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segunda-feira, 1 de junho de 2009
Apicultura+Eduardo Martins
Um jovem apicultor (Foto)
Este apicultor não se trata de um passatempo, mas de alguém desta comunidade que considera um dom de Deus quando começou a dedicar-se à agricultura.
Trata-se de Eduardo Tavares de Oliveira Martins, nascido em Vale de Cambra, em 15 de Dezembro de mil novecentos e setenta e quatro. Aqui em Viana estudou, frequentou a catequese na comunidade de N. Sª de Fátima, licenciou-se em Engenharia agrícola. É solteiro.
Depois do curso faltou o emprego. Era muito próximo do avô, materno, pai da sua mãe Maria do Céu Tavares Martins. O seu avô era apicultor, tendo na Quinta da Inácia umas 37 colmeias, na terra do nosso literato Ferreira de Castro.
O avô, já doente, decidiu dividir as abelhas por 2 netos. O Eduardo era um e o primo não aceitou tratar das abelhas, mas o Eduardo que era mais próximo e íntimo com o avô aceitou. Entretanto faleceu e, andando ele à procura de trabalho, a herança da Quinta da Inácia coube, por sorte, aos seus pais, pela parte dos avós maternos.
Parece ter sido uma graça, um dom de Deus porque o Eduardo logo procurou resolver o problema de trabalho. Organizou um projecto de agricultura biológica; mas, a mais importante, para ele, é a apicultura, pois na Quinta tem agora 500 colmeias, uma malarica (unidade industrial de mel), um pomar de frutos silvestres como mirtilo, franguezes, pomar misto.
Todo o material que produz destina-o, na maioria, à exportação.
O mel é um dos mais antigos remédios descobertos pelo homem e, ainda hoje, tem aplicações várias. Foi descoberto mel nas Pirâmides do Egipto com alguns milhões de anos com possibilidade ser consumido pelas propriedade que mantém.
O Eduardo falou-me de várias aplicações: mel com canela que ajuda ao colesterol mau; a receita do Pe. Romano (uma mistura de mel, aguardente, canela e aloé vera) para prevenção de doenças e restabelecimento imunitário; a Borradinha, uma espécie de licor de mel, canela, gengibre, gizangue e aguardente) como curativo e preventivo em quase todos os tipos de doença; foi esse Padre que inventou a colmeia lusitana utilizada em todo o país. É uma colmeia adaptada às características climatéricas da nossa terra, em Rio-Maior, capital da apicultura portuguesa; a geleia real é rica em aminoácidos, essenciais que o nosso organismo não reduz e serve essencialmente para restabelecer o sistema imunitário e não só, retarda o envelhecimento. Não cura doenças graves da ordem das cancerosas, mas verifica-se que o uso desta reforça o sistema imunitário de um modo natural, dando melhores condições ao corpo humano para receber remédios químicos convencionais. É utilizado nas variadíssimas alergias, próstata, regula o metabolismo do ser humano, pode curar animais, é um alimento proteico, bom para desequilíbrios psíquicos e depressões; o Pão de Abelha, é um alimento próprio das abelhinhas jovens, mel com pólen grande nutritivo; a Própolis, substância que segregada pela abelha é como uma cola, cimento para isolar a colmeia para não entrar nela frio ou calor – tem, por isso, uma força grande como antibacteriana dentro das colmeias e tem a mesma função tomado pelo homem e quando tomado com álcool é cicatrizante.
Apitoxina é um líquido de veneno de abelha que pode matar uma pessoa, depende da existência da pessoa sobretudo à picada em tecidos moles e do número de picadas. Está a ser estudado para ser utilizado no nosso organismo como anestesiante e analgésico.
Atiparatia – Está a ser utilizada em forma de picadas das abelhas em xácaras localizadas do nosso corpo para usar como cura do reumatismo e artroses.
Mas não faltam receitas populares com mel que tem inúmeras aplicações pelo povo das aldeias.
O que é certo é que o Eduardo tem este trabalho a que se dedica de alma e coração como um dom de Deus para se realizar na vida. Sente-se feliz, não só pela apicultura, mas pela cultura biológica da “Sua Quinta da Inácia”, onde o pai, o conhecido Comandante Dr. Manuel Oliveira Martins, é também um colaborador e responsável, porque além da Quinta, ele é elemento de uma empresa certificadora da agricultura biológica e o pai lá vai ajudar para ele se dedicar às certificações.
Estes produtos podem ser adquiridos na Margarida da Praça, Mercado na Loja ou pedidos a este P.N.
Interessante na minha conversa foi ter constatado como uma abelha trabalha. A abelha normalmente vive 45 dias e a abelha-rainha dura 2 anos e alimenta-se da geleia real.
A abelha vai à procura do néctar ao pólen das flores e transforma este néctar com a própria saliva em mel e o pólen que fica na cabeça limpa-o com saliva formando uns grãos que ela coloca nas patas posteriores.
Esse pólen serve de alimento proteico para as abelhas ao nascerem e o apicultor pode aproveitar esses grãos de pólen colocando na entrada justa. Alguns desses grãos, no “caça aos pólens”, caiem na caixa da colmeia.
A história da formiga que trabalha sempre no melhor tempo quase se aplica à abelha, pois também a abelha na Primavera e Verão corre ao néctar, ao pólen das flores para arranjar alimento para o Inverno.
Como o mel é uma fonte energética que, para além de alimento, serve para manter a temperatura dentro da colmeia a 32ªgraus, no meio de temperaturas exteriores negativas, para se proteger com alimento e calor no rigor do Inverno, trabalha nessa época.
A abelha que voa à procura do néctar, não morde em ninguém, a não ser que haja algum gesto de perigo para ela. Para além das abelhas que trabalham, há muitas abelhas junto da colmeia para proteger a colmeia e, só quando vêem a vida em risco, ao aproximar-se alguém, uma pessoa muito perto e à volta da colmeia, atacam. São as abelhas de defesa da colmeia.
Aqui se regista uma história muito interessante sobre cultura biológica e os benefícios do mel como remédio e o um dom de Deus de um engenheiro agrícola que vai manter a herança do avô...
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