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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Arminda martins- Uma Vida

Maria Arminda da Costa Martins é natural de Barcelos, nascida a 28/02/1927. A sua mãe, Aurora de Jesus Costa, ficou órfã aos oito anos e foi educada na casa dos tios “Rorizes” da Quinta do Rio, junto à Quinta Bagoeira. Era oriunda de sangue azul. O seu pai, José Martins da Venda, de Santiago de Aldreu, dos Polónias, só tinha dois irmãos, o João e a Maria, ambos casados em Aldreu...
A Arminda foi levada a baptizar na igreja de Sta. Cruz – Barcelos, mas como os primos “Rorizes” não pagavam preceitos à Igreja, o baptizado não foi consentido. Ora o pai usou um burro para ir de Fragoso a Barcelos e levar a filha, mas voltou pelo caminho para Fragoso, onde foi depois baptizada.
Aos 15 anos saiu dos “Rorizes” e foi para a Casa dos “Reis Limas”, em Alvarães, onde cozia, sozinha, duas rasas de pão para a semana. Fazia a mistura da farinha e o pão era bom para comer muito, mas não era muito agradável para o patrão, pois ficava mais caro. Ela fazia o pão como a sua mãe, que morreu aos 94 anos sem nunca ter ido ao médico, lhe ensinou. O pai morreu do coração (era cardíaco) quando a mãe tinha 60 anos.
A Arminda tinha 7 irmãos: Desses tem presente a Maria do Carmo, casada e com muitos filhos; a Lina, casada e com 4 filhos (o marido era os Postiços, do Padrão de Alvarães e tinha um padre na família); o Alfredo, já falecido em França, casado e com 10 filhos (todos em França); o Joaquim, casado e com um filho, a esposa morreu no parto e ele voltou a casar, mas não tem mais geração.
Ela ocupava o quinto lugar no grupo dos irmãos, casada durante 4 anos, ficando viúva e com 3 filhos, voltou a casar com um jovem de Trás-os-Montes (ele com 29 anos e ela com 39). Aos 42 anos teve mais um filho, o Manuel. Do primeiro casamento só dois filhos é que são vivos: a Gorete e o Victor. O Manuel é genro de Manuel Moreira, acólito na Paróquia, leitor e sacristão da Capela de Nª Sra. das Necessidades, e de Lucinda Moreira, zeladora da Capela. A Gorete e o Manuel são os únicos que vivem na Paróquia.
Os seus ancestrais eram monárquicos e de grande fortuna, com muitos filhos, e de política. A riqueza foi assim gasta na política.
Quando a Arminda casou pela primeira vez, só tinha um banco, uma cama e as coisas mais precisas na cozinha, assim como roupa. Casou a 2ª vez em Darque, pelo P.e Delfim. O Domingos da Águeda, onde o marido era motorista, deu-lhe madeira para fazer uma mesa e umas prateleiras, que forrou a plástico, com uma cinta de chita em toda a volta, e, por baixo, fez o mesmo às prateleiras para colocar as panelas e os outros arranjos da cozinha. Ainda é do tempo do garfo de arame.
A Arminda, só depois do 2º casamento, em Darque, que durou 18 anos, onde vivia numa casa do Bairro dos Pirolitos, com seis casas, por ser o proprietário que possuía a fábrica dos pirolitos, junto ao cais, pagava de renda 160$00 e tinha 200$00 de abono dos 2 filhos, sobrando 40$00 para alimentação e vestir os filhos e a ela. Esteve um ano nessa situação e depois de ter casado. O marido era “chaufer” do Zé e do Domingos da Águeda, era o Armando de alcunha “cigano”, porque o seu pai era cocheiro dos Espregueiras Mendes, em Viana, e um dia não pagou uma rodada aos amigos, por motivos que ele entendeu, pesaram para o seu lado e os colegas puseram-lhe a alcunha “cigano”.
O Armando faleceu cedo de doença mas fez muito pela vida. Trabalhou depois na bomba do Ranhadas e também nos pneus, sendo um homem honesto, poupado e respeitador.
A Arminda criava porcos e vendia, coelhos que chegou a ter aos 50 de cada vez, galinhas e galos que chegou, naquele tempo, a vender por 4.000$00 (20 euros).
E foi assim com trabalho e poupança dos dois, que fizeram pela vida, educando os filhos e tê-los bem na vida. Esta foi a honra de um trabalho de grande amor entre os maridos, sobretudo o segundo marido que teve.
Sente-se uma mulher feliz, filha de uns pais que tratavam da Quinta dos Rodrigues Farias, entre Alvarães e Forjães. Os seus irmãos foram trabalhar para fábricas: um era caixeiro e a Arminda ganhava 1$50 e outra irmã 4$50, ela como estafeta e a irmã como cozinheira.
O pai deixou a Quinta a produzir 100 pipas de vinho (50.000 litros do líquido aromático de Baco) e a cultura de trigo, cevada, aveia, centeio e batata. Faziam-se 6 palheiros, cobertos com uma carapuça de palha, para proteger da chuva. Só para os cereais eram precisos quatro dias, na eira, a debulhar.
A Arminda depois de ter vivido um ano em Darque, veio morar para a casa dos Zamiths, D. Maria do Carmo Zamith, no S. João d’Arga, a pagar 300$00 de renda e aí nasceu o filho Manuel. Depois acabou por ir trabalhar para o Abrigo, onde hoje é o Hospital Novo, onde ganhava 500$00 (2,5 euros) na cozinha e ele 400$00 (2 euros) como estafeta e servidor à mesa. Depois de o filho nascer ela teve de deixar de trabalhar. Para o marido a D. Graça Ranhada arranjou um emprego na bomba que lhe dava dois ordenados porque era uma pessoa empática e até eu lhe deixei gorjetas.
Ficou viúva em 2004 e hoje vive também na Paróquia. A.V.

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