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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Forum: Identidade da Abelheira- 1996 Paróquia de Nª Sª de Fátima

TEMA, EM MAIO,
DO FORUM 1996

No vasto e variado leque de realizações sócio-pastorais e culturais, constantes do respectivo plano de actividades para 1995/96, aprovado pelo Conselho Paroquial de Pastoral ( CPP ) em Setembro de 1995, a Paróquia de Nª Sª de Fátima vai dedicar uma especial atenção à Abelheira. Tal como em anos anteriores se organizaram Jornadas de estudo, de reflexão e de debate sobre outros temas específicos, este ano os trabalhos vão incidir sobre aquele lugar. Parte-se do facto de a “ inculturação e o desprezo dos valores culturais a que é votado “ o terem descaracterizado profundamente e feito perder a identidade própria com que se inseriu, ao longo dos tempos, na história da cidade. Mais recentemente, pela forte religiosidade das suas gentes, marcou de forma decisiva o processo que culminaria na criação desta Paróquia.

O Forum de 1996, a ocorrer entre 8, 9, 10 e 11 de Maio, terá exactamente como tema geral “ A identidade do Lugar da Abelheira “. Enquanto se esboça o programa definitivo sabe-se que são inúmeras as ideias a explorar. Para ajudar a compreender “ A convergência do lugar da Abelheira na geografia e memória da cidade “, será feito o seu enquadramento cultural, económico, toponímico e antropológico. Estudar-se-ão os “ sinais de comunitarismo “ que vigoraram no passado e ainda hoje sobrevivem em ligeiras reminiscências e o fenómeno da religiosidade popular dos seus habitantes. A Capela de Nª Sª das Necessidades será apenas um elemento, em apreciação, do valioso património cultural e religioso que os moradores preservam e com que honram o passado. Finalmente analisar-se-á o efeito do fenómeno “ migrações “ e a sua influência na transformação daquela área.
Constituem a Comissão Executiva do Forum os Drs. Albino Ramalho, Isabel Lopes, José Cambão, Carlos Loureiro, Francisco Carneiro Fernandes e Olinda Ferraz Gigante.

Pouco resta daquilo que foi a Abelheira de há anos. A ruralidade predominante, as artes e mesmo alguma indústria depressa sucumbiram ao avanço da cidade que continua a crescer, a ritmo acelarado e nem sempre respeitando os valores, a cultura, a história e as tradições de outrora O venerando Convento de S. Francisco, importante centro de cultura, de trabalho e de oração, quase já não chega para manter acesa a chama dum passado que tanto honrou Viana do Castelo e o lugar em que se situa. Contudo ele, sendo um eloquente símbolo, apesar de derrubado pela incúria destruidora do vandalismo, nunca deixará de ser uma referência obrigatória no estudo e na apreciação do “ modus vivendi “ da população que o rodeava.

Hoje a Abelheira é uma floresta de novos bairros. Os campos de cultivo de então convertem-se em jardins incaracterísticos... onde crescem as construções de betão e tijolo. Muitos são os que baloiçam entre o passado que recordam com saudade e o futuro que dificilmente compreendem e aceitam. Não é nada fácil adaptar-se aos novos tempos e aos problemas novos que sempre existem nas zonas novas das cidades. São muitos os problemas sociais que por aqui se instalam e evidenciam, fonte crescente de preocupação, e que requerem alguma cuidada atenção da sociedade. Eles são o maior atentado contra a dignidade do lugar, contra a história, a cultura, as tradições, a religiosidade e fé do seu povo. Oxalá não contribuam para limpar da memória dos vianenses o passado de que muitos ainda se orgulham. A droga e a prostituição que por aí proliferam, a sensação de insegurança e de medo que se apodera das pessoas... ofendem a memória do passado e ofuscam a confiança no futuro.
Quem chega traz novos hábitos de vida, busca formas novas de convivência social... enquanto quem cá está sente muita dificuldade em adaptar-se a costumes e atitudes diferentes das suas. Tudo isto faz com que seja preciso realizar um imenso trabalho social e pastoral de aproximação dos homens.
Aguarda-se, com natural ansiedade, a realização do Forum sobre a Abelheira. Ele será um acontecimento de particular importância para fazer o confronto entre o passado e o presente. Simultaneamente delineará estratégias de acção social e religiosa que ajudam a construir o futuro sem negar ou ofender o passado. O Forum vai fazer história.
Espera-se grande partici-pação no conjunto de actividades que se vão realizar. Certamente haverá conferências, debates, exposições, visitas... será que tudo isto não tem interesse para conhecer aspectos particulares e certamente muito ricos na história de Viana do Castelo ? Não terão os antigos e actuais moradores da Abelheira interesse em conhecer a história da sua terra, a história da sua própria vida ? Onde está o bairrismo das gentes da Abelheira ? É preciso que quem cá vive não se deixe colonizar por quem vem de fora. Por sua vez é de primordial importância que quem chega respeite a identidade do lugar e das gentes que os acolhem... a favor de sá convivência e desenvolvimento do sentido e espírito comunitário.
O Forum sobre a Abelheira faz-nos sugerir a recolha de imenso espólio que certamente existe, os instrumentos de trabalho, os trajes e todos os outros, mesmo os que ligados às suas tradições religiosas... por aí dispersos e susceptíveis de se perderem, numa espécie de museu etnográfico local que sirva e preserve a memória da zona.
Deixaríamos essa incumbência à Paróquia de Nª Sª de Fátima, enquanto entidade profundamente empenhada na preservação dos valores culturais e religiosos, muitos e de elevado significado, do lugar da Abelheira. Seria a melhor maneira de continuar o trabalho do presente Forum e garantir a representação “ ao vivo “ da verdadeira identidade do lugar para poder ser vista e apreciada ( interiorizada ) pelas gerações que chegam e hão-de fazer desta terra sua terra de eleição e de residência. Todos ganhariam com isso e o património cultural colectivo seria preservado e enriquecido.
Nestas coisas é fundamental o apoio das entidades oficiais. Ele, por certo, não faltará... como estamos certos que as entidades oficiais não deixarão de marcar presença numa actividade que se reputa de oportuna e digna de todo o apoio.

P.C.

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