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quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Linguagem para continuar


A Linguagem

A minha inteligência não é capaz de atingir aquilo que gostaria de chegar, mas como ninguém me pode prender o pensamento ou tirar-me a liberdade de escrever o que penso, vou fazê-lo com a certeza que vou “errar”, pois não sou formado em línguas, embora tenha estudado 7, entre elas o latim, o grego e o hebraico. Mas prefiro dizer tátá como uma criança que rugir como um primata.
Quando em Coimbra fiz um exame em linguística portuguesa tirei uma nota exemplar, mas eu creio que foi mais pela informação que forneci à Professora sobre a evolução do galaico para português e dos paralelismos existentes actualmente na Serra d’Arga. É por isso que não posso deixar de escrever porque se errar alguém me deve corrigir e é saudável aprender até morrer.
Há oito milhões de anos, os primatas não falavam, apenas produziam ruídos, barulhos trabalhados, usando o esófago e a garganta até chegarem aos sons guturais (ummm, gutural nasal…), aí começaram e evoluiram passando aos palatais, aos dentais e aos labiais. A evolução foi lenta e só o “Homo Sapiens” conseguiu ir mais longe…
Quase todas as línguas têm a sua tonalidade diferente segundo as influências dos colonos.
Os indígenas tinham a sua linguagem e a adaptação aos colonos foi uma evolução muito lenta, com mais ou menos rapidez, com mais ou menos boa vontade, com mais ou menos resistência…
Se os primatas, a pouco e pouco, foram descobrindo o “x” e o “h”, e o “a” (vogal), a primeira letra que o homem pronuncia com sofrimento (com dor) é o “a” de alegria e liberdade quando se sente “fora da cuba”.
Depois de chegar às palatais com o “g”, “q” e “y” (semi-vogal), com as palatais descobre o uso da língua para pronunciar “j”, “t”, “d”, “g” e “l” para chegar às dentais sibilantes “c”, “t”, “v”, “s” e “z”, as labiais como o “p”, “b”, “m”, mas as guturais com esta mistura toda usando os dentes, os lábios, a garganta, o palato, e não esquecendo a língua, descobriram algumas intermédias dental-labial, dental-palatal ou a posição de ambas ou mais...
Há uma letra palatal-lingual que é o r, existente no alfabeto latino e grego, mas poucos o usam como o português, sobretudo, o r dobrado rr ou no princípio das palavras.
Há alfabetos que não o conhecem sequer, mas o hebraico tinha o resh (ר), assim como o grego o rou (). De boca fechada, hoje, a quem fizerem a extracção de alguns elementos da garganta conseguem falar através da traqueia, dizer algo, que se faz entender, é uma questão de afinação, ressonância, controle, volume, de treino e exercício… falam com regularidade guturalmente.
De qualquer modo, a primeira linguagem de relacionamento entre os humanos devia ser a linguagem gestual até chegar à exofágico-gutural e até chegar à labial.
A primeira necessidade de fonia teria sido o sim e o não. Daí a divisão de luz da escuridão, o dia da noite, a terra da água, os rios dos mares, as plantas das não plantas, o animal do Homem, o homem da mulher. Uma coisa é, outra não é. Uma é sim, outra é não. Lá está o sim e o não: o que é água não é terra, o que é terra não é água; o que é animal com instinto não é animal inteligente; o que é homem não é mulher, mas ambos são imagem e semelhança de Deus, igual em direitos e dignidades, a última criação com capacidade para gerir este jardim maravilhoso que é o mundo com o planeta terra e o que não é terra, com o sol e com a lua que não é sol.
Esta luta constante evolutiva chegou a um impasse... quando os homens quiseram chegar ao céu construindo a Torre de Babel, mas como não conseguiram, todos fugiram formando os clãs, as tribos e cada um começa a falar a sua língua e a construir egoisticamente o seu projecto.
Agora andamos atrás das origens de uma língua comum e dizemos: nós fomos límicos, iberos, celtiberos, lusitanos... e antes?
Fomos colonizados, invadidos tantas vezes, ganhámos força, garra, coragem e chegou a altura também dos portugueses irem à descoberta do mundo a levar a fé, a cultura e a nossa língua, uma das mais faladas no mundo. Parece-me que a terceira até quando? Vem a influência inglesa, outra colonização linguística e, por fim, há-de vir a chinesa, por isso é que parece valer pouco pensarmos em querer descobrir mais porque nada temos para dar e temos tudo a receber.
A articulação dos fonemas, da fala, foi antes de tudo uma expressão de sons musicais e, para isso, humanos e não humanos, não precisamos de ir às “cantigas de amigo”, podemos ainda observar em algumas romarias ou festas, os cantares populares, as cantigas ao desafio, etc... no meio dos humanos porque os outros o fazem por instinto e não evoluíram como nós somos capazes.
Os animais de grande porte, normalmente, usam sons guturais, por exemplo o rugir da vaca e quase na totalidade dos mamíferos usam os guturais nasalizados (nasais), assim como a maioria dos pássaros são sibilantes, como o melro, mas uns e outros são como os homens. O homem foi mais longe pela sua inteligência e até levamos os animais a entender instintivamente muita da nossa linguagem para podermos ser senhores e donos, ordenadores da obra da criação de Deus que nunca devia ser para destruir, mas para construir.
Deus criou a natureza e toda ela era boa, mas às vezes, o ser humano a que um Deus deu inteligência para continuar a obra da criação parece querer destruir, mesmo quando faz electronicamente o cantar dos grilos, uma vez que estes estão a desaparecer devido aos “venenos” lançados à terra para darem outro fruto… Melhor?
Aqueles que, devido a um AVC, ficam sem voz, dizem sempre algo, ainda que seja de boca fechada, o “nh” (ñ) gutural prolongado, alongado, tanto para dizer sim, como para dizer não; é conforme a ocasião, o gesto que acompanha com a cabeça ou a mão, por exemplo...
Há pessoas que conseguem recuperar formas, sílabas e chegam a pronunciar palavras... a falar normalmente.
Outra experiência é dar conta aos bebés, do falar para eles mesmos e ninguém os entende, das primeiras letras, das primeiras sílabas assim como das primeiras palavras e as dificuldades de pronunciarem o r, tanto no princípio das palavras ou no meio quando dobrada se tem de pronunciar levantando o corpo ou a base da língua enrolando ou com retroflexo com a ponta da língua “rr” no palatal. Não acontece tanto no r final.
Tantos lutam pela pureza da língua. Como acontece no A. Lima com o Dr. José Luís Branco “A bem da língua portuguesa”, mas dá a impressão que é melhor esquecer e deixar andar porque estamos no tempo de andar com o boné na mão estendido à caridade... voltados para os estrangeirismos porque não parece ser do interesse político defender a pureza da língua, pois os senhores doutores já não estudaram latim, nem grego e, para esses, vale tudo...
Não existe uma Academia Nacional de Língua para defender a pureza da linguagem e evitar a invasão da língua inglesa.
Um dia conversando com um amigo estávamos de acordo que nós viemos de um tronco comum. A rama e as folhas é que se dividiram, e na linguagem, à procura do tronco, por aqui e por acolá, descobrimos pontos de encontro que nos deixam “pasmados”, melhor diria, certos de uma harmonia preexistente muito mais rica.
Acreditamos numa civilização superior em que o homem já tenha feito a terra.
A Bíblia, ao falar da criação do mundo, por autor inspirado, escreveu esta a seu jeito, conforme entendia como Deus criou as coisas. O autor tinha uma ideia muito reduzida do mundo tão curta como o horizonte entre duas montanhas, as colunas do céu.
A linguagem surgiu da necessidade de relações, e da evolução dos sons musicais do ribombar do trovão, dos sons guturais, do toque do tambor, de expressar emoções, sentimentos, sensibilidades, afectos, etc... enquanto foi evoluindo até ao assobio ou às letras sibilantes (dentais, palatais e labiais).
Quando alguém geme (ñ -nh) alongado é linguagem sempre a mesma para quem já não fala, para mostrar que sofre, tem dor ou para dizer sim ou não, acompanhado de gesto.

AC

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