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sexta-feira, 26 de junho de 2009

O meu Barbeiro não era o Barbeiro de Sevilha!...

















“O meu barbeiro não era o barbeiro de Sevilha”

O barbeiro era, naquele tempo, também o cabeleireiro dos homens.
Cada coisa no seu lugar!
Hoje o cabeleireiro também faz a barba, os bigodes e corta o cabelo às mulheres, assim como, não há barbeiras, mas há cabeleireiras que fazem tudo.
Na véspera de S. João Baptista, das cerejas, festa litúrgica do nascimento de S. João, resolvi fazer uma visita ao “meu barbeiro”, era assim que o tratava.
Quando era criança e adolescente era ali que muitas manhãs passava na brincadeira com o filho dele e com a tia Lurdes a tomar conta de nós. Era um frete que o meu pai lhe fazia quando ia a Viana e não tinha a quem deixar o rapaz, ou então, tinha de dar uma cortadela no cabelo.

Depois veio o seminário de Braga, a Serra d’Arga, Viana e andei por outros lados até que neste momento um trata de me vir cortar o cabelo quando faz falta.
Ora foi um momento muito alegre encontrar o Antonino Oliveira Freitas, nascido em 9.11.1923, mais novo que o meu pai 2 anos, filho de Raúl de Freitas, carpinteiro de C. Ferro e de Felismina Domingues Oliveira, doméstica e ambos de Darque.
Teve mais três irmãos: o Álvaro que morreu em Barca d’Alva, afogado, solteiro e sem geração; a Maria de Lurdes, e o José conhecido por “micaco”, todos casados e com geração.
O Antonino depois de fazer o exame de 2º grau trabalhou no Filipe, em Darque, depois à R. Alta-Mira para um irmão de Filipe e, em Barroselas, para o Hermes. Foi aqui que queima um bigode daqueles farfalhudos e retorcidos e, nessa altura, ele ainda não sabia dar as voltas todas, era a primeira vez que fazia o serviço. Não fora a competência, a influência e a personalidade de Hermes, seu patrão, teria passado um bem mau bocado.
Não foi tropa e casou, em 25 de Novembro de 1947, com a feirante Maria de Lurdes, filha de Pulcidónio Perre e de Maria Amélia de Freitas e era irmã de 5 irmãos.
O Antonino é pai de António, filho único, professor reformado e casado e pai de dois filhos já casados e bisavô de dois netos e encontra-se viúvo.
Conta ele que há cabelos muito rijos como os meus antigamente e há cabelos moles. Quanto maiores forem os cabelos mais moles. Hoje há mais “carecas”, homens calvos, que antigamente.


Não se considera um escultor capilar. Só havia três cortes de cabelo: à escovinha, a meia “cavaleira” e a cabeleira.
Os seus maiores clientes eram de Mazarefes, V. Franca, V. Fria, Subportela, sem falar de Darque... entre outros. Hoje é que não faltam cortes e é preciso que um cabeleireiro ou barbeiro seja um grande escultor, um grande artista, senão, não leva a vida.

Os utensílios eram os rudimentares: três pares de tesouras (uma tesoura de dentes); três pares de pentes, uns mais finos nos dentes que eram rompidos na pedra de amolar para o corte à escovinha; o assentador para afiar a navalha com o couro de um lado e fino do outro; escovas (umas para tirar cabelos, de cortar e a escova do cabelo à escovinha. A pedra de amolar e o limpador das navalhas.
Como desinfectante era usado para estancar o sangue e a pedra hume, o álcool e o sublimado (pastilha deitada em água num frasco ficando a água vermelha e servir também como um desinfectante mais macio.

A cadeira que utiliza hoje deve ter 55 anos; antes usou uma de madeira.
Alegrou-me encontrar um homem fresco, cheio de vida, ainda não deixou de cortar cabelo aos amigos, entretendo-se, com bom humor, um homem de muitos saberes e de muitos segredos e de bons conselhos, como acontecia na sua casa, pois também existiam outros que eram quase lugares como os das mulheres que lavavam no mesmo rio a mesma roupa.

Tanto mais era querido assim um barbeiro daquele tempo. Muitos problemas ali se resolviam a contento de partes em desacordo.

2 comentários:

Anónimo disse...

É o típico barbeiro de aldeia!
Na minha aldeia havia um que percorria os campos à procura dos clientes que andavam ocupados nas tarefas agrícolas.
Se não encontrava pedra ou muro adequado para o lavrador se sentar, servia de assento a maleta de madeira, onde transportava os utensílios apropriados ao mister.
Hoje já não há nada disso. Os tempos mudaram e as pessoas evoluíram. O próprio termo barbeiro está a cair em desuso, não há quem desfaça a barba. Por outro lado é comum encontrarmos cabeleireiros(as) uni-sexo. Ainda há poucos anos a minha cabeleireira e a da minha esposa era a mesma.
Actualmente quem corta o meu cabelo sou eu próprio, com a ajuda no final, só para acertar nos sítios onde não consigo ver.
Isto de o barbeiro(a)/ cabeleireiro(a) ir a casa cortar o cabelo é só para os privilegiados.
Viva o luxo!

Artur Coutinho disse...

Obrigado por esta achega.
Quanto ao previlégio vem do m,eu trabalho e da generosidade do m,eu actual barbeiro, neste caso, cabeleireiro.