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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Justa homenagem

PADRE ARTUR COUTINHO – JUSTA HOMENAGEM

Não me recordo bem em que ano, mas foi, seguramente, há mais de trinta.
Nessa altura, a EDP procedia à electrificação do Alto Minho e eu tinha sido incumbido da difícil mas aliciante tarefa de coordenar esta importante operação. Para assegurar o cumprimento dos prazos, evitar falhas e assegurar o seu êxito, procurava acompanhar de perto o seu desenvolvimento, desde os primeiros estudos até à sua concretização no terreno.
Foi assim que, um dia, ao calcorrear os ásperos caminhos da Serra de Arga, poeirentos e tórridos no Verão e cobertos de uma película quebradiça de gelo escorregadio no Inverno, encontrei-me com o Pároco daquelas freguesias serranas.
Apesar da minha memória já não ser o que era e não me recordar o ano desta ocorrência, tenho, em contrapartida, bem presente na memória e perfeitamente gravado na retina, o ar sereno, inspirador de confiança, o semblante decido e simultaneamente calmo daquele Pároco que fazia adivinhar uma pessoa resoluta, determinada e boa.
Não me enganei nesta primeira apreciação. Esse Pároco era o padre Artur Rodrigues Coutinho.
Não sabíamos nós nessa altura, nem eu nem ele poderíamos sequer imaginar, que aquele não seria um encontro fortuito e único. Falámos da electrificação das freguesias de Arga de Baixo, Arga de Cima e S. João de Arga. Foi patente a enorme satisfação do Senhor Padre Coutinho ao saber que os seus paroquianos iriam ter melhores condições de vida e minorada, assim, a difícil vivência na serra. Despedimo-nos, longe de pensar que, poucos anos depois, nos iríamos reencontrar, numa caminhada com algum paralelismo e tão próximos um do outro. Próximo fisicamente, ele da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima há vinte e cinco anos e eu no Lar de Santa Teresa igualmente há vinte e cinco anos, mas próximos, principalmente, nos ideais de justiça social e nos propósitos de procura de soluções para os inúmeros problemas de tanta gente carenciada.
Espero que não se pense ser minha intenção estabelecer paralelismo de valores e, confesso mesmo que, nesta caminhada, fiquei muito aquém do Senhor Padre Coutinho, autor de uma obra notável e multifacetada, constituída por um conjunto de acções fruto da vontade, do querer e da opção sacerdotal que fez.
De facto, foi por ter sempre a sua opção vocacional, que o Senhor Padre Coutinho nos presenteou com variadíssimos livros, cujo cenário era o das suas paróquias e os actores os seus paroquianos. Pela mesma razão se foram sucedendo as respostas sociais para os problemas das crianças, dos idosos, dos cegos, dos alcoólicos. Foi também por isso que, na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, o Senhor Padre Coutinho, com um trabalho persistente, cuidadoso, inteligente e, sobretudo, com um trabalho cheio de amor, construiu, segundo o meu ponto de vista, embora não sendo seu paroquiano, tenho-me por uma pessoa atenta e observadora, construiu, repito, uma paróquia viva, onde estar com Deus não é ter medo, não é estar em permanente receio do castigo divino, mas é viver em paz, com alegria, com esperança, com amor, porque Deus é infinitamente misericordioso.
Não era minha intenção principal falar da obra do Senhor Padre Coutinho, da qual, por mais que se diga, acabamos sempre por concluir que muito ficou ainda por dizer. O meu propósito era falar do Homem, do Sacerdote e da sua entrega ao serviço dos outros, da tolerância e caridade com que acolhe os que a ele recorrem, sem olhar a posição social, credo ou raça.
Apenas quis deixar este pequeno apontamento porque, infelizmente, devido a uma desagradável e inoportuna indisposição, não pude estar presente na justa homenagem que lhe prestaram. Só a grande consideração e estima que tenho pelo Padre Coutinho me deu forças para me deslocar nesse dia à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, para lhe dar um abraço. Nesse abraço recordei, com ele, aquele longínquo dia na Serra de Arga. Olhei para ele e continuei a ver mesmo sorriso de então, o mesmo ar calmamente decidido, e isso deu-me a certeza que os seus paroquianos continuarão a estar na Igreja, não por uma estrita obrigação, mas por convicção e fé, ao lado do seu moderno e inovador pároco; que os necessitados continuarão a ter quem pense neles e os auxilie e que nós continuaremos a ter um grande, bom e dedicado amigo.
* Soares Pereira
*Director do Lar de Santa Teresa e Presidente da Assembleia Municipal

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