casaco, uma e outra vez, quantas fossem neceassárias, e as mulheres ,ao avental, ou ao interior da baínha da saia.
Ainda hoje acontece no desporto...e sempre para o chão!...Quanto ao nariz muito há que dizer, há-o caprichado, há-o arrebitado ou empinado, pontiagudo, travesso, doce e frágil e por aí fora...
Há o narigueta, o nariganga, o narigudo ou narizudo. Os da raça negra normalmente são esborrachados. Há os que só têm narizes ou aquele que “está com os narizes” isto é, não de bom humor.
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Quando a nossa mãe nos apresentou um acessório tão grande e branco, um lenço, para aí embrulharmos o nariz e podermos limpar o pingo, é que descobrimos que o tínhamos colado e a dividir a nossa face entre os olhos, tão bonitos, e só quando chegámos à escola é que a professora procurou mostrar que tinha uma função muito importante. Para além daquilo que já disse, ele tem pêlos e eles servem para filtrar a poeira para que esta não vá prejudicar os pulmões. Já dizia Bocage: “Nariz, nariz que Milton não quis/ descrever a diagonal/ nariz de massa infernal/ que, se colocado entre o Sol e a Terra/ daria eclipse total!”.
Dentro do nariz há a ranheta ou a “caca,” como dizemos às crianças e com sangue,pus que escorre quando se está constipado, ou se toma banho. O ranho não tem nada de nutrientes, mas podem colar-se aos dentes quando o menino não sabe e leva-o à boca,assim como o líquido que é salgadinho. Se é um nariz arrebitado, retardado, ranhento, nojento, muito cabeludo por dentro, com os pêlos a saírem pelas narinas a fazer de bigodeira, ou a cheirar a vinho, machucado, mostra, às vezes, que tiras a “caca” à unha, ou fazes bolinhas se não tiveres nariz de palhaço e significa que és de má educação. Cada um é Senhor do seu nariz, mas cuidado, é melhor não meter o nariz, onde não é chamado, isto é, no trabalho dos outros. Olha que podes levar arganel no nariz (Cf.Bíblia).
O nariz é incómodo, às vezes, pode-nos deixar ficar mal, com lenço ou sem lenço, e outras vezes também é inconveniente porque há odores cujo olfacto dum nariz apurado logo fica rezingão e mal humorado. É por isso que, às vezes, sabe bem ter nariz e apesar de ser pessoa com nariz com todas as suas funções activas e eficientes, apetecia não o ter, embora como já vimos também enfeita o nosso visual. Cada um é singular no seu nariz e senhor dele, mas não está livre de levar um murro como se de um bombo se tratasse. Não há coisa tão querida, nem tão apetecida como o nariz. Não é também aborrecido acordarde noite, sobretudo, numa noite de frio a respirar pela boca?... É que só ele é que fica descoberto da roupa que usamos na cama. É sempre o desgraçado, seja Inverno seja Verão.
Segundo o autor Frederico Agustóni nas ventas está o nariz, onde todos podemos “levar nas ventas” por isso ele se agarra ao dicionário de Aurélio que diz nariz vir do Latim naricae ”(Naricae naricae!, rogai por nós?).” O mundo nem sempre é inodoro, por isso tape o nariz com o lenço quando tiver de tapar e deixe o dedo de lado não o ponha, onde não o deve pôr.
Use o lenço, mas não puxe demais porque se “trata de um apêndice” não vá ele ficar agarrado ao lenço no meio dos moncos. Cuide do seu nariz para não andar com ele à banda e não o deixar ficar mal ou com o rosto deformado e então, colocar-te-ei um anel no nariz,brincos nas orelhas e uma coroa de ouro na cabeça...como diz a Bíblia.
João Lourenço encenou este mês uma produção lírica em ópera sobre o Nariz no Teatro S. Carlos, Lisboa, da autotoria de Dimitri Chostakovitch.
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