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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O nariz colado à vidraça

Um nariz colado à vidraça
O dia não era daqueles de se lhe tirar o chapéu!...Uma nevoazinha andava no ar e nada me puxava a sair de casa e fui parar a uma porta, ficando de imediato com o nariz colado na vidraça. Estava fria! Ali estive a observar “os corvos” de tempo ( metáfora para os seminaristas vestidos de preto) a passar de três a três, ou dois a dois, em todo o comprimento do recreio, ( às voltas, como que tirando água). Alguns já me tinham topado.
Alguns minutos após, uma chuva miudinha começou a molhar mesmo e os colegas a correr para os corredores do rez do chão, enquanto eu, no mesmo local, continuava com o nariz colado à vidraça e a magicar em muitas coisas sobre o tempo, os colegas e sentia alguma tranquilidade entre o vidro e o nariz.
Já a vidraça escorria água, mais pareciam beijinhos na ponta do meu nariz. Teimei em não retirar, como se colado estivesse ali, enquanto ia dando volta às minhas cogitações, desde as mais doces às mais estúpidas. Ora sorrindo-me sozinho dos outros, ora ferrando os lábios de raiva pelo Reitor não deixar ir consultar um Neurologista ao Porto com o meu Pai, mas só com o barbeiro lá da casa que, por acaso, era de Alvarães.
A vidraça já se embaciava no inteior. Havia que levantar o nariz como que para marcar um compasso e, com as mãos, marcar um ritmo sujo, como que desviando uma cortina velha. Depois uma alma fresca em paredes finas e um minucioso sorriso traçado lado a lado como quem tivesse encontrado um novo dia, uma nova chuva, “novos corvos”, no vai-vém do recreio.
Alguém me chama!...Até que enfim !....Era o Reitor que sempre resolveu mandar-me a neurologia, conforme a vontade do meu médico, a vontade dos meus pais, mas a esses foi-lhes vedada a autorização para me acompanhar. Diz ele: “Quem vai contigo é o Sr. Domingos, o Barbeiro”. Valeram a pena os pedidos, caso contrário nem com o pai, nem com o barbeiro!
Este nariz parece ter-se descolado da vidraça para sempre.

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